Achamos o Messias
- Isaías 50 e 51
- João 1
Isaías 50
Ouça o áudio do capítulo:
1 Assim diz o SENHOR: Onde está a carta de divórcio de vossa mãe, pela qual eu a repudiei? Ou quem é o meu credor a quem eu vos tenha vendido? Eis que por vossas maldades fostes vendidos, e por vossas transgressões vossa mãe foi repudiada.
2 Por que razão vim eu, e ninguém apareceu? Chamei, e ninguém respondeu? Porventura tanto se encolheu a minha mão, que já não possa remir? Ou não há mais força em mim para livrar? Eis que com a minha repreensão faço secar o mar, torno os rios em deserto, até que cheirem mal os seus peixes, porquanto não têm água e morrem de sede.
3 Eu visto os céus de negridão, pôr-lhes-ei um saco para a sua cobertura.
4 O Senhor DEUS me deu uma língua erudita, para que eu saiba dizer a seu tempo uma boa palavra ao que está cansado. Ele desperta-me todas as manhãs, desperta-me o ouvido para que ouça, como aqueles que aprendem.
5 O Senhor DEUS me abriu os ouvidos, e eu não fui rebelde; não me retirei para trás.
6 As minhas costas ofereci aos que me feriam, e a minha face aos que me arrancavam os cabelos; não escondi a minha face dos que me afrontavam e me cuspiam.
7 Porque o Senhor DEUS me ajuda, assim não me confundo; por isso pus o meu rosto como um seixo, porque sei que não serei envergonhado.
8 Perto está o que me justifica; quem contenderá comigo? Compareçamos juntamente; quem é meu adversário? Chegue-se para mim.
9 Eis que o Senhor DEUS me ajuda; quem há que me condene? Eis que todos eles como roupas se envelhecerão, e a traça os comerá.
10 Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do seu servo? Quando andar em trevas, e não tiver luz nenhuma, confie no nome do Senhor, e firme-se sobre o seu Deus.
11 Eis que todos vós, que acendeis fogo, e vos cingis com faíscas, andai entre as labaredas do vosso fogo, e entre as faíscas, que acendestes. Isto vos sobrevirá da minha mão, e em tormentos jazereis.
Isaías 51
Ouça o áudio do capítulo:
1 Ouvi-me, vós os que seguis a justiça, os que buscais ao SENHOR. Olhai para a rocha de onde fostes cortados, e para a caverna do poço de onde fostes cavados.
2 Olhai para Abraão, vosso pai, e para Sara, que vos deu à luz; porque, sendo ele só, o chamei, e o abençoei e o multipliquei.
3 Porque o Senhor consolará a Sião; consolará a todos os seus lugares assolados, e fará o seu deserto como o Éden, e a sua solidão como o jardim do Senhor; gozo e alegria se achará nela, ação de graças, e voz de melodia.
4 Atendei-me, povo meu, e nação minha, inclinai os ouvidos para mim; porque de mim sairá a lei, e o meu juízo farei repousar para a luz dos povos.
5 Perto está a minha justiça, vem saindo a minha salvação, e os meus braços julgarão os povos; as ilhas me aguardarão, e no meu braço esperarão.
6 Levantai os vossos olhos para os céus, e olhai para a terra em baixo, porque os céus desaparecerão como a fumaça, e a terra se envelhecerá como roupa, e os seus moradores morrerão semelhantemente; porém a minha salvação durará para sempre, e a minha justiça não será abolida.
7 Ouvi-me, vós que conheceis a justiça, povo em cujo coração está a minha lei; não temais o opróbrio dos homens, nem vos turbeis pelas suas injúrias.
8 Porque a traça os roerá como a roupa, e o bicho os comerá como a lã; mas a minha justiça durará para sempre, e a minha salvação de geração em geração.
9 Desperta, desperta, veste-te de força, ó braço do Senhor; desperta como nos dias passados, como nas gerações antigas. Não és tu aquele que cortou em pedaços a Raabe, o que feriu ao chacal?
10 Não és tu aquele que secou o mar, as águas do grande abismo? O que fez o caminho no fundo do mar, para que passassem os remidos?
11 Assim voltarão os resgatados do Senhor, e virão a Sião com júbilo, e perpétua alegria haverá sobre as suas cabeças; gozo e alegria alcançarão, a tristeza e o gemido fugirão.
12 Eu, eu sou aquele que vos consola; quem, pois, és tu para que temas o homem que é mortal, ou o filho do homem, que se tornará em erva?
13 E te esqueces do Senhor que te criou, que estendeu os céus, e fundou a terra, e temes continuamente todo o dia o furor do angustiador, quando se prepara para destruir; pois onde está o furor do que te atribulava?
14 O exilado cativo depressa será solto, e não morrerá na caverna, e o seu pão não lhe faltará.
15 Porque eu sou o Senhor teu Deus, que agito o mar, de modo que bramem as suas ondas. O Senhor dos Exércitos é o seu nome.
16 E ponho as minhas palavras na tua boca, e te cubro com a sombra da minha mão; para plantar os céus, e para fundar a terra, e para dizer a Sião: Tu és o meu povo.
17 Desperta, desperta, levanta-te, ó Jerusalém, que bebeste da mão do Senhor o cálice do seu furor; bebeste e sorveste os sedimentos do cálice do atordoamento.
18 De todos os filhos que ela teve, nenhum há que a guie mansamente; e de todos os filhos que criou, nenhum há que a tome pela mão.
19 Estas duas coisas te aconteceram; quem terá compaixão de ti? A assolação, e o quebrantamento, e a fome, e a espada! Por quem te consolarei?
20 Os teus filhos já desmaiaram, jazem nas entradas de todos os caminhos, como o antílope na rede; cheios estão do furor do Senhor e da repreensão do teu Deus.
