Ais Sobre os Fariseus
- Lucas 20:45-47
- Mateus 23:41-44
- Amós 3 e 4
- Marcos 12
Lucas 20:45-47
Ouça o áudio do capítulo:
45 E, ouvindo-o todo o povo, disse Jesus aos seus discípulos:
46 Guardai-vos dos escribas, que querem andar com vestes compridas; e amam as saudações nas praças, e as principais cadeiras nas sinagogas, e os primeiros lugares nos banquetes;
47 Que devoram as casas das viúvas, fazendo, por pretexto, largas orações. Estes receberão maior condenação.
Mateus 23:41-44
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Amós 3
Ouça o áudio do capítulo:
1 Ouvi esta palavra que o SENHOR fala contra vós, filhos de Israel, contra toda a família que fiz subir da terra do Egito, dizendo:
2 De todas as famílias da terra só a vós vos tenho conhecido; portanto eu vos punirei por todas as vossas iniqüidades.
3 Porventura andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?
4 Rugirá o leão no bosque, sem que tenha presa? Levantará o leãozinho no seu covil a sua voz, se nada tiver apanhado?
5 Cairá a ave no laço em terra, se não houver armadilha para ela? Levantar-se-á da terra o laço, sem que tenha apanhado alguma coisa?
6 Tocar-se-á a trombeta na cidade, e o povo não estremecerá? Sucederá algum mal na cidade, sem que o Senhor o tenha feito?
7 Certamente o Senhor DEUS não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas.
8 Rugiu o leão, quem não temerá? Falou o Senhor DEUS, quem não profetizará?
9 Fazei ouvir isso nos palácios de Asdode, e nos palácios da terra do Egito, e dizei: Ajuntai-vos sobre os montes de Samaria, e vede que grandes alvoroços há no meio dela, e como são oprimidos dentro dela.
10 Porque não sabem fazer o que é reto, diz o Senhor, aqueles que entesouram nos seus palácios a violência e a destruição.
11 Portanto, o Senhor DEUS diz assim: O inimigo virá, e cercará a terra, derrubará a tua fortaleza, e os teus palácios serão saqueados.
12 Assim diz o Senhor: Como o pastor livra da boca do leão as duas pernas, ou um pedaço da orelha, assim serão livrados os filhos de Israel que habitam em Samaria, no canto da cama, e no damasco do leito.
13 Ouvi, e protestai contra a casa de Jacó, diz o Senhor DEUS, o Deus dos Exércitos;
14 Pois no dia em que eu punir as transgressões de Israel, também castigarei os altares de Betel; e as pontas do altar serão cortadas, e cairão por terra.
15 E ferirei a casa de inverno juntamente com a casa de verão; e as casas de marfim perecerão, e as grandes casas terão fim, diz o Senhor.
Amós 4
Ouça o áudio do capítulo:
1 Ouvi esta palavra vós, vacas de Basã, que estais no monte de Samaria, que oprimis aos pobres, que esmagais os necessitados, que dizeis a vossos senhores: Dai cá, e bebamos.
2 Jurou o Senhor DEUS, pela sua santidade, que dias estão para vir sobre vós, em que vos levarão com ganchos e a vossos descendentes com anzóis de pesca.
3 E saireis pelas brechas, uma após outra, e sereis lançadas para Harmom, disse o Senhor.
4 Vinde a Betel, e transgredi; a Gilgal, e multiplicai as transgressões; e cada manhã trazei os vossos sacrifícios, e os vossos dízimos de três em três dias.
5 E oferecei o sacrifício de louvores do que é levedado, e apregoai as ofertas voluntárias, publicai-as; porque disso gostais, ó filhos de Israel, disse o Senhor DEUS.
6 Por isso também vos dei limpeza de dentes em todas as vossas cidades, e falta de pão em todos os vossos lugares; contudo não vos convertestes a mim, disse o Senhor.
7 Além disso, retive de vós a chuva quando ainda faltavam três meses para a ceifa; e fiz que chovesse sobre uma cidade, e não chovesse sobre a outra cidade; sobre um campo choveu, mas o outro, sobre o qual não choveu, secou-se.
8 E andaram errantes duas ou três cidades, indo a outra cidade para beberem água, mas não se saciaram; contudo não vos convertestes a mim, disse o Senhor.
9 Feri-vos com queimadura, e com ferrugem; a multidão das vossas hortas, e das vossas vinhas, e das vossas figueiras, e das vossas oliveiras, comeu a locusta; contudo não vos convertestes a mim, disse o Senhor.
10 Enviei a peste contra vós, à maneira do Egito; os vossos jovens matei à espada, e os vossos cavalos deixei levar presos, e o mau cheiro dos vossos arraiais fiz subir às vossas narinas; contudo não vos convertestes a mim, disse o Senhor.
11 Subverti a alguns dentre vós, como Deus subverteu a Sodoma e Gomorra, e vós fostes como um tição arrebatado do incêndio; contudo não vos convertestes a mim, disse o Senhor.
12 Portanto, assim te farei, ó Israel! E porque isso te farei, prepara-te, ó Israel, para te encontrares com o teu Deus.
13 Porque eis aqui o que forma os montes, e cria o vento, e declara ao homem qual seja o seu pensamento, o que faz da manhã trevas, e pisa os altos da terra; o Senhor, o Deus dos Exércitos, é o seu nome.
Marcos 12
Ouça o áudio do capítulo:
1 E começou a falar-lhes por parábolas: Um homem plantou uma vinha, e cercou-a de um valado, e fundou nela um lagar, e edificou uma torre, e arrendou-a a uns lavradores, e partiu para fora da terra.
2 E, chegado o tempo, mandou um servo aos lavradores para que recebesse, dos lavradores, do fruto da vinha.
3 Mas estes, apoderando-se dele, o feriram e o mandaram embora vazio.
4 E tornou a enviar-lhes outro servo; e eles, apedrejando-o, o feriram na cabeça, e o mandaram embora, tendo-o afrontado.
