Eli e Seus Filhos


Dia 65 - Tuesday, 05 de March de 2024
Marcar como lido
24 min

Rute 3

Ouça o áudio do capítulo:

1 E disse-lhe Noemi, sua sogra: Minha filha, não hei de buscar descanso, para que fiques bem?

2 Ora, pois, não é Boaz, com cujas moças estiveste, de nossa parentela? Eis que esta noite padejará a cevada na eira.

3 Lava-te, pois, e unge-te, e veste os teus vestidos, e desce à eira; porém não te dês a conhecer ao homem, até que tenha acabado de comer e beber.

4 E há de ser que, quando ele se deitar, notarás o lugar em que se deitar; então entrarás, e descobrir-lhe-ás os pés, e te deitarás, e ele te fará saber o que deves fazer.

5 E ela lhe disse: Tudo quanto me disseres, farei.

6 Então foi para a eira, e fez conforme a tudo quanto sua sogra lhe tinha ordenado.

7 Havendo, pois, Boaz comido e bebido, e estando já o seu coração alegre, veio deitar-se ao pé de um monte de grãos; então veio ela de mansinho, e lhe descobriu os pés, e se deitou.

8 E sucedeu que, pela meia-noite, o homem estremeceu, e se voltou; e eis que uma mulher jazia a seus pés.

9 E disse ele: Quem és tu? E ela disse: Sou Rute, tua serva; estende pois tua capa sobre a tua serva, porque tu és o remidor.

10 E disse ele: Bendita sejas tu do Senhor, minha filha; melhor fizeste esta tua última benevolência do que a primeira, pois após nenhum dos jovens foste, quer pobre quer rico.

11 Agora, pois, minha filha, não temas; tudo quanto disseste te farei, pois toda a cidade do meu povo sabe que és mulher virtuosa.

12 Porém agora é verdade que eu sou remidor, mas ainda outro remidor há mais chegado do que eu.

13 Fica-te aqui esta noite, e será que, pela manhã, se ele te redimir, bem está, que te redima; porém, se não quiser te redimir, vive o Senhor, que eu te redimirei. Deita-te aqui até amanhã.

14 Ficou-se, pois, deitada a seus pés até pela manhã, e levantou-se antes que pudesse um conhecer o outro, porquanto ele disse: Não se saiba que alguma mulher veio à eira.

15 Disse mais: Dá-me a capa que tens sobre ti, e segura-a. E ela a segurou; e ele mediu seis medidas de cevada, e lhas pôs em cima; então foi para a cidade.

16 E foi à sua sogra, que lhe disse: Como foi, minha filha? E ela lhe contou tudo quanto aquele homem lhe fizera.

17 Disse mais: Estas seis medidas de cevada me deu, porque me disse: Não vás vazia à tua sogra.

18 Então disse ela: Espera, minha filha, até que saibas como irá o caso, porque aquele homem não descansará até que conclua hoje este negócio.

Rute 4

Ouça o áudio do capítulo:

1 E Boaz subiu à porta, e assentou-se ali; e eis que o remidor de que Boaz tinha falado ia passando, e disse-lhe: Ó fulano, vem cá, assenta-te aqui. E desviou-se para ali, e assentou-se.

2 Então tomou dez homens dos anciãos da cidade, e disse: Assentai-vos aqui. E assentaram-se.

3 Então disse ao remidor: Aquela parte da terra que foi de Elimeleque, nosso irmão, Noemi, que tornou da terra dos moabitas, está vendendo.

4 E eu resolvi informar-te disso e dizer-te: Compra-a diante dos habitantes, e diante dos anciãos do meu povo; se a hás de redimir, redime-a, e se não a houveres de redimir, declara-mo, para que o saiba, pois outro não há senão tu que a redima, e eu depois de ti. Então disse ele: Eu a redimirei.

5 Disse porém Boaz: No dia em que comprares a terra da mão de Noemi, também a comprarás da mão de Rute, a moabita, mulher do falecido, para suscitar o nome do falecido sobre a sua herança.

