A Vinha do Senhor
- 1 Reis 1-3
1 Reis 1
Ouça o áudio do capítulo:
1 Sendo, pois, o rei Davi já velho, e entrado em dias, cobriam-no de roupas, porém não se aquecia.
2 Então disseram-lhe os seus servos: Busquem para o rei meu senhor uma moça virgem, que esteja perante o rei, e tenha cuidado dele; e durma no seu seio, para que o rei meu senhor se aqueça.
3 E buscaram por todos os termos de Israel uma moça formosa, e acharam a Abisague, sunamita; e a trouxeram ao rei.
4 E era a moça sobremaneira formosa; e tinha cuidado do rei, e o servia; porém o rei não a conheceu.
5 Então Adonias, filho de Hagite, se levantou, dizendo: Eu reinarei. E preparou carros, e cavaleiros, e cinqüenta homens, que corressem adiante dele.
6 E nunca seu pai o tinha contrariado, dizendo: Por que fizeste assim? E era ele também muito formoso de parecer; e Hagite o tivera depois de Absalão.
7 E tinha entendimento com Joabe, filho de Zeruia, e com Abiatar o sacerdote; os quais o ajudavam, seguindo a Adonias.
8 Porém Zadoque, o sacerdote, e Benaia, filho de Joiada, e Natã, o profeta, e Simei, e Rei, e os poderosos que Davi tinha, não estavam com Adonias.
9 E matou Adonias ovelhas, e vacas, e animais cevados, junto à pedra de Zoelete, que está perto da fonte de Rogel; e convidou a todos os seus irmãos, os filhos do rei, e a todos os homens de Judá, servos do rei.
10 Porém a Natã, o profeta, e a Benaia, e aos poderosos, e a Salomão, seu irmão, não convidou.
11 Então falou Natã a Bate-Seba, mãe de Salomão, dizendo: Não ouviste que Adonias, filho de Hagite, reina? E que nosso senhor Davi não o sabe?
12 Vem, pois, agora, e deixa-me dar-te um conselho, para que salves a tua vida, e a de Salomão teu filho.
13 Vai, e chega ao rei Davi, e dize-lhe: Não juraste tu, rei senhor meu, à tua serva, dizendo: Certamente teu filho Salomão reinará depois de mim, e ele se assentará no meu trono? Por que, pois, reina Adonias?
14 Eis que, estando tu ainda aí falando com o rei, eu também entrarei depois de ti, e confirmarei as tuas palavras.
15 E foi Bate-Seba ao rei na sua câmara; e o rei era muito velho; e Abisague, a sunamita, servia ao rei.
16 E Bate-Seba inclinou a cabeça, e se prostrou perante o rei; e disse o rei: Que tens?
17 E ela lhe disse: Senhor meu, tu juraste à tua serva pelo Senhor teu Deus, dizendo: Salomão, teu filho, reinará depois de mim, e ele se assentará no meu trono.
18 E agora eis que Adonias reina; e tu, ó rei meu senhor, não o sabes.
19 E matou vacas, e animais cevados, e ovelhas em abundância, e convidou a todos os filhos do rei, e a Abiatar, o sacerdote, e a Joabe, capitão do exército, mas a teu servo Salomão não convidou.
20 Porém, ó rei meu senhor, os olhos de todo o Israel estão sobre ti, para que lhe declares quem se assentará sobre o trono do rei meu senhor, depois dele.
21 De outro modo sucederá que, quando o rei meu senhor dormir com seus pais, eu e Salomão meu filho seremos os culpados.
22 E, estando ela ainda falando com o rei, eis que entra o profeta Natã.
23 E o fizeram saber ao rei, dizendo: Eis aí está o profeta Natã. E entrou à presença do rei, e prostrou-se diante dele com o rosto em terra.
24 E disse Natã: Ó rei meu senhor, disseste tu: Adonias reinará depois de mim, e ele se assentará sobre o meu trono?
25 Porque hoje desceu, e matou vacas, e animais cevados, e ovelhas em abundância, e convidou a todos os filhos do rei e aos capitães do exército, e a Abiatar, o sacerdote, e eis que estão comendo e bebendo perante ele; e dizem: Viva o rei Adonias.
26 Porém a mim, sendo eu teu servo, e a Zadoque, o sacerdote, e a Benaia, filho de Joiada, e a Salomão, teu servo, não convidou.
27 Foi feito isto da parte do rei meu senhor? E não fizeste saber a teu servo quem se assentaria no trono do rei meu senhor depois dele?
