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Dia 213 - Wednesday, 31 de July de 2024
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23 min

Amós 5

Ouça o áudio do capítulo:

1 Ouvi esta palavra, que levanto como uma lamentação sobre vós, ó casa de Israel.

2 A virgem de Israel caiu, e não mais tornará a levantar-se; desamparada está na sua terra, não há quem a levante.

3 Porque assim diz o Senhor DEUS: A cidade da qual saem mil conservará cem, e aquela da qual saem cem conservará dez, para a casa de Israel.

4 Porque assim diz o Senhor à casa de Israel: Buscai-me, e vivei.

5 Mas não busqueis a Betel, nem venhais a Gilgal, nem passeis a Berseba, porque Gilgal certamente será levada ao cativeiro, e Betel será desfeita em nada.

6 Buscai ao Senhor, e vivei, para que ele não irrompa na casa de José como um fogo, e a consuma, e não haja em Betel quem o apague.

7 Vós que converteis o juízo em alosna, e deitais por terra a justiça,

8 Procurai o que faz o sete-estrêlo e o órion e torna a sombra da noite em manhã, e faz escurecer o dia como a noite, que chama as águas do mar, e as derrama sobre a terra; o Senhor é o seu nome.

9 O que promove súbita destruição contra o forte; de modo que venha a destruição contra a fortaleza.

10 Odeiam na porta ao que os repreende, e abominam ao que fala sinceramente.

11 Portanto, visto que pisais o pobre e dele exigis um tributo de trigo, edificastes casas de pedras lavradas, mas nelas não habitareis; vinhas desejáveis plantastes, mas não bebereis do seu vinho.

12 Porque sei que são muitas as vossas transgressões e graves os vossos pecados; afligis o justo, tomais resgate, e rejeitais os necessitados na porta.

13 Portanto, o que for prudente guardará silêncio naquele tempo, porque o tempo será mau.

14 Buscai o bem, e não o mal, para que vivais; e assim o Senhor, o Deus dos Exércitos, estará convosco, como dizeis.

15 Odiai o mal, e amai o bem, e estabelecei na porta o juízo. Talvez o Senhor Deus dos Exércitos tenha piedade do remanescente de José.

16 Portanto, assim diz o Senhor, o Deus dos Exércitos, o Senhor: Em todas as ruas haverá pranto, e em todas as estradas dirão: Ai! Ai! E ao lavrador chamarão para choro, e para pranto os que souberem prantear.

17 E em todas as vinhas haverá pranto; porque passarei pelo meio de ti, diz o Senhor.

18 Ai daqueles que desejam o dia do Senhor! Para que quereis vós este dia do Senhor? Será de trevas e não de luz.

19 É como se um homem fugisse de diante do leão, e se encontrasse com ele o urso; ou como se entrando numa casa, a sua mão encostasse à parede, e fosse mordido por uma cobra.

20 Não será, pois, o dia do Senhor trevas e não luz, e escuridão, sem que haja resplendor?

21 Odeio, desprezo as vossas festas, e as vossas assembléias solenes não me exalarão bom cheiro.

22 E ainda que me ofereçais holocaustos, ofertas de alimentos, não me agradarei delas; nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais gordos.

23 Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias das tuas violas.

24 Corra, porém, o juízo como as águas, e a justiça como o ribeiro impetuoso.

25 Oferecestes-me vós sacrifícios e oblações no deserto por quarenta anos, ó casa de Israel?

26 Antes levastes a tenda de vosso Moloque, e a estátua das vossas imagens, a estrela do vosso deus, que fizestes para vós mesmos.

27 Portanto vos levarei cativos, para além de Damasco, diz o Senhor, cujo nome é o Deus dos Exércitos.

Amós 6

Ouça o áudio do capítulo:

1 Ai dos que vivem sossegados em Sião, e dos que estão confiados no monte de Samaria, que têm nome entre as primeiras das nações, e aos quais vem a casa de Israel!

