Um Profeta de Paz


Dia 102 - Thursday, 11 de April de 2024
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26 min

  • 2 Reis 13 e 14
  • 2 Reis 4

2 Reis 13

Ouça o áudio do capítulo:

1 No ano vinte e três de Joás, filho de Acazias, rei de Judá, começou a reinar Jeoacaz, filho de Jeú, sobre Israel, em Samaria, e reinou dezessete anos.

2 E fez o que era mau aos olhos do Senhor; porque seguiu os pecados de Jeroboão, filho de Nebate, que fez pecar a Israel; não se apartou deles.

3 Por isso a ira do Senhor se acendeu contra Israel; e entregou-os na mão de Hazael, rei da Síria, e na mão de Ben-Hadade, filho de Hazael, todos aqueles dias.

4 Porém Jeoacaz suplicou diante da face do Senhor; e o Senhor ouviu; porque viu a opressão de Israel, pois o rei da Síria os oprimia.

5 E o Senhor deu um salvador a Israel, e saíram de sob as mãos dos sírios; e os filhos de Israel habitaram nas suas tendas, como no passado

6 (Contudo não se apartaram dos pecados da casa de Jeroboão, com que fez Israel pecar; porém ele andou neles e também o bosque ficou em pé em Samaria).

7 Porque não deixou a Jeoacaz, do povo, senão só cinqüenta cavaleiros, dez carros e dez mil homens de pé, porquanto o rei da Síria os tinha destruído e os tinha feito como o pó, trilhando-os.

8 Ora, o mais dos atos de Jeoacaz, e tudo quanto fez, e o seu poder, porventura não está escrito no livro das crônicas dos reis de Israel?

9 E Jeoacaz dormiu com seus pais, e o sepultaram em Samaria; e Jeoás, seu filho, reinou em seu lugar.

10 No ano trinta e sete de Joás, rei de Judá, começou a reinar Jeoás, filho de Jeoacaz, sobre Israel, em Samaria, e reinou dezesseis anos.

11 E fez o que era mau aos olhos do Senhor; não se apartou de nenhum dos pecados de Jeroboão, filho de Nebate, com que fez Israel pecar, porém andou neles.

12 Ora, o mais dos atos de Jeoás, e tudo quanto fez, e o seu poder, com que pelejou contra Amazias, rei de Judá, porventura não está escrito no livro das crônicas dos reis de Israel?

13 E Jeoás dormiu com seus pais, e Jeroboão se assentou no seu trono; e Jeoás foi sepultado em Samaria, junto aos reis de Israel.

14 E Eliseu estava doente da enfermidade de que morreu, e Jeoás, rei de Israel, desceu a ele, e chorou sobre o seu rosto, e disse: Meu pai, meu pai, o carro de Israel, e seus cavaleiros!

15 E Eliseu lhe disse: Toma um arco e flechas. E tomou um arco e flechas.

16 Então disse ao rei de Israel: Põe a tua mão sobre o arco. E pôs sobre ele a sua mão; e Eliseu pôs as suas mãos sobre as do rei.

17 E disse: Abre a janela para o oriente. E abriu-a. Então disse Eliseu: Atira. E atirou; e disse: A flecha do livramento do Senhor é a flecha do livramento contra os sírios; porque ferirás os sírios; em Afeque, até os consumir.

18 Disse mais: Toma as flechas. E tomou-as. Então disse ao rei de Israel: Fere a terra. E feriu-a três vezes, e cessou.

19 Então o homem de Deus se indignou muito contra ele, e disse: Cinco ou seis vezes a deverias ter ferido; então feririas os sírios até os consumir; porém agora só três vezes ferirás os sírios.

20 Depois morreu Eliseu, e o sepultaram. Ora, as tropas dos moabitas invadiram a terra à entrada do ano.

21 E sucedeu que, enterrando eles um homem, eis que viram uma tropa, e lançaram o homem na sepultura de Eliseu; e, caindo nela o homem, e tocando os ossos de Eliseu, reviveu, e se levantou sobre os seus pés.

22 E Hazael, rei da Síria, oprimiu a Israel todos os dias de Jeoacaz.

23 Porém o Senhor teve misericórdia deles, e se compadeceu deles, e tornou-se para eles por amor da sua aliança com Abraão, Isaque e Jacó, e não os quis destruir, e não os lançou ainda da sua presença.