5 E tornou a enviar-lhes outro, e a este mataram; e a outros muitos, dos quais a uns feriram e a outros mataram.
6 Tendo ele, pois, ainda um seu filho amado, enviou-o também a estes por derradeiro, dizendo: Ao menos terão respeito ao meu filho.
7 Mas aqueles lavradores disseram entre si: Este é o herdeiro; vamos, matemo-lo, e a herança será nossa.
8 E, pegando dele, o mataram, e o lançaram fora da vinha.
9 Que fará, pois, o senhor da vinha? Virá, e destruirá os lavradores, e dará a vinha a outros.
10 Ainda não lestes esta Escritura:A pedra, que os edificadores rejeitaram,Esta foi posta por cabeça de esquina;
11 Isto foi feito pelo Senhor E é coisa maravilhosa aos nossos olhos?
12 E buscavam prendê-lo, mas temiam a multidão; porque entendiam que contra eles dizia esta parábola; e, deixando-o, foram-se.
13 E enviaram-lhe alguns dos fariseus e dos herodianos, para que o apanhassem nalguma palavra.
14 E, chegando eles, disseram-lhe: Mestre, sabemos que és homem de verdade, e de ninguém se te dá, porque não olhas à aparência dos homens, antes com verdade ensinas o caminho de Deus; é lícito dar o tributo a César, ou não? Daremos, ou não daremos?
15 Então ele, conhecendo a sua hipocrisia, disse-lhes: Por que me tentais? Trazei-me uma moeda, para que a veja.
16 E eles lha trouxeram. E disse-lhes: De quem é esta imagem e inscrição? E eles lhe disseram: De César.
17 E Jesus, respondendo, disse-lhes: Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. E maravilharam-se dele.
18 Então os saduceus, que dizem que não há ressurreição, aproximaram-se dele, e perguntaram-lhe, dizendo:
19 Mestre, Moisés nos escreveu que, se morresse o irmão de alguém, e deixasse a mulher e não deixasse filhos, seu irmão tomasse a mulher dele, e suscitasse descendência a seu irmão.
20 Ora, havia sete irmãos, e o primeiro tomou a mulher, e morreu sem deixar descendência;
21 E o segundo também a tomou e morreu, e nem este deixou descendência; e o terceiro da mesma maneira.
22 E tomaram-na os sete, sem, contudo, terem deixado descendência. Finalmente, depois de todos, morreu também a mulher.
23 Na ressurreição, pois, quando ressuscitarem, de qual destes será a mulher? porque os sete a tiveram por mulher.
24 E Jesus, respondendo, disse-lhes: Porventura não errais vós em razão de não saberdes as Escrituras nem o poder de Deus?
25 Porquanto, quando ressuscitarem dentre os mortos, nem casarão, nem se darão em casamento, mas serão como os anjos que estão nos céus.
26 E, acerca dos mortos que houverem de ressuscitar, não tendes lido no livro de Moisés como Deus lhe falou na sarça, dizendo: Eu sou o Deus de Abraão, e o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó?
27 Ora, Deus não é de mortos, mas sim, é Deus de vivos. Por isso vós errais muito.
28 Aproximou-se dele um dos escribas que os tinha ouvido disputar, e sabendo que lhes tinha respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o primeiro de todos os mandamentos?
29 E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor.
30 Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento.
31 E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes.
32 E o escriba lhe disse: Muito bem, Mestre, e com verdade disseste que há um só Deus, e que não há outro além dele;
33 E que amá-lo de todo o coração, e de todo o entendimento, e de toda a alma, e de todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, é mais do que todos os holocaustos e sacrifícios.
34 E Jesus, vendo que havia respondido sabiamente, disse-lhe: Não estás longe do reino de Deus. E já ninguém ousava perguntar-lhe mais nada.
35 E, falando Jesus, dizia, ensinando no templo: Como dizem os escribas que o Cristo é filho de Davi?
36 O próprio Davi disse pelo Espírito Santo:O Senhor disse ao meu Senhor:Assenta-te à minha direita Até que eu ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés.
37 Pois, se Davi mesmo lhe chama Senhor, como é logo seu filho? E a grande multidão o ouvia de boa vontade.
38 E, ensinando-os, dizia-lhes: Guardai-vos dos escribas, que gostam de andar com vestes compridas, e das saudações nas praças,
39 E das primeiras cadeiras nas sinagogas, e dos primeiros assentos nas ceias;
40 Que devoram as casas das viúvas, e isso com pretexto de largas orações. Estes receberão mais grave condenação.
41 E, estando Jesus assentado defronte da arca do tesouro, observava a maneira como a multidão lançava o dinheiro na arca do tesouro; e muitos ricos deitavam muito.
42 Vindo, porém, uma pobre viúva, deitou duas pequenas moedas, que valiam meio centavo.
43 E, chamando os seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta pobre viúva deitou mais do que todos os que deitaram na arca do tesouro;
44 Porque todos ali deitaram do que lhes sobejava, mas esta, da sua pobreza, deitou tudo o que tinha, todo o seu sustento.
O Desejado de Todas as Nações
Ais Sobre os Fariseus
Ouça o áudio do capítulo:
Este capítulo é baseado em Mateus 23; Marcos 12:41-44; Lucas 20:45-47; 21:1-4.
Mateus 23
1 Então falou Jesus à multidão, e aos seus discípulos,
2 Dizendo: Na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e fariseus.
3 Todas as coisas, pois, que vos disserem que observeis, observai-as e fazei-as; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não fazem;
4 Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com seu dedo querem movê-los;
5 E fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens; pois trazem largos filactérios, e alargam as franjas das suas vestes,
6 E amam os primeiros lugares nas ceias e as primeiras cadeiras nas sinagogas,
7 E as saudações nas praças, e o serem chamados pelos homens; Rabi, Rabi.
8 Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi, porque um só é o vosso Mestre, a saber, o Cristo, e todos vós sois irmãos.