2 Passai a Calne, e vede; e dali ide à grande Hamate; e depois descei a Gate dos filisteus; serão melhores que estes reinos? Ou maior o seu termo do que o vosso termo?

3 Ó vós que afastais o dia mau, e fazeis chegar o assento da violência.

4 Ai dos que dormem em camas de marfim, e se estendem sobre os seus leitos, e comem os cordeiros do rebanho, e os bezerros do meio do curral;

5 Que cantam ao som da viola, e inventam para si instrumentos musicais, assim como Davi;

6 Que bebem vinho em taças, e se ungem com o mais excelente óleo: mas não se afligem pela ruína de José;

7 Portanto agora irão em cativeiro entre os primeiros dos que forem levados cativos, e cessarão os festins dos banqueteadores.

8 Jurou o Senhor DEUS por si mesmo, diz o SENHOR, o Deus dos Exércitos: Abomino a soberba de Jacó, e odeio os seus palácios; por isso entregarei a cidade e tudo o que nela há.

9 E acontecerá que, se numa casa ficarem dez homens, morrerão.

10 Quando o tio de alguém, aquele que o queima, o tomar para levar-lhe os ossos para fora da casa, e disser ao que estiver no mais interior da casa: Está ainda alguém contigo? E este responder: Ninguém; então lhe dirá ele: Cala-te, porque não devemos fazer menção do nome do Senhor.

11 Porque, eis que o Senhor ordena, e ferirá a casa grande de brechas, e a casa pequena de fendas.

12 Porventura correrão cavalos sobre rocha? Lavrar-se-á nela com bois? Mas vós haveis tornado o juízo em fel, e o fruto da justiça em alosna;

13 Vós que vos alegrais do nada, vós que dizeis: Não é assim que por nossa própria força nos temos tornado poderosos?

14 Porque, eis que eu levantarei sobre vós, ó casa de Israel, uma nação, diz o Senhor, o Deus dos Exércitos, e oprimir-vos-á, desde a entrada de Hamate até ao ribeiro do deserto.

Amós 7

Ouça o áudio do capítulo:

1 O SENHOR DEUS assim me fez ver, e eis que ele formava gafanhotos no princípio do rebento da erva serôdia, e eis que era a erva serôdia depois de findas as ceifas do rei.

2 E aconteceu que, tendo eles comido completamente a erva da terra, eu disse: Senhor DEUS, perdoa, rogo-te; quem levantará a Jacó? pois ele é pequeno.

3 Então o Senhor se arrependeu disso. Não acontecerá, disse o Senhor.

4 Assim me mostrou o Senhor DEUS: Eis que o Senhor DEUS clamava, para contender com fogo; este consumiu o grande abismo, e também uma parte da terra.

5 Então eu disse: Senhor Deus, cessa, eu te peço; quem levantará a Jacó? pois é pequeno.

6 E o SENHOR se arrependeu disso. Nem isso acontecerá, disse o Senhor DEUS.

7 Mostrou-me também assim: e eis que o Senhor estava sobre um muro, levantado a prumo; e tinha um prumo na sua mão.

8 E o Senhor me disse: Que vês tu, Amós? E eu disse: Um prumo. Então disse o Senhor: Eis que eu porei o prumo no meio do meu povo Israel; nunca mais passarei por ele.

9 Mas os altos de Isaque serão assolados, e destruídos os santuários de Israel; e levantar-me-ei com a espada contra a casa de Jeroboão.

10 Então Amazias, o sacerdote de Betel, mandou dizer a Jeroboão, rei de Israel: Amós tem conspirado contra ti, no meio da casa de Israel; a terra não poderá sofrer todas as suas palavras.

11 Porque assim diz Amós: Jeroboão morrerá à espada, e Israel certamente será levado para fora da sua terra em cativeiro.