28 E respondeu o rei Davi, e disse: Chamai-me a Bate-Seba. E ela entrou à presença do rei; e ficou em pé diante do rei.
29 Então jurou o rei e disse: Vive o Senhor, o qual remiu a minha alma de toda a angústia,
30 Que, como te jurei pelo Senhor Deus de Israel, dizendo: Certamente teu filho Salomão reinará depois de mim, e ele se assentará no meu trono, em meu lugar, assim o farei no dia de hoje.
31 Então Bate-Seba se inclinou com o rosto em terra e se prostrou diante do rei, e disse: Viva o rei Davi meu senhor para sempre.
32 E disse o rei Davi: Chamai-me a Zadoque, o sacerdote, e a Natã, o profeta, e a Benaia, filho de Joiada. E eles entraram à presença do rei.
33 E o rei lhes disse: Tomai convosco os servos de vosso senhor, e fazei subir a meu filho Salomão na mula que é minha; e levai-o a Giom.
34 E Zadoque, o sacerdote, com Natã, o profeta, ali o ungirão rei sobre Israel; então tocareis a trombeta, e direis: Viva o rei Salomão!
35 Então subireis após ele, e virá e se assentará no meu trono, e ele reinará em meu lugar; porque tenho ordenado que ele seja guia sobre Israel e sobre Judá.
36 Então Benaia, filho de Joiada, respondeu ao rei, e disse: Amém; assim o diga o SENHOR Deus do rei meu senhor.
37 Como o SENHOR foi com o rei meu senhor, assim o seja com Salomão, e faça que o seu trono seja maior do que o trono do rei Davi meu senhor.
38 Então desceu Zadoque, o sacerdote, e Natã, o profeta, e Benaia, filho de Joiada, e os quereteus, e os peleteus, e fizeram montar a Salomão na mula do rei Davi, e o levaram a Giom.
39 E Zadoque, o sacerdote, tomou o chifre de azeite do tabernáculo, e ungiu a Salomão; e tocaram a trombeta, e todo o povo disse: Viva o rei Salomão!
40 E todo o povo subiu após ele, e o povo tocava gaitas, e alegrava-se com grande alegria; de maneira que com o seu clamor a terra retiniu.
41 E o ouviu Adonias, e todos os convidados que estavam com ele, que tinham acabado de comer; também Joabe ouviu o sonido das trombetas, e disse: Por que há tal ruído de cidade alvoroçada?
42 Estando ele ainda falando, eis que vem Jônatas, filho de Abiatar, o sacerdote, e disse Adonias: Entra, porque és homem valente, e trarás boas novas.
43 E respondeu Jônatas, e disse a Adonias: Certamente nosso senhor, rei Davi, constituiu rei a Salomão;
44 E o rei enviou com ele a Zadoque, o sacerdote, e a Natã, o profeta, e a Benaia, filho de Joiada, e aos quereteus e aos peleteus; e o fizeram montar na mula do rei.
45 E Zadoque, o sacerdote, e Natã, o profeta, o ungiram rei em Giom, e dali subiram alegres, e a cidade está alvoroçada; este é o clamor que ouviste.
46 E também Salomão está assentado no trono do reino.
47 E também os servos do rei vieram abençoar a nosso senhor, o rei Davi, dizendo: Faça teu Deus que o nome de Salomão seja melhor do que o teu nome; e faça que o seu trono seja maior do que o teu trono. E o rei se inclinou no leito.
48 E também disse o rei assim: Bendito o Senhor Deus de Israel, que hoje tem dado quem se assente no meu trono, e que os meus olhos o vissem.
49 Então estremeceram e se levantaram todos os convidados que estavam com Adonias; e cada um se foi ao seu caminho.
50 Porém Adonias temeu a Salomão; e levantou-se, e foi, e apegou-se às pontas do altar.
51 E fez-se saber a Salomão, dizendo: Eis que Adonias teme ao rei Salomão; porque eis que apegou-se às pontas do altar, dizendo: Jure-me hoje o rei Salomão que não matará o seu servo à espada.
52 E disse Salomão: Se for homem de bem, nem um de seus cabelos cairá em terra; se, porém, se achar nele maldade, morrerá.
53 E mandou o rei Salomão, e o fizeram descer do altar; e veio, e prostrou-se perante o rei Salomão, e Salomão lhe disse: Vai para tua casa.
