A Rocha Ferida


Dia 41 - Saturday, 10 de February de 2024
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30 min

  • Números 29 e 30
  • Números 20

Números 29

Ouça o áudio do capítulo:

1 Semelhantemente, tereis santa convocação no sétimo mês, no primeiro dia do mês; nenhum trabalho servil fareis; será para vós dia de sonido de trombetas.

2 Então por holocausto, em cheiro suave ao Senhor, oferecereis um novilho, um carneiro e sete cordeiros de um ano, sem defeito.

3 E pela sua oferta de alimentos de flor de farinha misturada com azeite, três décimas para o novilho, e duas décimas para o carneiro,

4 E uma décima para cada um dos sete cordeiros.

5 E um bode para expiação do pecado, para fazer expiação por vós;

6 Além do holocausto do mês, e a sua oferta de alimentos, e o holocausto contínuo, e a sua oferta de alimentos, com as suas libações, segundo o seu estatuto, em cheiro suave, oferta queimada ao Senhor.

7 E no dia dez deste sétimo mês tereis santa convocação, e afligireis as vossas almas; nenhum trabalho fareis.

8 Mas por holocausto, em cheiro suave ao Senhor, oferecereis um novilho, um carneiro e sete cordeiros de um ano; eles serão sem defeito.

9 E, pela sua oferta de alimentos de flor de farinha misturada com azeite, três décimas para o novilho, duas décimas para o carneiro,

10 E uma décima para cada um dos sete cordeiros;

11 Um bode para expiação do pecado, além da expiação do pecado pelas propiciações, e do holocausto contínuo, e da sua oferta de alimentos com as suas libações.

12 Semelhantemente, aos quinze dias deste sétimo mês tereis santa convocação; nenhum trabalho servil fareis; mas sete dias celebrareis festa ao Senhor.

13 E, por holocausto em oferta queimada, de cheiro suave ao Senhor, oferecereis treze novilhos, dois carneiros e catorze cordeiros de um ano; todos eles sem defeito.

14 E, pela sua oferta de alimentos de flor de farinha misturada com azeite, três décimas para cada um dos treze novilhos, duas décimas para cada carneiro, entre os dois carneiros;

15 E uma décima para cada um dos catorze cordeiros;

16 E um bode para expiação do pecado, além do holocausto contínuo, a sua oferta de alimentos e a sua libação;

17 Depois, no segundo dia, doze novilhos, dois carneiros, catorze cordeiros de um ano, sem defeito;

18 E a sua oferta de alimentos e as suas libações para os novilhos, para os carneiros e para os cordeiros, conforme o seu número, segundo o estatuto;

19 E um bode para expiação do pecado, além do holocausto contínuo, da sua oferta de alimentos e das suas libações.

20 E, no terceiro dia, onze novilhos, dois carneiros, catorze cordeiros de um ano, sem defeito;

21 E as suas ofertas de alimentos, e as suas libações para os novilhos, para os carneiros e para os cordeiros, conforme o seu número, segundo o estatuto;

22 E um bode para expiação do pecado, além do holocausto contínuo, e da sua oferta de alimentos e da sua libação.

23 E, no quarto dia, dez novilhos, dois carneiros, catorze cordeiros de um ano, sem defeito;

24 A sua oferta de alimentos, e as suas libações para os novilhos, para os carneiros, e para os cordeiros, conforme o seu número, segundo o estatuto;

25 E um bode para expiação do pecado, além do holocausto contínuo, da sua oferta de alimentos e da sua libação.

26 E, no quinto dia, nove novilhos, dois carneiros e catorze cordeiros de um ano, sem defeito.

27 E a sua oferta de alimentos, e as suas libações para os novilhos, para os carneiros e para os cordeiros, conforme o seu número, segundo o estatuto;

28 E um bode para expiação do pecado além do holocausto contínuo, e da sua oferta de alimentos e da sua libação.

29 E, no sexto dia, oito novilhos, dois carneiros, catorze cordeiros de um ano, sem defeito;

30 E a sua oferta de alimentos, e as suas libações para os bezerros, para os carneiros e para os cordeiros, conforme o seu número, segundo o estatuto;

