Nas Bodas


Dia 160 - Saturday, 08 de June de 2024
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24 min

Isaías 52

Ouça o áudio do capítulo:

1 Desperta, desperta, veste-te da tua fortaleza, ó Sião; veste-te das tuas roupas formosas, ó Jerusalém, cidade santa, porque nunca mais entrará em ti nem incircunciso nem imundo.

2 Sacode-te do pó, levanta-te, e assenta-te, ó Jerusalém: solta-te das cadeias de teu pescoço, ó cativa filha de Sião.

3 Porque assim diz o Senhor: Por nada fostes vendidos; também sem dinheiro sereis resgatados.

4 Porque assim diz o Senhor DEUS: O meu povo em tempos passados desceu ao Egito, para peregrinar lá, e a Assíria sem razão o oprimiu.

5 E agora, que tenho eu que fazer aqui, diz o Senhor, pois o meu povo foi tomado sem nenhuma razão? Os que dominam sobre ele dão uivos, diz o Senhor; e o meu nome é blasfemado incessantemente o dia todo.

6 Portanto o meu povo saberá o meu nome; pois, naquele dia, saberá que sou eu mesmo o que falo: Eis-me aqui.

7 Quão formosos são, sobre os montes, os pés do que anuncia as boas novas, que faz ouvir a paz, do que anuncia o bem, que faz ouvir a salvação, do que diz a Sião: O teu Deus reina!

8 Eis a voz dos teus atalaias! Eles alçam a voz, juntamente exultam; porque olho a olho verão, quando o Senhor fizer Sião voltar.

9 Clamai cantando, exultai juntamente, desertos de Jerusalém; porque o Senhor consolou o seu povo, remiu a Jerusalém.

10 O Senhor desnudou o seu santo braço perante os olhos de todas as nações; e todos os confins da terra verão a salvação do nosso Deus.

11 Retirai-vos, retirai-vos, saí daí, não toqueis coisa imunda; saí do meio dela, purificai-vos, os que levais os vasos do Senhor.

12 Porque vós não saireis apressadamente, nem ireis fugindo; porque o Senhor irá diante de vós, e o Deus de Israel será a vossa retaguarda.

13 Eis que o meu servo procederá com prudência; será exaltado, e elevado, e mui sublime.

14 Como pasmaram muitos à vista dele, pois o seu parecer estava tão desfigurado, mais do que o de outro qualquer, e a sua figura mais do que a dos outros filhos dos homens.

15 Assim borrifará muitas nações, e os reis fecharão as suas bocas por causa dele; porque aquilo que não lhes foi anunciado verão, e aquilo que eles não ouviram entenderão.

Isaías 53

Ouça o áudio do capítulo:

1 Quem deu crédito à nossa pregação? E a quem se manifestou o braço do SENHOR?

2 Porque foi subindo como renovo perante ele, e como raiz de uma terra seca; não tinha beleza nem formosura e, olhando nós para ele, não havia boa aparência nele, para que o desejássemos.

3 Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens, homem de dores, e experimentado nos trabalhos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum.

4 Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido.

5 Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.

6 Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos.

7 Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca.

8 Da opressão e do juízo foi tirado; e quem contará o tempo da sua vida? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; pela transgressão do meu povo ele foi atingido.

9 E puseram a sua sepultura com os ímpios, e com o rico na sua morte; ainda que nunca cometeu injustiça, nem houve engano na sua boca.

10 Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando a sua alma se puser por expiação do pecado, verá a sua posteridade, prolongará os seus dias; e o bom prazer do Senhor prosperará na sua mão.

11 Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos; porque as iniqüidades deles levará sobre si.

12 Por isso lhe darei a parte de muitos, e com os poderosos repartirá ele o despojo; porquanto derramou a sua alma na morte, e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e intercedeu pelos transgressores.

