Como Enriquecer a Personalidade


Dia 257 - Friday, 13 de September de 2024
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74 min

  • Mateus 22:1-46
  • Lucas 19:11-27
  • Salmos 66-68
  • Mateus 25:14-30

Mateus 22:1-46

Ouça o áudio do capítulo:

1 Então Jesus, tomando a palavra, tornou a falar-lhes em parábolas, dizendo:

2 O reino dos céus é semelhante a um certo rei que celebrou as bodas de seu filho;

3 E enviou os seus servos a chamar os convidados para as bodas, e estes não quiseram vir.

4 Depois, enviou outros servos, dizendo: Dizei aos convidados: Eis que tenho o meu jantar preparado, os meus bois e cevados já mortos, e tudo já pronto; vinde às bodas.

5 Eles, porém, não fazendo caso, foram, um para o seu campo, outro para o seu negócio;

6 E os outros, apoderando-se dos servos, os ultrajaram e mataram.

7 E o rei, tendo notícia disto, encolerizou-se e, enviando os seus exércitos, destruiu aqueles homicidas, e incendiou a sua cidade.

8 Então diz aos servos: As bodas, na verdade, estão preparadas, mas os convidados não eram dignos.

9 Ide, pois, às saídas dos caminhos, e convidai para as bodas a todos os que encontrardes.

10 E os servos, saindo pelos caminhos, ajuntaram todos quantos encontraram, tanto maus como bons; e a festa nupcial foi cheia de convidados.

11 E o rei, entrando para ver os convidados, viu ali um homem que não estava trajado com veste de núpcias.

12 E disse-lhe: Amigo, como entraste aqui, não tendo veste nupcial? E ele emudeceu.

13 Disse, então, o rei aos servos: Amarrai-o de pés e mãos, levai-o, e lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes.

14 Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos.

15 Então, retirando-se os fariseus, consultaram entre si como o surpreenderiam nalguma palavra;

16 E enviaram-lhe os seus discípulos, com os herodianos, dizendo: Mestre, bem sabemos que és verdadeiro, e ensinas o caminho de Deus segundo a verdade, e de ninguém se te dá, porque não olhas a aparência dos homens.

17 Dize-nos, pois, que te parece? É lícito pagar o tributo a César, ou não?

18 Jesus, porém, conhecendo a sua malícia, disse: Por que me experimentais, hipócritas?

19 Mostrai-me a moeda do tributo. E eles lhe apresentaram um dinheiro.

20 E ele diz-lhes: De quem é esta efígie e esta inscrição?

21 Dizem-lhe eles: De César. Então ele lhes disse: Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.

22 E eles, ouvindo isto, maravilharam-se, e, deixando-o, se retiraram.

23 No mesmo dia chegaram junto dele os saduceus, que dizem não haver ressurreição, e o interrogaram,

24 Dizendo: Mestre, Moisés disse: Se morrer alguém, não tendo filhos, casará o seu irmão com a mulher dele, e suscitará descendência a seu irmão.

25 Ora, houve entre nós sete irmãos; e o primeiro, tendo casado, morreu e, não tendo descendência, deixou sua mulher a seu irmão.

26 Da mesma sorte o segundo, e o terceiro, até ao sétimo;

27 Por fim, depois de todos, morreu também a mulher.

28 Portanto, na ressurreição, de qual dos sete será a mulher, visto que todos a possuíram?

29 Jesus, porém, respondendo, disse-lhes: Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus.

30 Porque na ressurreição nem casam nem são dados em casamento; mas serão como os anjos de Deus no céu.

31 E, acerca da ressurreição dos mortos, não tendes lido o que Deus vos declarou, dizendo:

32 Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó? Ora, Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos.

33 E, as turbas, ouvindo isto, ficaram maravilhadas da sua doutrina.

34 E os fariseus, ouvindo que ele fizera emudecer os saduceus, reuniram-se no mesmo lugar.

35 E um deles, doutor da lei, interrogou-o para o experimentar, dizendo:

36 Mestre, qual é o grande mandamento na lei?

37 E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento.

38 Este é o primeiro e grande mandamento.

39 E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.

40 Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.

41 E, estando reunidos os fariseus, interrogou-os Jesus,

42 Dizendo: Que pensais vós do Cristo? De quem é filho? Eles disseram-lhe: De Davi.

43 Disse-lhes ele: Como é então que Davi, em espírito, lhe chama Senhor, dizendo:

44 Disse o Senhor ao meu Senhor:Assenta-te à minha direita,Até que eu ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés?

45 Se Davi, pois, lhe chama Senhor, como é seu filho?

46 E ninguém podia responder-lhe uma palavra; nem desde aquele dia ousou mais alguém interrogá-lo.

Lucas 19:11-27

Ouça o áudio do capítulo:

11 E, ouvindo eles estas coisas, ele prosseguiu, e contou uma parábola; porquanto estava perto de Jerusalém, e cuidavam que logo se havia de manifestar o reino de Deus.

12 Disse pois: Certo homem nobre partiu para uma terra remota, a fim de tomar para si um reino e voltar depois.

13 E, chamando dez servos seus, deu-lhes dez minas, e disse-lhes: Negociai até que eu venha.

14 Mas os seus concidadãos odiavam-no, e mandaram após ele embaixadores, dizendo: Não queremos que este reine sobre nós.

15 E aconteceu que, voltando ele, depois de ter tomado o reino, disse que lhe chamassem aqueles servos, a quem tinha dado o dinheiro, para saber o que cada um tinha ganhado, negociando.

16 E veio o primeiro, dizendo: Senhor, a tua mina rendeu dez minas.

17 E ele lhe disse: Bem está, servo bom, porque no mínimo foste fiel, sobre dez cidades terás autoridade.

18 E veio o segundo, dizendo: Senhor, a tua mina rendeu cinco minas.

19 E a este disse também: Sê tu também sobre cinco cidades.

20 E veio outro, dizendo: Senhor, aqui está a tua mina, que guardei num lenço;

21 Porque tive medo de ti, que és homem rigoroso, que tomas o que não puseste, e segas o que não semeaste.

22 Porém, ele lhe disse: Mau servo, pela tua boca te julgarei. Sabias que eu sou homem rigoroso, que tomo o que não pus, e sego o que não semeei;

23 Por que não puseste, pois, o meu dinheiro no banco, para que eu, vindo, o exigisse com os juros?

24 E disse aos que estavam com ele: Tirai-lhe a mina, e dai-a ao que tem dez minas.

25 (E disseram-lhe eles: Senhor, ele tem dez minas. )

26 Pois eu vos digo que a qualquer que tiver ser-lhe-á dado, mas ao que não tiver, até o que tem lhe será tirado.

27 E quanto àqueles meus inimigos que não quiseram que eu reinasse sobre eles, trazei-os aqui, e matai-os diante de mim.

Salmos 66

Ouça o áudio do capítulo:

1 Celebrai com júbilo a Deus, todas as terras.

2 Cantai a glória do seu nome; dai glória ao seu louvor.

3 Dizei a Deus: Quão tremendo és tu nas tuas obras! Pela grandeza do teu poder se submeterão a ti os teus inimigos.

4 Todos os moradores da terra te adorarão e te cantarão; cantarão o teu nome. (Selá.)

5 Vinde, e vede as obras de Deus: é tremendo nos seus feitos para com os filhos dos homens.

6 Converteu o mar em terra seca; passaram o rio a pé; ali nos alegramos nele.

7 Ele domina eternamente pelo seu poder; os seus olhos estão sobre as nações; não se exaltem os rebeldes. (Selá.)

8 Bendizei, povos, ao nosso Deus, e fazei ouvir a voz do seu louvor,

9 Ao que sustenta com vida a nossa alma, e não consente que sejam abalados os nossos pés.

10 Pois tu, ó Deus, nos provaste; tu nos afinaste como se afina a prata.

11 Tu nos puseste na rede; afligiste os nossos lombos,

12 Fizeste com que os homens cavalgassem sobre as nossas cabeças; passamos pelo fogo e pela água; mas nos trouxeste a um lugar espaçoso.

13 Entrarei em tua casa com holocaustos; pagar-te-ei os meus votos,

14 Os quais pronunciaram os meus lábios, e falou a minha boca, quando estava na angústia.

15 Oferecer-te-ei holocaustos gordurosos com incenso de carneiros; oferecerei novilhos com cabritos. (Selá.)

16 Vinde, e ouvi, todos os que temeis a Deus, e eu contarei o que ele tem feito à minha alma.

17 A ele clamei com a minha boca, e ele foi exaltado pela minha língua.

18 Se eu atender à iniqüidade no meu coração, o Senhor não me ouvirá;

19 Mas, na verdade, Deus me ouviu; atendeu à voz da minha oração.

20 Bendito seja Deus, que não rejeitou a minha oração, nem desviou de mim a sua misericórdia.

Salmos 67

Ouça o áudio do capítulo:

1 Deus tenha misericórdia de nós e nos abençoe; e faça resplandecer o seu rosto sobre nós (Selá.)

2 Para que se conheça na terra o teu caminho, e entre todas as nações a tua salvação.

3 Louvem-te a ti, ó Deus, os povos; louvem-te os povos todos.

4 Alegrem-se e regozijem-se as nações, pois julgarás os povos com eqüidade, e governarás as nações sobre a terra. (Selá.)

5 Louvem-te a ti, ó Deus, os povos; louvem-te os povos todos.

6 Então a terra dará o seu fruto; e Deus, o nosso Deus, nos abençoará.

7 Deus nos abençoará, e todas as extremidades da terra o temerão.

Salmos 68

Ouça o áudio do capítulo:

1 Levante-se Deus, e sejam dissipados os seus inimigos; fugirão de diante dele os que o odeiam.

2 Como se impele a fumaça, assim tu os impeles; assim como a cera se derrete diante do fogo, assim pereçam os ímpios diante de Deus.

3 Mas alegrem-se os justos, e se regozijem na presença de Deus, e folguem de alegria.

4 Cantai a Deus, cantai louvores ao seu nome; louvai aquele que vai montado sobre os céus, pois o seu nome é Senhor, e exultai diante dele.

5 Pai de órfãos e juiz de viúvas é Deus, no seu lugar santo.

6 Deus faz que o solitário viva em família; liberta aqueles que estão presos em grilhões; mas os rebeldes habitam em terra seca.

7 Ó Deus, quando saías diante do teu povo, quando caminhavas pelo deserto, (Selá.).

8 A terra abalava-se, e os céus destilavam perante a face de Deus; até o próprio Sinai foi comovido na presença de Deus, do Deus de Israel.