6 Então disse o remidor: Para mim não a poderei redimir, para que não prejudique a minha herança; toma para ti o meu direito de remissão, porque eu não a poderei redimir.

7 Havia, pois, já de muito tempo este costume em Israel, quanto a remissão e permuta, para confirmar todo o negócio; o homem descalçava o sapato e o dava ao seu próximo; e isto era por testemunho em Israel.

8 Disse, pois, o remidor a Boaz: Toma-a para ti. E descalçou o sapato.

9 Então Boaz disse aos anciãos e a todo o povo: Sois hoje testemunhas de que tomei tudo quanto foi de Elimeleque, e de Quiliom, e de Malom, da mão de Noemi,

10 E de que também tomo por mulher a Rute, a moabita, que foi mulher de Malom, para suscitar o nome do falecido sobre a sua herança, para que o nome do falecido não seja desarraigado dentre seus irmãos e da porta do seu lugar; disto sois hoje testemunhas.

11 E todo o povo que estava na porta, e os anciãos, disseram: Somos testemunhas; o Senhor faça a esta mulher, que entra na tua casa, como a Raquel e como a Lia, que ambas edificaram a casa de Israel; e porta-te valorosamente em Efrata, e faze-te nome afamado em Belém.

12 E seja a tua casa como a casa de Perez (que Tamar deu à luz a Judá), pela descendência que o Senhor te der desta moça.

13 Assim tomou Boaz a Rute, e ela lhe foi por mulher; e ele a possuiu, e o Senhor lhe fez conceber, e deu à luz um filho.

14 Então as mulheres disseram a Noemi: Bendito seja o Senhor, que não deixou hoje de te dar remidor, e seja o seu nome afamado em Israel.

15 Ele te será por restaurador da alma, e nutrirá a tua velhice, pois tua nora, que te ama, o deu à luz, e ela te é melhor do que sete filhos.

16 E Noemi tomou o filho, e o pôs no seu colo, e foi sua ama.

17 E as vizinhas lhe deram um nome, dizendo: A Noemi nasceu um filho. E deram-lhe o nome de Obede. Este é o pai de Jessé, pai de Davi.

18 Estas são, pois, as gerações de Perez: Perez gerou a Hezrom,

19 E Hezrom gerou a Rão, e Rão gerou a Aminadabe,

20 E Aminadabe gerou a Naassom, e Naassom gerou a Salmom,

21 E Salmom gerou a Boaz, e Boaz gerou a Obede,

22 E Obede gerou a Jessé, e Jessé gerou a Davi.

1 Samuel 2

Ouça o áudio do capítulo:

1 Então orou Ana, e disse: O meu coração exulta ao SENHOR, o meu poder está exaltado no SENHOR; a minha boca se dilatou sobre os meus inimigos, porquanto me alegro na tua salvação.

2 Não há santo como o Senhor; porque não há outro fora de ti; e rocha nenhuma há como o nosso Deus.

3 Não multipliqueis palavras de altivez, nem saiam coisas arrogantes da vossa boca; porque o Senhor é o Deus de conhecimento, e por ele são as obras pesadas na balança.

4 O arco dos fortes foi quebrado, e os que tropeçavam foram cingidos de força.

5 Os fartos se alugaram por pão, e cessaram os famintos; até a estéril deu à luz sete filhos, e a que tinha muitos filhos enfraqueceu.

6 O Senhor é o que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz tornar a subir dela.

7 O Senhor empobrece e enriquece; abaixa e também exalta.

8 Levanta o pobre do pó, e desde o monturo exalta o necessitado, para o fazer assentar entre os príncipes, para o fazer herdar o trono de glória; porque do Senhor são os alicerces da terra, e assentou sobre eles o mundo.

9 Os pés dos seus santos guardará, porém os ímpios ficarão mudos nas trevas; porque o homem não prevalecerá pela força.

10 Os que contendem com o Senhor serão quebrantados, desde os céus trovejará sobre eles; o Senhor julgará as extremidades da terra; e dará força ao seu rei, e exaltará o poder do seu ungido.