João 2:1-11

Ouça o áudio do capítulo:

1 E, ao terceiro dia, fizeram-se umas bodas em Caná da Galiléia; e estava ali a mãe de Jesus.

2 E foi também convidado Jesus e os seus discípulos para as bodas.

3 E, faltando vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Não têm vinho.

4 Disse-lhe Jesus: Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora.

5 Sua mãe disse aos serventes: Fazei tudo quanto ele vos disser.

6 E estavam ali postas seis talhas de pedra, para as purificações dos judeus, e em cada uma cabiam dois ou três almudes.

7 Disse-lhes Jesus: Enchei de água essas talhas. E encheram-nas até em cima.

8 E disse-lhes: Tirai agora, e levai ao mestre-sala. E levaram.

9 E, logo que o mestre-sala provou a água feita vinho (não sabendo de onde viera, se bem que o sabiam os serventes que tinham tirado a água), chamou o mestre-sala ao esposo,

10 E disse-lhe: Todo o homem põe primeiro o vinho bom e, quando já têm bebido bem, então o inferior; mas tu guardaste até agora o bom vinho.

11 Jesus principiou assim os seus sinais em Caná da Galiléia, e manifestou a sua glória; e os seus discípulos creram nele.

O Desejado de Todas as Nações

Nas Bodas

Ouça o áudio do capítulo:

Este capítulo é baseado em João 2:1-11.

Jesus não começou Seu ministério por alguma grande obra perante o Sinédrio em Jerusalém. Numa reunião familiar, em pequenina vila galiléia, foi manifestado Seu poder para aumentar a alegria das bodas. Assim mostrou Sua simpatia para com os homens, e desejo de lhes proporcionar felicidade. Tentado, no deserto, bebera Ele próprio o cálice da aflição. Dali saíra para oferecer aos homens uma taça de graças celestiais, mediante Sua bênção que santificaria as relações da vida humana. DTN 92.1

Do Jordão, voltara Jesus à Galiléia. Devia haver um casamento em Caná, pequena vila não distante de Nazaré; os noivos eram parentes de José e Maria; e, sabedor dessa reunião de família, Jesus Se dirigiu a Caná, sendo com os discípulos convidado para a festa. DTN 92.2

Aí Se encontrou novamente com Sua mãe, de quem estivera separado por algum tempo. Maria ouvira falar na manifestação às margens do Jordão, quando do batismo dEle. As novas foram levadas a Nazaré, evocando novamente em seu espírito as cenas que por tantos anos ocultara no coração. Como todo o Israel, Maria fora profundamente comovida pela missão de João Batista. Bem se lembrava ela da profecia feita em seu nascimento. A ligação dele com Jesus, avivava-lhe novamente as esperanças. Mas também lhe haviam chegado notícias da misteriosa retirada de Jesus para o deserto, e sentia-se opressa por aflitivos pressentimentos. Desde o dia em que ouvira o anúncio do anjo, no lar de Nazaré, entesourara Maria todo sinal de que Jesus era o Messias. Sua doce e abnegada existência assegurava-lhe que Ele não podia ser outro senão o Enviado de Deus. Todavia, também lhe sobrevinham dúvidas e decepções, e ela anelara o tempo em que Sua glória se houvesse de manifestar. A morte a separara de José, que com ela partilhara do mistério do nascimento de Jesus. Não havia agora ninguém mais a quem pudesse confiar suas esperanças e temores. Os dois meses anteriores tinham sido muito dolorosos. Fora separada de Jesus, em cuja simpatia encontrava conforto; ponderava as palavras de Simeão: “Uma espada traspassará também a tua própria alma” (Lucas 2:35); recordava os três dias de angústia quando julgava Jesus para sempre perdido para ela; e era com ansiedade de coração que Lhe aguardava o regresso. DTN 92.3

Por ocasião das bodas, encontrou-O, o mesmo Filho terno e serviçal. No entanto, não era o mesmo. Seu semblante mudara. Apresentava os vestígios da luta do deserto, e uma nova expressão de dignidade e poder testificava de Sua celestial missão. Achava-Se com Ele um grupo de homens moços, cujos olhos O seguiam com reverência, e que Lhe chamavam Mestre. Esses companheiros contaram a Maria o que tinham visto e ouvido por ocasião do batismo, e em outras partes. E concluíram declarando: “Havemos achado Aquele de quem Moisés escreveu na lei, e os profetas”. João 1:45. DTN 92.4