9 Tu, ó Deus, mandaste a chuva em abundância, confortaste a tua herança, quando estava cansada.

10 Nela habitava o teu rebanho; tu, ó Deus, fizeste provisão da tua bondade para o pobre.

11 O Senhor deu a palavra; grande era o exército dos que anunciavam as boas novas.

12 Reis de exércitos fugiram à pressa; e aquela que ficava em casa repartia os despojos.

13 Ainda que vos tenhais deitado entre redis, contudo sereis como as asas duma pomba, cobertas de prata, e as suas penas, de ouro amarelo.

14 Quando o Onipotente ali espalhou os reis, foi como a neve em Salmon.

15 O monte de Deus é como o monte de Basã, um monte elevado como o monte de Basã.

16 Por que saltais, ó montes elevados? Este é o monte que Deus desejou para a sua habitação, e o Senhor habitará nele eternamente.

17 Os carros de Deus são vinte milhares, milhares de milhares. O Senhor está entre eles, como em Sinai, no lugar santo.

18 Tu subiste ao alto, levaste cativo o cativeiro, recebeste dons para os homens, e até para os rebeldes, para que o Senhor Deus habitasse entre eles.

19 Bendito seja o Senhor, que de dia em dia nos carrega de benefícios; o Deus que é a nossa salvação. (Selá.).

20 O nosso Deus é o Deus da salvação; e a DEUS, o Senhor, pertencem os livramentos da morte.

21 Mas Deus ferirá gravemente a cabeça de seus inimigos e o crânio cabeludo do que anda em suas culpas.

22 Disse o Senhor: Eu os farei voltar de Basã, farei voltar o meu povo das profundezas do mar;

23 Para que o teu pé mergulhe no sangue de teus inimigos, e no mesmo a língua dos teus cães.

24 Ó Deus, eles têm visto os teus caminhos; os caminhos do meu Deus, meu Rei, no santuário.

25 Os cantores iam adiante, os tocadores de instrumentos atrás; entre eles as donzelas tocando adufes.

26 Celebrai a Deus nas congregações; ao Senhor, desde a fonte de Israel.

27 Ali está o pequeno Benjamim, que domina sobre eles, os príncipes de Judá com o seu ajuntamento, os príncipes de Zebulom e os príncipes de Naftali.

28 O teu Deus ordenou a tua força; fortalece, ó Deus, o que já fizeste para nós.

29 Por amor do teu templo em Jerusalém, os reis te trarão presentes.

30 Repreende asperamente as feras dos canaviais, a multidão dos touros, com os novilhos dos povos, até que cada um se submeta com peças de prata; dissipa os povos que desejam a guerra.

31 Príncipes virão do Egito; a Etiópia cedo estenderá para Deus as suas mãos.

32 Reinos da terra, cantai a Deus, cantai louvores ao Senhor. (Selá.)

33 Àquele que vai montado sobre os céus dos céus, que existiam desde a antiguidade; eis que envia a sua voz, dá um brado veemente.

34 Atribuí a Deus fortaleza; a sua excelência está sobre Israel e a sua fortaleza nas mais altas nuvens.

35 Ó Deus, tu és tremendo desde os teus santuários; o Deus de Israel é o que dá força e poder ao seu povo. Bendito seja Deus!

Mateus 25:14-30

Ouça o áudio do capítulo:

14 Porque isto é também como um homem que, partindo para fora da terra, chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus bens.

15 E a um deu cinco talentos, e a outro dois, e a outro um, a cada um segundo a sua capacidade, e ausentou-se logo para longe.

16 E, tendo ele partido, o que recebera cinco talentos negociou com eles, e granjeou outros cinco talentos.

17 Da mesma sorte, o que recebera dois, granjeou também outros dois.

18 Mas o que recebera um, foi e cavou na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor.

19 E muito tempo depois veio o senhor daqueles servos, e fez contas com eles.

20 Então aproximou-se o que recebera cinco talentos, e trouxe-lhe outros cinco talentos, dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco talentos que granjeei com eles.

21 E o seu senhor lhe disse: Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.

22 E, chegando também o que tinha recebido dois talentos, disse: Senhor, entregaste-me dois talentos; eis que com eles granjeei outros dois talentos.

23 Disse-lhe o seu senhor: Bem está, bom e fiel servo. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.

24 Mas, chegando também o que recebera um talento, disse: Senhor, eu conhecia-te, que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste;

25 E, atemorizado, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu.

26 Respondendo, porém, o seu senhor, disse-lhe: Mau e negligente servo; sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei?

27 Devias então ter dado o meu dinheiro aos banqueiros e, quando eu viesse, receberia o meu com os juros.

28 Tirai-lhe pois o talento, e dai-o ao que tem os dez talentos.

29 Porque a qualquer que tiver será dado, e terá em abundância; mas ao que não tiver até o que tem ser-lhe-á tirado.

30 Lançai, pois, o servo inútil nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes.

Parábolas de Jesus

Como Enriquecer a Personalidade

Ouça o áudio do capítulo:

Este capítulo é baseado em Mateus 25:13-30.

No Monte das Oliveiras, Cristo falara aos discípulos, do Seu segundo advento ao mundo. Especificara certos sinais que se manifestariam quando Sua vinda estivesse próxima, e ordenara aos discípulos que vigiassem e estivessem preparados. Novamente repetiu a advertência: “Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora em que o Filho do homem há de vir.” Mateus 25:13. Mostrou então o que significa aguardar Sua vinda. O tempo não deve ser gasto em vigilância ociosa, mas em trabalho diligente. Essa lição ensinou na parábola dos talentos. PJ 171.5

“O reino dos Céus”, disse, “é também como um homem que, partindo para fora da terra, chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus bens, e a um deu cinco talentos, e a outro, dois, e a outro, um, a cada um segundo a sua capacidade, e ausentou-se logo para longe.” Mateus 25:14, 15. PJ 172.1

O homem que partiu para longe representa Cristo, que, ao proferir esta parábola, estava prestes a partir da Terra para o Céu. Os “servos”, ou escravos, da parábola, representam os seguidores de Cristo. Não somos de nós mesmos. Fomos “comprados por bom preço” (1 Coríntios 6:20), não “com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, ... mas com o precioso sangue de Cristo” (1 Pedro 1:18, 19); “para que os que vivem não vivam mais para si, mas para Aquele que por eles morreu e ressuscitou”. 2 Coríntios 5:15. PJ 172.2

Todos os homens foram comprados por este infinito preço. Derramando toda a riqueza do Céu neste mundo, dando-nos todo o Céu em Cristo, Deus adquiriu a vontade, as afeições, a mente, a alma de todo ser humano. Crentes ou incrédulos, todos os homens são propriedade do Senhor. Todos são chamados para Seu serviço, e todos deverão, no grande dia do Juízo, prestar contas da maneira em que respondem a esta reivindicação. PJ 172.3

As reivindicações de Deus, porém, não são reconhecidas por todos. Os que professam ter aceito o serviço de Cristo, são representados como Seus servos, na parábola. PJ 172.4

Os seguidores de Cristo foram redimidos para ser úteis ao próximo. Nosso Senhor ensina que o verdadeiro objetivo da vida é servir. Cristo mesmo foi obreiro, e dá a todos os Seus seguidores a lei do serviço — o serviço a Deus e ao próximo. Aqui Cristo apresentou ao mundo uma concepção mais elevada da vida, a qual jamais conheceram. Vivendo para servir aos outros, o homem é levado à comunhão com Cristo. A lei de servir torna-se o vínculo que nos liga a Deus e a nosso semelhante. PJ 172.5

Cristo confia a Seus servos “Seus bens” — alguma coisa que deve ser usada para Ele. Dá “a cada um sua obra”. Todos têm seu lugar no plano eterno do Céu. Todos devem colaborar com Cristo para a salvação de almas. Tão certo como nos está preparado um lugar nas mansões celestes, há também um lugar designado aqui na Terra, onde devemos trabalhar para Deus. PJ 172.6

Os talentos que Cristo confiou a Sua igreja representam especialmente os dons e bênçãos conferidos pelo Espírito Santo. “Porque a um, pelo Espírito, é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência; e a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar; e a outro, a operação de maravilhas; e a outro, a profecia; e a outro, o dom de discernir os espíritos; e a outro, a variedade de línguas; e a outro, a interpretação das línguas. Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.” 1 Coríntios 12:8-11. Nem todos os homens recebem os mesmos dons, porém a cada servo do Mestre é prometido algum dom do Espírito. PJ 173.1

Antes de deixar os discípulos, Cristo “assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo”. João 20:22. Depois disse: “Eis que sobre vós envio a promessa de Meu Pai.” Lucas 24:49. Somente depois da ascensão, porém, foi o dom recebido em sua plenitude. Apenas quando os discípulos se renderam plenamente à Sua operação em fé e súplicas, foi derramado sobre eles o Espírito Santo. Então os bens do Céu foram concedidos aos seguidores de Cristo em sentido especial. “Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro, e deu dons aos homens.” Efésios 4:8. “Mas a graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo” (Efésios 4:7), repartindo o Espírito particularmente “a cada um como quer”. 1 Coríntios 12:11. Estes dons já são nossos em Cristo, mas a posse real depende de nossa recepção do Espírito de Deus. A promessa do Espírito não é apreciada devidamente. Seu cumprimento não é realizado como poderia sê-lo. A ausência do Espírito é que torna tão impotente o ministério evangélico. Pode-se possuir cultura, talento, eloqüência ou qualquer dote natural ou adquirido; mas sem a presença do Espírito de Deus não se tocará nenhum coração, nem se ganhará pecador algum para Cristo. De outro lado, se estão ligados com Cristo, e se possuem os dons do Espírito, os mais pobres e ignorantes de Seus discípulos terão um poder que falará aos corações. Deus faz deles condutos para a difusão, no Universo, das mais elevadas influências. PJ 173.2

Os dons especiais do Espírito não são os únicos talentos representados na parábola. Esta inclui todos os dons e dotes, originais ou adquiridos, naturais ou espirituais. Todos devem ser empregados no serviço de Cristo. Tornando-nos discípulos Seus, rendemo-nos a Ele com tudo que somos e temos. Devolve-nos Ele, então, essas dádivas purificadas e enobrecidas para que as utilizemos para Sua glória em abençoar nossos semelhantes. PJ 173.3

Deus deu a cada um “segundo a sua capacidade”. Mateus 25:15. Os talentos não são distribuídos a esmo. Quem tem capacidade para usar cinco talentos recebe cinco. Quem só pode utilizar dois, recebe dois. Quem só pode usar sabiamente um, recebe um. Ninguém precisa lamentar que não recebeu maiores dons; porque Aquele que repartiu a cada um, é igualmente honrado pelo desenvolvimento de toda dádiva, seja ela grande ou pequena. Aquele a quem foram confiados cinco talentos, deve restituir o aumento dos cinco; a quem foi dado apenas um, o aumento de um. Deus espera a restituição “segundo o que qualquer tem e não segundo o que não tem”. 2 Coríntios 8:12. PJ 174.1