1 Reis 2
Ouça o áudio do capítulo:
1 E aproximaram-se os dias da morte de Davi; e deu ele ordem a Salomão, seu filho, dizendo:
2 Eu vou pelo caminho de toda a terra; esforça-te, pois, e sê homem.
3 E guarda a ordenança do Senhor teu Deus, para andares nos seus caminhos, e para guardares os seus estatutos, e os seus mandamentos, e os seus juízos, e os seus testemunhos, como está escrito na lei de Moisés; para que prosperes em tudo quanto fizeres, e para onde quer que fores.
4 Para que o Senhor confirme a palavra, que falou de mim, dizendo: Se teus filhos guardarem o seu caminho, para andarem perante a minha face fielmente, com todo o seu coração e com toda a sua alma, nunca, disse, te faltará sucessor ao trono de Israel.
5 E também tu sabes o que me fez Joabe, filho de Zeruia, e o que fez aos dois capitães do exército de Israel, a Abner filho de Ner, e a Amasa, filho de Jeter, os quais matou, e em paz derramou o sangue de guerra, e pôs o sangue de guerra no cinto que tinha nos lombos, e nos sapatos que trazia nos pés.
6 Faze, pois, segundo a tua sabedoria, e não permitas que suas cãs desçam à sepultura em paz.
7 Porém com os filhos de Barzilai, o gileadita, usarás de beneficência, e estarão entre os que comem à tua mesa, porque assim se chegaram eles a mim, quando eu fugia por causa de teu irmão Absalão.
8 E eis que também contigo está Simei, filho de Gera, filho de Benjamim, de Baurim, que me maldisse com maldição atroz, no dia em que ia a Maanaim; porém ele saiu a encontrar-se comigo junto ao Jordão, e eu pelo Senhor lhe jurei, dizendo que o não mataria à espada.
9 Mas agora não o tenhas por inculpável, pois és homem sábio, e bem saberás o que lhe hás de fazer para que faças com que as suas cãs desçam à sepultura com sangue.
10 E Davi dormiu com seus pais, e foi sepultado na cidade de Davi.
11 E foram os dias que Davi reinou sobre Israel quarenta anos: sete anos reinou em Hebrom, e em Jerusalém reinou trinta e três anos.
12 E Salomão se assentou no trono de Davi, seu pai, e o seu reino se fortificou sobremaneira.
13 Então veio Adonias, filho de Hagite, a Bate-Seba, mãe de Salomão; e disse ela: De paz é a tua vinda? E ele disse: É de paz.
14 Então disse ele: Uma palavra tenho que dizer-te. E ela disse: Fala.
15 Disse, pois, ele: Bem sabes que o reino era meu, e todo o Israel tinha posto a vista em mim para que eu viesse a reinar, contudo o reino foi transferido e veio a ser de meu irmão, porque foi feito seu pelo Senhor.
16 Assim que agora uma só petição te faço; não ma rejeites. E ela lhe disse: Fala.
17 E ele disse: Peço-te que fales ao rei Salomão (porque ele não te rejeitará) que me dê por mulher a Abisague, a sunamita.
18 E disse Bate-Seba: Bem, eu falarei por ti ao rei.
19 Assim foi Bate-Seba ao rei Salomão, a falar-lhe por Adonias; e o rei se levantou a encontrar-se com ela, e se inclinou diante dela; então se assentou no seu trono, e fez pôr uma cadeira para a sua mãe, e ela se assentou à sua direita.
20 Então disse ela: Só uma pequena petição te faço; não ma rejeites. E o rei lhe disse: Pede, minha mãe, porque não ta negarei.
21 E ela disse: Dê-se Abisague, a sunamita, a Adonias, teu irmão, por mulher.
22 Então respondeu o rei Salomão, e disse a sua mãe: E por que pedes a Abisague, a sunamita, para Adonias? Pede também para ele o reino (porque é meu irmão maior), para ele, digo, e também para Abiatar, sacerdote, e para Joabe, filho de Zeruia.
23 E jurou o rei Salomão pelo Senhor, dizendo: Assim Deus me faça, e outro tanto, se não falou Adonias esta palavra contra a sua vida.
24 Agora, pois, vive o Senhor, que me confirmou, e me fez assentar no trono de Davi, meu pai, e que me tem feito casa, como tinha falado, que hoje morrerá Adonias.
25 E enviou o rei Salomão pela mão de Benaia, filho de Joiada, o qual arremeteu contra ele de modo que morreu.
26 E a Abiatar, o sacerdote, disse o rei: Vai para Anatote, para os teus campos, porque és homem digno de morte; porém hoje não te matarei, porquanto levaste a arca do Senhor DEUS diante de Davi, meu pai, e porquanto foste aflito em tudo quanto meu pai foi aflito.