12 Depois Amazias disse a Amós: Vai-te, ó vidente, e foge para a terra de Judá, e ali come o pão, e ali profetiza;

13 Mas em Betel daqui por diante não profetizes mais, porque é o santuário do rei e casa real.

14 E respondeu Amós, dizendo a Amazias: Eu não sou profeta, nem filho de profeta, mas boiadeiro, e cultivador de sicômoros.

15 Mas o Senhor me tirou de seguir o rebanho, e o Senhor me disse: Vai, e profetiza ao meu povo Israel.

16 Agora, pois, ouve a palavra do Senhor: Tu dizes: Não profetizes contra Israel, nem fales contra a casa de Isaque.

17 Portanto assim diz o Senhor: Tua mulher se prostituirá na cidade, e teus filhos e tuas filhas cairão à espada, e a tua terra será repartida a cordel, e tu morrerás na terra imunda, e Israel certamente será levado cativo para fora da sua terra.

João 12:20-50

Ouça o áudio do capítulo:

20 Ora, havia alguns gregos, entre os que tinham subido a adorar no dia da festa.

21 Estes, pois, dirigiram-se a Filipe, que era de Betsaida da Galiléia, e rogaram-lhe, dizendo: Senhor, queríamos ver a Jesus.

22 Filipe foi dizê-lo a André, e então André e Filipe o disseram a Jesus.

23 E Jesus lhes respondeu, dizendo: É chegada a hora em que o Filho do homem há de ser glorificado.

24 Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto.

25 Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna.

26 Se alguém me serve, siga-me, e onde eu estiver, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir, meu Pai o honrará.

27 Agora a minha alma está perturbada; e que direi eu? Pai, salva-me desta hora; mas para isto vim a esta hora.

28 Pai, glorifica o teu nome. Então veio uma voz do céu que dizia: Já o tenho glorificado, e outra vez o glorificarei.

29 Ora, a multidão que ali estava, e que a ouvira, dizia que havia sido um trovão. Outros diziam: Um anjo lhe falou.

30 Respondeu Jesus, e disse: Não veio esta voz por amor de mim, mas por amor de vós.

31 Agora é o juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo.

32 E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim.

33 E dizia isto, significando de que morte havia de morrer.

34 Respondeu-lhe a multidão: Nós temos ouvido da lei, que o Cristo permanece para sempre; e como dizes tu que convém que o Filho do homem seja levantado? Quem é esse Filho do homem?

35 Disse-lhes, pois, Jesus: A luz ainda está convosco por um pouco de tempo. Andai enquanto tendes luz, para que as trevas não vos apanhem; pois quem anda nas trevas não sabe para onde vai.

36 Enquanto tendes luz, crede na luz, para que sejais filhos da luz. Estas coisas disse Jesus e, retirando-se, escondeu-se deles.

37 E, ainda que tinha feito tantos sinais diante deles, não criam nele;

38 Para que se cumprisse a palavra do profeta Isaías, que diz: Senhor, quem creu na nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do Senhor?

39 Por isso não podiam crer, entào Isaías disse outra vez:

40 Cegou-lhes os olhos, e endureceu-lhes o coração, A fim de que não vejam com os olhos, e compreendam no coração, E se convertam, E eu os cure.

41 Isaías disse isto quando viu a sua glória e falou dele.

42 Apesar de tudo, até muitos dos principais creram nele; mas não o confessavam por causa dos fariseus, para não serem expulsos da sinagoga.

43 Porque amavam mais a glória dos homens do que a glória de Deus.

44 E Jesus clamou, e disse: Quem crê em mim, crê, não em mim, mas naquele que me enviou.

45 E quem me vê a mim, vê aquele que me enviou.

46 Eu sou a luz que vim ao mundo, para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas.

47 E se alguém ouvir as minhas palavras, e não crer, eu não o julgo; porque eu vim, não para julgar o mundo, mas para salvar o mundo.

48 Quem me rejeitar a mim, e não receber as minhas palavras, já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último dia.