Na parábola, aquele que “recebera cinco talentos negociou com eles e granjeou outros cinco talentos. Da mesma sorte, o que recebera dois granjeou também outros dois”. Mateus 25:16, 17. PJ 174.2

Os talentos, conquanto poucos, devem ser empregados. A questão que mais nos interessa não é: Quanto recebi? mas: O que faço com o que tenho? O desenvolvimento de todas as nossas faculdades é a primeira obrigação que devemos a Deus e a nossos semelhantes. Ninguém, que não esteja crescendo diariamente em capacidade e utilidade, estará cumprindo o propósito da vida. Fazendo profissão de fé em Cristo, comprometemo-nos a tornar-nos tudo quanto nos seja possível, como obreiros, para o Mestre, e devemos cultivar cada faculdade ao mais elevado grau de perfeição, para que possamos fazer o maior bem que formos capazes de realizar. PJ 174.3

O Senhor tem uma grande obra para realizar, e mais legará na vida futura aos que na presente serviram mais fiel e voluntariamente. O Senhor escolhe Seus agentes e dá-lhes cada dia, sob diferentes circunstâncias, oportunidades em Seu plano de operação. Escolhe Seus agentes em cada esforço sincero de levar a efeito o Seu plano, não porque sejam perfeitos, mas porque pela conexão com Ele podem alcançar a perfeição. PJ 174.4

Deus somente aceitará os que estão decididos a ter um alvo elevado. Coloca cada agente humano sob a obrigação de fazer o melhor. De todos é requerido perfeição moral. Nunca devemos abaixar a norma de justiça com o fim de acomodar à prática do mal, tendências herdadas ou cultivadas. Precisamos compreender que imperfeição de caráter é pecado. Todos os justos atributos de caráter habitam em Deus como um todo perfeito e harmonioso, e todo aquele que aceita a Cristo como Salvador pessoal, tem o privilégio de possuir estes atributos. PJ 174.5

E os que querem ser coobreiros de Deus devem esforçar-se para aperfeiçoar cada órgão do corpo e qualidade da mente. Verdadeira educação é o preparo das faculdades físicas, mentais e morais para a execução de todo dever; é o preparo do corpo, mente e intelecto para o serviço divino. Essa é a educação que perdurará para a vida eterna. PJ 175.1

Requer o Senhor de todo cristão crescimento em eficiência e capacidade em todo ramo. Cristo pagou nosso salário, Seu próprio sangue e sofrimento, para assegurar nosso serviço voluntário. Veio ao nosso mundo para dar um exemplo de como devemos trabalhar, e que espírito devemos introduzir em nossa labuta. Deseja que estudemos como melhor promover Sua obra e glorificar Seu nome no mundo, coroando com honras, com o maior amor e devoção, o Pai que “amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. João 3:16. PJ 175.2

Cristo, porém, não nos deu garantia alguma de que é fácil alcançar perfeição de caráter. Não se herda caráter perfeito e nobre. Não o recebemos por acaso. O caráter nobre é ganho por esforço individual mediante os méritos e a graça de Cristo. Deus dá os talentos e as faculdades mentais; nós formamos o caráter. É formado por combates árduos e relutantes com o próprio eu. As tendências herdadas devem ser banidas por um conflito após outro. Devemos esquadrinhar-nos detidamente e não permitir que permaneça traço algum incorreto. PJ 175.3

Ninguém diga: Não posso corrigir meus defeitos de caráter. Se chegardes a essa decisão, certamente deixareis de alcançar a vida eterna. A impossibilidade está em vossa própria vontade. Se não quiserdes não vencereis. A dificuldade real vem da corrupção de um coração não santificado, e da involuntariedade de se submeter à direção de Deus. Muitos a quem Deus capacitou para fazer trabalho excelente, pouco conseguem, porque pouco empreendem. Milhares passam esta vida como se não tivessem alvo definido pelo qual viver, nem norma para alcançar. Os tais receberão recompensa proporcional às suas obras. PJ 175.4

Lembre-se de que nunca alcançará mais elevada norma que a que se propuser. Fixe pois alto seu alvo e passo a passo, embora com esforços dolorosos, abnegação e sacrifício, subi até ao topo a escada do progresso. Que nada vos impeça. O destino não teceu tão firmemente suas malhas ao redor de qualquer homem, que precisasse permanecer desamparado e na incerteza. Circunstâncias adversas devem criar a firme determinação de vencê-las. A transposição de um obstáculo dará maior capacidade e ânimo para avançar. Insisti com resolução na direção correta, e então as circunstâncias serão vossas auxiliares, não empecilhos. PJ 175.5

Almeje cultivar toda graça do caráter para a glória do Mestre. Deveis agradar a Deus em cada aspecto da formação de vosso caráter. Isto podeis fazer, porque Enoque Lhe agradou, embora vivesse num século degenerado. E há Enoques em nosso tempo. PJ 176.1

Seja como Daniel, aquele fiel estadista, homem que nenhuma tentação podia corromper. Não desaponteis Aquele que tanto vos ama, que deu Sua vida para cancelar vossos pecados. Ele diz: “Sem Mim nada podereis fazer.” João 15:5. Lembrai-vos disso. Se tiverdes cometido erros, certamente alcançareis a vitória, ao reconhecerdes estes erros e os considerardes farol de advertência. Assim transformareis a derrota em vitória, desapontando o inimigo e honrando o vosso Redentor. PJ 176.2

O caráter formado segundo a semelhança divina é o único tesouro que deste mundo podemos levar para o futuro. Aqueles que nesta vida estão sob a instrução de Cristo, levarão consigo, para as mansões celestes, todo aprendizado divino. E no Céu deveremos progredir continuamente. Que importância tem, pois, nesta vida o desenvolvimento do caráter! PJ 176.3

Os seres celestiais cooperarão com o agente humano que procura com fé decidida a perfeição de caráter que se manifeste na ação perfeita. A todo que se empenha nesta obra, Cristo diz: Estou à tua destra, para te auxiliar. Colaborando a vontade do homem com a de Deus, ela se torna onipotente. Tudo que deve ser feito a Seu mando pode ser cumprido por Seu poder. Todas as Suas ordens são promessas habilitadoras. PJ 176.4

Deus requer o cultivo das faculdades mentais. É Seu desígnio que Seus servos possuam mais inteligência e mais claro discernimento que os mundanos, e Se desagrada dos que são muito descuidados ou muito indolentes para se tornarem obreiros eficientes e bem-preparados. Deus nos manda amá-Lo de todo o coração, de toda a alma, de toda a força, e de todo o entendimento. Isto nos impõe a obrigação de desenvolver o intelecto até a mais plena capacidade, para que com todo o entendimento conheçamos e amemos nosso Criador. PJ 176.5

Se for submetido à direção do Espírito, quanto mais perfeitamente cultivado o intelecto, tanto mais eficazmente poderá ser usado no serviço do Senhor. O homem iletrado que é consagrado a Deus e aspira a abençoar a outros, pode ser e é utilizado pelo Senhor em Seu serviço. Mas os que, com o mesmo espírito de consagração, tiveram o benefício de uma instrução completa, podem fazer obra muito mais extensa para Cristo. Estão em posição vantajosa. PJ 176.6

O Senhor deseja que obtenhamos toda instrução possível, com o objetivo em vista de partilhar com outros nosso conhecimento. Ninguém pode saber onde nem como será chamado para labutar ou falar para Deus. Somente nosso Pai celeste vê o que pode fazer do homem. Há perante nós possibilidades que nossa fraca fé não discerne. Nossa mente deve estar tão adestrada que, se necessário, possamos expor as verdades da Palavra de Deus perante as mais altas autoridades terrenas, de maneira tal que glorifique Seu nome. Não devemos perder oportunidade alguma de preparar-nos intelectualmente para a obra de Deus. PJ 177.1

Que os jovens que necessitam de instrução, empenhem-se com determinação para obtê-la. Não espereis uma oportunidade, mas forjai-a vós mesmos. Aproveitai qualquer meio que se apresente. Praticai a economia; não gasteis o vosso dinheiro na satisfação do apetite nem em divertimentos. Sede resolutos em vos tornardes úteis e eficientes como Deus o quer. Sede pontuais e fiéis em tudo quanto empreenderdes. Aproveitai toda oportunidade ao vosso alcance para fortalecer o intelecto. Seja o estudo de livros combinado com um útil trabalho manual, e assegurai-vos por esforço fiel, vigilância e oração, a sabedoria que é de cima. Isto vos dará educação completa. Assim podeis crescer no caráter e ter influência sobre outras mentes, habilitando-vos a conduzi-las no caminho da justiça e santidade. PJ 177.2

Poderia ser conseguido muito mais no trabalho de auto-educação, se estivéssemos alerta para as nossas próprias oportunidades e privilégios. Verdadeira instrução significa mais do que os colégios podem dar. Embora o estudo das ciências não deva ser negligenciado, deve ser obtida maior instrução mediante ligação vital com Deus. Tome cada estudante sua Bíblia e ponha-se em comunhão com o grande Mestre. Que a mente seja adestrada e disciplinada para lutar com os problemas difíceis na pesquisa da verdade divina. PJ 177.3

Os que têm fome de conhecimento para tornarem-se uma bênção para seus semelhantes, receberão eles mesmos bênçãos de Deus. Pelo estudo da Palavra, suas forças mentais serão estimuladas a uma atividade fervorosa. Haverá expansão e desenvolvimento das faculdades, e a mente adquirirá capacidade e eficiência. Cumpre a todo o que quiser ser obreiro de Deus, exercer o domínio de si mesmo. Isso efetuará mais que a eloqüência ou os talentos mais brilhantes. A mente vulgar, bem-disciplinada, realizará trabalho maior e mais elevado que o espírito mais altamente instruído, e que os maiores talentos, sem o domínio próprio. PJ 177.4

O dom da palavra é um talento que deve ser cultivado cuidadosamente. De todos os dons que recebemos de Deus, nenhum é capaz de se tornar maior bênção que este. Com a voz convencemos e persuadimos, com ela elevamos orações e louvores a Deus, e também falamos a outros do amor do Redentor. Que importância tem, pois, que seja bem educada a fim de tornar-se mais eficaz para o bem! PJ 178.1