27 Lançou, pois, Salomão fora a Abiatar, para que não fosse sacerdote do Senhor, para cumprir a palavra do Senhor, que tinha falado sobre a casa de Eli em Siló.
28 E chegou a notícia até Joabe (porque Joabe tinha se desviado seguindo a Adonias, ainda que não tinha se desviado seguindo a Absalão), e Joabe fugiu para o tabernáculo do Senhor, e apegou-se às pontas do altar.
29 E disseram ao rei Salomão que Joabe tinha fugido para o tabernáculo do Senhor; e eis que está junto ao altar; então Salomão enviou Benaia, filho de Joiada, dizendo: Vai, arremete sobre ele.
30 E foi Benaia ao tabernáculo do Senhor, e lhe disse: Assim diz o rei: Sai daí. E disse ele: Não, porém aqui morrerei. E Benaia tornou com a resposta ao rei, dizendo: Assim falou Joabe, e assim me respondeu.
31 E disse-lhe o rei: Faze como ele disse, e arremete contra ele, e sepulta-o, para que tires de mim e da casa de meu pai o sangue que Joabe sem causa derramou.
32 Assim o Senhor fará recair o sangue dele sobre a sua cabeça, porque deu sobre dois homens mais justos e melhores do que ele, e os matou à espada, sem que meu pai Davi o soubesse, a saber: a Abner, filho de Ner, capitão do exército de Israel, e a Amasa, filho de Jeter, capitão do exército de Judá.
33 Assim recairá o sangue destes sobre a cabeça de Joabe e sobre a cabeça da sua descendência para sempre; mas a Davi, e à sua descendência, e à sua casa, e ao seu trono, dará o Senhor paz para todo o sempre.
34 E subiu Benaia, filho de Joiada, e arremeteu contra ele, e o matou; e foi sepultado em sua casa, no deserto.
35 E o rei pôs a Benaia, filho de Joiada, em seu lugar sobre o exército, e a Zadoque, o sacerdote, pôs o rei em lugar de Abiatar.
36 Depois mandou o rei, e chamou a Simei, e disse-lhe: Edifica-te uma casa em Jerusalém, e habita aí, e daí não saias, nem para uma nem para outra parte.
37 Porque há de ser que no dia em que saíres e passares o ribeiro de Cedrom, de certo que sem dúvida morrerás; o teu sangue será sobre a tua cabeça.
38 E Simei disse ao rei: Boa é essa palavra; como tem falado o rei meu senhor, assim fará o teu servo. E Simei habitou em Jerusalém muitos dias.
39 Sucedeu, porém, que, ao cabo de três anos, dois servos de Simei fugiram para Aquis, filho de Maaca, rei de Gate; e deram parte a Simei, dizendo: Eis que teus servos estão em Gate.
40 Então Simei se levantou, e albardou o seu jumento, e foi a Gate, ter com Aquis, em busca de seus servos; assim foi Simei, e trouxe os seus servos de Gate.
41 E disseram a Salomão como Simei fora de Jerusalém a Gate, e já tinha voltado.
42 Então o rei mandou chamar a Simei, e disse-lhe: Não te conjurei eu pelo Senhor, e protestei contra ti, dizendo: No dia em que saíres para uma ou outra parte, sabe de certo que, sem dúvida, morrerás? E tu me disseste: Boa é essa palavra que ouvi.
43 Por que, pois, não guardaste o juramento do Senhor, nem a ordem que te dei?
44 Disse mais o rei a Simei: Bem sabes tu toda a maldade que o teu coração reconhece, que fizeste a Davi, meu pai; pelo que o Senhor fez recair a tua maldade sobre a tua cabeça.
45 Mas o rei Salomão será abençoado, e o trono de Davi será confirmado perante o Senhor para sempre.
46 E o rei mandou a Benaia, filho de Joiada, o qual saiu, e arremeteu contra ele, de modo que morreu; assim foi confirmado o reino na mão de Salomão.
1 Reis 3
Ouça o áudio do capítulo:
1 E Salomão se aparentou com Faraó, rei do Egito; e tomou a filha de Faraó, e a trouxe à cidade de Davi, até que acabasse de edificar a sua casa, e a casa do SENHOR, e a muralha de Jerusalém em redor.
2 Entretanto, o povo sacrificava sobre os altos; porque até àqueles dias ainda não se havia edificado casa ao nome do Senhor.
3 E Salomão amava ao Senhor, andando nos estatutos de Davi seu pai; somente que nos altos sacrificava, e queimava incenso.