11 Então Elcana foi a Ramá, à sua casa; porém o menino ficou servindo ao Senhor, perante o sacerdote Eli.

12 Eram, porém, os filhos de Eli filhos de Belial; não conheciam ao Senhor.

13 Porquanto o costume daqueles sacerdotes com o povo era que, oferecendo alguém algum sacrifício, estando-se cozendo a carne, vinha o moço do sacerdote, com um garfo de três dentes em sua mão;

14 E enfiava-o na caldeira, ou na panela, ou no caldeirão, ou na marmita; e tudo quanto o garfo tirava, o sacerdote tomava para si; assim faziam a todo o Israel que ia ali a Siló.

15 Também antes de queimarem a gordura vinha o moço do sacerdote, e dizia ao homem que sacrificava: Dá essa carne para assar ao sacerdote; porque não receberá de ti carne cozida, mas crua.

16 E, dizendo-lhe o homem: Queime-se primeiro a gordura de hoje, e depois toma para ti quanto desejar a tua alma, então ele lhe dizia: Não, agora a hás de dar, e, se não, por força a tomarei.

17 Era, pois, muito grande o pecado destes moços perante o Senhor, porquanto os homens desprezavam a oferta do Senhor.

18 Porém Samuel ministrava perante o Senhor, sendo ainda jovem, vestido com um éfode de linho.

19 E sua mãe lhe fazia uma túnica pequena, e de ano em ano lha trazia, quando com seu marido subia para oferecer o sacrifício anual.

20 E Eli abençoava a Elcana e a sua mulher, e dizia: O Senhor te dê descendência desta mulher, pela petição que fez ao Senhor. E voltavam para o seu lugar.

21 Visitou, pois, o Senhor a Ana, que concebeu, e deu à luz três filhos e duas filhas; e o jovem Samuel crescia diante do Senhor.

22 Era, porém, Eli já muito velho, e ouvia tudo quanto seus filhos faziam a todo o Israel, e de como se deitavam com as mulheres que em bandos se ajuntavam à porta da tenda da congregação.

23 E disse-lhes: Por que fazeis tais coisas? Pois ouço de todo este povo os vossos malefícios.

24 Não, filhos meus, porque não é boa esta fama que ouço; fazeis transgredir o povo do Senhor.

25 Pecando homem contra homem, os juízes o julgarão; pecando, porém, o homem contra o Senhor, quem rogará por ele? Mas não ouviram a voz de seu pai, porque o Senhor os queria matar.

26 E o jovem Samuel ia crescendo, e fazia-se agradável, assim para com o Senhor, como também para com os homens.

27 E veio um homem de Deus a Eli, e disse-lhe: Assim diz o Senhor: Não me manifestei, na verdade, à casa de teu pai, estando eles ainda no Egito, na casa de Faraó?

28 E eu o escolhi dentre todas as tribos de Israel por sacerdote, para oferecer sobre o meu altar, para acender o incenso, e para trazer o éfode perante mim; e dei à casa de teu pai todas as ofertas queimadas dos filhos de Israel.

29 Por que pisastes o meu sacrifício e a minha oferta de alimentos, que ordenei na minha morada, e honras a teus filhos mais do que a mim, para vos engordardes do principal de todas as ofertas do meu povo de Israel?

30 Portanto, diz o Senhor Deus de Israel: Na verdade tinha falado eu que a tua casa e a casa de teu pai andariam diante de mim perpetuamente; porém agora diz o Senhor: Longe de mim tal coisa, porque aos que me honram honrarei, porém os que me desprezam serão desprezados.

31 Eis que vêm dias em que cortarei o teu braço e o braço da casa de teu pai, para que não haja mais ancião algum em tua casa.

32 E verás o aperto da morada de Deus, em lugar de todo o bem que houvera de fazer a Israel; nem haverá por todos os dias ancião algum em tua casa.

33 O homem, porém, a quem eu não desarraigar do meu altar será para te consumir os olhos e para te entristecer a alma; e toda a multidão da tua casa morrerá quando chegar à idade varonil.