Ao reunirem-se os convidados, muitos pareciam preocupados com algum assunto de interesse absorvente. Um contido despertar domina a assistência. Pequenos grupos conversam entre si em tom vivo mas dominado, lançando olhares indagadores para o Filho de Maria. Ao ouvir esta o testemunho dos discípulos quanto a Jesus, alegrara-se com a certeza de não haverem sido vãs suas tão longamente acariciadas esperanças. Entretanto, teria ela sido mais que humana, não se lhe houvesse misturado a essa santa alegria um traço do natural orgulho de mãe amorosa. Ao ver os muitos olhares voltados para Jesus, anelava que Ele demonstrasse aos assistentes ser realmente o Honrado de Deus. Esperava que houvesse oportunidade de Ele operar um milagre diante deles. DTN 93.1

Era costume, naqueles tempos, que as festas de casamento continuassem por vários dias. Verificou-se nessa ocasião, antes do fim da festa, haver-se esgotado a provisão de vinho. Isso causou muita perplexidade e desgosto. Era coisa fora do comum dispensar o vinho em ocasiões festivas, e a ausência do mesmo pareceria indicar falta de hospitalidade. Como parenta dos noivos, Maria ajudara nos preparativos da festa, e falou agora a Jesus, dizendo: “Não têm vinho”. Essas palavras eram uma sugestão de que Ele poderia suprir a necessidade. Mas Jesus respondeu: “Mulher, que tenho eu contigo? ainda não é chegada a Minha hora”. João 2:3, 4. DTN 93.2

Essa resposta, abrupta como nos possa parecer, não exprimia frieza nem descortesia. A maneira de o Salvador Se dirigir a Sua mãe, estava em harmonia com os costumes orientais. Era empregada para com pessoas a quem se desejava mostrar respeito. Todo ato da vida terrestre de Cristo estava em harmonia com o preceito dado por Ele próprio: “Honra a teu pai e a tua mãe”. Êxodo 20:12. Na cruz, em Seu último ato de ternura para com Sua mãe, Jesus dirigiu-Se a ela da mesma maneira, ao confiá-la ao cuidado do mais amado discípulo. Tanto na festa nupcial como ao pé da cruz, o amor expresso no tom, no olhar e na maneira, era o intérprete de Sua palavras. DTN 93.3

Em Sua visita ao templo, na infância, ao desvendar-se diante dEle o mistério de Sua obra, Cristo dissera a Maria: “Não sabeis que Me convém tratar dos negócios de Meu Pai?” Lucas 2:49. Essas palavras ferem a nota tônica de toda a Sua vida e ministério. Tudo estava subordinado a Sua obra, a grande obra de redenção para cujo cumprimento viera ao mundo. Agora, repetiu a lição. Havia risco de Maria olhar a suas relações com Jesus como lhe dando sobre Ele especial direito, bem como o de, até certo ponto, O dirigir em Sua missão. Ele lhe fora por trinta anos Filho obediente e amoroso, e Seu amor não mudara; agora, porém, Lhe cumpria tratar da obra do Pai. Como Filho do Altíssimo, e Salvador do mundo, laço algum terrestre O deve afastar de Sua missão, ou influenciar-Lhe o procedimento. Deve estar livre para fazer a vontade de Deus. Essa lição destina-se também a nós. Os direitos de Deus são superiores mesmo aos laços das relações humanas. Nenhuma atração terrestre nos deve desviar os pés da vereda que Ele nos manda trilhar. DTN 93.4