49 Porque eu não tenho falado de mim mesmo; mas o Pai, que me enviou, ele me deu mandamento sobre o que hei de dizer e sobre o que hei de falar.

50 E sei que o seu mandamento é a vida eterna. Portanto, o que eu falo, falo-o como o Pai mo tem dito.

O Desejado de Todas as Nações

No Pátio

Ouça o áudio do capítulo:

Este capítulo é baseado em João 12:20-42.

Ora havia alguns gregos, entre os que tinham subido a adorar no dia da festa. Estes, pois, dirigiram-se a Filipe, que era de Betsaida da Galiléia, e rogaram-lhe, dizendo: “Senhor, queríamos ver a Jesus. Filipe foi dizê-lo a André, e então André e Filipe o disseram a Jesus”. João 12:20, 21. DTN 438.1

Por esse tempo a obra de Jesus apresentava o aspecto de pungente derrota. Ele saíra vitorioso da contenda com os sacerdotes e fariseus, mas era evidente que nunca seria recebido por eles como o Messias. Chegara a separação final. Para Seus discípulos, o caso parecia desesperado. Mas Cristo aproximava-Se da consumação de Sua obra. O grande acontecimento, de interesse, não somente para a nação judaica, mas para o mundo inteiro, estava prestes a se realizar. Ao ouvir Cristo o ansioso pedido: “Queríamos ver a Jesus” ecoando o sequioso clamor do mundo, iluminou-se-Lhe o semblante, e disse: “É chegada a hora em que o Filho do homem há de ser glorificado”. João 12:23. Na súplica dos gregos viu Ele um penhor dos resultados de Seu grande sacrifício. DTN 438.2

Esses homens foram do Ocidente para encontrar o Salvador ao fim de Sua vida, como os magos tinham vindo do Oriente, ao começo. Ao tempo do nascimento de Cristo, os judeus estavam tão embebidos com as próprias ambições e planos, que não sabiam de Seu primeiro advento. Os magos de uma terra pagã foram à manjedoura com suas dádivas, para adorar o Salvador. Assim esses gregos, representando as nações, tribos e povos do mundo, foram ter com Jesus. Assim o povo de todas as terras e de todos os séculos seria atraído pela cruz do Salvador. E assim “muitos virão do Oriente e do Ocidente, e assentar-se-ão à mesa com Abraão, Isaque e Jacó, no reino dos Céus”. Mateus 8:11. DTN 438.3

Os gregos tinham ouvido falar da entrada triunfal de Cristo em Jerusalém. Alguns supuseram, e propalaram, que Ele expulsara do templo os sacerdotes e principais, e havia de tomar posse do trono de Davi, dominando como rei de Israel. Os gregos anelavam conhecer a verdade quanto a Sua missão. “Queríamos ver a Jesus”, disseram eles. Seu desejo foi satisfeito. Ao receber a petição, achava-Se Jesus naquela parte interna do templo da qual eram excluídos todos os que não fossem judeus, mas saiu ao pátio para receber os gregos, e teve com eles uma entrevista em pessoa. DTN 438.4