34 E isto te será por sinal, a saber: o que acontecerá a teus dois filhos, a Hofni e a Finéias; ambos morrerão no mesmo dia.

35 E eu suscitarei para mim um sacerdote fiel, que procederá segundo o meu coração e a minha alma, e eu lhe edificarei uma casa firme, e andará sempre diante do meu ungido.

36 E será que todo aquele que restar da tua casa virá a inclinar-se diante dele por uma moeda de prata e por um bocado de pão, e dirá: Rogo-te que me admitas a algum ministério sacerdotal, para que possa comer um pedaço de pão.

Patriarcas e Profetas

Eli e Seus Filhos

Ouça o áudio do capítulo:

Este capítulo é baseado em 1 Samuel 2:12-36.

Eli era sacerdote e juiz em Israel. Ocupava as posições mais elevadas e de maior responsabilidade que havia entre o povo de Deus. Como homem divinamente escolhido para os sagrados deveres do sacerdócio, e posto no país como a autoridade judiciária mais elevada, era ele olhado como um exemplo, e exercia grande influência sobre as tribos de Israel. Mas, embora tivesse sido designado para governar o povo, não governava a sua própria casa. Eli era um pai transigente. Amando a paz e a comodidade, não exercia a sua autoridade para corrigir os maus hábitos e paixões de seus filhos. Em vez de contender com eles ou castigá-los, submetia-se à sua vontade e os deixava seguir seu próprio caminho. Em vez de considerar a educação de seus filhos como uma das mais importantes de suas responsabilidades, tratou desta questão como se fosse de pequena relevância. O sacerdote e juiz de Israel não foi deixado em trevas quanto ao dever de restringir e governar os filhos que Deus dera aos seus cuidados. Mas Eli recuou deste dever, porque o mesmo implicava contrariar a vontade de seus filhos, e tornaria necessário puni-los e repudiá-los. Sem pesar as terríveis conseqüências que se seguiriam à sua conduta, condescendeu com seus filhos no que quer que desejassem, e negligenciou a obra de os habilitar para o serviço de Deus e para os deveres da vida. PP 423.1

De Abraão disse Deus: “Eu o tenho conhecido, que ele há de ordenar a seus filhos e a sua casa depois dele, para que guardem o caminho do Senhor, para obrarem com justiça e juízo”. Gênesis 18:19. Eli, porém, permitiu que seus filhos o governassem. O pai se tornou sujeito aos seus filhos. A maldição da transgressão foi visível nas corrupções e males que assinalaram a conduta de seus filhos. Estes não tinham a devida apreciação do caráter de Deus nem da santidade de Sua lei. Para eles o Seu serviço era uma coisa comum. Desde a infância se haviam acostumado ao santuário e aos seus serviços; mas em vez de se tornarem mais reverentes perderam toda a intuição da santidade e significação do mesmo. O pai não lhes corrigira a falta de reverência para com a sua autoridade; não impedira ao desrespeito deles pelos serviços solenes do santuário; e, quando chegaram à maioridade, estavam cheios dos frutos mortíferos do ceticismo e da rebelião. PP 423.2

Se bem que totalmente incapazes para o ofício, foram postos como sacerdotes no santuário para ministrarem perante Deus. O Senhor dera as instruções mais específicas com relação à oferta de sacrifícios; mas estes homens ímpios levaram ao serviço de Deus o seu desrespeito à autoridade, e não deram atenção à lei das ofertas, que deveriam ser feitas da maneira mais solene. Os sacrifícios, que apontavam à morte de Cristo, no futuro, estavam destinados a conservar no coração do povo a fé no Redentor vindouro; daí o ser da máxima importância que as determinações do Senhor com relação aos mesmos fossem estritamente atendidas. As ofertas pacíficas eram especialmente uma expressão de ações de graças a Deus. Nestas ofertas apenas a gordura devia ser queimada no altar; certa porção especificada era reservada aos sacerdotes, mas a maior parte era devolvida ao ofertante, para ser por ele e seus amigos comida em uma festa sacrifical. Assim todos os corações deveriam ser com gratidão e fé encaminhados ao grande Sacrifício que deveria tirar o pecado do mundo. PP 423.3