9 E a ninguém na terra chameis vosso pai, porque um só é o vosso Pai, o qual está nos céus.
10 Nem vos chameis mestres, porque um só é o vosso Mestre, que é o Cristo.
11 O maior dentre vós será vosso servo.
12 E o que a si mesmo se exaltar será humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será exaltado.
13 Mas ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que fechais aos homens o reino dos céus; e nem vós entrais nem deixais entrar aos que estão entrando.
14 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que devorais as casas das viúvas, sob pretexto de prolongadas orações; por isso sofrereis mais rigoroso juízo.
15 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e, depois de o terdes feito, o fazeis filho do inferno duas vezes mais do que vós.
16 Ai de vós, condutores cegos! pois que dizeis: Qualquer que jurar pelo templo, isso nada é; mas o que jurar pelo ouro do templo, esse é devedor.
17 Insensatos e cegos! Pois qual é maior: o ouro, ou o templo, que santifica o ouro?
18 E aquele que jurar pelo altar isso nada é; mas aquele que jurar pela oferta que está sobre o altar, esse é devedor.
19 Insensatos e cegos! Pois qual é maior: a oferta, ou o altar, que santifica a oferta?
20 Portanto, o que jurar pelo altar, jura por ele e por tudo o que sobre ele está;
21 E, o que jurar pelo templo, jura por ele e por aquele que nele habita;
22 E, o que jurar pelo céu, jura pelo trono de Deus e por aquele que está assentado nele.
23 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas.
24 Condutores cegos! que coais um mosquito e engulis um camelo.
25 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que limpais o exterior do copo e do prato, mas o interior está cheio de rapina e de intemperança.
26 Fariseu cego! limpa primeiro o interior do copo e do prato, para que também o exterior fique limpo.
27 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda a imundícia.
28 Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas interiormente estais cheios de hipocrisia e de iniqüidade.
29 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que edificais os sepulcros dos profetas e adornais os monumentos dos justos,
30 E dizeis: Se existíssemos no tempo de nossos pais, nunca nos associaríamos com eles para derramar o sangue dos profetas.
31 Assim, vós mesmos testificais que sois filhos dos que mataram os profetas.
32 Enchei vós, pois, a medida de vossos pais.
33 Serpentes, raça de víboras! como escapareis da condenação do inferno?
34 Portanto, eis que eu vos envio profetas, sábios e escribas; a uns deles matareis e crucificareis; e a outros deles açoitareis nas vossas sinagogas e os perseguireis de cidade em cidade;
35 Para que sobre vós caia todo o sangue justo, que foi derramado sobre a terra, desde o sangue de Abel, o justo, até ao sangue de Zacarias, filho de Baraquias, que matastes entre o santuário e o altar.
36 Em verdade vos digo que todas estas coisas hão de vir sobre esta geração.
37 Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste!
38 Eis que a vossa casa vai ficar-vos deserta;
39 Porque eu vos digo que desde agora me não vereis mais, até que digais: Bendito o que vem em nome do Senhor.
Marcos 12:41-44
41 E, estando Jesus assentado defronte da arca do tesouro, observava a maneira como a multidão lançava o dinheiro na arca do tesouro; e muitos ricos deitavam muito.
42 Vindo, porém, uma pobre viúva, deitou duas pequenas moedas, que valiam meio centavo.
43 E, chamando os seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta pobre viúva deitou mais do que todos os que deitaram na arca do tesouro;
44 Porque todos ali deitaram do que lhes sobejava, mas esta, da sua pobreza, deitou tudo o que tinha, todo o seu sustento.
Lucas 20:45-47; 21:1-4
45 E, ouvindo-o todo o povo, disse Jesus aos seus discípulos:
46 Guardai-vos dos escribas, que querem andar com vestes compridas; e amam as saudações nas praças, e as principais cadeiras nas sinagogas, e os primeiros lugares nos banquetes;
47 Que devoram as casas das viúvas, fazendo, por pretexto, largas orações. Estes receberão maior condenação.
1 E, olhando ele, viu os ricos lançarem as suas ofertas na arca do tesouro;
2 E viu também uma pobre viúva lançar ali duas pequenas moedas;
3 E disse: Em verdade vos digo que lançou mais do que todos, esta pobre viúva;
4 Porque todos aqueles deitaram para as ofertas de Deus do que lhes sobeja; mas esta, da sua pobreza, deitou todo o sustento que tinha.