21 Portanto agora ouve isto, ó aflita, e embriagada, mas não de vinho.
22 Assim diz o teu Senhor o Senhor, e o teu Deus, que pleiteará a causa do seu povo: Eis que eu tomo da tua mão o cálice do atordoamento, os sedimentos do cálice do meu furor, nunca mais dele beberás.
23 Porém, pô-lo-ei nas mãos dos que te entristeceram, que disseram à tua alma: Abaixa-te, e passaremos sobre ti; e tu puseste as tuas costas como chão, e como caminho, aos viandantes.
João 1
Ouça o áudio do capítulo:
1 No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
2 Ele estava no princípio com Deus.
3 Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.
4 Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.
5 E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.
6 Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João.
7 Este veio para testemunho, para que testificasse da luz, para que todos cressem por ele.
8 Não era ele a luz, mas para que testificasse da luz.
9 Ali estava a luz verdadeira, que ilumina a todo o homem que vem ao mundo.
10 Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu.
11 Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.
12 Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome;
13 Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.
14 E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.
15 João testificou dele, e clamou, dizendo: Este era aquele de quem eu dizia: O que vem após mim é antes de mim, porque foi primeiro do que eu.
16 E todos nós recebemos também da sua plenitude, e graça por graça.
17 Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo.
18 Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou.
19 E este é o testemunho de João, quando os judeus mandaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para que lhe perguntassem: Quem és tu?
20 E confessou, e não negou; confessou: Eu não sou o Cristo.
21 E perguntaram-lhe: Então quê? És tu Elias? E disse: Não sou. És tu profeta? E respondeu: Não.
22 Disseram-lhe pois: Quem és? para que demos resposta àqueles que nos enviaram; que dizes de ti mesmo?
23 Disse: Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías.
24 E os que tinham sido enviados eram dos fariseus.
25 E perguntaram-lhe, e disseram-lhe: Por que batizas, pois, se tu não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta?
26 João respondeu-lhes, dizendo: Eu batizo com água; mas no meio devós está um a quem vós não conheceis.
27 Este é aquele que vem após mim, que é antes de mim, do qual eu não sou digno de desatar a correia da alparca.
28 Estas coisas aconteceram em Betabara, do outro lado do Jordão, onde João estava batizando.
29 No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.
30 Este é aquele do qual eu disse: Após mim vem um homem que é antes de mim, porque foi primeiro do que eu.
31 E eu não o conhecia; mas, para que ele fosse manifestado a Israel, vim eu, por isso, batizando com água.
32 E João testificou, dizendo: Eu vi o Espírito descer do céu como pomba, e repousar sobre ele.
33 E eu não o conhecia, mas o que me mandou a batizar com água, esse me disse: Sobre aquele que vires descer o Espírito, e sobre ele repousar, esse é o que batiza com o Espírito Santo.
34 E eu vi, e tenho testificado que este é o Filho de Deus.
35 No dia seguinte João estava outra vez ali, e dois dos seus discípulos;
36 E, vendo passar a Jesus, disse: Eis aqui o Cordeiro de Deus.
37 E os dois discípulos ouviram-no dizer isto, e seguiram a Jesus.
38 E Jesus, voltando-se e vendo que eles o seguiam, disse-lhes: Que buscais? E eles disseram: Rabi (que, traduzido, quer dizer Mestre), onde moras?
39 Ele lhes disse: Vinde, e vede. Foram, e viram onde morava, e ficaram com ele aquele dia; e era já quase a hora décima.
40 Era André, irmão de Simão Pedro, um dos dois que ouviram aquilo de João, e o haviam seguido.
41 Este achou primeiro a seu irmão Simão, e disse-lhe: Achamos o Messias (que, traduzido, é o Cristo).
42 E levou-o a Jesus. E, olhando Jesus para ele, disse: Tu és Simão, filho de Jonas; tu serás chamado Cefas (que quer dizer Pedro).
43 No dia seguinte quis Jesus ir à Galiléia, e achou a Filipe, e disse-lhe: Segue-me.
44 E Filipe era de Betsaida, cidade de André e de Pedro.
45 Filipe achou Natanael, e disse-lhe: Havemos achado aquele de quem Moisés escreveu na lei, e os profetas: Jesus de Nazaré, filho de José.
46 Disse-lhe Natanael: Pode vir alguma coisa boa de Nazaré? Disse-lhe Filipe: Vem, e vê.
47 Jesus viu Natanael vir ter com ele, e disse dele: Eis aqui um verdadeiro israelita, em quem não há dolo.
48 Disse-lhe Natanael: De onde me conheces tu? Jesus respondeu, e disse-lhe: Antes que Filipe te chamasse, te vi eu, estando tu debaixo da figueira.
49 Natanael respondeu, e disse-lhe: Rabi, tu és o Filho de Deus; tu és o Rei de Israel.
50 Jesus respondeu, e disse-lhe: Porque te disse: Vi-te debaixo da figueira, crês? Coisas maiores do que estas verás.
51 E disse-lhe: Na verdade, na verdade vos digo que daqui em diante vereis o céu aberto, e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem.
O Desejado de Todas as Nações
Achamos o Messias
Ouça o áudio do capítulo:
Este capítulo é baseado em João 1:19-51.
João 1:19-51
19 E este é o testemunho de João, quando os judeus mandaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para que lhe perguntassem: Quem és tu?
20 E confessou, e não negou; confessou: Eu não sou o Cristo.
21 E perguntaram-lhe: Então quê? És tu Elias? E disse: Não sou. És tu profeta? E respondeu: Não.
22 Disseram-lhe pois: Quem és? para que demos resposta àqueles que nos enviaram; que dizes de ti mesmo?
23 Disse: Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías.
24 E os que tinham sido enviados eram dos fariseus.
25 E perguntaram-lhe, e disseram-lhe: Por que batizas, pois, se tu não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta?