24 E morreu Hazael, rei da Síria e Ben-Hadade, seu filho, reinou em seu lugar.

25 E Jeoás, filho de Jeoacaz, tornou a tomar as cidades das mãos de Ben-Hadade, que ele tinha tomado das mãos de Jeoacaz, seu pai, na guerra; três vezes Jeoás o feriu, e recuperou as cidades de Israel.

2 Reis 14

Ouça o áudio do capítulo:

1 No segundo ano de Jeoás, filho de Jeoacaz, rei de Israel, começou a reinar Amazias, filho de Joás, rei de Judá.

2 Tinha vinte e cinco anos quando começou a reinar, e vinte e nove anos reinou em Jerusalém. E era o nome de sua mãe Joadã, de Jerusalém.

3 E fez o que era reto aos olhos do Senhor, ainda que não como seu pai Davi; fez, porém, conforme tudo o que fizera Joás seu pai.

4 Tão-somente os altos não foram tirados; porque o povo ainda sacrificava e queimava incenso nos altos.

5 Sucedeu que, sendo já o reino confirmado na sua mão, matou os servos que tinham matado o rei, seu pai.

6 Porém os filhos dos assassinos não matou, como está escrito no livro da lei de Moisés, no qual o Senhor deu ordem, dizendo: Não matarão os pais por causa dos filhos, e os filhos não matarão por causa dos pais; mas cada um será morto pelo seu pecado.

7 Este feriu a dez mil edomitas no vale do Sal, e tomou a Sela na guerra; e chamou-a Jocteel, até ao dia de hoje.

8 Então Amazias enviou mensageiros a Jeoás, filho de Jeoacaz, filho de Jeú, rei de Israel, dizendo: Vem, vejamo-nos face a face.

9 Porém Jeoás, rei de Israel, enviou a Amazias, rei de Judá, dizendo: O cardo que estava no Líbano mandou dizer ao cedro que estava no Líbano: Dá tua filha por mulher a meu filho; mas os animais do campo, que estavam no Líbano, passaram e pisaram o cardo.

10 Na verdade feriste os moabitas, e o teu coração se ensoberbeceu; gloria-te disso, e fica em tua casa; e por que te entremeterias no mal, para caíres tu, e Judá contigo?

11 Mas Amazias não o ouviu. E subiu Jeoás, rei de Israel, e Amazias, rei de Judá, e viram-se face a face, em Bete-Semes, que está em Judá.

12 E Judá foi ferido diante de Israel, e fugiu cada um para a sua tenda.

13 E Jeoás, rei de Israel, tomou a Amazias, rei de Judá, filho de Joás, filho de Acazias, em Bete-Semes; e veio a Jerusalém, e rompeu o muro de Jerusalém, desde a porta de Efraim até a porta da esquina, quatrocentos côvados.

14 E tomou todo o ouro e a prata, e todos os vasos que se acharam na casa do Senhor e nos tesouros da casa do rei, como também os reféns e voltou para Samaria.

15 Ora, o mais dos atos de Jeoás, o que fez e o seu poder, e como pelejou contra Amazias, rei de Judá, porventura não está escrito no livro das crônicas dos reis de Israel?

16 E dormiu Jeoás com seus pais, e foi sepultado em Samaria, junto aos reis de Israel; e Jeroboão, seu filho, reinou em seu lugar.

17 E viveu Amazias, filho de Joás, rei de Judá, depois da morte de Jeoás, filho de Jeoacaz, rei de Israel, quinze anos.

18 Ora, o mais dos atos de Amazias, porventura não está escrito no livro das crônicas dos reis de Judá?

19 E conspiraram contra ele em Jerusalém, e fugiu para Laquis; porém enviaram após ele até Laquis, e o mataram ali.

20 E o trouxeram em cima de cavalos; e o sepultaram em Jerusalém, junto a seus pais, na cidade de Davi.

21 E todo o povo de Judá tomou a Azarias, que já era de dezesseis anos, e o fizeram rei em lugar de Amazias, seu pai.

22 Este edificou a Elate, e a restituiu a Judá, depois que o rei dormiu com seus pais.

23 No décimo quinto ano de Amazias, filho de Joás, rei de Judá, começou a reinar em Samaria, Jeroboão, filho de Jeoás, rei de Israel, e reinou quarenta e um anos.

24 E fez o que era mau aos olhos do Senhor; nunca se apartou de nenhum dos pecados de Jeroboão, filho de Nebate, com que fez pecar a Israel.