Era o último dia em que Cristo ensinava no templo. Das vastas multidões que se reuniam em Jerusalém, a atenção toda era atraída para Ele; o povo que se apinhara nos pátios do templo, acompanhara o debate que se verificara, apanhando cada palavra que Lhe caíra dos lábios. Nunca antes fora testemunhada uma cena igual. Ali Se achava o jovem Galileu, não ostentando nenhuma honra terrena nem nenhuma insígnia real. Ao redor dEle achavam-se sacerdotes em seus ricos paramentos, príncipes com as vestes e insígnias indicadoras de sua alta posição, e escribas segurando rolos, aos quais faziam freqüentes referências. Jesus permanecia entre eles sereno, com a dignidade de um rei. Como alguém que se acha revestido de celeste autoridade, olhava imperturbável Seus adversários, os quais Lhe haviam rejeitado e desprezado os ensinos, e tinham-Lhe sede à vida. Haviam-nO assaltado em grande número, mas foram vãos seus planos para O enredarem e condenarem. Repto após repto tivera Ele de enfrentar, apresentando a pura, luminosa verdade em contraste com as trevas e os erros dos sacerdotes e fariseus. Expusera perante esses guias seu verdadeiro estado, e a retribuição que se seguiria infalivelmente à persistência em suas más ações. A advertência fora dada fielmente. Contudo, outra obra restava a Cristo. Outro desígnio se devia ainda cumprir. DTN 429.1
O interesse do povo em Cristo e Sua obra crescera constantemente. Estavam encantados com Seus ensinos, mas, por outro lado, grandemente perplexos. Haviam respeitado os sacerdotes e rabis por sua inteligência e aparente piedade. Em todos os assuntos religiosos, sempre tinham rendido implícita obediência à autoridade deles. Todavia, agora viam esses homens procurando desacreditar Jesus, Mestre cuja virtude e conhecimento brilhavam mais a cada novo assalto. Olhando para as abaixadas frontes dos sacerdotes e anciãos, aí viam derrota e confusão. Admiravam-se de que os principais não cressem em Jesus, quando Seus ensinos eram tão claros e simples. E não sabiam que direção haviam eles próprios de tomar. Com viva ansiedade, observavam os movimentos daqueles cujos conselhos sempre tinham seguido. DTN 429.2
Nas parábolas ditas por Cristo, era Seu desígnio tanto advertir os guias, como instruir o povo que desejava ser ensinado. Havia, porém, necessidade de falar ainda mais claramente. Devido a sua reverência pela tradição e sua fé cega num sacerdócio corrompido, achava-se o povo escravizado. Essas cadeias, devia Cristo quebrar. Era preciso expor mais plenamente o caráter dos sacerdotes, principais e fariseus. DTN 429.3
“Na cadeira de Moisés”, disse ele, “estão assentados os escribas e fariseus. Observai, pois, e praticai tudo o que vos disserem; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não praticam”. Mateus 23:2, 3. Os escribas e fariseus pretendiam achar-se investidos de divina autoridade idêntica à de Moisés. Arrogavam-se seu lugar como expositores da lei e juízes do povo. Como tais, exigiam do mesmo a mais completa deferência e submissão. Jesus mandou que Seus ouvintes fizessem aquilo que os rabis ensinassem de acordo com a lei, mas não lhes seguissem o exemplo. Eles próprios não praticavam o que ensinavam. DTN 430.1
Mateus 23:2, 3
2 Dizendo: Na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e fariseus.
3 Todas as coisas, pois, que vos disserem que observeis, observai-as e fazei-as; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não fazem;
E ensinavam muito que era contrário às Escrituras. Disse Jesus: “Atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com o dedo querem movê-los”. Mateus 23:4. Os fariseus impunham uma multidão de regulamentos, com base na tradição, os quais restringiam irrazoavelmente a liberdade pessoal. E certas porções da lei explicavam de maneira a impor ao povo observância que eles próprios, secretamente, passavam por alto, e das quais, quando convinha aos seus desígnios, pretendiam na verdade estar isentos. DTN 430.2
Mateus 23:4
4 Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com seu dedo querem movê-los;
Fazer ostentação de sua piedade, eis seu constante objetivo. Coisa alguma era considerada demasiado sagrada para servir a esse fim. Deus dissera a Moisés com referência a Suas ordenanças: “Também as atarás por sinal na tua mão e te serão por testeira entre os teus olhos”. Deuteronômio 6:8. Essas palavras têm profunda significação. À medida que a Palavra de Deus é meditada e posta em prática, o homem todo é enobrecido. Num trato justo e misericordioso, as mãos revelarão, como um selo, os princípios da lei divina. Conservar-se-ão limpas de suborno, e de tudo quanto é corrompido e enganoso. Serão ativas em obras de amor e compaixão. Os olhos, dirigidos para um nobre fito, serão limpos e leais. O semblante expressivo, o eloqüente olhar, testificarão do irrepreensível caráter daquele que ama e honra a Palavra divina. Pelos judeus dos dias de Cristo, porém, todas estas coisas não eram discernidas. O mandamento dado a Moisés fora interpretado no sentido de que os preceitos da Escritura deviam ser usados sobre o corpo. Eram, portanto, escritos em tiras de pergaminho e presos, muito ostensivamente, em torno da cabeça e dos pulsos. Isso, porém, não fazia com que a lei de Deus se firmasse mais na mente e no coração. Esses pergaminhos eram usados meramente como insígnias, para chamar a atenção. Supunha-se que davam aos que os usavam um ar de devoção que imporia reverência ao povo. Jesus desferiu um golpe nessa vã pretensão: DTN 430.3
Deuteronômio 6:8
8 Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão por frontais entre os teus olhos.
“Fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens; pois trazem largos filactérios, e alargam as franjas de seus vestidos, e amam os primeiros lugares nas ceias, e as primeiras cadeiras nas sinagogas, e as saudações nas praças, e o serem chamados pelos homens — Rabi, Rabi. Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi, porque um só é o vosso Mestre, a saber, o Cristo, e todos vós sois irmãos. E a ninguém na Terra chameis vosso pai, porque um só é o vosso Pai, o qual está nos Céus. Nem vos chameis mestres, porque só um é o vosso Mestre, que é o Cristo”. Mateus 23:5-10. Em palavras assim positivas revelou o Salvador as ambições egoístas que sempre buscavam lugar e poder, exibindo uma fictícia humildade, enquanto o coração estava cheio de avareza e inveja. Ao serem as pessoas convidadas a um banquete, colocavam-se os convivas segundo sua posição, e aqueles a quem se concedia o mais honroso lugar, eram objeto de maiores atenções e favores especiais. Os fariseus sempre estavam manejando para assegurar-se essas honras. Esse costume Jesus censurou. DTN 430.4
Mateus 23:5-10
5 E fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens; pois trazem largos filactérios, e alargam as franjas das suas vestes,
6 E amam os primeiros lugares nas ceias e as primeiras cadeiras nas sinagogas,
7 E as saudações nas praças, e o serem chamados pelos homens; Rabi, Rabi.
8 Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi, porque um só é o vosso Mestre, a saber, o Cristo, e todos vós sois irmãos.