26 João respondeu-lhes, dizendo: Eu batizo com água; mas no meio devós está um a quem vós não conheceis.
27 Este é aquele que vem após mim, que é antes de mim, do qual eu não sou digno de desatar a correia da alparca.
28 Estas coisas aconteceram em Betabara, do outro lado do Jordão, onde João estava batizando.
29 No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.
30 Este é aquele do qual eu disse: Após mim vem um homem que é antes de mim, porque foi primeiro do que eu.
31 E eu não o conhecia; mas, para que ele fosse manifestado a Israel, vim eu, por isso, batizando com água.
32 E João testificou, dizendo: Eu vi o Espírito descer do céu como pomba, e repousar sobre ele.
33 E eu não o conhecia, mas o que me mandou a batizar com água, esse me disse: Sobre aquele que vires descer o Espírito, e sobre ele repousar, esse é o que batiza com o Espírito Santo.
34 E eu vi, e tenho testificado que este é o Filho de Deus.
35 No dia seguinte João estava outra vez ali, e dois dos seus discípulos;
36 E, vendo passar a Jesus, disse: Eis aqui o Cordeiro de Deus.
37 E os dois discípulos ouviram-no dizer isto, e seguiram a Jesus.
38 E Jesus, voltando-se e vendo que eles o seguiam, disse-lhes: Que buscais? E eles disseram: Rabi (que, traduzido, quer dizer Mestre), onde moras?
39 Ele lhes disse: Vinde, e vede. Foram, e viram onde morava, e ficaram com ele aquele dia; e era já quase a hora décima.
40 Era André, irmão de Simão Pedro, um dos dois que ouviram aquilo de João, e o haviam seguido.
41 Este achou primeiro a seu irmão Simão, e disse-lhe: Achamos o Messias (que, traduzido, é o Cristo).
42 E levou-o a Jesus. E, olhando Jesus para ele, disse: Tu és Simão, filho de Jonas; tu serás chamado Cefas (que quer dizer Pedro).
43 No dia seguinte quis Jesus ir à Galiléia, e achou a Filipe, e disse-lhe: Segue-me.
44 E Filipe era de Betsaida, cidade de André e de Pedro.
45 Filipe achou Natanael, e disse-lhe: Havemos achado aquele de quem Moisés escreveu na lei, e os profetas: Jesus de Nazaré, filho de José.
46 Disse-lhe Natanael: Pode vir alguma coisa boa de Nazaré? Disse-lhe Filipe: Vem, e vê.
47 Jesus viu Natanael vir ter com ele, e disse dele: Eis aqui um verdadeiro israelita, em quem não há dolo.
48 Disse-lhe Natanael: De onde me conheces tu? Jesus respondeu, e disse-lhe: Antes que Filipe te chamasse, te vi eu, estando tu debaixo da figueira.
49 Natanael respondeu, e disse-lhe: Rabi, tu és o Filho de Deus; tu és o Rei de Israel.
50 Jesus respondeu, e disse-lhe: Porque te disse: Vi-te debaixo da figueira, crês? Coisas maiores do que estas verás.
51 E disse-lhe: Na verdade, na verdade vos digo que daqui em diante vereis o céu aberto, e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem.
João Batista estava agora pregando e batizando em Betábara, além do Jordão. Não longe desse lugar detivera Deus o curso do rio até que Israel houvesse passado. A pouca distância dali fora derribada a fortaleza de Jericó pelos exércitos celestiais. A memória desses acontecimentos foi por esse tempo reavivada, comunicando vivo interesse à mensagem do Batista. Aquele que operara tão maravilhosamente nos séculos passados, não manifestaria novamente Seu poder em prol da libertação de Israel? Tal era o pensamento que agitava o coração dos que se aglomeravam diariamente às margens do Jordão. DTN 83.1
A pregação de João exercera tão profunda influência sobre o povo, que chamara a atenção das autoridades religiosas. O perigo de uma insurreição fez com que todo ajuntamento popular fosse considerado com suspeita por parte dos romanos, e tudo que indicasse um levante do povo despertava os temores dos governadores judeus. João não reconhecera a autoridade do Sinédrio em buscar a sanção do mesmo para sua obra; e reprovava príncipes e povo, fariseus e saduceus semelhantemente. No entanto, o povo o seguia ardorosamente. O interesse em sua obra parecia aumentar de contínuo. Conquanto João não condescendesse com eles, o Sinédrio considerava que, como mestre público, se achava sob sua jurisdição. DTN 83.2
Essa organização era constituída de membros escolhidos dentre o sacerdócio, e dos principais e doutores da nação. O sumo sacerdote era em geral o presidente. Todos os seus membros deviam ser homens avançados em anos, se bem que não velhos; homens de saber, não somente versados na religião e história hebraicas, mas em conhecimentos gerais. Deviam ser isentos de defeito físico, casados, e pais, a fim de serem mais aptos que outros a ser humanos e compreensivos. Reuniam-se num aposento ligado ao templo de Jerusalém. Nos tempos da independência dos judeus, o Sinédrio era o supremo tribunal da nação, possuindo autoridade secular, da mesma maneira que eclesiástica. Conquanto agora subordinado aos governadores romanos, exercia ainda forte influência, tanto em assuntos civis como religiosos. DTN 83.3
O Sinédrio não podia razoavelmente adiar uma investigação na obra do Batista. Havia alguns que se recordavam da revelação feita a Zacarias no templo e da profecia do pai, que indicava ser a criança o precursor do Messias. Em meio dos tumultos e mudanças de trinta anos, essas coisas haviam sido em grande parte esquecidas. Eram agora relembradas pelo despertar em torno do ministério de João Batista. DTN 83.4