25 Também este restituiu os termos de Israel, desde a entrada de Hamate, até ao mar da planície; conforme a palavra do Senhor Deus de Israel, a qual falara pelo ministério de seu servo Jonas, filho do profeta Amitai, o qual era de Gate-Hefer.

26 Porque viu o Senhor que a miséria de Israel era muito amarga, e que nem havia escravo, nem absolvido, nem quem ajudasse a Israel.

27 E ainda não falara o Senhor em apagar o nome de Israel de debaixo do céu; porém os livrou por meio de Jeroboão, filho de Jeoás.

28 Ora, o mais dos atos de Jeroboão, tudo quanto fez, e seu poder, como pelejou, e como restituiu a Damasco e a Hamate, pertencentes a Judá, sendo rei em Israel, porventura não está escrito no livro das crônicas de Israel?

29 E Jeroboão dormiu com seus pais, com os reis de Israel; e Zacarias, seu filho, reinou em seu lugar.

2 Reis 4

Ouça o áudio do capítulo:

1 E uma mulher, das mulheres dos filhos dos profetas, clamou a Eliseu, dizendo: Meu marido, teu servo, morreu; e tu sabes que o teu servo temia ao SENHOR; e veio o credor, para levar os meus dois filhos para serem servos.

2 E Eliseu lhe disse: Que te hei de fazer? Dize-me que é o que tens em casa. E ela disse: Tua serva não tem nada em casa, senão uma botija de azeite.

3 Então disse ele: Vai, pede emprestadas, de todos os teus vizinhos, vasilhas vazias, não poucas.

4 Então entra, e fecha a porta sobre ti, e sobre teus filhos, e deita o azeite em todas aquelas vasilhas, e põe à parte a que estiver cheia.

5 Partiu, pois, dele, e fechou a porta sobre si e sobre seus filhos; e eles lhe traziam as vasilhas, e ela as enchia.

6 E sucedeu que, cheias que foram as vasilhas, disse a seu filho: Traze-me ainda uma vasilha. Porém ele lhe disse: Não há mais vasilha alguma. Então o azeite parou.

7 Então veio ela, e o fez saber ao homem de Deus; e disse ele: Vai, vende o azeite, e paga a tua dívida; e tu e teus filhos vivei do resto.

8 Sucedeu também um dia que, indo Eliseu a Suném, havia ali uma mulher importante, a qual o reteve para comer pão; e sucedeu que todas as vezes que passava por ali entrava para comer pão.

9 E ela disse a seu marido: Eis que tenho observado que este que sempre passa por nós é um santo homem de Deus.

10 Façamos-lhe, pois, um pequeno quarto junto ao muro, e ali lhe ponhamos uma cama, uma mesa, uma cadeira e um candeeiro; e há de ser que, vindo ele a nós, para ali se recolherá.

11 E sucedeu que um dia ele chegou ali, e recolheu-se àquele quarto, e se deitou.

12 Então disse ao seu servo Geazi: Chama esta sunamita. E chamando-a ele, ela se pôs diante dele.

13 Porque ele tinha falado a Geazi: Dize-lhe: Eis que tu nos tens tratado com todo o desvelo; que se há de fazer por ti? Haverá alguma coisa de que se fale por ti ao rei, ou ao capitão do exército? E disse ela: Eu habito no meio do meu povo.

14 Então disse ele: Que se há de fazer por ela? E Geazi disse: Ora ela não tem filho, e seu marido é velho.

15 Por isso disse ele: Chama-a. E, chamando-a ele, ela se pôs à porta.

16 E ele disse: A este tempo determinado, segundo o tempo da vida, abraçarás um filho. E disse ela: Não, meu senhor, homem de Deus, não mintas à tua serva.

17 E concebeu a mulher, e deu à luz um filho, no tempo determinado, no ano seguinte, segundo Eliseu lhe dissera.

18 E, crescendo o filho, sucedeu que um dia saiu para ter com seu pai, que estava com os segadores,

19 E disse a seu pai: Ai, a minha cabeça! Ai, a minha cabeça! Então disse a um moço: Leva-o à sua mãe.

20 E ele o tomou, e o levou à sua mãe; e esteve sobre os seus joelhos até ao meio-dia, e morreu.

21 E subiu ela, e o deitou sobre a cama do homem de Deus; e fechou a porta, e saiu.

22 E chamou a seu marido, e disse: Manda-me já um dos moços, e uma das jumentas, para que eu corra ao homem de Deus, e volte.