4 E foi o rei a Gibeom para lá sacrificar, porque aquele era o alto maior; mil holocaustos sacrificou Salomão naquele altar.
5 E em Gibeom apareceu o Senhor a Salomão de noite em sonhos; e disse-lhe Deus: Pede o que queres que eu te dê.
6 E disse Salomão: De grande beneficência usaste tu com teu servo Davi, meu pai, como também ele andou contigo em verdade, e em justiça, e em retidão de coração, perante a tua face; e guardaste-lhe esta grande beneficência, e lhe deste um filho que se assentasse no seu trono, como se vê neste dia.
7 Agora, pois, ó Senhor meu Deus, tu fizeste reinar a teu servo em lugar de Davi meu pai; e sou apenas um menino pequeno; não sei como sair, nem como entrar.
8 E teu servo está no meio do teu povo que elegeste; povo grande, que nem se pode contar, nem numerar, pela sua multidão.
9 A teu servo, pois, dá um coração entendido para julgar a teu povo, para que prudentemente discirna entre o bem e o mal; porque quem poderia julgar a este teu tão grande povo?
10 E esta palavra pareceu boa aos olhos do Senhor, de que Salomão pedisse isso.
11 E disse-lhe Deus: Porquanto pediste isso, e não pediste para ti muitos dias, nem pediste para ti riquezas, nem pediste a vida de teus inimigos; mas pediste para ti entendimento, para discernires o que é justo;
12 Eis que fiz segundo as tuas palavras; eis que te dei um coração tão sábio e entendido, que antes de ti igual não houve, e depois de ti igual não se levantará.
13 E também até o que não pediste te dei, assim riquezas como glória; de modo que não haverá um igual entre os reis, por todos os teus dias.
14 E, se andares nos meus caminhos, guardando os meus estatutos, e os meus mandamentos, como andou Davi teu pai, também prolongarei os teus dias.
15 E acordou Salomão, e eis que era sonho. E indo a Jerusalém, pôs-se perante a arca da aliança do Senhor, e sacrificou holocausto, e preparou sacrifícios pacíficos, e fez um banquete a todos os seus servos.
16 Então vieram duas mulheres prostitutas ao rei, e se puseram perante ele.
17 E disse-lhe uma das mulheres: Ah! senhor meu, eu e esta mulher moramos numa casa; e tive um filho, estando com ela naquela casa.
18 E sucedeu que, ao terceiro dia, depois do meu parto, teve um filho também esta mulher; estávamos juntas; nenhum estranho estava conosco na casa; somente nós duas naquela casa.
19 E de noite morreu o filho desta mulher, porquanto se deitara sobre ele.
20 E levantou-se à meia-noite, e tirou o meu filho do meu lado, enquanto dormia a tua serva, e o deitou no seu seio; e a seu filho morto deitou no meu seio.
21 E, levantando-me eu pela manhã, para dar de mamar a meu filho, eis que estava morto; mas, atentando pela manhã para ele, eis que não era meu filho, que eu havia tido.
22 Então disse a outra mulher: Não, mas o vivo é meu filho, e teu filho o morto. Porém esta disse: Não, por certo, o morto é teu filho, e meu filho o vivo. Assim falaram perante o rei.
23 Então disse o rei: Esta diz: Este que vive é meu filho, e teu filho o morto; e esta outra diz: Não, por certo, o morto é teu filho e meu filho o vivo.
24 Disse mais o rei: Trazei-me uma espada. E trouxeram uma espada diante do rei.
25 E disse o rei: Dividi em duas partes o menino vivo; e dai metade a uma, e metade a outra.
26 Mas a mulher, cujo filho era o vivo, falou ao rei (porque as suas entranhas se lhe enterneceram por seu filho), e disse: Ah! senhor meu, dai-lhe o menino vivo, e de modo nenhum o mateis. Porém a outra dizia: Nem teu nem meu seja; dividi-o.
27 Então respondeu o rei, e disse: Dai a esta o menino vivo, e de maneira nenhuma o mateis, porque esta é sua mãe.
28 E todo o Israel ouviu o juízo que havia dado o rei, e temeu ao rei; porque viram que havia nele a sabedoria de Deus, para fazer justiça.