Os filhos de Eli, em vez de se compenetrarem da solenidade deste serviço simbólico, apenas pensavam como poderiam dele fazer o meio para a satisfação própria. Não contentes com a parte que lhes tocava das ofertas pacíficas, exigiam uma porção adicional; e o grande número desses sacrifícios apresentados nas festas anuais dava aos sacerdotes oportunidade de se enriquecerem, à custa do povo. Não somente reclamavam mais daquilo a que tinham direito, mas recusavam-se mesmo a esperar até que a gordura estivesse queimada como oferta a Deus. Persistiam em reclamar qualquer porção que lhes agradasse, e, sendo-lhes negada, ameaçavam tomá-la pela violência. PP 424.1

A irreverência por parte dos sacerdotes logo despojou o serviço de sua significação santa e solene, e o povo “desprezava a oferta do Senhor”. 1 Samuel 2:12-36. O grande sacrifício antitípico para o qual deveriam olhar em antecipação, não mais era reconhecido. “Era pois muito grande o pecado destes mancebos perante o Senhor.” PP 424.2

Esses sacerdotes infiéis também transgrediam a lei de Deus e desonravam o ofício sagrado pelas suas práticas vis e degradantes; todavia, continuavam a poluir com sua presença o tabernáculo de Deus. Muitos dentre o povo, cheios de indignação ante o corrupto procedimento de Hofni e Finéias, deixaram de subir ao lugar designado para o culto. Assim o serviço que Deus ordenara era desprezado e negligenciado porque se achava ligado com os pecados de homens ímpios, ao mesmo tempo em que aqueles cujo coração era inclinado ao mal se tornavam audazes no pecado. A impiedade, a dissolução, e mesmo a idolatria, prevaleciam em terrível extensão. PP 424.3

Eli tinha errado grandemente em permitir que seus filhos ministrassem no ofício santo. Desculpando a sua conduta, sob um pretexto ou outro, tornou-se cego aos seus pecados; mas chegaram afinal a um ponto em que não mais ele podia cerrar os olhos aos crimes dos filhos. O povo se queixava das suas ações violentas, e o sumo sacerdote ficou pesaroso e angustiado. Não ousou permanecer em silêncio por mais tempo. Mas seus filhos haviam crescido sem a idéia de consideração para com qualquer pessoa a não ser para consigo mesmos; e agora não se preocupavam com quem quer que fosse. Viam a mágoa do pai, mas seus duros corações não se comoviam. Ouviam-lhe as brandas admoestações, mas não se impressionavam, tampouco modificavam sua má conduta, embora advertidos das conseqüências de seu pecado. Se Eli houvesse tratado com justiça seus ímpios filhos, teriam sido rejeitados do ofício sacerdotal, e punidos de morte. Temendo assim trazer a ignomínia e a condenação pública a seus filhos, manteve-os nos mais sagrados cargos de confiança. Permitiu também que misturassem sua corrupção com o santo serviço de Deus, e infligissem à causa da verdade um dano que os anos não poderiam apagar. Quando, porém, o juiz de Israel negligenciou sua obra, Deus tomou a questão em Suas mãos. PP 424.4

“Veio um homem de Deus a Eli, e disse-lhe: Assim diz o Senhor: Não Me manifestei, na verdade, à casa de teu pai, estando eles ainda no Egito, na casa de Faraó? E Eu o escolhi dentre todas as tribos de Israel para sacerdote, para oferecer sobre o Meu altar, para acender o incenso, e para trazer o éfode perante Mim; e dei à casa de teu pai todas as ofertas queimadas dos filhos de Israel. Por que dais coices contra o sacrifício e contra a Minha oferta de manjares, que ordenei na Minha morada, e honras a teus filhos mais do que a Mim, para vos engordardes do principal de todas as ofertas do Meu povo de Israel? Portanto, diz o Senhor Deus de Israel: Na verdade tinha dito Eu que a tua casa e a casa de teu pai andariam diante de Mim perpetuamente; porém agora diz o Senhor: Longe de Mim tal coisa, porque aos que Me honram honrarei, porém os que Me desprezam serão envilecidos. [...] E Eu suscitarei para Mim um sacerdote fiel que obrará segundo o Meu coração e a Minha alma, e Eu lhe edificarei uma casa firme, e andará sempre diante do Meu ungido”. 1 Samuel 2:27-30, 35. PP 425.1