A única esperança de redenção para nossa caída raça, está em Cristo; Maria só podia encontrar salvação mediante o Cordeiro de Deus. Não possuía em si mesma nenhum mérito. Seu parentesco com Jesus não a colocava para com Ele em posição diversa, espiritualmente, da de qualquer outro ser humano. Isso se acha indicado nas palavras do Salvador. Ele torna clara a distinção entre Sua relação para com ela como Filho do homem, e Filho de Deus. O laço de parentesco entre eles não a coloca, de maneira alguma, em pé de igualdade com Ele. DTN 94.1

As palavras: “Ainda não é chegada a Minha hora”, indicam que todo ato da vida de Cristo na Terra era cumprimento do plano que existira desde os dias da eternidade. Antes de vir à Terra, o plano jazia perante Ele, perfeito em todos os seus detalhes. Ao andar entre os homens, porém, era guiado passo a passo pela vontade do Pai. Não hesitava em agir no tempo designado. Com a mesma submissão, esperava até que houvesse chegado a oportunidade. DTN 94.2

Ao dizer a Maria que Sua hora ainda não chegara, respondia Jesus ao inexpresso pensamento dela — à expectativa que, juntamente com seu povo, ela acariciara. Maria esperava que Ele Se revelasse como o Messias, e tomasse o trono de Israel. Mas o tempo não havia chegado. Não como Rei, mas como Homem de dores, e experimentado nos trabalhos, aceitara Jesus a sorte da humanidade. DTN 94.3

Mas se bem que Sua mãe não possuísse conceito exato da missão de Cristo, nEle confiava implicitamente. A essa fé correspondeu Jesus. Foi para honrar a confiança de Maria, e fortalecer a fé dos discípulos, que realizou o primeiro milagre. Os discípulos haveriam de encontrar muitas e grandes tentações para a incredulidade. Para eles, as profecias haviam tornado claro, indiscutível, que Jesus era o Messias. Esperavam que os guias religiosos O recebessem com confiança ainda maior que a deles próprios. Declararam entre o povo as maravilhosas obras de Cristo e sua própria confiança na missão dEle, mas pasmaram e sentiram-se cruelmente decepcionados pela incredulidade, o preconceito profundamente arraigado e a inimizade para com Jesus, manifestados pelos sacerdotes e rabis. Os primeiros milagres do Salvador fortaleceram os discípulos para enfrentar a oposição. DTN 94.4

Sem se desconcertar absolutamente com as palavras de Jesus, Maria disse aos que serviam à mesa: “Fazei tudo quando Ele vos disser”. João 2:5. Assim fez ela o que podia para preparar o caminho para a obra de Cristo. DTN 95.1

Ao lado da entrada estavam seis grandes talhas de pedra, e Jesus pediu aos servos que as enchessem d’água. Assim foi feito. Então, como o vinho era necessário para uso imediato, disse: “Tirai agora, e levai ao mestre-sala”. João 2:8. Em lugar da água com que haviam sido cheias as talhas, saiu vinho dali. Nem o mestre-sala nem os convidados, em geral, tinham percebido que a provisão de vinho se acabara. Provando o que os servos levaram, o mestre-sala achou-o superior a qualquer vinho que já tivesse provado, e muito diverso do que fora servido ao princípio da festa. Voltando-se para o noivo, disse: “Todo homem põe primeiro o vinho bom, e quando já têm bebido bem, então o inferior; mas tu guardaste até agora o bom vinho”. João 2:10. DTN 95.2

Como os homens servem primeiro o vinho melhor, e depois o inferior, assim faz o mundo com seus dons. O que ele oferece pode agradar aos olhos e fascinar os sentido, mas se demonstra incapaz de satisfazer. O vinho se transforma em amargura, o espírito folgazão em tristeza. Aquilo que começara com cânticos e alegria, termina em fadiga e desgosto. Os dons de Cristo, porém, são sempre novos e sãos. A bênção que provêm não deixa nunca de proporcionar satisfação e alegria. Cada nova dádiva aumenta a capacidade do que a recebe para apreciar e fruir as maravilhas do Senhor. Ele dá por graça. Não pode haver falta na provisão. Se permaneceis nEle, o fato de receberdes hoje um rico dom, garante a recepção amanhã, de um mais precioso ainda. As palavras de Cristo a Natanael exprimem a lei do trato de Deus com os filhos da fé. Com cada nova revelação de Seu amor, declara Ele ao coração que a recebe: “Crês? coisas maiores do que estas verás”. João 1:50. DTN 95.3