9 E a ninguém na terra chameis vosso pai, porque um só é o vosso Pai, o qual está nos céus.
10 Nem vos chameis mestres, porque um só é o vosso Mestre, que é o Cristo.
Reprovou também a vaidosa ostentação de cobiçar o título de rabi, ou de mestre. Esse título, declarou, não pertencia a homens, mas ao Cristo. Sacerdotes, escribas e príncipes, expositores e ministradores da lei, eram todos irmãos, filhos do mesmo Pai. Jesus ensinou positivamente o povo a não dar a nenhum homem um título de honra que indicasse possuir ele domínio sobre sua consciência ou sua fé. DTN 431.1
Se Cristo Se encontrasse hoje na Terra, rodeado pelos que usam o título de “Reverendo”, “Reverendíssimo”, não repetiria Suas palavras: “Nem vos chameis, mestres, porque um só é o vosso Mestre, que é o Cristo”? Mateus 23:10. A Escritura declara a respeito de Deus: “Santo e tremendo [’reverendo’ dizem outras versões] é o Seu nome”. Salmos 111:9. A que ser humano cabe esse título? Quão pouco revela o homem da sabedoria e da justiça que o mesmo indica! Quantos dos que aceitam esse título estão representando mal o nome e o caráter de Deus! Ai, quantas vezes se têm a ambição mundana, o despotismo e os mais baixos pecados escondido sob as bordadas vestes de um elevado e santo cargo! O Salvador continuou: DTN 431.2
Mateus 23:10
10 Nem vos chameis mestres, porque um só é o vosso Mestre, que é o Cristo.
Salmos 111:9
9 Redenção enviou ao seu povo; ordenou a sua aliança para sempre; santo e tremendo é o seu nome.
“Porém o maior dentre vós será vosso servo. E o que a si mesmo se exaltar será humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será exaltado”. Mateus 23:11, 12. Repetidamente ensinara Cristo que a verdadeira grandeza se mede pelo valor moral. Na estimativa celeste, a grandeza de caráter consiste em viver para o bem-estar de nossos semelhantes, em praticar obras de amor e de misericórdia. Cristo, o Rei da Glória, foi servo do homem caído. DTN 431.3
Mateus 23:11, 12
11 O maior dentre vós será vosso servo.
12 E o que a si mesmo se exaltar será humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será exaltado.
“Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas!” disse Jesus, “pois que fechais aos homens o reino dos Céus; e nem vós entrais nem deixais entrar aos que estão entrando”. Mateus 23:13. Pervertendo as Escrituras, os sacerdotes e doutores da lei cegavam o espírito dos que, de outro modo, teriam recebido conhecimento do reino de Cristo, e aquela vida interior, divina, essencial à verdadeira santidade. DTN 431.4
Mateus 23:13
13 Mas ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que fechais aos homens o reino dos céus; e nem vós entrais nem deixais entrar aos que estão entrando.
“Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! pois que devorais as casas das viúvas, sob pretexto de prolongadas orações; por isso sofrereis mais rigoroso juízo”. Mateus 23:14. Os fariseus tinham grande influência sobre o povo, e disso se aproveitavam para servir os próprios interesses. Conquistavam a confiança de piedosas viúvas, e então lhes apresentavam, como seu dever, consagrar sua propriedade a fins religiosos. Havendo conseguido domínio sobre seus bens, os astutos calculistas empregavam-nos para seu próprio benefício. Para encobrir sua desonestidade, faziam longas orações em público, e grande ostentação de piedade. Essa hipocrisia Cristo declarou que lhes traria maior condenação. A mesma repreensão recai hoje sobre muitos que fazem grande profissão de piedade. Sua vida é manchada de avareza e egoísmo, e todavia lançam sobre tudo isso um manto de aparente pureza, e assim por algum tempo enganam os semelhantes. Mas não podem enganar a Deus. Ele lê todo desígnio do coração, e julgará todo homem segundo as suas ações. DTN 431.5
Mateus 23:14
14 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que devorais as casas das viúvas, sob pretexto de prolongadas orações; por isso sofrereis mais rigoroso juízo.
Cristo condenou fartamente os abusos, mas teve cuidado de não diminuir a obrigação. Repreendeu o egoísmo que extorquia e dava má aplicação às dádivas da viúva. Ao mesmo tempo louvou a viúva que trouxe sua oferta para o tesouro do Senhor. O abuso que praticava o homem com a dádiva, não podia desviar da doadora a bênção divina. DTN 432.1
Jesus estava no pátio onde se achava a arca do tesouro, e observava os que ali iam depositar as ofertas. Muitos dos ricos levavam grandes somas, que apresentavam com grande ostentação. Jesus os contemplava tristemente, mas não fez comentário algum acerca de suas liberais ofertas. Num momento, Sua fisionomia iluminou-se ao ver uma pobre viúva aproximar-se hesitante, como receosa de ser observada. Enquanto os ricos e altivos se apressavam para depor suas dádivas, ela se retraía, como se mal ousasse adiantar-se. Todavia, anelava fazer qualquer coisa, por pequenina que fosse, pela causa que amava. Contemplou a dádiva que tinha na mão. Era demasiado pequena em comparação com as ofertas dos que a rodeavam; ali estava, no entanto, tudo quanto possuía. Espreitando o ensejo, deitou apressadamente suas duas moedinhas, e virou-se para se afastar, ligeira. Ao fazê-lo, porém, encontrou o olhar de Jesus, cravado nela. DTN 432.2
O Salvador chamou a Si os discípulos, e convidou-os a notar a pobreza da viúva. Então soaram aos ouvidos dela Suas palavras de louvor: “Em verdade vos digo que lançou mais do que todos, esta pobre viúva”. Lucas 21:3. Lágrimas de alegria lhe encheram os olhos, ao ver que seu ato era compreendido e apreciado. Muitos tê-la-iam aconselhado a guardar seu escasso recurso para o próprio uso; dado às mãos dos bem nutridos sacerdotes, perder-se-ia de vista entre os muitos custosos dons levados ao tesouro. Mas Jesus entendeu-lhe o motivo. Ela cria que o serviço do templo era indicado por Deus, e estava ansiosa por fazer tudo que lhe era possível para sua manutenção. Fez o que pôde e sua ação serviria de monumento a sua memória, através dos tempos, e alegria na eternidade. O coração acompanhou-lhe a dádiva; seu valor foi estimado, não pela importância da moeda, mas pelo amor para com Deus e o interesse para com Sua obra, que a motivaram. DTN 432.3