Chegara a hora da glorificação de Cristo. Ele Se achava à sombra da cruz, e o pedido dos gregos mostrou-Lhe que o sacrifício que estava para fazer traria muitos filhos e filhas a Deus. Sabia que os gregos O haviam de ver em breve numa posição que mal sonhavam agora. Vê-Lo-iam colocado ao lado de Barrabás, ladrão e assassino, cuja liberdade seria preferida à do Filho de Deus. Ouviriam o povo, inspirado pelos sacerdotes e principais, fazer sua escolha. E à pergunta: “Que farei então de Jesus, chamado Cristo?” a resposta dada: “Seja crucificado”. Mateus 27:22. Jesus sabia que, fazendo essa propiciação pelos pecados dos homens, Seu reino seria aperfeiçoado, e se estenderia pelo mundo. Ele operaria como Restaurador, e Seu Espírito havia de prevalecer. Olhou, por um momento, futuro adiante, e ouviu as vozes que proclamavam em toda parte da Terra: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. João 1:29. Viu nesses estrangeiros as primícias de uma grande colheita, quando a parede divisória entre judeus e gentios fosse derribada, e todas as nações, línguas e povos ouvissem a mensagem de salvação. A antecipação desse fato, a consumação de Suas esperanças, acham-se expressas nas palavras: “É chegada a hora em que o Filho do homem há de ser glorificado.” O caminho pelo qual essa glorificação se havia de operar, porém, não estava nunca ausente do espírito de Cristo. A reunião dos gentios devia seguir Sua morte próxima. Unicamente por Sua morte podia o mundo ser salvo. Como um grão de trigo, o Filho do homem devia ser deitado no solo e morrer, e ser enterrado fora das vistas; mas havia de viver outra vez. DTN 438.5

Cristo apresentou Seu futuro, ilustrando-o com coisas da natureza, para que os discípulos compreendessem. O verdadeiro resultado de Sua missão havia de ser atingido por Sua morte. “Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto”. João 12:24. Quando o grão de trigo cai no solo e morre, germina, e dá fruto. Assim a morte de Cristo daria em resultado frutos para o reino de Deus. Em harmonia com a lei do reino vegetal, a vida havia de ser o resultado de Sua morte. DTN 439.1

Os que lavram o solo têm sempre diante de si essa ilustração. De ano para ano conservam seu abastecimento de cereais, por assim dizer, atirando fora a melhor parte. Por algum tempo deve ela estar oculta na cova, sendo cuidada pelo Senhor. Então aparece a haste, depois a espiga, e depois o grão na mesma. Mas esse desenvolvimento não pode ter lugar a menos que o grão seja enterrado fora das vistas, oculto, e, segundo todas as aparências, perdido. DTN 439.2

A semente enterrada no solo produz frutos e esse é por sua vez plantado. Assim se multiplica a colheita. Da mesma maneira a morte de Cristo na cruz do Calvário produzirá fruto para a vida eterna. A contemplação desse sacrifício será a glória dos que, como fruto do mesmo, viverão através dos séculos eternos. DTN 439.3

O grão de trigo que conserva a própria vida não produz frutos. Permanece sozinho. Cristo poderia, se preferisse, salvar-Se da morte. Mas, fizesse-o, e permaneceria só. Não poderia levar filhos e filhas a Deus. Unicamente entregando a própria vida, podia Ele comunicar vida à humanidade. Só caindo no solo para morrer Se poderia tornar a semente daquela vasta colheita — a grande multidão redimida para Deus dentre toda nação, e tribo, e língua e povo. DTN 439.4

A essa verdade liga Cristo a lição de sacrifício que todos devem aprender: “Quem ama a sua vida, perdê-la-á, e quem neste mundo aborrece a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna”. João 12:25. Todos quantos desejam produzir frutos como coobreiros de Cristo, devem cair primeiro no solo e morrer. A vida deve ser lançada na cova da necessidade do mundo. O amor-próprio, o próprio interesse, devem perecer. E a lei do sacrifício é a lei da conservação da vida. O lavrador conserva seus cereais lançando-os fora, por assim dizer. O mesmo quanto à vida humana. Dar é viver. A vida que há de ser conservada, é a que se dá abundantemente em serviço para Deus e o homem. Aqueles que sacrificam a existência por amor de Cristo neste mundo, conservá-la-ão para a vida eterna. DTN 440.1

A vida gasta para o próprio eu, é como o grão que se come. Desaparece, mas não há aumento. Junte o homem para si tudo quanto pode; viva, pense e faça planos para o próprio proveito; sua vida passará, no entanto, e ele nada terá. A lei do serviço do próprio eu, é a lei da destruição de si mesmo. DTN 440.2