A cultura e o correto uso da voz são grandemente negligenciados até por pessoas de inteligência e de atividade cristã. Muitos há que lêem ou falam de maneira tão baixa ou tão rápida, que não podem ser compreendidos perfeitamente. Alguns possuem pronúncia pesada e indistinta, outros falam em tonalidade alta, em tons agudos e estridentes, desagradáveis aos ouvintes. Textos, hinos, relatórios e outras partes, apresentados em reuniões públicas, são às vezes lidos de maneira tal que não são entendidos, de modo que muitas vezes perdem toda a força e nada impressionam. PJ 178.2

Esse é um mal que pode e deve ser corrigido. A Bíblia nos dá instruções neste ponto. É dito dos levitas que liam as Escrituras ao povo nos dias de Esdras: “Leram no Livro, na lei de Deus, e declarando e explicando o sentido, faziam que, lendo, se entendesse.” Neemias 8:8. PJ 178.3

Por esforço diligente todos podem adquirir a capacidade de ler inteligivelmente e falar em tom claro e sonoro, e de maneira distinta e impressiva. Fazendo isso podemos desenvolver grandemente nossa eficiência como obreiros de Cristo. PJ 178.4

Cada cristão é chamado para anunciar a outros as inescrutáveis riquezas de Cristo; por isso deve procurar perfeição no falar. Deve apresentar a Palavra de Deus de maneira tal que a recomende ao auditório. Deus não pretende que Seus porta-vozes sejam incultos. Não é Sua vontade que o homem restrinja ou rebaixe a fonte celeste que por ela flui para o mundo. PJ 178.5

Devemos contemplar a Jesus como modelo perfeito; devemos solicitar o auxílio do Espírito Santo, e em Seu poder procurar adestrar todos os órgãos para um trabalho perfeito. PJ 178.6

Isso se aplica especialmente aos que são chamados para o ministério público. Todo pregador e todo instrutor deve lembrar que está dando ao povo uma mensagem que encerra interesses eternos. A verdade anunciada julgá-lo-á no dia do grande ajuste final. E para alguns a maneira de alguém apresentar a mensagem determinará sua aceitação ou rejeição. Seja pois falada a verdade de modo que apele ao entendimento e impressione o coração. Seja ela pronunciada compassada, distinta e solenemente, mas com toda a sinceridade que sua importância requer. PJ 178.7

A cultura e uso convenientes do dom da palavra relacionam-se com todos os ramos da obra cristã; penetra na vida familiar e em todo intercâmbio mútuo. Devemos acostumar-nos a falar em tom agradável, usando linguagem pura e correta, com palavras amáveis e corteses. Palavras suaves e bondosas são para o espírito como o orvalho e a chuva branda. A Escritura diz de Cristo, que havia em Seus lábios uma graça tal que sabia “dizer, a seu tempo, uma boa palavra ao que está cansado”. Isaías 50:4. E o Senhor nos manda: “A vossa palavra seja sempre agradável” (Colossenses 4:6), “para que dê graça aos que a ouvem”. Efésios 4:29. Procurando corrigir ou reformar a outros devemos ter cuidado com nossas palavras. Serão um cheiro de vida para vida ou de morte para morte. Quando censuram ou aconselham, muitos usam linguagem áspera e severa, palavras que não são adequadas para curar um coração ferido. Por essas expressões inadequadas é irritado o espírito, e os errantes são muitas vezes instigados à rebelião. Todos os que quiserem advogar os princípios da verdade precisarão receber o celeste óleo do amor. Sob todas as circunstâncias, a censura deve ser expressa com amor. Então nossas palavras reformarão e não hão de exasperar. Cristo pelo Espírito Santo suprirá o poder necessário. Essa é Sua obra. PJ 179.1

Não se deve proferir uma única palavra imprudentemente. Nenhuma maledicência, palavreado frívolo algum, nenhuma murmuração impertinente nem sugestão impura sairá dos lábios do seguidor de Cristo. Escrevendo por inspiração do Espírito Santo, diz o apóstolo Paulo: “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe.” Efésios 4:29. Palavras torpes não significam somente palavras vis. Quer dizer qualquer expressão contrária aos santos princípios e à religião pura e imaculada. Inclui idéias impuras e insinuações malévolas. Se não forem repelidas imediatamente, conduzem a grande pecado. PJ 179.2

É dever de toda família e de cada cristão individualmente opor-se ao uso da linguagem corrupta. Quando em companhia de quem se deleita em palestras tolas, é nosso dever mudar o assunto da conversação, se possível. Com o auxílio da graça de Deus devemos calmamente proferir algumas palavras, ou introduzir um tema que oriente a conversa para terreno mais aproveitável. PJ 179.3

É obrigação dos pais inculcar nos filhos bons hábitos de linguagem. A melhor escola para a cultura da voz é o lar. Desde os primeiros anos deve a criança ser ensinada a falar respeitosamente e com amor, a seus pais e aos outros. Ensinar-se-lhe-á que somente palavras gentis, verdadeiras e puras lhe devem sair dos lábios. Os pais mesmos devem estudar diariamente na escola de Cristo. Assim poderão ensinar aos filhos, por preceito e exemplo, o uso da “linguagem sã e irrepreensível”. Tito 2:8. Esse é um de seus maiores deveres e da maior responsabilidade. PJ 179.4

Como seguidores de Cristo, nossas palavras devem ser um auxílio e encorajamento a outros na vida cristã. Muito mais do que fazemos precisamos falar dos preciosos capítulos de nossa experiência. É bom falarmos da misericórdia e longanimidade de Deus, e da incomparável profundeza do amor do Salvador. Nossas palavras devem ser expressões de louvor e ações de graças. Se o coração e a mente estiverem cheios do amor de Deus, isso será revelado na conversação. Não nos será difícil transmitir aquilo que experimentamos na vida espiritual. Grandes pensamentos, aspirações nobres, percepção clara da verdade, propósitos liberais, anelos de piedade e santidade, produzirão frutos em palavras que revelam o caráter do tesouro do coração. Se Cristo for assim manifestado em nossa linguagem, a mesma terá o poder de conquistar almas para Ele. PJ 180.1

Devemos falar de Cristo aos que O não conhecem. Devemos fazer o que Cristo fez. Onde quer que estivesse, na sinagoga, à beira do caminho, no barco um tanto arredado da margem, no banquete do fariseu ou à mesa do publicano, falava aos homens das coisas pertinentes à vida mais elevada. As coisas da natureza, os acontecimentos da vida diária eram por Ele relacionados com as palavras da verdade. O coração dos ouvintes era atraído para Ele, porque lhes curara as enfermidades, confortara os aflitos, e tomara nos braços seus filhinhos e os abençoara. Quando abria os lábios para falar, a atenção deles se voltava para Ele, e toda palavra era para alguém um cheiro de vida para vida. Assim deve ser conosco. Onde quer que estejamos, devemos vigiar as oportunidades de falar do Salvador a outros. Se seguirmos o exemplo de Cristo em fazer o bem, os corações estarão abertos a nós como estiveram a Ele. Não abruptamente, mas com o tato oriundo do amor divino poderemos falar-lhes dAquele que “traz a bandeira entre dez mil”, e é “totalmente desejável”. Cantares 5:10, 16. Essa é a mais elevada obra em que podemos empregar o talento da linguagem. Foi-nos dado para que pudéssemos apresentar a Cristo como Salvador que perdoa os pecados. PJ 180.2

A vida de Cristo foi uma influência sempre crescente e ilimitada; influência que O ligava a Deus e a toda a família humana. Mediante Cristo, Deus conferiu ao homem uma influência que lhe torna impossível viver para si próprio. Individualmente temos ligação com nossos semelhantes, parte da grande família de Deus, e estamos sob obrigações mútuas. Ninguém pode ser independente de seu próximo; porque o bem-estar de cada um afeta a outros. É propósito de Deus que cada um se sinta imprescindível ao bem-estar dos outros, e procure promover a sua felicidade. PJ 180.3

Toda alma está circundada de uma atmosfera própria, que pode estar carregada do poder vivificante da fé, do ânimo, da esperança, e perfumada com a fragrância do amor. Ou pode estar pesada e fria com as nuvens do descontentamento e egoísmo, ou intoxicada com o contato mortal de um pecado acariciado. Pela atmosfera que nos envolve, toda pessoa com quem nos comunicamos é consciente ou inconscientemente afetada. PJ 181.1

Esta é uma responsabilidade de que não nos podemos livrar. Nossas palavras, nossos atos, nosso traje, nosso procedimento, até a expressão fisionômica tem sua influência. Da impressão assim feita dependem conseqüências para bem ou para mal, que ninguém pode computar. Todo impulso assim comunicado é uma semente que produzirá sua colheita. É um elo na longa cadeia de eventos humanos que se estende não sabemos até aonde. Se por nosso exemplo ajudamos a outros na formação de bons princípios, estamos-lhes dando a capacidade de fazer o bem. Eles, por sua vez, exercem a mesma influência sobre outros, e estes sobre terceiros. Assim, por nossa influência inconsciente, podem ser abençoados milhares. PJ 181.2

Atirai uma pedra num lago, e forma-se uma onda, e a ela se seguem outras; e crescendo as mesmas, o círculo amplia-se até atingir a margem. O mesmo se dá com nossa influência. Além do nosso conhecimento e arbítrio ela atua em outros para bênção ou maldição. PJ 181.3

O caráter é um poder. O testemunho silencioso de uma vida sincera, desinteressada e piedosa, exerce influência quase irresistível. Manifestando em nossa vida o caráter de Cristo, com Ele cooperamos na obra de salvar almas. Somente revelando em nossa vida o Seu caráter é que podemos com Ele colaborar. PJ 181.4

E quanto mais vasta a esfera de nossa influência, tanto maior bem podemos fazer. Quando os que professam servir a Deus seguirem o exemplo de Cristo, praticando na vida diária os princípios da lei, quando todos os seus atos testemunharem de que amam a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmos, então a igreja terá o poder de abalar o mundo. PJ 181.5

Contudo deve ser lembrado que a influência não deixa de ser um poder para o mal. É terrível alguém perder sua vida, mas causar a perdição de outras é-o ainda mais. Que nossa influência seja um cheiro de morte para morte é um pensamento horrível; contudo é possível. Muitos que professam ajuntar com Cristo, estão espalhando. Este é o motivo de a igreja ser tão fraca. Muitos tomam a liberdade de criticar e acusar. Expressando suspeita, inveja e descontentamento, entregam-se a Satanás como instrumentos. Antes que reconheçam o que estão fazendo, o adversário por meio deles conseguiu seu propósito. A impressão do mal foi feita, a sombra foi projetada, os dardos de Satanás atingiram o alvo. Desconfiança, incredulidade e degradante infidelidade tomaram posse daqueles que de outra maneira poderiam ter aceitado Cristo. Entrementes os obreiros de Satanás olham complacentemente aos que arrastaram ao ceticismo, e agora estão empedernidos contra toda admoestação e súplica. Lisonjeiam-se de que em comparação com essas pessoas são virtuosos e justos. Não reconhecem que esses pobres náufragos do caráter são vítimas de sua língua desenfreada e de seu coração rebelde. Por sua influência foi que esses tentados caíram. PJ 181.6