Passara-se muito tempo desde que Israel tivera um profeta, desde que se testemunhara uma reforma como a que se operava agora. A exigência quanto à confissão do pecado parecia nova e assustadora. Muitos dentre os guias não iam ouvir os apelos e censuras de João, não viessem a ser levados a revelar os segredos da própria vida. Todavia, a pregação dele era um positivo anúncio do Messias. Era bem conhecido que as setenta semanas da profecia de Daniel, abrangendo a vinda do Messias, se achavam quase no fim; e todos estavam ansiosos por partilhar daquela era de glória nacional, então esperada. Tal era o entusiasmo popular, que o Sinédrio seria em breve forçado a rejeitar, ou a sancionar a obra de João. A influência deles sobre o povo já decrescia. Estava-se tornando uma questão séria, a maneira por que manteriam sua posição. Na esperança de chegar a qualquer resultado, enviaram ao Jordão uma delegação de sacerdotes e levitas, a fim de conferenciarem com o novo mestre. DTN 84.1
Ao aproximarem-se os delegados, estava reunida uma multidão, ouvindo-lhe a palavra. Com ar de autoridade destinado a impressionar o povo e inspirar a deferência do profeta, chegaram os altivos rabis. Com um movimento de respeito, quase de temor, a multidão abriu passagem. No orgulho da posição e do poder, os grandes homens, com ricas vestimentas, postaram-se perante o profeta no deserto. DTN 84.2
“Quem és tu?” indagaram. DTN 84.3
Sabendo o pensamento deles, João respondeu: “Eu não sou o Cristo”. DTN 84.4
“Então quê? És tu Elias?” DTN 84.5
“Não sou”. DTN 84.6
“És tu profeta?” DTN 84.7
“Não”. DTN 84.8
“Quem és? para que demos resposta àqueles que nos enviaram; que dizes tu de ti mesmo?” DTN 84.9
“Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías”. João 1:19-23. DTN 84.10
João 1:19-23
19 E este é o testemunho de João, quando os judeus mandaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para que lhe perguntassem: Quem és tu?
20 E confessou, e não negou; confessou: Eu não sou o Cristo.
21 E perguntaram-lhe: Então quê? És tu Elias? E disse: Não sou. És tu profeta? E respondeu: Não.
22 Disseram-lhe pois: Quem és? para que demos resposta àqueles que nos enviaram; que dizes de ti mesmo?
23 Disse: Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías.
A escritura a que João se referiu é aquela bela profecia de Isaías: “Consolai, consolai o Meu povo, diz o vosso Deus. Falai benignamente a Jerusalém, e bradai-lhe que já a sua malícia é acabada, que a sua iniqüidade está expiada. [...] Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor: endireitai no ermo vereda a nosso Deus. Todo vale será exaltado, e todo monte e todo outeiro serão abatidos: e o que está torcido se endireitará, e o que é áspero se aplainará. E a glória do Senhor se manifestará, e toda carne juntamente verá”. Isaías 40:1-5. DTN 84.11
Isaías 40:1-5
1 Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus.
2 Falai benignamente a Jerusalém, e bradai-lhe que já a sua milícia é acabada, que a sua iniqüidade está expiada e que já recebeu em dobro da mão do Senhor, por todos os seus pecados.
3 Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai no ermo vereda a nosso Deus.
4 Todo o vale será exaltado, e todo o monte e todo o outeiro será abatido; e o que é torcido se endireitará, e o que é áspero se aplainará.
5 E a glória do Senhor se manifestará, e toda a carne juntamente a verá, pois a boca do Senhor o disse.
Antigamente, quando um rei jornadeava pelas partes menos freqüentadas de seu domínio, um grupo de homens era enviado à frente do carro real, para aplainar os lugares acidentados, encher as depressões, a fim de o rei poder viajar com segurança, e sem obstáculos. Esse costume é empregado pelo profeta para ilustrar a obra do evangelho. “Todo vale será exaltado, e todo o monte e todo outeiro serão abatidos”. Isaías 40:4. Quando o Espírito de Deus, com Seu maravilhoso poder vivificante, toca o coração, abate o orgulho humano. Prazeres, posições e poder mundanos aparecem como sem valor. “Os conselhos e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus” (2 Coríntios 10:5) são derribados; todo pensamento é levado cativo “à obediência de Cristo”. Então, a humildade e o abnegado amor, tão pouco apreciados entre os homens, são exaltados como as únicas coisas de valor. Esta é a obra do evangelho, do qual a de João era uma parte. DTN 84.12
Isaías 40:4
4 Todo o vale será exaltado, e todo o monte e todo o outeiro será abatido; e o que é torcido se endireitará, e o que é áspero se aplainará.
2 Coríntios 10:5
5 Destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo;
Os rabis continuaram suas interrogações: “Por que batizas pois, se tu não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta?” João 1:25. As palavras “o profeta” referiam-se a Moisés. Os judeus inclinavam-se a crer que Moisés ressuscitaria, e seria levado para o Céu. Não sabiam que já fora ressuscitado. Quando o Batista começara o ministério, muitos pensaram que talvez fosse o profeta Moisés, ressuscitado; pois parecia possuir inteiro conhecimento das profecias e da história de Israel. DTN 85.1
João 1:25
25 E perguntaram-lhe, e disseram-lhe: Por que batizas, pois, se tu não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta?