31 E um bode para expiação do pecado, além do holocausto contínuo, da sua oferta de alimentos e da sua libação.

32 E, no sétimo dia, sete novilhos, dois carneiros, catorze cordeiros de um ano, sem defeito.

33 E a sua oferta de alimentos, e as suas libações para os novilhos, para os carneiros e para os cordeiros, conforme o seu número, segundo o seu estatuto,

34 E um bode para expiação do pecado, além do holocausto contínuo, da sua oferta de alimentos e da sua libação.

35 No oitavo dia tereis dia de solenidade; nenhum trabalho servil fareis;

36 E por holocausto em oferta queimada de cheiro suave ao Senhor oferecereis um novilho, um carneiro, sete cordeiros de um ano, sem defeito;

37 A sua oferta de alimentos e as suas libações para o novilho, para o carneiro e para os cordeiros, conforme o seu número, segundo o estatuto.

38 E um bode para expiação do pecado, além do holocausto contínuo, e da sua oferta de alimentos e da sua libação.

39 Estas coisas fareis ao Senhor nas vossas solenidades além dos vossos votos, e das vossas ofertas voluntárias, com os vossos holocaustos, e com as vossas ofertas de alimentos, e com as vossas libações, e com as vossas ofertas pacíficas.

40 E falou Moisés aos filhos de Israel, conforme a tudo o que o Senhor ordenara a Moisés.

Números 30

Ouça o áudio do capítulo:

1 E falou Moisés aos cabeças das tribos dos filhos de Israel, dizendo: Esta é a palavra que o SENHOR tem ordenado.

2 Quando um homem fizer voto ao Senhor, ou fizer juramento, ligando a sua alma com obrigação, não violará a sua palavra: segundo tudo o que saiu da sua boca, fará.

3 Também quando uma mulher, na sua mocidade, estando ainda na casa de seu pai, fizer voto ao Senhor, e com obrigação se ligar,

4 E seu pai ouvir o seu voto e a sua obrigação, com que ligou a sua alma; e seu pai se calar para com ela, todos os seus votos serão válidos; e toda a obrigação com que ligou a sua alma, será válida.

5 Mas se seu pai lhe tolher no dia que tal ouvir, todos os seus votos e as suas obrigações com que tiver ligado a sua alma, não serão válidos; mas o Senhor lhe perdoará, porquanto seu pai lhos tolheu.

6 E se ela for casada, e for obrigada a alguns votos, ou à pronunciação dos seus lábios, com que tiver ligado a sua alma;

7 E seu marido o ouvir, e se calar para com ela no dia em que o ouvir, os seus votos serão válidos; e as suas obrigações com que ligou a sua alma, serão válidas.

8 Mas se seu marido lhe tolher no dia em que o ouvir, e anular o seu voto a que estava obrigada, como também a pronunciação dos seus lábios, com que ligou a sua alma; o Senhor lhe perdoará.

9 No tocante ao voto da viúva, ou da repudiada, tudo com que ligar a sua alma, sobre ela será válido.

10 Porém se fez voto na casa de seu marido, ou ligou a sua alma com obrigação de juramento;

11 E seu marido o ouviu, e se calou para com ela, e não lho tolheu, todos os seus votos serão válidos, e toda a obrigação, com que ligou a sua alma, será válida.

12 Porém se seu marido lhos anulou no dia em que os ouviu; tudo quanto saiu dos seus lábios, quer dos seus votos, quer da obrigação da sua alma, não será válido; seu marido lhos anulou, e o Senhor lhe perdoará.

13 Todo o voto, e todo o juramento de obrigação, para humilhar a alma, seu marido o confirmará, ou anulará.

14 Porém se seu marido, de dia em dia, se calar inteiramente para com ela, então confirma todos os seus votos e todas as suas obrigações, que estiverem sobre ela; confirmado lhos tem, porquanto se calou para com ela no dia em que o ouviu.