Assim a frivolidade, a condescendência egoísta e a indiferença despreocupada por parte de cristãos professos estão desviando muitos do caminho da vida. Muitos há que temerão enfrentar no tribunal de Deus os resultados de sua influência. Somente pela graça de Deus é que podemos utilizar sabiamente essa dádiva. Nada há em nós com que possamos influenciar a outros para o bem. Se reconhecermos nossa falta de recurso e a necessidade de poder divino, não confiaremos em nós mesmos. Não sabemos que conseqüências terão um dia, uma hora ou um momento, e nunca devemos começar o dia sem encomendar nossos caminhos ao Pai celeste. Anjos Seus são comissionados para cuidarem de nós, e se nos colocarmos sob sua proteção, no tempo de perigo estarão à nossa destra. Quando inconscientemente estivermos em perigo de exercer influência má, os anjos estarão ao nosso lado, orientando-nos para um melhor procedimento, escolhendo-nos as palavras, e influenciando-nos as ações. Assim, nossa influência pode ser silenciosa e inconsciente, mas forte para atrair outros a Cristo e ao mundo celeste. PJ 182.1

Nosso tempo pertence a Deus. Cada momento é Seu, e estamos sob a mais solene obrigação de aproveitá-lo para Sua glória. De nenhum talento que nos concedeu requererá Ele mais estrita conta do que de nosso tempo. PJ 182.2

O valor do tempo supera toda computação. Cristo considerava precioso todo momento, e assim devemos considerá-lo. A vida é muito curta para ser esbanjada. Temos somente poucos dias de graça para nos prepararmos para a eternidade. Não temos tempo para dissipar, tempo para devotar aos prazeres egoístas, tempo para contemporizar com o pecado. Agora é que nos devemos formar o caráter para a futura vida imortal. Agora é que nos devemos preparar para o juízo investigativo. PJ 182.3

A família humana apenas começou a viver quando principia a morrer, e o trabalho incessante do mundo findará em nada se não se adquirir verdadeiro conhecimento em relação à vida eterna. O homem que aprecia o tempo como seu dia de trabalho, habilitar-se-á para a mansão e para a vida que é imortal. Foi-lhe bom ter nascido. PJ 182.4

Somos advertidos a remir o tempo. O tempo esbanjado nunca poderá ser recuperado, porém. Não podemos fazer voltar atrás nem sequer um momento. A única maneira de podermos remir nosso tempo consiste em utilizar o melhor possível o que nos resta, tornando-nos coobreiros de Deus em Seu grande plano de redenção. PJ 183.1

Dá-se no homem que faz isto uma transformação de caráter. Torna-se um filho de Deus, um membro da família real, um filho do celeste Rei. É qualificado para a companhia dos anjos. Agora é o tempo de trabalharmos para a salvação de nossos semelhantes. Há quem pense que tudo quanto dele se exige é dar dinheiro para a causa de Cristo; o tempo precioso em que poderia fazer serviço pessoal, para Ele passa inutilmente. Mas o privilégio e dever de todos os que têm saúde e força, é prestar serviço ativo para Deus. Todos têm que trabalhar na conquista de almas para Cristo. Donativos não podem substituir isto. PJ 183.2

Todo momento está carregado de conseqüências eternas. Devemos estar preparados para prestar serviço em qualquer momento. A oportunidade que agora temos de falar palavras de vida a alguma alma necessitada, pode nunca mais apresentar-se. Deus pode dizer a alguém: “Esta noite te pedirão a tua alma” (Lucas 12:20), e por nossa negligência a mesma pode não estar preparada. No grande dia do juízo, como prestaremos contas a Deus? PJ 183.3

A vida é muito solene para ser absorvida em negócios terrenos e temporais, em um remoinho de cuidados e ansiedades pelas coisas terrenas que são apenas um átomo em comparação com as de interesse eterno. Contudo, Deus nos chamou para servi-Lo nos afazeres temporais da vida. Diligência nesta obra é tanto parte da religião verdadeira como a devoção. A Bíblia não apóia a ociosidade, que é a maior maldição de nosso mundo. Todo homem e mulher verdadeiramente convertidos serão diligentes trabalhadores. PJ 183.4

Do justo emprego do tempo depende nosso êxito no conhecimento e cultura mental. A cultura do intelecto não precisa ser tolhida por pobreza, origem humilde ou circunstâncias desfavoráveis, contanto que se aproveitem os momentos. Alguns momentos aqui e outros ali, que poderiam ser dissipados em conversas inúteis; as horas matutinas tantas vezes desperdiçadas no leito; o tempo gasto em viagens de bonde ou trem; ou em espera na estação; os minutos de espera pelas refeições, de espera pelos que são impontuais — se se tivesse um livro à mão, e estes retalhos de tempo fossem empregados estudando, lendo ou meditando, que não poderia ser conseguido! O propósito resoluto, a aplicação persistente e cautelosa economia de tempo, habilitarão os homens para adquirirem conhecimento e disciplina mental que os qualificarão para quase qualquer posição de influência e utilidade. PJ 183.5

É o dever de todo cristão adotar hábitos de ordem, perfeição e presteza. Não há desculpa para a morosidade e imperfeição em trabalho de qualquer natureza. Quando alguém está sempre trabalhando, e a tarefa nunca está concluída, é porque a mente e o coração não estão na obra. Os vagarosos, e que trabalham sem o competente preparo, deveriam reconhecer que essas são faltas para serem corrigidas. Precisam exercitar a mente em planejar como utilizar o tempo para alcançar os melhores resultados. Com tino e método alguns conseguirão em cinco horas o mesmo trabalho que outros em dez. Muitos que são encarregados de tarefas domésticas estão sempre labutando, não porque tenham tanto para fazer, mas por não planejarem como poupar tempo. Por causa de suas maneiras morosas e lerdas fazem do pouco trabalho muito. Mas todos quantos quiserem podem vencer estes hábitos falhos e lentos. Devem ter um alvo definido em sua ocupação. Decidam quanto tempo requer certo trabalho, e então se esforcem para executá-lo no dado tempo. O exercício da força de vontade tornará as mãos mais ágeis. PJ 184.1

Pela falta de decisão de se reformarem radicalmente, as pessoas podem tornar-se arraigadas em maus costumes; ou, pelo cultivo de todas as suas faculdades, adquirir a capacidade de fazer o melhor serviço. Serão procuradas em toda e qualquer parte. Serão apreciadas por tudo de que são dignas. Muitas crianças e jovens dissipam o tempo que poderia ser empregado no desempenho de ocupações domésticas, o que mostraria interesse amoroso no pai e na mãe. Os jovens poderiam tomar sobre os ombros fortes muitas responsabilidades que alguém precisa suportar. PJ 184.2

A vida de Cristo, desde os mais tenros anos, foi uma vida de fervorosa atividade. Não vivia para satisfazer-Se. Era Filho do Deus infinito, não obstante trabalhava com Seu pai José na carpintaria. Seu ofício era significativo. Viera a este mundo para edificar caracteres, e como tal toda a Sua obra era perfeita. Em todo o Seu trabalho secular manifestou a mesma perfeição que nos caracteres que transformava por Seu divino poder. É nosso modelo. PJ 184.3

Os pais devem ensinar a seus filhos o valor e o bom uso do tempo. Ensinai-lhes que é digno esforçar-se para fazer algo que honre a Deus e abençoe a humanidade. Mesmo na infância podem ser missionários para Deus. PJ 184.4

Os pais não podem cometer pecado maior que permitir que seus filhos nada tenham para fazer. As crianças aprendem logo a amar a ociosidade, e tornam-se homens e mulheres inúteis e sem recursos. Quando tiverem idade suficiente para ganhar a sua subsistência e achar ocupação, trabalharão de modo negligente e preguiçoso, e contudo esperarão ser remunerados como se fossem fiéis. Há grande diferença entre esta classe de trabalhadores e a dos que reconhecem o dever de serem mordomos de confiança. PJ 185.1

Hábitos indolentes e descuidosos tolerados no trabalho secular serão introduzidos na vida religiosa, e nos tornarão incapazes de fazer obra eficiente para Deus. Muitos que pelo trabalho aplicado seriam uma bênção para o mundo, foram arruinados pela ociosidade. A falta de ocupação e de propósito inabalável abre a porta para milhares de tentações. Más companhias e hábitos viciosos depravam a mente e a alma, e a conseqüência é ruína para esta vida e para a vindoura. Qualquer que seja o ramo de trabalho em que estejamos empenhados, a Palavra de Deus nos ensina a não ser “vagarosos no cuidado”, e a ser “fervorosos no espírito, servindo ao Senhor”. Romanos 12:11. “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças” (Eclesiastes 9:10), “sabendo que recebereis do Senhor o galardão da herança, porque a Cristo, o Senhor, servis.” Colossenses 3:24. PJ 185.2

É a saúde uma bênção de que poucos apreciam o valor; contudo, dela depende em grande parte a eficiência de nossas forças mentais e físicas. Nossos impulsos e paixões têm sua sede no corpo, e o mesmo deve ser conservado na melhor condição física e sob as melhores influências espirituais, para que façamos o melhor uso de nossos talentos. PJ 185.3

Tudo que nos diminui a força física enfraquece a mente e a torna menos capaz de discernir entre o bem e o mal. Ficamos menos aptos para escolher o bem, e temos menos força de vontade para fazer aquilo que sabemos ser justo. PJ 185.4

O mau uso de nossas forças físicas abrevia o período de tempo em que nossa vida pode ser usada para a glória de Deus. E nos incapacita para cumprir a obra que Deus nos deu para fazer. Condescendendo com a formação de maus hábitos, recolhendo-nos tarde, satisfazendo o apetite com prejuízo da saúde, pomos os fundamentos da debilidade. Negligenciando os exercícios corporais, fatigando em excesso a mente ou o corpo, desequilibramos o sistema nervoso. Os que assim desconsiderando as leis naturais, encurtam a vida e se desqualificam para a obra, são culpados de roubo para com Deus. E também estão roubando a seus semelhantes. A oportunidade de abençoar a outros, que é justamente a obra para cuja execução Deus os enviou ao mundo, foi abreviada por seu próprio procedimento. E incapacitaram-se para fazer mesmo aquilo que poderiam ter realizado em espaço de tempo mais breve. O Senhor considera-nos culpados quando por nossos hábitos prejudiciais privamos o mundo do bem. PJ 185.5