23 E disse ele: Por que vais a ele hoje? Não é lua nova nem sábado. E ela disse: Tudo vai bem.

24 Então albardou a jumenta, e disse ao seu servo: Guia e anda, e não te detenhas no caminhar, senão quando eu to disser.

25 Partiu ela, pois, e foi ao homem de Deus, ao monte Carmelo; e sucedeu que, vendo-a o homem de Deus de longe, disse a Geazi, seu servo: Eis aí a sunamita.

26 Agora, pois, corre-lhe ao encontro e dize-lhe: Vai bem contigo? Vai bem com teu marido? Vai bem com teu filho? E ela disse: Vai bem.

27 Chegando ela, pois, ao homem de Deus, ao monte, pegou nos seus pés; mas chegou Geazi para retirá-la; disse porém o homem de Deus: Deixa-a, porque a sua alma está triste de amargura, e o Senhor me encobriu, e não me manifestou.

28 E disse ela: Pedi eu a meu senhor algum filho? Não disse eu: Não me enganes?

29 E ele disse a Geazi: Cinge os teus lombos, toma o meu bordão na tua mão, e vai; se encontrares alguém não o saúdes, e se alguém te saudar, não lhe respondas; e põe o meu bordão sobre o rosto do menino.

30 Porém disse a mãe do menino: Vive o Senhor, e vive a tua alma, que não te hei de deixar. Então ele se levantou, e a seguiu.

31 E Geazi passou adiante deles, e pôs o bordão sobre o rosto do menino; porém não havia nele voz nem sentido; e voltou a encontrar-se com ele, e lhe trouxe aviso, dizendo: O menino não despertou.

32 E, chegando Eliseu àquela casa, eis que o menino jazia morto sobre a sua cama.

33 Então entrou ele, e fechou a porta sobre eles ambos, e orou ao Senhor.

34 E subiu à cama e deitou-se sobre o menino, e, pondo a sua boca sobre a boca dele, e os seus olhos sobre os olhos dele, e as suas mãos sobre as mãos dele, se estendeu sobre ele; e a carne do menino aqueceu.

35 Depois desceu, e andou naquela casa de uma parte para a outra, e tornou a subir, e se estendeu sobre ele, então o menino espirrou sete vezes, e abriu os olhos.

36 Então chamou a Geazi, e disse: Chama esta sunamita. E chamou-a, e veio a ele. E disse ele: Toma o teu filho.

37 E entrou ela, e se prostrou a seus pés, e se inclinou à terra; e tomou o seu filho e saiu.

38 E, voltando Eliseu a Gilgal, havia fome naquela terra, e os filhos dos profetas estavam assentados na sua presença; e disse ao seu servo: Põe a panela grande ao lume, e faze um caldo de ervas para os filhos dos profetas.

39 Então um deles saiu ao campo a apanhar ervas, e achou uma parra brava, e colheu dela enchendo a sua capa de colocíntidas; e veio, e as cortou na panela do caldo; porque não as conheciam.

40 Assim deram de comer para os homens. E sucedeu que, comendo eles daquele caldo, clamaram e disseram: Homem de Deus, há morte na panela. Não puderam comer.

41 Porém ele disse: Trazei farinha. E deitou-a na panela, e disse: Dai de comer ao povo. E já não havia mal nenhum na panela.

42 E um homem veio de Baal-Salisa, e trouxe ao homem de Deus pães das primícias, vinte pães de cevada, e espigas verdes na sua palha, e disse: Dá ao povo, para que coma.

43 Porém seu servo disse: Como hei de pôr isto diante de cem homens? E disse ele: Dá ao povo, para que coma; porque assim diz o Senhor: Comerão, e sobejará.

44 Então lhos pôs diante, e comeram e ainda sobrou, conforme a palavra do Senhor.

Profetas e Reis

Um Profeta de Paz

Ouça o áudio do capítulo:

Este capítulo é baseado em 2 Reis 4.