Acreditava-se também que, antes da vinda do Messias, Elias apareceria pessoalmente. Essa esperança enfrentou João em sua negativa; suas palavras tinham, porém, mais profundo sentido. Jesus disse posteriormente, referindo-Se a João: “Se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir”. Mateus 11:14. João veio no espírito e poder de Elias, para fazer uma obra idêntica à daquele profeta. Houvessem-no recebido os judeus, e ela teria sido realizada em favor deles. Mas não lhe receberam a mensagem. Para eles João não foi Elias. Não podia realizar em seu benefício a missão que viera cumprir. DTN 85.2
Mateus 11:14
14 E, se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir.
Muitos dos que se achavam reunidos no Jordão, haviam estado presentes quando do batismo de Jesus; o sinal dado, porém, não fora manifesto senão a poucos dentre eles. Durante os precedentes meses do ministério do Batista, muitos se tinham recusado a atender ao chamado ao arrependimento. Haviam assim endurecido o coração e entenebrecido o entendimento. Quando o Céu deu testemunho de Jesus, no Seu batismo, não o perceberam. Os olhos que nunca se haviam volvido com fé para Aquele que é invisível, não contemplaram a revelação da glória de Deus; os ouvidos que lhe tinham escutado a voz, não ouviram as palavras de testemunho. O mesmo se dá agora. Freqüentemente a presença de Cristo e dos anjos ministradores se manifesta nas assembléias do povo e, no entanto, muitos há que o não sabem. Nada percebem de extraordinário. A alguns, porém, é revelada a presença do Salvador. Paz e alegria lhes animam o coração. São confortados, animados, abençoados. DTN 85.3
Os emissários de Jerusalém haviam perguntado a João: “Por que batizas?” (João 1:25) e esperavam a resposta. Subitamente, ao percorrer seu olhar a multidão, arderam-se-lhe os olhos, a fisionomia iluminou-se, o ser inteiro foi-lhe agitado de profunda emoção. Estendendo a mão, exclamou: “Eu batizo com água; mas no meio de vós está Alguém a quem vós não conheceis. Este é Aquele que vem após mim, que foi antes de mim, do qual eu não sou digno de desatar a correia da alparca”. João 1:26, 27. DTN 85.4
João 1:25
25 E perguntaram-lhe, e disseram-lhe: Por que batizas, pois, se tu não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta?
João 1:26, 27
26 João respondeu-lhes, dizendo: Eu batizo com água; mas no meio devós está um a quem vós não conheceis.
27 Este é aquele que vem após mim, que é antes de mim, do qual eu não sou digno de desatar a correia da alparca.
Era positiva e inequívoca a mensagem a ser levada de volta ao Sinédrio. As palavras de João não se podiam aplicar a nenhum outro senão ao longamente Prometido. O Messias Se achava entre eles! Sacerdotes e principais olharam em torno, com assombro, na esperança de descobrir Aquele de quem João falara. Ele, porém, não era distinguível entre a multidão. DTN 86.1
Quando, por ocasião do batismo de Jesus, João O designara como o Cordeiro de Deus, nova luz foi projetada sobre a obra do Messias. O espírito do profeta foi dirigido às palavras de Isaías: “Como um cordeiro foi levado ao matadouro”. Isaías 53:7. Durante as semanas seguintes, João estudou, com novo interesse, as profecias e os ensinos quanto ao serviço sacrifical. Não distinguia claramente os dois aspectos da obra de Cristo — como vítima sofredora e vitorioso Rei — mas viu que Sua vinda tinha significação mais profunda do que lhe haviam percebido os sacerdotes ou o povo. Ao ver Cristo entre a multidão, de volta do deserto, esperou confiantemente que Ele desse ao povo um sinal de Seu verdadeiro caráter. Aguardava quase com impaciência ouvir o Salvador declarar Sua missão; no entanto nenhuma palavra foi proferida, não foi dado nenhum sinal. Jesus não correspondeu ao anúncio do Batista a Seu respeito, mas misturou-Se com os discípulos de João, não dando nenhum testemunho visível de Sua obra especial, nem tomando nenhuma providência para Se fazer notado. DTN 86.2
Isaías 53:7
7 Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca.
No dia seguinte, João viu Jesus, que para ele Se dirigia. Com a glória de Deus a repousar sobre ele, João estende a mão, declarando: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Este é Aquele do qual eu disse: Após mim vem um Varão que foi antes de mim;... e eu não O conhecia; mas, para que fosse manifestado a Israel, vim eu, por isso, batizando com água. [...] Vi o Espírito descer do céu como uma pomba, e repousar sobre Ele. E eu não O conhecia, mas O que me mandou a batizar com água, Esse me disse: Sobre Aquele que vires descer o Espírito, e sobre Ele repousar, Esse é O que batiza com o Espírito Santo. E eu vi, e tenho testificado que Este é o Filho de Deus”. João 1:29-34. DTN 86.3
João 1:29-34
29 No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.
30 Este é aquele do qual eu disse: Após mim vem um homem que é antes de mim, porque foi primeiro do que eu.
31 E eu não o conhecia; mas, para que ele fosse manifestado a Israel, vim eu, por isso, batizando com água.
32 E João testificou, dizendo: Eu vi o Espírito descer do céu como pomba, e repousar sobre ele.
33 E eu não o conhecia, mas o que me mandou a batizar com água, esse me disse: Sobre aquele que vires descer o Espírito, e sobre ele repousar, esse é o que batiza com o Espírito Santo.