Transgressão da lei física é transgressão da lei moral; pois Deus tanto é autor de uma como da outra. Sua lei está escrita com Seu próprio dedo em cada nervo, cada músculo e cada faculdade que confiou ao homem. E todo abuso de qualquer parte de nosso organismo é uma infração dessa lei. PJ 186.1

Todos devem ter inteligente conhecimento da anatomia humana, para poderem conservar o corpo em condição de executar a obra do Senhor. Cuidadosamente deve ser a vida física preservada e desenvolvida para que pela humanidade possa a natureza divina ser revelada em sua plenitude. A relação do organismo físico com a vida espiritual é um dos ramos mais importantes da educação. Deve receber cuidadosa atenção no lar e na escola. Todos precisam enfronhar-se em sua constituição física e nas leis que regem a vida natural. Quem permanece em ignorância voluntária das leis de seu físico, e as viola por ignorância, está pecando contra Deus. Todos devem colocar-se na melhor relação possível com a vida e a saúde. Nossos hábitos devem ser submetidos ao domínio de uma mente que por sua vez esteja sob a direção de Deus. PJ 186.2

“Não sabeis”, diz o apóstolo Paulo, “que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus.” 1 Coríntios 6:19, 20. PJ 186.3

Não só devemos amar a Deus de todo o coração, mente e alma, como também com todas as forças. Inclui isto o uso pleno e inteligente das forças físicas. PJ 186.4

Cristo era obreiro fiel tanto nas coisas temporais quanto nas espirituais, e em toda a Sua obra tinha a resolução de fazer a vontade do Pai. As coisas do Céu e da Terra têm conexão mais íntima, e estão mais diretamente sob a superintendência de Cristo, do que muitos reconhecem. Foi Cristo que planejou a disposição do primeiro tabernáculo terreno. Deu toda especificação a respeito do levantamento do templo de Salomão. Ele, que em Sua vida terrena trabalhava como carpinteiro na vila de Nazaré, foi o arquiteto celeste que ideou o plano do edifício sagrado onde Seu nome deveria ser honrado. PJ 186.5

Foi Cristo que deu sabedoria aos edificadores do tabernáculo para executarem o mais primoroso trabalho artístico. Disse: “Eis que Eu tenho chamado por nome a Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá, e o enchi do Espírito de Deus, de sabedoria, e de entendimento, e de ciência em todo artifício. E eis que Eu tenho posto com ele a Aoliabe, filho de Aisamaque, da tribo de Dã, e tenho dado sabedoria ao coração de todo aquele que é sábio de coração, para que façam tudo o que te tenho ordenado.” Êxodo 31:2, 3, 6. PJ 187.1

Deus deseja que Seus servos em todo ramo O contemplem como o Doador de tudo quanto possuem. Todas as boas invenções e melhoramentos têm origem nAquele que é maravilhoso em conselho e excelente em obra. O contato hábil da mão do médico, seu poder sobre nervo e músculo, seu conhecimento da delicada estrutura do corpo, são a sabedoria do poder divino que deve ser usada para auxiliar os sofredores. A perícia com que o carpinteiro usa o martelo, a força com que o ferreiro faz tinir a bigorna, vêm de Deus. Confiou aos homens talentos, e espera que Lhe peçam conselho. O que quer que façamos, qualquer que seja o ramo da obra em que nos empenhemos, deseja Ele dirigir-nos a mente para que façamos obra perfeita. PJ 187.2

Religião e ocupação não são duas coisas separadas; são uma. A religião da Bíblia deve estar entrelaçada com tudo quanto fazemos ou falamos. Os agentes divinos e humanos devem combinar tanto em empreendimentos espirituais quanto em temporais. Devem unir-se em todos os projetos humanos, nos trabalhos mecânicos e agrícolas, nas empresas mercantis e científicas. Deve haver cooperação em todos os ramos da atividade cristã. PJ 187.3

Deus proclamou os princípios pelos quais, somente, é possível esta cooperação. Sua glória deve ser o motivo de todos os Seus colaboradores. Tudo que fizermos deve originar-se no amor de Deus, e ser consoante Sua vontade. PJ 187.4

É tão importante fazer a vontade de Deus em estabelecer um edifício, como o é em tomar parte num culto religioso. E se os obreiros seguirem os justos princípios na formação do caráter, então na construção de cada edifício crescerão em graça e sabedoria. PJ 187.5

Mas Deus não aceitará os maiores talentos nem os mais esplêndidos cultos, se o eu não for apresentado como sacrifício vivo a consumir-se sobre o altar. A raiz precisa ser santa, senão não haverá frutos aceitáveis a Deus. PJ 187.6

O Senhor fez de Daniel e José administradores capazes. Podia por meio deles atuar porque não viviam para satisfazer às inclinações próprias, mas para agradar a Deus. PJ 187.7

O caso de Daniel tem uma lição para nós. Revela o fato de que o homem de negócios não é necessariamente homem astuto, esperto. Pode ser instruído por Deus a cada passo. Daniel, ao mesmo tempo em que era primeiro-ministro do reino de Babilônia, era profeta de Deus e recebia a luz da inspiração divina. Estadistas mundanos e ambiciosos são representados na Palavra de Deus como a relva que cresce, e como a flor da erva que fenece. Contudo o Senhor deseja ter a Seu serviço homens inteligentes, qualificados para os vários ramos da obra. Há necessidade de homens de negócios que entreteçam em todas as transações os grandes princípios da verdade. E seus talentos devem ser aperfeiçoados pelo mais completo estudo e prática. Se os homens em qualquer ramo de trabalho precisam aproveitar as oportunidades para se tornarem sábios e eficientes, tanto mais aqueles que empregam sua perícia em edificar o reino de Deus no mundo. De Daniel sabemos que em todas as suas transações comerciais, quando submetidas ao exame mais severo, não se podia encontrar uma falta ou erro. Era um modelo de como devem ser todos os homens de negócios. Sua história mostra o que pode ser conseguido por alguém que consagra ao serviço de Deus toda a energia do cérebro, ossos e músculos, do coração e da vida. PJ 187.8

Deus também confia aos homens meios. Dá-lhes a capacidade de ganhar riquezas. Umedece o solo com o orvalho do céu e com a chuva que refresca. Dá a luz do Sol que aquece a terra, despertando para a vida as coisas da natureza e fazendo com que floresçam e produzam fruto. E requer a devolução do que Lhe pertence. PJ 188.1

O dinheiro não nos foi dado para honrarmos e glorificarmos a nós mesmos. Como mordomos fiéis devemos usá-lo para a honra e glória de Deus. Alguns pensam que apenas parte de seus meios é do Senhor. Ao porem de parte uma cota para fins religiosos e caritativos, consideram o restante como sua propriedade, que podem usar como julgam conveniente. Erram nisso, porém. Tudo quanto possuímos é do Senhor, e Lhe somos responsáveis pelo uso que fazemos. No uso de cada centavo deve ser visto se amamos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. PJ 188.2

O dinheiro é de grande valor, porque pode realizar grande bem. Nas mãos dos filhos de Deus é alimento para o faminto, água para o sedento, vestido para o nu. É proteção para o opresso, e meio para socorrer o enfermo. Mas o dinheiro não é de mais valor que a areia, a não ser que o empreguemos para prover as necessidades da vida, para bênção de outros, e para o desenvolvimento da obra de Cristo. Riqueza acumulada não é somente inútil, como uma maldição. Nesta vida é uma armadilha para a pessoa, por desviar as afeições do tesouro celeste. No grande dia de Deus seu testemunho contra os talentos não usados e as oportunidades negligenciadas, condenará o seu possuidor. A Escritura diz: “Eia, pois, agora vós, ricos, chorai e pranteai por vossas misérias, que sobre vós hão de vir. As vossas riquezas estão apodrecidas, e as vossas vestes estão comidas da traça. O vosso ouro e a vossa prata se enferrujaram; e a sua ferrugem dará testemunho contra vós e comerá como fogo a vossa carne. Entesourastes para os últimos dias. Eis que o salário dos trabalhadores que ceifaram as vossas terras e que por vós foi diminuído clama; e os clamores dos que ceifaram entraram nos ouvidos do Senhor dos Exércitos.” Tito 5:1-4. PJ 188.3

Cristo não sanciona, porém, o uso pródigo e extravagante dos bens. Sua lição de economia: “Recolhei os pedaços que sobejaram, para que nada se perca” (João 6:12), é para todos os Seus seguidores. Quem reconhecer que seu dinheiro é um talento de Deus, utilizá-lo-á economicamente, e sentirá que o poupar para poder dar, lhe é um dever. PJ 189.1

Quanto mais gastarmos em ostentação e satisfação dos prazeres, tanto menos teremos para alimentar o faminto e vestir o nu. Todo níquel usado desnecessariamente tira a oportunidade preciosa de fazer o bem. Roubam-se a Deus a honra e glória que para Ele deviam refluir pelo aproveitamento dos talentos por Ele outorgados. PJ 189.2

O afeto, os impulsos generosos, e a pronta apreensão das coisas espirituais são talentos preciosos, e colocam o seu possuidor sob pesada responsabilidade. Todos devem ser empregados no serviço de Deus; porém, nisso muitos erram. Satisfeitos com essas qualidades, deixam de introduzi-las no serviço ativo por outros. Lisonjeiam-se de que se tivessem oportunidade, se as circunstâncias fossem favoráveis, fariam grande e boa obra. Aguardam, porém, a oportunidade. Desprezam a mesquinhez do pobre avarento que nega uma esmola até ao necessitado. Vêem que ele está vivendo para si e é responsável pelos talentos mal empregados. Com muita complacência fazem contraste entre eles e esses homens mesquinhos, sentindo que sua condição é mais favorável que a do vizinho desumano. Entretanto, enganam a si mesmos. As aptidões não usadas somente lhes aumenta a responsabilidade. Os que possuem grandes afeições estão sob a obrigação para com Deus de empregá-las não unicamente para com os amigos, mas para com todos os que necessitam de seu auxílio. Vantagens sociais são talentos e devem ser usados para benefício de todos os que estão ao alcance de nossa influência. O amor que mostra bondade somente com poucos, não é amor, mas egoísmo. De modo algum atuará para o bem nem para a glória de Deus. Os que assim não usam os talentos do Mestre, são ainda mais culpados que aqueles pelos quais sentem aversão. A eles será dito: Vocês souberam a vontade do Mestre mas não a cumpriram. PJ 189.3