O dom de Cristo à festa nupcial, era um símbolo. A água representa o batismo em Sua morte; o vinho, o derramamento de Seu sangue pelos pecados do mundo. A água para encher as talhas foi levada por mãos humanas, mas unicamente a palavra de Cristo podia comunicar-lhe a virtude doadora de vida. O mesmo quanto aos ritos que indicam a morte do Salvador. Unicamente pelo poder de Cristo, operando pela fé, é que têm eficácia para nutrir a espiritualidade. DTN 95.4

A palavra de Cristo forneceu ampla provisão para a festa. Da mesma maneira abundante é a provisão de Sua graça para apagar as iniqüidades dos homens, e renovar e suster a alma. DTN 95.5

Na primeira festa a que assistiu com os discípulos, Jesus lhes deu o cálice que simbolizava Sua obra pela salvação deles. Na última ceia, tornou a dá-lo, na instituição do sagrado rito pelo qual Sua morte deve ser anunciada “até que venha”. 1 Coríntios 11:26. E a tristeza dos discípulos ao separar-se de seu Senhor, foi confortada com a promessa da reunião, pois Ele disse: “Desde agora, não beberei deste fruto da vide até aquele dia em que o beba de novo convosco no reino de Meu Pai”. Mateus 26:29. DTN 95.6

O vinho provido por Cristo para a festa, e o que Ele deu aos discípulos como símbolo de Seu próprio sangue, era o puro suco de uva. A esse se refere o profeta Isaías quando fala do novo vinho “num cacho”, e diz: “Não o desperdices, pois há bênção nele”. Isaías 65:8. DTN 96.1

Fora Cristo que, no Antigo Testamento, dera aviso a Israel: “O vinho é escarnecedor e a bebida forte alvoroçadora; e todo aquele que neles errar nunca será sábio”. Provérbios 20:1. Ele nunca proveu tal bebida. Satanás tenta os homens à condescendência com apetites que lhes obscurecem a razão e entorpecem as percepções espirituais, mas Cristo nos ensina a subjugar a natureza inferior. Toda a Sua vida foi um exemplo de abnegação. Para vencer o poder do apetite, sofreu em nosso favor a mais dura prova que a humanidade poderia suportar. Foi Cristo que deu instruções para que João Batista não bebesse vinho nem bebida forte. Fora Ele que dera a mesma prescrição à mulher de Manoá. E proferiu uma maldição sobre o homem que chegasse a taça aos lábios do próximo. Cristo não contradiz Seus próprios ensinos. O vinho não fermentado que proveu para os seus convidados das bodas, era uma bebida sã e refrigerante. Seu efeito havia de pôr o gosto em harmonia com um apetite sadio. DTN 96.2

Como os convidados, na festa, notassem a qualidade do vinho, fizeram-se indagações que levaram os servos a narrar o milagre. Os convivas ficaram, por algum tempo, demasiado surpreendidos para pensar nAquele que realizara a maravilhosa obra. Quando afinal O procuraram, verificou-se que Se retirara tão quieto, que nem os próprios discípulos haviam percebido. DTN 96.3

A atenção dos presentes voltou-se então para os discípulos. Tiveram pela primeira vez a oportunidade de reconhecer-lhes a fé em Jesus. Contaram eles o que tinham visto e ouvido no Jordão, e acendeu-se em muitos corações a esperança de haver Deus despertado um libertador para Seu povo. As novas do milagre espalharam-se por toda aquela região, e foram levadas a Jerusalém. Com novo interesse, examinaram os sacerdotes e anciãos as profecias que indicavam a vinda de Cristo. Havia ansioso desejo de saber a missão desse novo mestre, que, de maneira tão despretensiosa, aparecia entre o povo. DTN 96.4