34 E eu vi, e tenho testificado que este é o Filho de Deus.
Era esse o Cristo? Com respeito e curiosidade olhou o povo Àquele de quem se acabava de declarar ser o Filho de Deus. Haviam sido profundamente comovidos pelas palavras de João. Ele lhes falara em nome de Deus. Tinham-no escutado dia a dia, ao reprovar-lhes os pecados, e de dia para dia neles se fortalecera a convicção de ser ele enviado pelo Céu. Mas quem era Esse, maior que João Batista? Não havia em Seu trajar coisa alguma que indicasse posição. Era, na aparência, um personagem simples, vestido, como eles, nos humildes trajes dos pobres. DTN 86.4
Havia entre a multidão alguns que, por ocasião do batismo de Cristo, tinham testemunhado a glória divina, e ouvido a voz de Deus. Desde então, porém, mudara grandemente a aparência do Salvador. Em Seu batismo, tinham-Lhe visto o semblante transfigurado à luz do Céu; agora, pálido, esgotado, emagrecido, ninguém O reconhecera senão o profeta João. DTN 87.1
Ao olhar o povo para Ele, no entanto, viram uma fisionomia em que se uniam a divina compaixão e o poder consciente. Toda a expressão do olhar, todo traço do semblante, assinalava-se pela humildade, e exprimia indizível amor. Parecia circundado duma atmosfera de influência espiritual. Ao passo que Suas maneiras eram suaves e despretensiosas, imprimia nos homens um sentimento de poder que, embora oculto, não podia inteiramente velar. Era esse Aquele por quem Israel tão longamente esperava? DTN 87.2
Jesus veio em pobreza e humildade, para que pudesse ser nosso exemplo, ao mesmo tempo que nosso Redentor. Houvesse aparecido com pompa real, e como poderia ter ensinado a humildade? como poderia haver apresentado tão incisivas verdades como as do sermão da montanha? Onde estaria a esperança dos humildes da vida, houvesse Jesus vindo habitar como rei entre os homens? DTN 87.3
Para a multidão, no entanto, parecia impossível que Aquele que era designado por João Se pudesse relacionar com suas elevadas antecipações. Assim, muitos ficaram decepcionados e grandemente perplexos. DTN 87.4
As palavras que os sacerdotes e rabis tanto desejavam ouvir, de que Jesus havia de restaurar então o reino a Israel, não foram proferidas. Por um rei assim haviam eles esperado ansiosamente; tal rei estavam prontos a receber. Mas um que buscasse estabelecer-lhes no coração um reino de justiça e paz, não aceitariam. DTN 87.5
No dia seguinte, enquanto dois discípulos estavam ao seu lado, João viu novamente Jesus entre o povo. O rosto do profeta iluminou-se outra vez com a glória do Invisível, ao exclamar: “Eis aqui o Cordeiro de Deus”. Estas palavras fizeram pulsar o coração dos discípulos. Não as compreenderam plenamente. Que significaria o nome que João Lhe dera — “o Cordeiro de Deus”? O próprio João não as explicara. DTN 87.6
Deixando João, foram em busca de Jesus. Um deles era André, o irmão de Simão; o outro, João evangelista. Foram estes os primeiros discípulos de Jesus. Movidos de irresistível impulso, seguiram a Jesus — ansiosos de falar-Lhe, todavia respeitosos e em silêncio, abismados na assombrosa significação da idéia: “É esse o Messias?” DTN 87.7
Jesus sabia que os discípulos O estavam seguindo. Eram as primícias de Seu ministério, e o coração do divino Mestre alegrou-se ao corresponderem essas pessoas a Sua graça. No entanto, voltando-Se, perguntou apenas: “Que buscais?” João 1:38. Queria deixá-los em liberdade de voltar atrás, ou de falar de seus desejos. DTN 87.8
João 1:38
38 E Jesus, voltando-se e vendo que eles o seguiam, disse-lhes: Que buscais? E eles disseram: Rabi (que, traduzido, quer dizer Mestre), onde moras?
De um único desígnio tinham eles consciência. Uma só era a presença que lhes enchia o pensamento. Exclamaram: “Rabi, onde moras?” João 1:38. Numa breve entrevista à beira do caminho, não podiam receber aquilo por que ansiavam. Desejavam estar a sós com Jesus, sentar-se-Lhe aos pés e ouvir-Lhe as palavras. Ele lhes disse: “Vinde, e vede. Foram, e viram onde morava, e ficaram com Ele aquele dia”. João 1:39. DTN 88.1
João 1:38
38 E Jesus, voltando-se e vendo que eles o seguiam, disse-lhes: Que buscais? E eles disseram: Rabi (que, traduzido, quer dizer Mestre), onde moras?
João 1:39
39 Ele lhes disse: Vinde, e vede. Foram, e viram onde morava, e ficaram com ele aquele dia; e era já quase a hora décima.
Houvessem João e André possuído o incrédulo espírito dos sacerdotes e principais, e não se teriam encontrado como discípulos aos pés de Jesus. Teriam dEle se aproximado como críticos, para Lhe julgar as palavras. Muitos cerram assim a porta às mais preciosas oportunidades. Assim não fizeram esses primeiros discípulos. Haviam atendido ao chamado do Espírito Santo na pregação de João Batista. Então reconheceram a voz do Mestre celestial. As palavras de Jesus foram para eles cheias de novidade, verdade e beleza. Divina luz foi projetada sobre o ensino das Escrituras do Antigo Testamento. Os complexos temas da verdade apareceram sob nova luz. DTN 88.2
É contrição, fé e amor que habilitam a mente a receber sabedoria do Céu. Fé que opera por amor é a chave do conhecimento, e todo que ama “conhece a Deus”. 1 João 4:7. DTN 88.3
1 João 4:7
7 Amados, amemo-nos uns aos outros; porque o amor é de Deus; e qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus.
O discípulo João era homem de fervorosa e profunda afeição, ardente, se bem que contemplativo. Começara a discernir a glória de Cristo — não a pompa mundana e o poder que fora ensinado a esperar, mas “a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade”. João 1:14. Absorveu-se na contemplação do assombroso tema. DTN 88.4
João 1:14
14 E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.
André buscou comunicar o júbilo que lhe enchia o coração. Indo à procura de Simão, seu irmão, exclamou: “Achamos o Messias”. João 1:41. Simão não esperou segundo convite. Também ele ouvira a pregação de João Batista, e apressou-se em ir ter com o Salvador. Os olhos de Jesus pousaram nele, lendo-lhe o caráter e a história. Sua natureza impulsiva, o coração amorável e compassivo, a ambição e confiança próprias, a história de sua queda e arrependimento, seus labores e a morte de mártir — o Salvador leu tudo, e disse: “Tu és Simão, filho de Jonas; tu serás chamado Cefas (quer quer dizer Pedro). “No dia seguinte quis Jesus ir à Galiléia, e achou a Filipe, e disse-lhe: Segue-Me”. João 1:42, 43. Filipe obedeceu à ordem, tornando-se também, desde logo, obreiro de Cristo. DTN 88.5
João 1:41
41 Este achou primeiro a seu irmão Simão, e disse-lhe: Achamos o Messias (que, traduzido, é o Cristo).
João 1:42, 43
42 E levou-o a Jesus. E, olhando Jesus para ele, disse: Tu és Simão, filho de Jonas; tu serás chamado Cefas (que quer dizer Pedro).