Talento usado, talento multiplicado. O êxito não é resultado do acaso, nem do destino; é a operação da providência de Deus, a recompensa da fé e discrição, da virtude e do esforço perseverante. O Senhor deseja que utilizemos todos os dons que possuímos; e se assim fizermos teremos maiores dons para empregar. Não nos concede de maneira sobrenatural as qualidades de que carecemos, mas ao utilizarmos a que temos, trabalhará conosco, tonificando e fortalecendo cada faculdade. Por todo sacrifício sincero e cordial no serviço do Mestre, nossas faculdades aumentarão. Enquanto nos entregamos como instrumentos para a operação do Espírito Santo, a graça de Deus opera em nós para que reneguemos velhas e fortes tendências formando novos hábitos. Acariciando as sugestões do Espírito, e a elas obedecendo, nosso coração se dilatará para receber mais e mais de Seu poder, e para fazer maior e melhor obra. Energias adormecidas são despertadas, e faculdades paralisadas recebem nova vida. PJ 190.1

O obreiro humilde, que obedientemente responde ao apelo de Deus, pode estar certo de que receberá a assistência divina. Aceitar responsabilidade tão grande e sagrada, por si só eleva o caráter. Estimula à atividade as mais elevadas forças mentais e espirituais, e fortalece e purifica a mente e o coração. Pela fé no poder de Deus é maravilhoso quão forte se torna um homem débil, quão decididos seus esforços, quão fecundos de grandes resultados. Quem principia com pouco conhecimento, e de modo humilde fala o que sabe, ao passo que procura diligentemente mais sabedoria, achará todo o tesouro celestial aguardando seu pedido. Quanto mais procurar comunicar luz, mais luz receberá. Quanto mais alguém experimentar explicar a Palavra de Deus a outros com amor, mais clara ela se tornará para ele. Quanto mais usarmos nosso conhecimento e exercitarmos nossas faculdades, maior conhecimento e capacidade teremos. PJ 190.2

Todo esforço feito para Cristo reverterá em bênçãos para nós mesmos. Se usarmos nossos meios para Sua glória, Ele nos dará mais. Se tentarmos ganhar outros para Cristo, manifestando em nossas orações preocupação por eles, nosso coração palpitará pela influência vivificadora da graça de Deus; nossos próprios afetos arderão com mais divino fervor; toda a nossa vida cristã será mais e mais uma realidade, mais sincera e mais devota. PJ 190.3

O valor do homem é calculado no Céu de acordo com a capacidade do coração de conhecer a Deus. Esse conhecimento é a fonte da qual origina todo o poder. Deus criou o homem para que toda faculdade fosse faculdade da mente divina, e sempre procura pôr a mente humana em associação com a divina. Oferece-nos o privilégio de cooperar com Cristo, revelando Sua graça ao mundo, para que recebamos conhecimento crescente das coisas celestes. PJ 190.4

Olhando para Cristo adquirimos visão mais brilhante e distinta de Deus, e pela contemplação somos transformados. A benignidade e o amor para com nossos semelhantes tornam-se um instinto natural. Desenvolvemos caráter que é uma cópia do divino. Crescendo à Sua semelhança, ampliamos nossa capacidade de conhecer a Deus. Mais e mais entramos em comunhão com o mundo celeste, e temos poder incessantemente crescente de receber as riquezas do conhecimento e sabedoria da eternidade. PJ 191.1

O homem que recebeu um talento “foi, e cavou na terra, e escondeu o dinheiro do seu senhor”. Mateus 25:18. PJ 191.2

O que recebera a menor dádiva deixou o talento improdutivo. Nisto é feita uma advertência a todos quantos pensam que a pequenez de seus dotes os dispense do trabalho para Cristo. Se pudessem fazer alguma grande coisa, com que boa vontade não a empreenderiam! Mas, por só poderem servir em coisas pequenas, cuidam ser justificados de nada fazer. Erram nisto. O Senhor prova o caráter na distribuição dos dons. O homem que negligenciou negociar com seu talento mostrou-se servo infiel. Se houvesse recebido cinco talentos, tê-los-ia enterrado como fez com o único. Seu mau emprego do talento único mostrou que desprezava as dádivas do Céu. “Quem é fiel no mínimo também é fiel no muito.” Lucas 16:10. A importância das coisas pequenas é muitas vezes desapreciada por serem insignificantes; porém suprem muito da real disciplina da vida. Realmente não há coisas não essenciais na vida cristã. A formação de nosso caráter será cheia de perigos, se avaliarmos mal a importância das coisas pequenas. PJ 191.3

“Quem é injusto no mínimo, também é injusto no muito.” Lucas 16:10. Pela infidelidade mesmo nos mínimos deveres, o homem rouba seu Criador do serviço que Lhe é devido. Esta infidelidade prejudica-o a ele próprio. Deixa de ganhar a graça, o poder, e a força de caráter que podem ser recebidos por uma entrega sem reservas a Deus. Vivendo apartado de Cristo está sujeito às tentações de Satanás e comete erros em sua obra para o Mestre. Por não ser guiado pelos justos princípios nas minúcias, deixa de obedecer a Deus nas grandes coisas que considera sua obra especial. Os defeitos acariciados no trato dos pormenores da vida, passam aos afazeres mais importantes. Procede segundo os princípios a que se acostumou. Assim as ações repetidas formam hábitos, os hábitos formam o caráter, e pelo caráter é decidido nosso destino para este tempo e para a eternidade. PJ 191.4

Somente pela fidelidade nas coisas pequenas é que a alma pode ser qualificada para agir com fidelidade sob responsabilidades maiores. Deus pôs Daniel e seus companheiros em contato com os grandes de Babilônia para que estes gentios conhecessem os princípios da verdadeira religião. Em meio duma nação de idólatras, Daniel devia representar o caráter de Deus. Como se tornou ele apto para uma posição de tanta confiança e honra? Foi a fidelidade nas minúcias que lhe deu integridade à vida toda. Honrava a Deus nos menores deveres, e o Senhor com ele cooperava. A Daniel e seus companheiros Deus outorgou “o conhecimento e a inteligência em todas as letras e sabedoria; mas a Daniel deu entendimento em toda visão e sonhos”. Daniel 1:17. PJ 192.1

Assim como Deus chamou a Daniel para testemunhar dEle em Babilônia, também nos chama a nós para sermos Suas testemunhas no mundo hoje em dia. Deseja que revelemos aos homens os princípios de Seu reino, tanto nos menores como nos maiores afazeres da vida. PJ 192.2

Em Sua vida terrena, Cristo deu a lição da atenção cuidadosa às minúcias. A grande obra da redenção pesava-Lhe continuamente sobre a alma. Ensinando ou curando, exercia ao extremo todas as energias da mente e do corpo; contudo notava as coisas mais simples da vida e da natureza. Suas lições mais instrutivas foram aquelas com que ilustrou as grandes verdades do reino de Deus pelas coisas singelas da natureza. Não passava por alto as necessidades do mais humilde de Seus servos. Seu ouvido percebia todo clamor de necessidade. Estava alerta ao contato da mulher enferma em meio da turba; o mais leve toque da fé recebia resposta. Ao despertar da morte a filha de Jairo, recomendou aos pais que lhe dessem alguma coisa para comer. Quando por Sua força poderosa ressurgiu da sepultura, não desdenhou dobrar e colocar cuidadosamente no lugar apropriado a mortalha em que fora envolto. PJ 192.3

A obra a que como cristãos somos chamados é de cooperar com Cristo na salvação de almas. Por um pacto com Ele, comprometemo-nos a fazê-la. Negligenciar a obra é provar-se desleal a Cristo. Para cumprir esta tarefa, porém, precisamos seguir o Seu exemplo de atenção fiel e conscienciosa às coisas mínimas. Este é o segredo do êxito em cada ramo de esforço e influência cristã. PJ 192.4

O Senhor deseja que Seu povo alcance o último degrau da escada, para que possa glorificá-Lo por possuir as aptidões que outorga de boa vontade. Pela graça de Deus foi feita toda provisão para revelarmos ao mundo que procedemos consoante planos melhores que os por ele seguidos. Devemos mostrar superioridade de intelecto, compreensão, perícia e conhecimento; porque cremos em Deus e em Seu poder de atuar no coração humano. PJ 193.1

Os que, porém, não possuem grandes dons não devem desanimar. Utilizem o que têm, vigiando fielmente cada ponto fraco do caráter, e procurando fortalecê-lo pela graça de Deus. Em toda ação da vida devemos demonstrar fidelidade e lealdade, cultivando os predicados que nos habilitarão para cumprir a obra. PJ 193.2

Os hábitos de negligência devem ser vencidos resolutamente. Muitos apresentam o esquecimento como desculpa suficiente para os erros mais crassos. Não possuem, porém, tanto como outros, faculdades mentais? Por isso devem educar a mente a ser retentiva. É pecado esquecer; é pecado ser negligente. Se formardes o hábito da negligência, podereis negligenciar a salvação da própria alma, e finalmente verificareis que não estais preparados para o reino de Deus. PJ 193.3

As grandes verdades devem ser introduzidas nas pequenas coisas. A religião prática deve ser manifestada nos pequenos deveres da vida diária. A melhor habilitação que alguém pode ter é obedecer implicitamente à Palavra do Senhor. PJ 193.4

Porque não são ligados diretamente com algum trabalho religioso, muitos cuidam que sua vida é inútil; que nada estão fazendo para a promoção do reino de Deus. Isto é um erro, porém. Se seu trabalho é o que alguém precisa fazer, não devem acusar-se de inúteis na grande família de Deus. Os deveres mais humildes não devem ser desprezados. Todo trabalho honesto é uma bênção, e fidelidade no mesmo mostra aptidão para posições de maior confiança. PJ 193.5

Conquanto modesto, qualquer trabalho feito para Deus com completa abnegação, Lhe é tão aceitável quanto o serviço mais elevado. Não é pequena, oferta alguma dada de coração sincero e alegria de alma. PJ 193.6

Onde quer que estejamos, Cristo ordena cumprir o dever que se nos apresenta. Se for no lar, procurai de boa vontade e sinceramente torná-lo um lugar aprazível. Se sois mãe, educai os filhos para Cristo. Este trabalho é tão verdadeiramente para Deus como o é o do pastor no púlpito. Se vossa ocupação é na cozinha, procurai ser cozinheira perfeita. Preparai alimento que seja saudável, nutritivo e apetitoso. Empregando os melhores ingredientes na preparação do alimento, lembrai que também deveis ocupar a mente com os melhores pensamentos. Se vosso trabalho é lavrar a terra ou ocupar-vos em qualquer outro serviço ou negócio, fazei um sucesso do dever presente. Aplicai a mente no que estais fazendo. Representai a Cristo em toda a vossa obra. Fazei como Ele o faria em vosso lugar. PJ 193.7