O ministério de Cristo contrastava com o dos anciãos judeus. O cuidado deles, quanto à tradição e ao formalismo, destruíra toda verdadeira liberdade de pensamento e ação. Viviam em contínuo medo de contaminação. Para evitar contato com o “imundo”, mantinham-se separados, não só dos gentios, mas da maior parte de seu próprio povo, não procurando beneficiá-lo, nem ganhar-lhe a amizade. Por considerar sempre essas coisas, haviam impedido o desenvolvimento do próprio espírito e estreitado a esfera de sua existência. Seu exemplo animava o egoísmo e a intolerância em todas as classes do povo. DTN 96.5

Jesus começou Sua obra de reforma, pondo-Se em íntima simpatia com a humanidade. Ao passo que mostrava a maior reverência para com a lei de Deus, censurava a pretensa piedade dos fariseus, e tentava libertar o povo dos regulamentos absurdos que o acorrentavam. Procurava derribar as barreiras que separavam as diversas classes sociais, a fim de unir os homens como filhos de uma só família. Sua presença nas bodas visava um passo na efetuação desse desígnio. DTN 97.1

Deus dera a João Batista instruções para habitar no deserto, a fim de protegê-lo contra a influência dos sacerdotes e rabis, e prepará-lo para uma missão especial. A austeridade e isolamento de sua vida, porém, não eram um exemplo para o povo. O próprio João não ordenara a seus ouvintes que abandonassem seus anteriores deveres. Pediu-lhes que dessem demonstração de arrependimento pela fidelidade a Deus, no lugar em que Ele os chamara. DTN 97.2

Jesus reprovava a condescendência própria em todas as suas formas, todavia era de natureza sociável. Aceitava a hospitalidade de todas as classes, visitando a casa de ricos e pobres, instruídos e ignorantes, procurando elevar-lhes os pensamentos das coisas comuns da vida, para as espirituais e eternas. Não consentia com o desperdício, e nem uma sombra de mundana leviandade Lhe manchou a conduta; todavia, achava prazer em cenas de inocente felicidade, e sancionava, com Sua presença, as reuniões sociais. Um casamento judaico era ocasião impressionante, e sua alegria não desagradava ao Filho do homem. Assistindo a essa festa, honrou Jesus o casamento como instituição divina. DTN 97.3

Tanto no Antigo como no Novo Testamento, as relações conjugais são empregadas para representar a terna e sagrada união que existe entre Cristo e Seu povo. Ao espírito de Jesus, a alegria das bodas apontava ao regozijo daquele dia em que levará Sua esposa para o lar do Pai, e os remidos juntamente com o Redentor se assentarão para a ceia das bodas do Cordeiro. Diz Ele: “Como o noivo se alegra da noiva, assim Se alegrará de ti o Teu Deus.” “Nunca mais te chamarão desamparada [...] mas chamar-te-ão: O Meu prazer está nela; [...] porque o Senhor Se agrada de ti”. Isaías 62:5, 4. “Ele Se deleitará em ti com alegria; calar-Se-á por Seu amor, regozijar-Se-á em ti com júbilo”. Sofonias 3:17. Ao ser concedida ao apóstolo João uma visão das coisas celestiais, escreveu ele: “E ouvi como que a voz de uma grande multidão, e como que a voz de muitas águas, e como que a voz de grandes trovões, que dizia: Aleluia: pois já o Senhor Deus todo-poderoso reina. Regozijemos, e alegremo-nos, e demos-Lhe glória; porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já a Sua esposa se aprontou.” “Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro”. Apocalipse 19:6, 7, 9. DTN 97.4