Lucas 21:3
3 E disse: Em verdade vos digo que lançou mais do que todos, esta pobre viúva;
Jesus disse da viúva pobre: Ela “lançou mais do que todos”. Lucas 21:3. Os ricos deram de sua abundância, muitos deles para serem vistos e honrados pelos homens. Seus grandes donativos não os privaram de nenhum conforto, nem mesmo do luxo; não tinham exigido nenhum sacrifício que pudesse ser comparado, em valor, com as moedas da viúva. DTN 433.1
Lucas 21:3
3 E disse: Em verdade vos digo que lançou mais do que todos, esta pobre viúva;
É o motivo que dá sentido às nossas ações, assinalando-as com ignomínia ou elevado valor moral. Não são as grandes coisas que todos os olhos vêem e toda língua louva, que Deus considera mais preciosas. Os pequenos deveres cumpridos com contentamento, as pequeninas dádivas que não fazem vista, e podem parecer destituídas de valor aos olhos humanos, ocupam muitas vezes diante de Deus o mais alto lugar. Um coração de fé e amor é mais precioso para Deus que os mais custosos dons. A viúva pobre deu sua subsistência para fazer o pouco que fez. Privou-se de alimento para oferecer aquelas duas moedinhas à causa que amava. E fê-lo com fé, sabendo que seu Pai Celestial não passaria por alto sua grande necessidade. Foi esse espírito abnegado e essa infantil fé que atraiu o louvor do Senhor. DTN 433.2
Existem entre os pobres muitos que anelam manifestar gratidão para com Deus por Sua graça e verdade. Desejam ardentemente tomar parte, com seus irmãos mais prósperos, na manutenção de Seu serviço. Essas almas não devem ser repelidas. Permita-se-lhes pôr suas moedas no banco do Céu. Dadas com o coração cheio de amor para com Deus, essas ninharias aparentes tornam-se dádivas consagradas, inapreciáveis ofertas que Deus aprova e abençoa. DTN 433.3
Quando Jesus disse da viúva pobre: Ela “lançou mais do que todos” (Lucas 21:3), Suas palavras eram verdadeiras, não somente quanto ao motivo, mas no que respeita aos resultados da oferta. As “duas pequenas moedas correspondentes a um quadrante” têm trazido ao tesouro do Senhor uma quantia muito superior às contribuições daqueles ricos judeus. A influência daquela pequenina oferta tem sido como um rio, pequeno ao começo, mas que se amplia e aprofunda à medida que corre através dos séculos. Tem contribuído por mil maneiras para alívio dos pobres e disseminação do evangelho. Seu exemplo de sacrifício tem agido e tornado a agir sobre milhares de corações em todas as terras e em todos os séculos. Tem sido como um apelo dirigido a ricos e pobres, e as dádivas destes avolumaram o valor da oferta da viúva. A bênção divina sobre as suas moedas, tem feito delas fonte de grandes resultados. Assim quanto a todo dom oferecido e todo ato realizado com sincero desejo de promover a glória de Deus. Liga-se aos desígnios do Onipotente. Seus resultados para o bem não podem ser calculados por homem algum. DTN 433.4
Lucas 21:3
3 E disse: Em verdade vos digo que lançou mais do que todos, esta pobre viúva;
O Salvador continuou Suas acusações aos escribas e fariseus: “Ai de vós, condutores cegos! pois que dizeis: qualquer que jurar pelo templo, isso nada é; mas o que jurar pelo ouro do templo, esse é devedor. Insensatos e cegos! Pois qual é maior: o ouro, ou o templo, que santifica o ouro? E aquele que jurar pelo altar, isso nada é; mas aquele que jurar pela oferta que está sobre o altar, esse é devedor. Insensatos e cegos! Pois qual é maior: a oferta, ou o altar, que santifica a oferta?” Mateus 23:16-19. Os sacerdotes interpretavam as reivindicações divinas segundo sua própria norma falsa e estreita. Presumiam fazer justas diferenças quanto à relativa culpa de vários pecados, passando levemente por alto alguns, e tratando outros, talvez de menos conseqüência, como imperdoáveis. Por considerações monetárias desculpavam pessoas de seus votos. E por grandes somas de dinheiro passavam por alto graves crimes. Ao mesmo tempo esses sacerdotes e príncipes, em outros casos, proferiam severo juízo por ofensas triviais. DTN 434.1
Mateus 23:16-19
16 Ai de vós, condutores cegos! pois que dizeis: Qualquer que jurar pelo templo, isso nada é; mas o que jurar pelo ouro do templo, esse é devedor.
17 Insensatos e cegos! Pois qual é maior: o ouro, ou o templo, que santifica o ouro?
18 E aquele que jurar pelo altar isso nada é; mas aquele que jurar pela oferta que está sobre o altar, esse é devedor.
19 Insensatos e cegos! Pois qual é maior: a oferta, ou o altar, que santifica a oferta?
“Ai de vós escribas e fariseus hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas”. Mateus 23:23. Nessas palavras Cristo torna a condenar o abuso das obrigações sagradas. Não põe de lado a própria obrigação. O sistema do dízimo foi ordenado por Deus, e havia sido observado desde os primitivos tempos. Abraão, o pai dos fiéis, deu dízimo de tudo quanto possuía. Os príncipes judaicos reconheciam a obrigação de dizimar, e isso era justo; mas não deixavam o povo manter suas próprias convicções do dever. Estabeleciam-se regras arbitrárias para todos os casos. As exigências se haviam tornado tão complicadas, que era impossível cumpri-las. Ninguém sabia quando havia satisfeito suas obrigações. Segundo fora dado por Deus, o sistema era justo e razoável; mas os sacerdotes e rabis o tinham transformado em carga enfadonha. DTN 434.2
Mateus 23:23
23 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas.