Deus acusou Eli de honrar seus filhos mais do que ao Senhor. Eli permitira que a oferta designada por Deus como uma bênção a Israel se tornasse coisa desprezível, e isto em vez de levar seus filhos a envergonhar-se por suas práticas ímpias e abomináveis. Aqueles que seguem suas próprias inclinações, com uma afeição cega para com seus filhos, condescendendo com eles na satisfação de seus desejos egoístas, e não fazem uso da autoridade de Deus para repreender o pecado e corrigir o mal, tornam manifesto que estão honrado seus ímpios filhos mais do que a Deus. Estão mais ansiosos por defender a reputação deles do que glorificar a Deus; mais desejosos de agradar a seus filhos do que comprazer ao Senhor e guardar o Seu serviço de toda a aparência do mal. PP 425.2

Deus responsabilizou Eli, como sacerdote e juiz de Israel, pela condição moral e religiosa de Seu povo, e, em sentido especial, pelo caráter de seus filhos. Ele devia a princípio ter tentado restringir o mal por meio de medidas brandas; mas, se estas não dessem resultado, devê-lo-ia ter subjugado pelos meios mais severos. Incorreu no desagrado do Senhor por não reprovar o pecado e executar a justiça no pecador. Não se pôde contar com ele para que Israel fosse conservado puro. Aqueles que têm muito pouca coragem para reprovar o mal, ou que pela indolência ou falta de interesse não fazem um esforço ardoroso para purificar a família ou a igreja de Deus, são responsáveis pelos males que possam resultar de sua negligência ao dever. Somos precisamente tão responsáveis pelos males que poderíamos ter impedido nos outros pelo exercício da autoridade paterna ou pastoral, como se esses atos tivessem sido nossos. PP 425.3

Eli não dirigiu sua casa segundo as regras de Deus para o governo da família. Seguiu seu próprio juízo. O extremoso pai deixou de tomar em consideração as faltas e pecados dos filhos, em sua meninice, comprazendo-se com o pensamento de que após algum tempo eles perderiam suas más tendências. Muitos estão hoje a cometer erro semelhante. Julgam que conhecem um meio melhor para educar os filhos do que aquele que Deus deu em Sua Palavra. Alimentam neles más tendências, insistindo nesta desculpa: “São muito novos para serem castigados. Esperemos que fiquem mais velhos, e possamos entender-nos com eles.” Assim os maus hábitos são deixados a se fortalecerem até que se tornam uma segunda natureza. Os filhos crescem sem sujeição, com traços de caráter que são para eles uma maldição por toda a vida, e que podem reproduzir-se em outros. PP 426.1

Não há maior desgraça para os lares do que permitir que os jovens sigam o seu próprio caminho. Quando os pais tomam em consideração todo desejo dos filhos, e com estes condescendem no que sabem não ser para o seu bem, os filhos logo perdem todo o respeito para com os pais, toda a consideração pela autoridade de Deus e do homem e são levados cativos à vontade de Satanás. A influência de uma família mal dirigida é dilatada, e desastrosa a toda a sociedade. Acumula uma onda de males que afeta famílias, comunidades e governos. PP 426.2