A obra de Eliseu como profeta foi de algum modo muito diferente da de Elias. A Elias haviam sido confiadas mensagens de condenação e juízo; sua voz era de destemida reprovação, chamando rei e povo a voltarem de seus maus caminhos. A missão de Eliseu era mais pacífica; devia desenvolver e fortalecer a obra que Elias havia iniciado; ensinar ao povo o caminho do Senhor. A inspiração pinta-o como entrando em contato pessoal com o povo; rodeado pelos filhos dos profetas; produzindo cura e júbilo por intermédio de seus milagres e seu ministério. PR 120.1

Eliseu era um homem de espírito brando e bondoso; mas que podia também ser severo é mostrado pela maldição que lançou quando, a caminho de Betel, foi escarnecido por rapazes ímpios que haviam saído da cidade. Esses rapazes tinham ouvido da ascensão de Elias, e fizeram deste solene acontecimento o assunto de seus motejos, dizendo a Eliseu: “Sobe, calvo; sobe, calvo.” Ao som de suas zombeteiras palavras o profeta voltou-se, e sob a inspiração do Todo-poderoso pronunciou uma maldição sobre eles. O terrível juízo que se seguiu foi de Deus. “Então duas ursas saíram do bosque, e despedaçaram quarenta e dois daqueles pequenos”. 2 Reis 2:23, 24. PR 120.2

Tivesse Eliseu permitido que a zombaria passasse despercebida, e teria continuado a ser ridicularizado e insultado pela turba, e sua missão para instruir e salvar em um tempo de grave perigo nacional poderia ter sido derrotada. Este único exemplo de terrível severidade foi suficiente para exigir respeito pelo resto de sua vida. Durante cinqüenta anos ele entrou e saiu pelas portas de Betel, e andou de um para outro lado em sua terra, de cidade em cidade, passando pelo meio de multidões indolentes, rudes e dissolutas de jovens; mas nenhum o injuriou ou fez caso omisso de suas qualificações como profeta do Altíssimo. PR 120.3

Até mesmo a bondade deve ter seus limites. A autoridade deve ser mantida mediante firme severidade, ou será recebida por muitos com zombaria e desdém. A assim chamada tolerância, lisonja, e indulgência, usadas para com a juventude por pais e responsáveis, é um dos piores males que lhes pode sobrevir. Em toda família, firmeza, decisão, exigências positivas, são essenciais. PR 120.4

A reverência, que faltava aos jovens que zombaram de Eliseu, é uma graça que deve ser cuidadosamente acariciada. Cada criança deve ser ensinada a mostrar verdadeira reverência para com Deus. Jamais deve o Seu nome ser pronunciado leviana ou irrefletidamente. Anjos, ao pronunciarem aquele nome, velam o rosto. Com que reverência não devemos nós, que somos caídos e pecadores, tomá-lo em nossos lábios! PR 120.5

Deve-se mostrar respeito para com os representantes de Deus — pastores, professores, pais, os quais são chamados para falarem e agirem em Seu lugar. No respeito que lhes é manifestado, Deus é honrado. PR 121.1

A cortesia, também, é uma das graças do Espírito, e deve ser cultivada por todos. Ela tem poder para abrandar as naturezas que sem ela se desenvolveriam desgraciosas e rudes. Os que professam ser seguidores de Cristo, e são ao mesmo tempo ríspidos, desamáveis e descorteses, não têm aprendido de Jesus. Sua sinceridade pode não ser passível de dúvida, sua retidão pode ser indiscutível; mas sinceridade e retidão não se harmonizam com falta de bondade e de cortesia. PR 121.2

O espírito de bondade que habilitou Eliseu a exercer uma poderosa influência sobre a vida de muitos em Israel, é revelado na história de sua fraternal relação com a família de Suném. Em seu jornadear para um e outro lado através do reino, “sucedeu também um dia que, indo Eliseu a Suném, havia ali uma mulher rica, a qual o reteve a comer pão; e sucedeu que todas as vezes que passava, ali se dirigia a comer pão”. A senhora da casa percebeu que Eliseu era “um santo homem de Deus”, e disse a seu marido: “Façamos-lhe, pois, um pequeno quarto junto ao muro, e ali lhe ponhamos uma cama, e uma mesa, e uma cadeira e um candeeiro; e há de ser que, vindo ele a nós, para ali se retirará”. 2 Reis 4:8-10. Para este retiro Eliseu muitas vezes se dirigiu, agradecido por sua quietude e paz. E Deus não Se esqueceu da bondade da mulher. Aquele tinha sido um lar sem filhos; e agora o Senhor recompensou-lhe a hospitalidade dando-lhe um filho. PR 121.3