Jesus via em cada ser humano alguém a quem devia ser feito o chamado para Seu reino. Aproximava-Se do coração do povo, misturando-Se com ele como alguém que lhe desejava o bem-estar. Procurava-o nas ruas públicas, nas casas particulares, nos barcos, na sinagoga, às margens do lago e nas festas nupciais. Ia-lhe ao encontro em suas ocupações diárias, e manifestava interesse em seus negócios seculares. Levava Suas instruções às famílias, pondo-as assim, no próprio lar, sob a influência de Sua divina presença. A poderosa simpatia pessoal que dEle emanava, conquistava os corações. Retirava-Se muitas vezes para as montanhas, a fim de orar a sós, mas isso era um preparo para Seu labor entre os homens, na vida ativa. Desses períodos volvia para aliviar o enfermo, instruir o ignorante, e quebrar as cadeias aos cativos de Satanás. DTN 97.5

Jesus preparava os discípulos pelo contato pessoal e a associação. Ensinava-os, às vezes, sentado entre eles na encosta da montanha; outras, às margens do lago, ou caminhando em sua companhia, revelava-lhes os mistérios do reino de Deus. Não pregava, como fazem os homens hoje em dia. Sempre que os corações se achassem abertos para receber a divina mensagem, desdobrava as verdades do caminho da salvação. Não ordenava a Seus discípulos que fizessem isso ou aquilo, mas dizia: “Segue-Me”. Nas jornadas através de campos e cidades, levava-os consigo, para que vissem como ensinava o povo. Vinculava-lhes os interesses aos Seus próprios, e eles se Lhe uniam na obra. DTN 98.1

O exemplo de Cristo de ligar-Se aos interesses da humanidade deve ser seguido por todos quantos pregam Sua palavra, e todos quantos receberam o evangelho de Sua graça. Não devemos renunciar à comunhão social. Não nos devemos retirar dos outros. A fim de atingir todas as classes, precisamos ir ter com elas. Raramente nos virão procurar de moto próprio. Não somente do púlpito é tocado o coração dos homens pela verdade divina. Outro campo de labor existe, mais humilde, talvez, mas igualmente prometedor. Encontra-se no lar do humilde, e na mansão do grande; na mesa hospitaleira, e em reuniões de inocente entretenimento. DTN 98.2

Como discípulos de Cristo, não nos misturemos com o mundo por mero gosto do prazer, para unir-nos a eles na tolice. Tais associações só podem trazer prejuízo. Nunca devemos sancionar o pecado por nossas palavras, ou ações, nosso silêncio ou nossa presença. Aonde quer que formos, devemos levar conosco Jesus, e revelar a outros que precioso é nosso Salvador. Os que buscam esconder sua religião, porém, ocultando-a dentro de muros de pedra, perdem valiosas oportunidades de fazer bem. Por meio das relações sociais, o cristianismo se põe em contato com o mundo. Todo o que recebeu divina iluminação, deve lançar luz sobre o caminho dos que não conhecem a Luz da vida. DTN 98.3

Todos nos devemos tornar testemunhas de Jesus. O poder social, santificado pela graça de Cristo, deve ser aperfeiçoado em atrair pessoas para o Salvador. Demos a conhecer ao mundo que não nos achamos absorvidos egoistamente em nossos próprios interesses, mas desejamos que os outros participem das bênçãos e privilégios que gozamos. Mostremos-lhes que nossa religião não nos torna faltos de simpatia nem exigentes. Que todos quantos professam haver encontrado a Cristo, sirvam, como Ele fez, ao bem dos homens. DTN 98.4

Nunca deveríamos dar ao mundo a falsa impressão de que os cristãos são uma gente triste, descontente. Se nossos olhos estiverem fixos em Jesus, veremos um compassivo Redentor, e havemos de receber luz de Seu semblante. Onde quer que reine o Seu Espírito, aí habita paz. E haverá alegria também, pois há uma calma e santa confiança em Deus. DTN 99.1

Cristo Se compraz em Seus seguidores, quando mostram que, embora humanos, compartilham da natureza divina. Não são estátuas, mas homens e mulheres animados. Seu coração, refrigerado pela graça divina, abre-se e expande-se ao Sol da Justiça. A luz que sobre eles incide, refletem-na sobre outros em obras iluminadas pelo amor de Cristo. DTN 99.2

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