Por causa da posição de Eli, sua influência era mais vasta do que se ele fora homem comum. Sua vida familiar era imitada em todo o Israel. Os funestos resultados de seu proceder negligente e amante da comodidade, eram vistos em milhares de lares que se modelaram pelo seu exemplo. Se se condescende com os filhos em práticas ruins, ao mesmo tempo em que os pais fazem profissão de religião, a verdade de Deus é levada ao opróbrio. A melhor prova de cristianismo de uma casa é o tipo de caráter gerado pela sua influência. As ações falam mais alto do que a mais positiva profissão de piedade. Se os que professam a religião, em vez de aplicarem esforços ardorosos, persistentes e diligentes para manter um lar bem dirigido em testemunho dos benefícios da fé em Deus, forem frouxos em seu governo, e condescendentes com os maus desejos de seus filhos, estarão a fazer como Eli, e trarão injúria à causa de Cristo e ruína sobre si e suas casas. Mas, por maiores que sejam os males da infidelidade paterna sob qualquer circunstância, são eles dez vezes maiores quando existentes nas famílias daqueles que são designados para ensinadores do povo. Quando estes deixam de governar sua casa, estão, pelo seu mau exemplo, transviando a muitos. Sua culpa é tanto maior do que a dos outros quanto sua posição é de maior responsabilidade. PP 426.3

Fora feita a promessa de que a casa de Arão andaria diante de Deus para sempre; mas esta promessa fora dada sob a condição de que se dedicassem eles à obra do santuário com singeleza de coração, e honrassem a Deus em todos os seus caminhos, não servindo ao eu, nem seguindo suas próprias inclinações perversas. Eli e seus filhos tinham sido provados, e o Senhor os encontrara inteiramente indignos da exaltada posição de sacerdotes ao Seu serviço. E Deus declarou: “Longe de Mim”. 1 Samuel 2:30. Ele não pôde cumprir o bem que tencionara fazer-lhes, porque deixaram de desempenhar a sua parte. PP 427.1

O exemplo dos que administram em coisas santas deve ser de maneira que incuta no povo a reverência para com Deus, e o receio de O ofender. Quando os homens, servindo de embaixadores “da parte de Cristo” (2 Coríntios 5:20) para falar ao povo acerca da mensagem de misericórdia e reconciliação, enviada por Deus, fazem uso de sua vocação sagrada qual manto para encobrir a satisfação egoísta ou sensual, constituem-se eles os agentes mais eficazes de Satanás. Como Hofni e Finéias, fazem com que os homens desdenhem a oferta do Senhor. Podem prosseguir com sua má conduta, em segredo, por algum tempo; mas, quando finalmente é apresentado seu verdadeiro caráter, a fé do povo recebe um abalo de que muitas vezes resulta a destruição de sua confiança na religião. Fica na mente uma desconfiança contra todos os que professam ensinar a Palavra de Deus. A mensagem do verdadeiro servo de Cristo é recebida com dúvida. Surge constantemente a pergunta: “Não se mostrará este homem ser como aquele que julgávamos tão santo, e achamos tão corrupto?” Assim a Palavra de Deus perde o seu poder sobre as pessoas. PP 427.2

Na reprovação de Eli a seus filhos acham-se palavras de uma significação solene e terrível — palavras que todos os que ministram em coisas sagradas bem fariam em ponderar: “Pecando homem contra homem, os juízes o julgarão; pecando, porém, o homem contra o Senhor, quem rogará por ele?” 1 Samuel 2:25. Houvessem seus crimes lesado unicamente seus semelhantes, e poderia o juiz ter feito a reconciliação, indicando uma pena, e exigindo a devida restituição; e assim os transgressores poderiam ter sido perdoados. Ou, se não tivessem eles sido culpados de um pecado de presunção, uma oferta para o pecado poderia ter sido apresentada por eles. Mas seus pecados estavam de tal maneira entretecidos com seu ministério de, na qualidade de sacerdotes do Altíssimo, oferecerem sacrifício pelo pecado, e a obra de Deus foi de tal maneira profanada e desonrada perante o povo, que nenhuma expiação por eles poderia ser aceita. Seu próprio pai, embora fosse sumo sacerdote, não ousou interceder em favor deles; não os podia defender da ira de um Deus santo. De todos os pecadores, são os mais culpados os que lançam o desdém aos meios que o Céu proveu para a redenção do homem — pecadores estes que “de novo crucificam o Filho de Deus, e O expõem ao vitupério”. Hebreus 6:6. PP 427.3

0% played
00:00