Tudo quanto Deus ordena, é de importância. Cristo reconhecia como dever o dar o dízimo; mas mostrou que isso não podia desculpar a negligência de outros deveres. Os fariseus eram muito exatos em dizimar ervas da horta, tais como hortelã, endro e cominho; isso pouco lhes custava, dando-lhes reputação de exatidão e santidade. Ao mesmo tempo suas inúteis restrições oprimiam o povo e destruíam o respeito pelo sagrado sistema designado por Deus. Ocupavam a mente dos homens com insignificantes distinções, e desviavam-lhes a atenção das verdades essenciais. Negligenciavam-se os assuntos de mais peso da lei, justiça, misericórdia e verdade. “Deveis, porém, fazer estas coisas”, disse Cristo, “e não omitir aquelas”. Mateus 23:23. DTN 434.3
Mateus 23:23
23 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas.
Outras leis foram semelhantemente pervertidas pelos rabis. Nas instruções dadas por intermédio de Moisés, era proibido comer qualquer coisa imunda. O uso da carne de porco, e da carne de certos outros animais, era proibido, como sendo de molde a encher o sangue de impurezas e abreviar a vida. Mas os fariseus não deixaram essas restrições como Deus as ordenara. Foram a extremos injustificáveis. Entre outras coisas, tinha o povo que coar toda a água de uso, não contivesse ela o mais pequenino inseto, o qual poderia ser classificado entre os animais imundos. Jesus, comparando essas fúteis práticas com a magnitude de seus pecados reais, disse aos fariseus: “Condutores cegos! que coais um mosquito e engolis um camelo”. Mateus 23:24. DTN 434.4
Mateus 23:24
24 Condutores cegos! que coais um mosquito e engulis um camelo.
“Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda a imundícia”. Mateus 23:27. Como os branqueados sepulcros, belamente ornamentados ocultavam os putrefatos restos no interior, assim a aparente santidade dos sacerdotes e príncipes escondia iniqüidade. Jesus continuou: DTN 435.1
Mateus 23:27
27 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda a imundícia.
“Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! pois que edificais os sepulcros dos profetas e adornais os monumentos dos justos, e dizeis: Se existíssemos no tempo de nossos pais, nunca nos associaríamos com eles para derramar o sangue dos profetas. Assim, vós mesmos testificais que sois filhos dos que mataram os profetas”. Mateus 23:29-31. Para mostrar sua estima pelos profetas mortos, os judeus eram muito zelosos em embelezar-lhes os sepulcros; mas não aproveitavam seus ensinos, nem davam ouvidos às suas reprovações. DTN 435.2
Mateus 23:29-31
29 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que edificais os sepulcros dos profetas e adornais os monumentos dos justos,
30 E dizeis: Se existíssemos no tempo de nossos pais, nunca nos associaríamos com eles para derramar o sangue dos profetas.
31 Assim, vós mesmos testificais que sois filhos dos que mataram os profetas.
Nos dias de Cristo nutria-se uma supersticiosa consideração para com os túmulos dos mortos, e prodigalizavam-se grandes somas no adorno dos mesmos. Aos olhos de Deus isso era idolatria. Em sua indevida consideração para com os mortos, os homens mostravam não amar a Deus sobre tudo, e ao próximo como a si mesmos. A mesma idolatria está sendo hoje levada bem longe. Muitos são culpados de negligenciar as viúvas e os órfãos, os doentes e os pobres, a fim de construírem custosos monumentos para os mortos. Tempo, dinheiro e trabalho são abundantemente gastos com esse fim, ao passo que os deveres para com os vivos — deveres positivamente ordenados por Cristo — são deixados por cumprir. DTN 435.3
Os fariseus construíam os sepulcros dos profetas, e os adornavam, e diziam uns para os outros: Se existíssemos no tempo de nossos pais, nunca nos associaríamos a eles para derramar o sangue dos servos de Deus. Ao mesmo tempo estavam planejando tirar a vida de Seu Filho. Isso nos deve servir de lição. Deve-nos abrir os olhos ao poder de Satanás para enganar a mente que se desvia da luz da verdade. Muitos seguem nas pegadas dos fariseus. Reverenciam os que morreram por sua fé. Admiram-se da cegueira dos judeus em rejeitar a Cristo. Houvéssemos vivido em Seu tempo, declaram, e com prazer Lhe receberíamos os ensinos; nunca teríamos tomado parte no crime dos que rejeitaram o Salvador. Mas quando a obediência a Deus requer abnegação e humilhação, essas mesmas pessoas abafam suas convicções e recusam obediência. Assim manifestam o mesmo espírito que os fariseus a quem Cristo condenou. DTN 435.4
Mal avaliavam os judeus a terrível responsabilidade envolvida na rejeição de Cristo. Desde o tempo em que foi derramado o primeiro sangue inocente, quando o justo Abel caiu pela mão de Caim, repetira-se a mesma história com progressiva culpa. Em todos os séculos haviam profetas erguido a voz contra os pecados dos reis, autoridades e povo, dizendo as palavras que Deus lhes dera e obedecendo à Sua vontade com perigo da própria vida. De geração para geração se estivera acumulando uma terrível punição contra os rejeitadores da luz e da verdade. Essa os inimigos de Cristo estavam então atraindo sobre as próprias cabeças. O pecado dos sacerdotes e principais era maior que o de qualquer geração anterior. Por sua rejeição do Salvador, estavam-se tornando responsáveis pelo sangue de todos os justos mortos desde Abel até Cristo. Estavam prestes a fazer transbordar sua taça de iniqüidade. E dentro em pouco lhes seria ela derramada sobre a cabeça em juízo de retribuição. Disso os advertiu Jesus: DTN 436.1
“Para que sobre vós caia todo o sangue justo, que foi derramado sobre a Terra, desde o sangue de Abel, o justo, até o sangue de Zacarias, filho de Baraquias, que matastes entre o santuário e o altar. Em verdade vos digo que todas estas coisas hão de vir sobre esta geração”. Mateus 23:35, 36. DTN 436.2
Mateus 23:35, 36
35 Para que sobre vós caia todo o sangue justo, que foi derramado sobre a terra, desde o sangue de Abel, o justo, até ao sangue de Zacarias, filho de Baraquias, que matastes entre o santuário e o altar.