Por menor que seja o vosso talento, Deus tem para ele um lugar. Esse único talento, usado sabiamente, cumprirá a obra designada. Pela fidelidade nos pequenos deveres, devemos trabalhar no plano da adição, e Deus por nós operará no de multiplicação. Estas minúcias tornar-se-ão então as mais preciosas influências na obra. PJ 194.1

Que uma fé viva se entreteça como fios de ouro na execução dos menores deveres. Então, a labuta diária toda promoverá o crescimento cristão. Contemplaremos então a Cristo continuamente. O amor a Ele dará força vital a tudo quanto empreendermos. Assim podemos, pelo bom uso de nossos talentos, ligar-nos por uma cadeia áurea ao mundo superior. Esta é a verdadeira santificação; porque a santificação consiste na realização alegre de nossos deveres cotidianos em obediência perfeita à vontade de Deus. PJ 194.2

Muitos cristãos esperam, porém, que lhes seja confiada grande obra. Por não poderem achar lugar assaz grande para satisfazer sua ambição, deixam de cumprir fielmente os deveres comuns da vida. Estes lhes parecem sem interesse. Dia após dia deixam escapar oportunidades de mostrar fidelidade a Deus. Enquanto esperam alguma grande tarefa, a vida passa, seus propósitos ficam por cumprir, sua obra por ser executada. PJ 194.3

“Muito tempo depois, veio o Senhor daqueles servos e ajustou contas com eles.” Mateus 25:19. Quando o Senhor ajustar contas com Seus servos, será examinado o que foi ganho com cada talento. O trabalho feito revelará o caráter do obreiro. PJ 194.4

Os que receberam cinco e dois talentos devolveram ao Senhor as dádivas confiadas, com o acréscimo. Fazendo isso não reivindicaram para si mérito algum. Seus talentos são os que lhes foram entregues; ganharam outros talentos, mas não poderiam tê-los ganho sem o depósito. Vêem que apenas fizeram seu dever. O capital era do Senhor. O lucro é Seu. Se o Salvador não lhes houvesse concedido amor e graça, teriam falido para a eternidade. PJ 194.5

Porém, quando o Mestre recebe os talentos, aprova e recompensa os obreiros como se o mérito lhes fosse próprio. Seu semblante resplandece de alegria e satisfação. Deleita-se em poder outorgar-lhes bênçãos. Galardoa-os por todo o serviço e sacrifício, não por dever-lhes alguma coisa, mas porque Seu coração transborda de amor e ternura. PJ 194.6

“Bem está, servo bom e fiel”, disse, “sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu Senhor.” Mateus 25:21. PJ 195.1

É a fidelidade, a lealdade para com Deus, o serviço de amor, que obtém a aprovação divina. Todo impulso do Espírito Santo que leva os homens à bondade e a Deus, é anotado nos livros do Céu, e no dia de Deus serão louvados os obreiros pelos quais Ele operou. PJ 195.2

Entrarão no gozo do Senhor quando virem no reino aqueles que foram redimidos por seu intermédio. E terão o privilégio de participar de Sua obra lá, porque se habilitaram pela participação na mesma aqui. O que seremos no Céu, é o reflexo do que somos agora no caráter e no serviço sagrado. De Si mesmo, diz Cristo: “O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir.” Mateus 20:28. Esta, Sua obra na Terra, é-o também no Céu. E nosso galardão por trabalhar com Cristo neste mundo, consiste na maior capacidade e mais amplo privilégio de colaborar com Ele no mundo por vir. “Chegando também o que recebera um talento disse: Senhor, eu conhecia-te, que és homem duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste; e, atemorizado, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu.” Mateus 25:24, 25. PJ 195.3

Assim desculpam os homens seu menosprezo das dádivas de Deus. Vêem a Deus como severo e tirano, que espreita para denunciar-lhes os erros, e puni-los com Seus juízos. Culpam-nO de exigir o que nunca deu, e ceifar o que não semeou. PJ 195.4

Muitos há que em seu coração acusam a Deus de ser Senhor severo, porque deles reclama posses e serviço. Nada, porém, podemos entregar a Deus, que já não Lhe pertença. “Porque tudo vem de Ti”, disse o rei Davi, “e da Tua mão To damos.” 1 Crônicas 29:14. Todas as coisas são de Deus não somente pela criação como pela redenção. Todas as bênçãos desta vida e da futura nos são concedidas assinaladas com a cruz do Calvário. Portanto, falsa é a acusação de que Deus é um Senhor duro e que ceifa onde não semeou. PJ 195.5

O senhor não refuta a acusação do servo ímpio, embora injusta; porém, baseando-se em sua própria declaração, mostra-lhe que seu procedimento é indesculpável. Tinham sido providos os meios e as maneiras de o talento ser empregado para o proveito do proprietário. “Devias, então”, disse ele, “ter dado o meu dinheiro aos banqueiros, e, quando eu viesse, receberia o que é meu com os juros.” Mateus 25:27. PJ 195.6

Nosso Pai celeste nada mais nem menos requer do que o que nos deu capacidade para executar. Não sobrecarrega Seus servos com fardos que não podem suportar. “Conhece a nossa estrutura; lembra-Se de que somos pó.” Salmos 103:14. Tudo que requer de nós, podemos render-Lhe pela graça divina. PJ 195.7

“E a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá.” Lucas 12:48. Seremos considerados individualmente responsáveis por fazer um jota menos do que somos capazes. O Senhor mede com exatidão toda possibilidade para o serviço. As capacidades não utilizadas serão levadas em conta, tanto quanto as que empregamos. Deus nos tem como responsáveis por tudo que nos poderíamos tornar pelo bom uso de nossos talentos. Seremos julgados de acordo com o que nos cumpria fazer, mas que não executamos por não usar nossas faculdades para glorificar a Deus. Mesmo que não percamos a salvação, reconheceremos na eternidade a conseqüência de não empregarmos nossos talentos. Haverá eterna perda por todo conhecimento e capacidade não alcançados, que poderíamos ter ganho. PJ 195.8

Mas se nos entregarmos completamente a Deus, e seguirmos Sua direção em nosso trabalho, Ele mesmo Se responsabilizará pelo cumprimento. Não quer que nos entreguemos a conjeturas sobre o êxito de nossos esforços honestos. Nem uma vez devemos pensar em fracasso. Devemos cooperar com Aquele que não conhece fracasso. PJ 196.1

Não devemos falar de nossa fraqueza e inaptidão. Com isso manifestamos desconfiança para com Deus, e negamos Sua palavra. Ao murmurarmos por causa de nossas cargas, ou recusarmos assumir as responsabilidades de que nos encarregou, estamos dizendo virtualmente que Ele é um Senhor severo e que requer o que não nos deu força para executar. PJ 196.2

Muitas vezes somos inclinados a chamar o espírito do servo preguiçoso, de humildade. A verdadeira humildade é muito diferente, porém. Sermos revestidos de humildade não significa devermos ser de intelecto medíocre, aspirações deficientes, e covardes em nossa vida, esquivando-nos de cargos com medo de não sermos bem-sucedidos. A verdadeira humildade cumpre o propósito de Deus, confiante no Seu poder. PJ 196.3

Deus opera por quem quer. Muitas vezes escolhe os instrumentos mais humildes para as maiores obras; porque Seu poder é revelado na fraqueza do homem. Temos nosso padrão e por ele declaramos uma coisa grande e outra pequena; mas Deus não avalia de conformidade com nossa medida. Não devemos supor que o que para nós é grande o é também para Deus, ou que o que para nós é pequeno também o é para Ele. Não nos compete julgar nossos talentos ou escolher nosso trabalho. Devemos aceitar as incumbências que Deus determinar, devemos suportá-las por Sua Causa, e sempre ir a Ele para obter descanso. Qualquer que seja nosso trabalho, Deus é honrado pelo serviço alegre e feito de todo coração. Compraz-Se ao cumprirmos nossos deveres com gratidão, e regozija-Se por sermos considerados dignos de colaborar com Ele. PJ 196.4

A sentença proferida contra o servo preguiçoso foi: “Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que tem os dez talentos.” Mateus 25:28. Neste caso, como na recompensa do obreiro fiel, é indicado, não meramente o galardão do juízo final, mas o processo de retribuição gradual nesta vida. Como no mundo natural, assim é no espiritual: Toda habilidade não aproveitada enfraquecerá e definhará. Atividade é a lei da vida; ociosidade é morte. “A manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil.” 1 Coríntios 12:7. Empregadas para abençoar a outros, suas dádivas aumentam. Restritas ao serviço do próprio eu, diminuem e são retiradas finalmente. Aquele que recusa repartir o que recebeu, finalmente achará que nada tem para dar. Consente em um processo que certamente atrofia e finalmente aniquila as faculdades da alma. PJ 197.1

Ninguém suponha que possa viver vida de egoísmo, e então, tendo servido aos próprios interesses, entrar no gozo do Senhor. Não puderam participar da alegria de um amor desinteressado. Não se adaptariam às cortes celestes. Não poderiam apreciar a pura atmosfera de amor que impregna o Céu. As vozes dos anjos e a música de suas harpas não lhes agradariam. Para sua mente a ciência do Céu seria um enigma. PJ 197.2

No grande dia de juízo, aqueles que não trabalharam para Cristo, que vagaram sem ter responsabilidade alguma, pensando em si mesmos, e agradando-se a si mesmos, serão postos pelo Juiz de toda a Terra com aqueles que praticaram o mal. Receberão a mesma condenação. PJ 197.3

Muitos que professam ser cristãos desprezam as reivindicações de Deus, e, contudo, não sentem que há injustiça nisso. Sabem que o blasfemo, o assassino, o adúltero, merecem punição; porém eles mesmos acham prazer no culto religioso. Gostam de ouvir a pregação do evangelho e por isto cuidam ser cristãos. Embora tenham passado toda a vida cuidando de si mesmos, ficarão tão surpreendidos como o servo infiel da parábola, ao ouvir a sentença: “Tirai-lhe, pois, o talento.” Mateus 25:28. Como os judeus, confundem a honra das bênçãos com o uso que delas deveriam fazer. PJ 197.4

Muitos dos que se eximem de trabalhar para Cristo alegam sua incapacidade para a obra. Fê-los, porém, Deus assim incapazes? Não, nunca. Essa incapacidade é o produto da sua própria inércia, e perpetuada por sua escolha deliberada. Já em seu caráter reconhecem o efeito da sentença: “Tirai-lhe, pois, o talento.” O contínuo mau emprego de seus talentos extinguir-lhes-á definitivamente o Espírito Santo, que é a única luz. A sentença: “Lançai, pois, o servo inútil nas trevas exteriores” (Mateus 25:30), imprime o selo do Céu sobre a escolha que eles mesmos fizeram para a eternidade. PJ 197.5

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