Profetas e Reis
A Vinha do Senhor
Ouça o áudio do capítulo:
Foi com o propósito de transmitir os melhores dons do Céu a todos os povos da Terra, que Deus chamou Abraão do meio de sua parentela idólatra, e mandou-o habitar na terra de Canaã. “Far-te-ei uma grande nação”, disse Deus, “e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção.” Gên. 12:2. Foi uma alta honra aquela para a qual Abraão fora chamado – a de ser o pai do povo que por séculos devia ser o guardião e preservador da verdade de Deus para o mundo, povo esse por cujo intermédio todas as nações da Terra deveriam ser abençoadas no advento do prometido Messias. PR 5.12
Os homens haviam quase perdido o conhecimento do verdadeiro Deus. Sua mente estava entenebrecida pela idolatria; pois os estatutos divinos, que são santos, justos e bons (Rom. 7:12), haviam eles procurado substituir por leis em harmonia com os propósitos de seu próprio coração cruel e egoísta. Contudo, em Sua misericórdia Deus não os apagou da existência. Ele Se propôs dar-lhes a oportunidade de se familiarizarem com Ele por intermédio de Sua igreja. Foi Seu desígnio que os princípios revelados por intermédio de Seu povo seriam o meio de restaurar no homem a imagem moral de Deus. PR 5.13
A lei de Deus devia ser exaltada, sua autoridade mantida; e à casa de Israel foi entregue esta grande e nobre obra. Deus separou-os do mundo, para que pudesse confiar-lhes o sagrado encargo. Fê-los depositários de Sua lei, e propôs preservar por intermédio deles o conhecimento de Si mesmo entre os homens. Assim devia a lei do Céu brilhar no mundo envolvido em trevas, e uma voz devia ser ouvida apelando a todos os povos para que volvessem da idolatria, a fim de servirem ao Deus vivo. PR 5.14
“Com grande força e com forte mão” (Êxo. 32:11), Deus tirou Seu povo escolhido da terra do Egito. “Enviou Moisés, Seu servo, e Arão, a quem escolhera. Fizeram entre eles os seus sinais e prodígios, na terra de Cão”. Sal. 105:26 e 27. “Repreendeu o Mar Vermelho e este se secou, e os fez caminhar pelos abismos como pelo deserto.” Sal. 106:9. Ele os libertou de sua condição de servos, para que pudesse levá-los a uma boa terra – uma terra que em Sua providência havia-lhes preparado como refúgio de seus inimigos. Queria trazê-los para Si, e envolvê-los em Seus braços eternos; e em retribuição de Sua bondade e misericórdia deviam eles exaltar Seu nome e fazê-lo glorioso na Terra. PR 5.15
“Porque a porção do Senhor é o Seu povo; Jacó é a corda da Sua herança. Achou-a na terra do deserto, e num ermo solitário cheio de uivos; trouxe-o ao redor, instruiu-o, guardou-o como a menina do Seu olho. Como a águia desperta o seu ninho, se move sobre os seus filhos, estende as suas asas, toma-os e os leva sobre as suas asas, assim só o Senhor o guiou, e não havia com ele deus estranho.” Deut. 32:9-12. Assim trouxe o Senhor os israelitas para junto de Si, para que habitassem como que à sombra do Altíssimo. Miraculosamente preservados dos perigos do errante viajar pelo deserto, foram eles finalmente estabelecidos na terra da promessa como uma nação favorecida. PR 5.16
Mediante o uso de uma parábola, Isaías narrou com tocante sentimento a história do chamado e preparo de Israel para ser no mundo representante de Jeová, frutífero em toda boa obra: PR 5.17
“Agora cantarei ao meu amado o cântico do meu querido a respeito de sua vinha. O meu amado tem uma vinha num outeiro fértil, e a cercou, e a limpou das pedras, e a plantou de excelentes vides; e edificou no meio dela uma torre, e também construiu nela um lagar; e esperava que desse uvas.” Isaías 5:1 e 2. PR 5.18
Isaías 5:1
1 Agora cantarei ao meu amado o cântico do meu querido a respeito da sua vinha. O meu amado tem uma vinha num outeiro fértil.
Por intermédio do povo escolhido, tinha Deus o propósito de abençoar toda a espécie humana. “A vinha do Senhor dos exércitos”, declarou o profeta, “é a casa de Israel, e os homens de Judá são a planta das Suas delícias.” Isaías 5:7. PR 5.19
Isaías 5:7
7 Porque a vinha do Senhor dos Exércitos é a casa de Israel, e os homens de Judá são a planta das suas delícias; e esperou que exercesse juízo, e eis aqui opressão; justiça, e eis aqui clamor.