43 No dia seguinte quis Jesus ir à Galiléia, e achou a Filipe, e disse-lhe: Segue-me.
Filipe chamou a Natanael. Este se encontrava entre a multidão quando o Batista designara Jesus como o Cordeiro de Deus. Ao olhar Natanael para Jesus, ficou decepcionado. Poderia esse homem que apresentava os vestígios da labuta e da pobreza, ser o Messias? Entretanto, não se podia decidir a rejeitar a Jesus; pois a mensagem do Batista lhe infundira convicção. DTN 88.6
Ao tempo em que Filipe o chamou, Natanael se havia retirado para um bosque sossegado, a fim de meditar sobre o anúncio de João, e as profecias concernentes ao Messias. Orou para que se Aquele que João anunciara fosse o libertador, isso lhe fosse dado a conhecer, e o Espírito Santo repousou sobre ele com a certeza de que Deus visitara Seu povo, levantando-lhes um poder salvador. Filipe sabia que seu amigo estava examinando as profecias, e enquanto Natanael orava sob uma figueira, descobriu-lhe o retiro. Muitas vezes haviam orado juntos nesse isolado lugar, ocultos pela folhagem. DTN 88.7
A mensagem: “Havemos achado Aquele de quem Moisés escreveu na lei, e os profetas”, pareceu a Natanael uma resposta direta a sua oração. Mas Filipe tinha ainda fé vacilante. Acrescentou, duvidoso: “Jesus de Nazaré, filho de José”. João 1:45. Novamente surgiu o preconceito no coração de Natanael. Exclamou: “Pode vir alguma coisa boa de Nazaré?” João 1:46. DTN 89.1
João 1:45
45 Filipe achou Natanael, e disse-lhe: Havemos achado aquele de quem Moisés escreveu na lei, e os profetas: Jesus de Nazaré, filho de José.
João 1:46
46 Disse-lhe Natanael: Pode vir alguma coisa boa de Nazaré? Disse-lhe Filipe: Vem, e vê.
Filipe não entrou em discussão. Disse: “Vem, e vê. Jesus viu Natanael vir ter com Ele, e disse dele: Eis aqui um verdadeiro israelita, em quem não há dolo”! João 1:46, 47. Surpreendido, exclamou Natanael: “De onde me conheces Tu? Jesus respondeu, e disse: Antes que Filipe te chamasse, te vi Eu, estando tu debaixo da figueira”. João 1:48. DTN 89.2
João 1:46, 47
46 Disse-lhe Natanael: Pode vir alguma coisa boa de Nazaré? Disse-lhe Filipe: Vem, e vê.
47 Jesus viu Natanael vir ter com ele, e disse dele: Eis aqui um verdadeiro israelita, em quem não há dolo.
João 1:48
48 Disse-lhe Natanael: De onde me conheces tu? Jesus respondeu, e disse-lhe: Antes que Filipe te chamasse, te vi eu, estando tu debaixo da figueira.
Foi suficiente. O divino Espírito que dera testemunho a Natanael em sua solitária oração sob a figueira, falou-lhe agora nas palavras de Jesus. Conquanto em dúvida, e de algum modo cedendo ao preconceito, Natanael fora ter com Cristo, possuído do sincero anelo de conhecer a verdade, e agora seu desejo foi satisfeito. Sua fé foi além da daquele que o levara a Jesus. Respondeu: “Rabi, Tu és o Filho de Deus, Tu és o Rei de Israel”. João 1:49. DTN 89.3