Passaram-se os anos. A criança alcançou idade suficiente para sair aos campos com os segadores. Um dia ela foi vitimada pelo calor, “e disse a seu pai: Ai, a minha cabeça ai, a minha cabeça” O pai mandou que um moço levasse a criança a sua mãe; “e ele o tomou, e o levou a sua mãe; e esteve sobre os seus joelhos até ao meio-dia, e morreu. E subiu ela, e o deitou sobre a cama do homem de Deus, e fechou sobre ele a porta, e saiu”. 2 Reis 4:19-21. PR 121.4

Em sua aflição, a sunamita se dispôs a ir em busca do auxílio de Eliseu. O profeta estava então no Monte Carmelo; e a mulher, acompanhada por um servo, partiu imediatamente. “E sucedeu que, vendo-a o homem de Deus de longe, disse a Geazi, seu moço: Eis aí a sunamita. Agora, pois, corre-lhe ao encontro e dize-lhe: Vai bem contigo? Vai bem com teu marido? Vai bem com teu filho?” O servo fez como lhe fora ordenado, mas só depois de ter-se encontrado com Eliseu, é que a mãe amargurada revelou a causa de sua tristeza. Ouvindo de sua perda, Eliseu ordenou a Geazi: “Cinge os teus lombos, e toma o meu bordão na tua mão, e vai. Se encontrares alguém, não o saúdes, e se alguém te saudar, não lhe respondas; e põe o meu bordão sobre o rosto do menino.” PR 121.5

Mas a mãe não se satisfez enquanto Eliseu em pessoa não fosse com ela. “Vive o Senhor, e vive a tua alma, que não te hei de deixar”, declarou ela. “Então ele se levantou, e a seguiu. E Geazi passou adiante deles, e pôs o bordão sobre o rosto do menino; porém não havia nele voz nem sentido. E voltou a encontrar-se com ele, e lhe trouxe aviso, dizendo: Não despertou o menino.” PR 122.1

Quando eles alcançaram a casa, Eliseu entrou no aposento onde a criança jazia morta, “e fechou a porta sobre eles ambos, e orou ao Senhor. E subiu, e deitou-se sobre o menino, e, pondo a sua boca sobre a boca dele, e os seus olhos sobre os olhos dele, e as suas mãos sobre as mãos dele, se estendeu sobre ele; e a carne do menino aqueceu. Depois voltou, e passeou naquela casa de uma parte para a outra, e tornou a subir, e se estendeu sobre ele; então o menino espirrou sete vezes, e o menino abriu os olhos”. PR 122.2

Chamando Geazi, Eliseu lhe ordenou que chamasse a mãe do menino. “E veio a ele. E disse: Toma o teu filho. E veio ela, e se prostrou a seus pés, e se inclinou à terra; e tomou o seu filho, e saiu”. 2 Reis 4:25-37. PR 122.3

Assim foi recompensada a fé desta mulher. Cristo, o grande Doador da vida, restaurou-lhe o filho. De igual maneira os Seus fiéis serão recompensados quando, em Sua vinda, a morte perder o seu aguilhão, e à sepultura for roubada a vitória que tem pretendido. Então Ele restaurará a Seus servos os filhos que a morte lhes tomou. “Assim diz o Senhor: Uma voz se ouviu em Ramá, lamentação, choro amargo; Raquel chora seus filhos, sem admitir consolação por eles, porque já não existem. Assim diz o Senhor: Reprime a tua voz de choro, e as lágrimas dos teus olhos; porque há galardão para o teu trabalho, diz o Senhor, pois eles voltarão da terra do inimigo. E há esperança no derradeiro fim para os teus descendentes, diz o Senhor, porque teus filhos voltarão para os seus termos”. Jeremias 31:15-17. PR 122.4

Jesus conforta nossa tristeza pelos mortos com uma mensagem de infinita esperança: “Eu os remirei da violência do inferno, e os resgatarei da morte. Onde estão, ó morte, as tuas pragas? Onde está, ó inferno, a tua perdição?” Oséias 13:14. “Eu sou [...] o que vivo e fui morto, mas eis aqui, estou vivo para todo o sempre [...] e tenho as chaves da morte e do inferno”. Apocalipse 1:17, 18. “Porque o mesmo Senhor descerá do Céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor”. 1 Tessalonicenses 4:16, 17. PR 122.5