A esse povo foram confiados os oráculos de Deus. Estavam protegidos pelos preceitos de Sua lei, os eternos princípios da verdade, justiça e pureza. A obediência a esses princípios devia ser a sua proteção, pois os livraria de se destruírem a si mesmos por práticas pecaminosas. E, como uma torre na vinha, Deus colocou no meio da terra Seu santo templo. PR 5.20
Cristo era seu instrutor. Assim como havia sido com eles no deserto, devia ser ainda seu Mestre e Guia. No tabernáculo e no templo, Sua glória habitava no santo Shekinah, em cima do propiciatório. No benefício deles Ele manifestava constantemente as riquezas do Seu amor e paciência. PR 5.21
Por intermédio de Moisés os propósitos de Deus deviam ser-lhes expostos, e os termos de sua prosperidade tornados claros. “Porque povo santo és ao Senhor teu Deus”, disse ele; “o Senhor teu Deus te escolheu, para que Lhe fosses o Seu povo próprio, de todos os povos que sobre a Terra há.” Deut. 7:6. PR 5.22
“Hoje declaraste ao Senhor que te será por Deus, e que andarás nos Seus caminhos, e guardarás os Seus estatutos, e os Seus mandamentos, e os Seus juízos, e darás ouvidos à Sua voz. E o Senhor hoje te fez dizer que Lhe serás por povo Seu próprio, como te tem dito, e que guardarás todos os Seus mandamentos. Para assim te exaltar sobre todas as nações que fez, para louvor, e para fama, e para glória, e para que sejas um povo santo ao Senhor teu Deus, como tem dito.” Deut. 26:17-19. PR 5.23
Os filhos de Israel deviam ocupar todo o território que Deus lhes indicara. Aquelas nações que haviam rejeitado a adoração e serviço ao verdadeiro Deus, deviam ser despojadas. Mas era propósito de Deus que pela revelação de Seu caráter através de Israel, fossem os homens atraídos para Si. O convite do evangelho devia ser dado a todo o mundo. Mediante o ensino do sistema de sacrifícios, Cristo devia ser erguido perante as nações, e todos que olhassem para Ele viveriam. Todo aquele que, como Raabe, a cananita, e Rute, a moabita, tornassem da idolatria para o culto ao verdadeiro Deus, deviam unir-se ao Seu povo escolhido. À medida em que o número dos israelitas crescesse, deviam eles ampliar suas fronteiras, até que o seu reino envolvesse o mundo. PR 5.24
Mas o antigo Israel não cumpriu o propósito de Deus. O Senhor declarou: “Eu mesmo te plantei como vide excelente, uma semente inteiramente fiel: como pois te tornaste para Mim uma planta degenerada, de vide estranha?” Jer. 2:21. “Israel é uma vide frondosa; dá fruto para si mesmo.” Osé. 10:1. “Agora pois, ó moradores de Jerusalém, e homens de Judá, julgai, vos peço, entre Mim e a Minha vinha. Que mais se podia fazer à Minha vinha, que Eu lhe não tenha feito? e como, esperando Eu que desse uvas, veio a produzir uvas bravas? Agora pois vos farei saber o que Eu hei de fazer à Minha vinha: tirarei a sebe, para que sirva de pasto; derribarei a sua parede, para que seja pisada; e a tornarei em deserto; não será podada nem cavada; mas crescerão nela sarças e espinheiros; e às chuvas darei ordem para que não derramem chuva sobre ela. Porque... esperou que exercessem juízo, e eis aqui opressão; justiça, e eis aqui clamor.” Isaías 5:3-7. PR 5.25
Isaías 5:3-7
3 Agora, pois, ó moradores de Jerusalém, e homens de Judá, julgai, vos peço, entre mim e a minha vinha.
4 Que mais se podia fazer à minha vinha, que eu lhe não tenha feito? Por que, esperando eu que desse uvas boas, veio a dar uvas bravas?
5 Agora, pois, vos farei saber o que eu hei de fazer à minha vinha: tirarei a sua sebe, para que sirva de pasto; derrubarei a sua parede, para que seja pisada;
6 E a tornarei em deserto; não será podada nem cavada; porém crescerão nela sarças e espinheiros; e às nuvens darei ordem que não derramem chuva sobre ela.
7 Porque a vinha do Senhor dos Exércitos é a casa de Israel, e os homens de Judá são a planta das suas delícias; e esperou que exercesse juízo, e eis aqui opressão; justiça, e eis aqui clamor.