“Se alguém Me serve”, disse Jesus, “Siga-Me, e, onde Eu estiver, ali estará também o Meu servo. E, se alguém Me servir, Meu Pai o honrará”. João 12:26. Todos quantos carregaram com Cristo a cruz do sacrifício, partilharão com Ele de Sua glória. A alegria de Cristo, em Sua humilhação e dor, era que Seus discípulos fossem glorificados com Ele. Eles são o fruto de Seu sacrifício. A formação, neles, de Seu próprio caráter e espírito, eis Sua recompensa, e será por toda a eternidade a Sua alegria. Esta alegria eles, os discípulos, partilharão com Ele, ao ser visto em outros corações e outras vidas o fruto de seus labores e sacrifícios. São coobreiros de Cristo, e o Pai os honrará como honra Seu Filho. DTN 440.3

A mensagem dos gregos, prenunciando, como fazia, a reunião dos gentios, trouxe à mente de Jesus Sua inteira missão. A obra da redenção passou por diante dEle, desde o tempo em que, no Céu, foi elaborado o plano, até à morte, tão próxima agora. Uma misteriosa nuvem pareceu envolver o Filho de Deus. Sua sombra foi sentida pelos que O rodeavam. Ele quedou absorto em Seus pensamentos. Rompeu por fim o silêncio com as dolorosas palavras: “Agora a Minha alma está perturbada; e que direi Eu? Pai, salva-Me desta hora”. João 12:27. Antecipadamente bebia Cristo o cálice da amargura. Sua humanidade recuava da hora do abandono, quando, segundo todas as aparências, seria desamparado pelo próprio Deus, quando todos O veriam castigado, ferido de Deus, e aflito. Recuava de ser exposto publicamente, de ser tratado como o pior dos criminosos, e da desonra e ignominiosa morte. Um pressentimento de Seu conflito com os poderes das trevas, um sentimento do horrível fardo da transgressão humana, e da ira do Pai por causa do pecado, fez com que o espírito de Jesus desfalecesse, estampando-se-Lhe no rosto a palidez da morte. DTN 440.4

Veio então a divina submissão à vontade do Pai. “Mas para isto vim a esta hora”, disse. “Pai, glorifica o Teu nome”. João 12:27, 28. Unicamente mediante a morte de Cristo poderia ser vencido o reino de Satanás. Unicamente assim poderia ser o homem redimido, e Deus glorificado. Jesus consentiu na agonia, aceitou o sacrifício. A Majestade do Céu consentiu em sofrer como O que levou sobre Si o pecado. “Pai, glorifica o Teu nome”, disse Ele. Ao proferir Cristo estas palavras veio, da nuvem que Lhe pairava sobre a cabeça, a resposta: “Já O tenho glorificado, e outra vez O glorificarei”. João 12:28. Toda a vida de Cristo, da manjedoura ao tempo em que estas palavras foram proferidas, havia glorificado a Deus; e na provação que se avizinhava, Seus sofrimentos divino-humanos haviam de, na verdade, glorificar o nome de Seu Pai. DTN 441.1

Ao ser ouvida a voz, um clarão irrompeu da nuvem, circundando a Cristo, como se os braços do Poder Infinito se atirassem em torno dEle qual muralha de fogo. Com espanto e terror contemplou o povo esta cena. Ninguém ousou falar. Lábios cerrados e respiração suspensa, quedaram todos, olhos fixos em Jesus. Dado o testemunho do Pai, ergueu-se a nuvem dispersando-se no céu. Por então cessara a comunhão visível entre o Pai e o Filho. DTN 441.2

“Ora, a multidão que ali estava, e que a tinha ouvido, dizia que havia sido um trovão. Outros diziam: Um anjo Lhe falou”. João 12:29. Mas os indagadores gregos viram a nuvem, ouviram a voz, compreenderam-lhe o sentido, e discerniram na verdade a Cristo; foi-lhes revelado como o Enviado de Deus. DTN 441.3