Como o Salvador da humanidade, de quem foi um tipo, Eliseu em seu ministério entre os homens, combinou o trabalho de curar com o de ensinar. Fielmente, incansavelmente, através de seu longo e eficaz labor, Eliseu esforçou-se por nutrir e fazer avançar a importante obra educacional conduzida pelas escolas dos profetas. Na providência de Deus, suas palavras de instrução aos fervorosos grupos de jovens reunidos eram confirmadas por profundas manifestações do Espírito Santo, e às vezes por outras inconfundíveis evidências de sua autoridade como servo de Jeová. PR 122.6

Foi por ocasião de uma dessas visitas à escola estabelecida em Gilgal, que ele sarou a panela envenenada. “Havia fome naquela terra; e os filhos dos profetas estavam assentados na sua presença. E disse ao seu moço: Põe a panela grande ao lume, e faze um caldo de ervas para os filhos dos profetas. Então um saiu ao campo a apanhar ervas, e achou uma parra brava, e colheu dela a sua capa cheia de coloquíntidas; e veio, e as cortou na panela do caldo, porque as não conheciam. Assim tiraram de comer para os homens. E sucedeu que, comendo eles daquele caldo, clamaram e disseram: Homem de Deus, há morte na panela. Não puderam comer. Porém ele disse: Trazei, pois, farinha. E deitou-a na panela, e disse: Tirai de comer para o povo. Então não havia mal nenhum na panela”. 2 Reis 4:38-41. PR 123.1

Em Gilgal, ainda, enquanto perdurava a penúria na terra, Eliseu alimentou cem homens com o presente a ele levado por “um homem de Baal-Salisa”, presente que constava de “pães das primícias, vinte pães de cevada, e espigas verdes na sua palha”. Havia com ele os que estavam em cruel necessidade de alimento. Quando chegou essa oferta, ele disse a seu servo: “Dá ao povo, para que coma. Porém seu servo disse: Como hei de eu pôr isto diante de cem homens? E disse ele: Dá ao povo para que coma; porque assim diz o Senhor: Comer-se-á, e sobejará. Então lhes pôs diante, e comeram, e deixaram sobejos, conforme a palavra do Senhor”. 2 Reis 4:42-44. PR 123.2

Que condescendência da parte de Cristo, operar através de Seu mensageiro esse milagre a fim de saciar a fome! Uma e outra vez a partir de então, embora nem sempre de maneira tão marcante e notável, tem o Senhor Jesus operado para suprir a necessidade humana. Se tivéssemos mais claro discernimento espiritual, reconheceríamos mais prontamente do que o temos feito o trato compassivo de Deus com os filhos dos homens. PR 123.3

É a graça de Deus sobre a pequena porção que a torna absolutamente suficiente. A mão de Deus pode multiplicá-la ao cêntuplo. De Seus recursos Ele pode estender uma mesa no deserto. Pelo toque de Sua mão Ele pode fazer avultar a minguada provisão, tornando-a suficiente para todos. Foi Seu poder que multiplicou os pães e as espigas nas mãos dos filhos dos profetas. PR 123.4

Nos dias do ministério terrestre de Cristo, quando Ele realizou um milagre semelhante na alimentação de multidões, a mesma incredulidade foi manifestada como a dos que estavam associados ao profeta do passado. “Como hei de pôr isto diante de cem homens?” disse o servo de Eliseu. E quando Jesus ordenou a Seus discípulos que dessem de comer à multidão, eles objetaram: “Não temos senão cinco pães e dois peixes; salvo se nós próprios formos comprar comida para todo este povo”. Lucas 9:13. Que é isto para tantos? PR 123.5

A lição é para os filhos de Deus em todas as eras. Quando o Senhor dá um trabalho para ser feito, não se detenham os homens a inquirir da plausibilidade da ordem ou o provável resultado de seus esforços antes de obedecer. O suprimento em suas mãos pode parecer muito aquém das necessidades a serem supridas; mas nas mãos do Senhor ele se provará mais que suficiente. O servo “lhes pôs diante, e comeram, e deixaram sobejos, conforme a palavra do Senhor”. 2 Reis 4:44. PR 124.1

Mais elevado senso das relações de Deus para com aqueles a quem Ele comprou com a dádiva de Seu Filho, maior fé no progresso de Sua causa na Terra — eis a grande necessidade da igreja hoje. Que ninguém gaste tempo em deplorar a escassez de seus recursos visíveis. As aparências podem não ser prometedoras; mas energia e confiança em Deus desenvolverão recursos. Ele multiplicará por Sua bênção a dádiva que Lhe é levada com gratidão e oração, como multiplicou o alimento dado aos filhos dos profetas e à multidão cansada. PR 124.2

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