João 1:49
49 Natanael respondeu, e disse-lhe: Rabi, tu és o Filho de Deus; tu és o Rei de Israel.
Se Natanael houvesse confiado na direção dos rabis, nunca haveria encontrado a Jesus. Foi vendo e julgando por si mesmo, que se tornou discípulo. Assim acontece no caso de muitos hoje em dia, a quem o preconceito impede de aceitar o bem. Quão diverso seria o resultado, viessem eles e vissem! DTN 89.4
Enquanto confiar na guia da autoridade humana, ninguém chegará a um salvador conhecimento da verdade. Como Natanael, necessitamos estudar por nós mesmos a Palavra de Deus, e orar pela iluminação do Espírito Santo. Aquele que viu Natanael debaixo da figueira, ver-nos-á no lugar secreto da oração. Anjos do mundo da luz acham-se ao pé daqueles que, em humildade, buscam a guia divina. DTN 89.5
Com a vocação de João, André e Simão, Filipe e Natanael, começou o fundamento da igreja cristã. João dirigiu dois de seus discípulos a Cristo. Então, um deles, André, achou a seu irmão, e chamou-o para o Salvador. Foi logo chamado Filipe, e este foi em busca de Natanael. Esses exemplos nos devem ensinar a importância do esforço pessoal, de fazer apelos diretos a nossos parentes, amigos e vizinhos. Existem pessoas que, durante uma existência, têm professado estar relacionadas com Cristo, e todavia nunca fizeram um esforço pessoal para levar uma pessoa sequer ao Salvador. Deixam todo o trabalho ao ministro. Este pode ser apto para sua vocação, mas não lhe é possível fazer aquilo que Deus deixou aos membros da igreja. DTN 89.6
Muitos há que necessitam do serviço de amoráveis corações cristãos. Têm-se imergido na ruína muitos que poderiam ter sido salvos, houvessem seus vizinhos, homens e mulheres comuns, se esforçado em benefício deles. Muitos há à espera de que alguém se lhes dirija pessoalmente. Na própria família, na vizinhança, na cidade em que residimos, há trabalho para fazermos como missionários de Cristo. Se somos cristãos, essa obra será nosso deleite. Mal está uma pessoa convertida, nasce dentro dela o desejo de tornar conhecido a outros que precioso amigo encontrou em Jesus. A salvadora e santificadora verdade não lhe pode ficar fechada no coração. DTN 90.1
Todos quantos se consagram a Deus, podem ser portadores de luz. Deus os torna instrumentos Seus para comunicar a outros as riquezas de Sua graça. Sua promessa é: “E a elas, e aos lugares ao redor do Meu outeiro, Eu porei por bênção; e farei descer a chuva a seu tempo; chuvas de bênçãos serão”. Ezequiel 34:26. DTN 90.2
Ezequiel 34:26
26 E delas e dos lugares ao redor do meu outeiro, farei uma bênção; e farei descer a chuva a seu tempo; chuvas de bênção serão.
Filipe disse a Natanael: “Vem, e vê”. João 1:46. Não lhe pediu que aceitasse outro testemunho, mas que fosse a Cristo por si mesmo. Agora, que Jesus subiu ao Céu, Seus discípulos são Seus representantes entre os homens, e um dos meios mais eficazes de conquistar almas para Ele, é exemplificar-Lhe o caráter na vida diária. Nossa influência sobre outros não depende tanto do que dizemos, mas do que somos. Os homens podem combater ou desafiar a nossa lógica, podem resistir a nossos apelos; mas a vida de amor desinteressado é um argumento que não pode ser contradito. A vida coerente, caracterizada pela mansidão de Cristo, é uma força no mundo. DTN 90.3
João 1:46
46 Disse-lhe Natanael: Pode vir alguma coisa boa de Nazaré? Disse-lhe Filipe: Vem, e vê.
O ensino de Cristo era o resultado de firme convicção e experiência, e os que dEle aprendem se tornam mestres de uma ordem divina. A Palavra de Deus falada por uma pessoa santificada por ela, tem poder comunicador de vida, que a torna atrativa aos que a escutam, convencendo-os de que é uma divina realidade. Quando alguém recebeu a verdade em amor, isso se tornará manifesto na persuasão de suas maneiras e nos tons de sua voz. Torna conhecido o que ele próprio ouviu, viu e manuseou da palavra da vida, a fim de outros poderem partilhar com ele mediante o conhecimento de Cristo. Seu testemunho, de lábios tocados com a brasa viva do altar, é verdade para o coração apto a receber, e opera a santificação do caráter. DTN 90.4
E aquele que procura comunicar luz aos outros, será ele próprio abençoado. “Chuvas de bênçãos serão.” “O que regar também será regado”. Provérbios 11:25. Deus poderia haver realizado Seu desígnio de salvar pecadores sem o nosso auxílio; mas a fim de desenvolvermos caráter semelhante ao de Cristo, é-nos preciso partilhar de Sua obra. A fim de participar da alegria dEle — a alegria de ver pessoas redimidas por Seu sacrifício — devemos tomar parte em Seus labores para redenção delas. DTN 90.5
Provérbios 11:25
25 A alma generosa prosperará e aquele que atende também será atendido.
A primeira expressão de fé da parte de Natanael, soou como música aos ouvidos de Jesus. E Ele “respondeu, e disse-lhe: Porque te disse: Vi-te debaixo da figueira, crês? coisas maiores do que estas verás”. O Salvador antecipava com alegria Sua obra de pregar boas-novas aos mansos, restaurar os contritos de coração e proclamar liberdade aos cativos de Satanás. Ao pensamento das preciosas bênçãos que trouxera aos homens, Jesus acrescentou: “Na verdade, na verdade vos digo que daqui em diante vereis o céu aberto, e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem”. João 1:50, 51. DTN 91.1
João 1:50, 51
50 Jesus respondeu, e disse-lhe: Porque te disse: Vi-te debaixo da figueira, crês? Coisas maiores do que estas verás.
51 E disse-lhe: Na verdade, na verdade vos digo que daqui em diante vereis o céu aberto, e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem.
Com isso, Cristo virtualmente diz: nas margens do Jordão os céus se abriram, e o Espírito desceu como pomba sobre Mim. Aquela cena não era senão um testemunho de que Eu sou o Filho de Deus. Se crerdes em Mim como tal, vossa fé será vivificada. Vereis que os céus se acham abertos, e nunca se hão de fechar. Eu os abri a vós. Os anjos de Deus estão subindo, levando as orações dos necessitados e aflitos ao Pai em cima, e descendo, trazendo bênçãos e esperança, ânimo, auxílio e vida aos filhos dos homens. DTN 91.2
Os anjos de Deus estão sempre indo da Terra ao Céu e do Céu à Terra. Os milagres de Cristo pelos aflitos e sofredores, foram operados pelo poder de Deus através do ministério dos anjos. E é por meio de Cristo, pelo ministério de Seus mensageiros celestiais, que toda bênção nos advém de Deus. Tomando sobre Si a humanidade, nosso Salvador une Seus interesses aos dos caídos filhos de Adão, ao passo que mediante Sua divindade, lança mão do trono de Deus. E assim Cristo é o mediador da comunicação dos homens com Deus, e de Deus com os homens. DTN 91.3