A voz de Deus se fizera ouvir no batismo de Jesus, ao princípio de Seu ministério, e outra vez no monte da transfiguração. Agora, ao fim desse ministério, era ouvida pela terceira vez, por maior número de pessoas, e sob circunstâncias especiais. Jesus acabara de proferir as mais solenes verdades a respeito da condição dos judeus. Fizera Seu último apelo, e pronunciara-lhes a condenação. Então pôs Deus o selo na missão de Seu Filho. Reconheceu Aquele a quem Israel rejeitara. “Não veio esta voz por amor de Mim”, disse Jesus, “mas por amor de vós”. João 12:30. Era a prova suprema de Sua messianidade, o sinal, da parte do Pai, de que Jesus falara a verdade, e era o Filho de Deus. DTN 441.4

“Agora é o juiz deste mundo”, continuou Cristo; “agora será expulso o príncipe deste mundo. E Eu, quando for levantado da Terra, todos atrairei a Mim. E dizia isto significando de que morte havia de morrer”. João 12:31-33. Esta é a crise do mundo. Se Me torno a propiciação pelos pecados dos homens, o mundo será iluminado. O domínio de Satanás sobre as almas dos homens será despedaçado. A desfigurada imagem de Deus será restaurada na humanidade, e uma família de crentes santos herdará afinal o lar celestial. Este é o resultado da morte de Cristo. O Salvador perde-Se na contemplação da cena de triunfo ante Ele evocada. A cruz, a cruel, ignominiosa cruz, com todos os horrores que a cercam, Ele a vê resplendente de glória. DTN 441.5

Mas a obra da redenção humana não resume tudo quanto é realizado pela cruz. O amor de Deus manifesta-se ao Universo. São refutadas as acusações que Satanás fez contra Deus. O príncipe deste mundo é expulso. É para sempre removida a mancha que ele atirou sobre o Céu. Os anjos, da mesma maneira que os homens, são atraídos para o Redentor. “E Eu, quando for levantado da Terra”, disse, “todos atrairei a Mim.”. João 12:32. DTN 442.1

Muita gente estava aglomerada em volta de Cristo ao proferir Ele estas palavras, e um disse: “Nós temos ouvido da lei, que o Cristo permanece para sempre; e como dizes Tu que convém que o Filho do homem seja levantado? Quem é esse Filho do homem? Disse-lhe pois Jesus: A luz ainda está convosco por um pouco de tempo; andai enquanto tendes luz, para que as trevas vos não apanhem; pois quem anda nas trevas não sabe para onde vai. Enquanto tendes luz, crede na luz, para que sejais filhos da luz”. João 12:34-36. DTN 442.2

“E ainda que tinha feito tantos sinais diante deles, não criam nEle”. João 12:37. Eles perguntaram uma vez ao Salvador: “Que sinal pois fazes Tu, para que o vejamos, e creiamos em Ti?” João 6:30. Inúmeros sinais haviam sido dados; mas eles fecharam os olhos e endureceram o coração. Agora, que o próprio Pai falara, e não podiam mais pedir sinais, recusaram ainda crer. DTN 442.3

“Apesar de tudo, até muitos dos principais creram nEle; mas não o confessaram por causa dos fariseus, para não serem expulsos da sinagoga”. João 12:42. Amavam mais o louvor dos homens do que a aprovação de Deus. Para se livrarem de censura e vergonha, negaram a Cristo, e rejeitaram a oferta da vida eterna. E quantos, através de todos os séculos, têm feito assim! A estes se aplicam todas as palavras de advertência dadas por Cristo: “Quem ama a sua vida perdê-la-á.” “Quem Me rejeitar a Mim”, disse Jesus, “e não receber as Minhas palavras, já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último dia”. João 12:48. DTN 442.4

Ai dos que não conheceram o tempo de sua visitação! Lenta e dolorosamente deixou Cristo para sempre os limites do templo. DTN 442.5

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