O Senhor havia, por intermédio de Moisés, exposto perante o Seu povo os resultados da infidelidade. Recusando guardar Seu concerto, estariam se excluindo da vida de Deus, e Sua bênção não podia vir sobre eles. Às vezes essas advertências eram ouvidas, e ricas bênçãos eram concedidas à nação judaica e por meio deles aos povos em redor. Mas a maior parte das vezes em sua história eles se esqueceram de Deus, e perderam de vista seu elevado privilégio como povo que O representava. Roubaram-nO do serviço que deles requeria, e roubaram o próximo da guia religiosa e santo exemplo. Desejaram apropriar-se do fruto da vinha sobre a qual haviam sido postos como mordomos. Sua avidez e cobiça tornaram-nos desprezíveis aos olhos dos próprios pagãos. Assim deu-se ao mundo gentio a ocasião de interpretar mal o caráter de Deus e as leis de Seu reino. PR 5.26
Com coração paternal Deus tratou com Seu povo. Argumentou com eles sobre bênçãos concedidas e bênçãos retidas. Pacientemente pôs perante eles seus pecados, e em espírito de demência esperou por seu reconhecimento. Profetas e mensageiros foram-lhes enviados para apresentar Seus reclamos aos lavradores; mas em lugar de serem bem recebidos, esses homens de poder e discernimento espiritual foram tratados como inimigos. Os lavradores perseguiram-nos e mataram-nos. Deus enviou ainda outros mensageiros, mas receberam o mesmo tratamento dispensado aos primeiros, com a única diferença que os lavradores mostraram ainda mais determinado ódio. PR 5.27
A retenção do divino favor durante o período do exílio levou muitos ao arrependimento; não obstante após seu retorno à terra da promessa, o povo judeu repetiu os erros das gerações anteriores, e entrou em conflito político com as nações circunvizinhas. Os profetas a quem Deus enviara para corrigir os males prevalecentes, foram recebidos com a mesma desconfiança e escárnio com que foram tratados os mensageiros dos antigos tempos; e assim, de século em século, os guardas da vinha fizeram-se mais culpados. PR 5.28
A excelente vide plantada pelo divino Lavrador sobre os montes da Palestina fora desprezada pelos homens de Israel, e finalmente foi lançada fora da vinha; tripudiaram sobre ela, pisaram-na a pés, e esperavam que a tivessem destruído para sempre. O Lavrador removera a vinha, e a ocultara de suas vistas. Plantou-a de novo, mas do outro lado do muro, e de tal maneira que o tronco não mais ficou visível. As varas pendiam sobre o muro, de maneira que se poderiam nelas fazer enxertos, mas o tronco mesmo foi posto fora do alcance do homem e de poder este causar-lhe dano. PR 5.29
De especial valor para a igreja de Deus sobre a Terra hoje — os guardas de Sua vinha — são as mensagens de consolo e admoestação dadas através dos profetas que tornaram claro Seu eterno propósito em favor da humanidade. Nos ensinos dos profetas, Seu amor pela raça caída e Seu plano para a sua salvação claramente são revelados. A história do chamado de Israel, de seus sucessos e fracassos, sua restauração ao favor divino, a rejeição do Senhor da vinha e a execução do plano dos séculos por um bom remanescente a quem seriam cumpridas todas as promessas do concerto — tal foi o tema dos mensageiros de Deus a Sua igreja através dos séculos já passados. E hoje a mensagem de Deus a Sua igreja — aos que Lhe estão ocupando a vinha como fiéis lavradores — não é outra senão aquela expressa pelo profeta do passado: PR 5.30
“Naquele dia haverá uma vinha de vinho tinto; cantai-lhe. PR 5.31
Eu, o Senhor, a guardo. PR 5.32
E a cada momento a regarei; PR 5.33
Para que ninguém lhe faça dano, PR 5.34
De dia e de noite a guardarei.” Isaías 27:2, 3. PR 5.35
Isaías 27:2, 3
2 Naquele dia haverá uma vinha de vinho tinto; cantai-lhe.
3 Eu, o Senhor, a guardo, e cada momento a regarei; para que ninguém lhe faça dano, de noite e de dia a guardarei.
Espere Israel em Deus. O Senhor da vinha está mesmo agora reunindo dentre todas as nações e povos os preciosos frutos pelos quais tem há tanto tempo esperado. Logo Ele virá para o que é Seu; e nesse alegre dia, Seu eterno propósito para a casa de Israel será finalmente cumprido. “Jacó lançará raízes, e florescerá e brotará Israel, e encherão de fruto a face do mundo.” Isaías 27:6. PR 5.36
Isaías 27:6
6 Dias virão em que Jacó lançará raízes, e florescerá e brotará Israel, e encherão de fruto a face do mundo.