36 Em verdade vos digo que todas estas coisas hão de vir sobre esta geração.
Os escribas e fariseus que escutavam Jesus, sabiam que Suas palavras eram verdadeiras. Sabiam como fora morto o profeta Zacarias. Enquanto as palavras de advertência vindas de Deus se achavam em seus lábios, uma fúria satânica apoderou-se do rei apóstata e, por sua ordem, foi morto o profeta. Seu sangue assinalara as pedras do próprio pátio do templo, e não pôde ser apagado; ali ficou para dar testemunho contra o apóstata Israel. Enquanto o templo existisse, ali estaria a mancha daquele sangue justo, clamando a Deus vingança. Ao referir-Se Jesus a esses terríveis pecados, um arrepio de horror passou pela multidão. DTN 436.3
Antevendo o futuro, declarou Jesus que a impenitência dos judeus e sua intolerância para com os servos do Senhor seriam futuramente as mesmas do passado: DTN 436.4
“Portanto, eis que Eu vos envio profetas, sábios e escribas; e a uns deles matareis e crucificareis; e a outros deles açoitareis nas vossas sinagogas e os perseguireis de cidade em cidade”. Mateus 23:34. Profetas e sábios, cheios de fé e do Espírito Santo — Estêvão, Tiago e muitos outros — seriam condenados e mortos. Com a mão erguida para o Céu e uma luz divina a circundá-Lo, Cristo falou como juiz aos que se achavam diante dEle. Sua voz, tantas vezes ouvida em suavidade e súplica, fazia-se agora ouvir em censura e condenação. Os ouvintes tremeram. Jamais se havia de apagar a impressão produzida por Suas palavras e Seu olhar. DTN 436.5
Mateus 23:34
34 Portanto, eis que eu vos envio profetas, sábios e escribas; a uns deles matareis e crucificareis; e a outros deles açoitareis nas vossas sinagogas e os perseguireis de cidade em cidade;
A indignação de Cristo era contra a hipocrisia, os crassos pecados pelos quais os homens estavam destruindo a própria alma, enganando o povo e desonrando a Deus. No enganador raciocínio dos sacerdotes e principais, distinguia Ele a operação de forças satânicas. Viva e penetrante fora Sua acusação do pecado; mas não proferiu palavras de vingança. Tinha uma santa indignação contra o príncipe das trevas; mas não manifestava nenhuma irritação. Assim o cristão que vive em harmonia com Deus, possuindo os suaves atributos do amor e da misericórdia, experimentará uma justa indignação contra o pecado; mas não se tomará de paixão para injuriar os que injuriam. Mesmo enfrentando os que se acham movidos pelas forças de baixo para manter a falsidade, em Cristo conservará ele ainda a calma e o domínio de si mesmo. DTN 436.6
No semblante do Filho de Deus estampava-se divina piedade ao deitar Ele um demorado olhar ao templo, e depois, aos ouvintes. Numa voz agitada por profunda angústia de coração e amargas lágrimas, Ele exclamou: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis Eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste!” Mateus 23:37. É a luta da separação. Na lamentação de Cristo, extravasava o próprio coração de Deus. É o misterioso adeus do longânimo amor da Divindade. DTN 437.1
Mateus 23:37
37 Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste!
Fariseus e saduceus igualmente emudeceram. Jesus chamou Seus discípulos, e preparou-Se para deixar o templo, não como um vencido e forçado a retirar-se da presença dos adversários, mas como alguém cuja obra está concluída. Retirou-Se do conflito, vencedor. DTN 437.2
As gemas de verdade caídas dos lábios de Cristo, naquele dia memorável, foram entesouradas em muitos corações. Para eles começou uma nova corrente de pensamentos, aspirações novas foram despertadas, e teve início uma nova época. Depois da crucifixão e ressurreição de Cristo, estas pessoas foram para a frente, e cumpriram sua divina missão com uma sabedoria e zelo correspondentes à grandeza da obra. Deram uma mensagem que falava aos corações dos homens, enfraquecendo as velhas superstições que haviam por muito tempo feito definhar a vida de milhares. Em face de seu testemunho, as teorias e filosofias humanas tornaram-se quais ociosas fábulas. Poderosos foram os resultados que emanaram das palavras do Salvador àquela turba admirada e cheia de temor, no templo de Jerusalém. DTN 437.3
Mas Israel, como nação, divorciara-se de Deus. Os ramos naturais da oliveira foram quebrados. Olhando pela última vez para o interior do templo, Jesus disse em patética lamentação: “Eis que a vossa casa vai ficar-vos deserta; porque Eu vos digo que desde agora não Me vereis mais, até que digais: Bendito o que vem em nome do Senhor”. Mateus 23:38, 39. Até então Ele chamara o templo a casa de Seu Pai; mas agora, ao sair o Filho de Deus de entre aquelas paredes, a presença de Deus seria para sempre retirada do templo construído para Sua glória. Daí em diante suas cerimônias seriam destituídas de sentido, uma zombaria seus cultos. DTN 437.4
Mateus 23:38, 39
38 Eis que a vossa casa vai ficar-vos deserta;
39 Porque eu vos digo que desde agora me não vereis mais, até que digais: Bendito o que vem em nome do Senhor.