15 Porém se de todo lhos anular depois que o ouviu, então ele levará a iniqüidade dela.

16 Estes são os estatutos que o Senhor ordenou a Moisés entre o marido e sua mulher; entre o pai e sua filha, na sua mocidade, em casa de seu pai.

Números 20

Ouça o áudio do capítulo:

1 Chegando os filhos de Israel, toda a congregação, ao deserto de Zim, no mês primeiro, o povo ficou em Cades; e Miriã morreu ali, e ali foi sepultada.

2 E não havia água para a congregação; então se reuniram contra Moisés e contra Arão.

3 E o povo contendeu com Moisés, dizendo: Quem dera tivéssemos perecido quando pereceram nossos irmãos perante o Senhor!

4 E por que trouxestes a congregação do Senhor a este deserto, para que morramos aqui, nós e os nossos animais?

5 E por que nos fizestes subir do Egito, para nos trazer a este lugar mau? lugar onde não há semente, nem de figos, nem de vides, nem de romãs, nem tem água para beber.

6 Então Moisés e Arão se foram de diante do povo à porta da tenda da congregação, e se lançaram sobre os seus rostos; e a glória do Senhor lhes apareceu.

7 E o Senhor falou a Moisés dizendo:

8 Toma a vara, e ajunta a congregação, tu e Arão, teu irmão, e falai à rocha, perante os seus olhos, e dará a sua água; assim lhes tirarás água da rocha, e darás a beber à congregação e aos seus animais.

9 Então Moisés tomou a vara de diante do Senhor, como lhe tinha ordenado.

10 E Moisés e Arão reuniram a congregação diante da rocha, e Moisés disse-lhes: Ouvi agora, rebeldes, porventura tiraremos água desta rocha para vós?

11 Então Moisés levantou a sua mão, e feriu a rocha duas vezes com a sua vara, e saiu muita água; e bebeu a congregação e os seus animais.

12 E o Senhor disse a Moisés e a Arão: Porquanto não crestes em mim, para me santificardes diante dos filhos de Israel, por isso não introduzireis esta congregação na terra que lhes tenho dado.

13 Estas são as águas de Meribá, porque os filhos de Israel contenderam com o Senhor; e se santificou neles.

14 Depois Moisés, de Cades, mandou mensageiros ao rei de Edom, dizendo: Assim diz teu irmão Israel: Sabes todo o trabalho que nos sobreveio,

15 Como nossos pais desceram ao Egito, e nós no Egito habitamos muitos dias; e como os egípcios nos maltrataram, a nós e a nossos pais;

16 E clamamos ao Senhor, e ele ouviu a nossa voz, e mandou um anjo, e nos tirou do Egito; e eis que estamos em Cades, cidade na extremidade dos teus termos.

17 Deixa-nos, pois, passar pela tua terra; não passaremos pelo campo, nem pelas vinhas, nem beberemos a água dos poços; iremos pela estrada real; não nos desviaremos para a direita nem para a esquerda, até que passemos pelos teus termos.

18 Porém Edom lhe disse: Não passarás por mim, para que eu não saia com a espada ao teu encontro.

19 Então os filhos de Israel lhe disseram: Subiremos pelo caminho aplanado, e se eu e o meu gado bebermos das tuas águas, darei o preço delas; não desejo alguma outra coisa, senão passar a pé.

20 Porém ele disse: Não passarás. E saiu-lhe Edom ao encontro com muita gente, e com mão forte.

21 Assim recusou Edom deixar passar a Israel pelo seu termo; por isso Israel se desviou dele.

22 Então partiram de Cades; e os filhos de Israel, toda a congregação, chegaram ao monte Hor.

23 E falou o Senhor a Moisés e a Arão no monte Hor, nos termos da terra de Edom, dizendo:

24 Arão será recolhido a seu povo, porque não entrará na terra que tenho dado aos filhos de Israel, porquanto rebeldes fostes à minha ordem, nas águas de Meribá.

25 Toma a Arão e a Eleazar, seu filho, e faze-os subir ao monte Hor.

26 E despe a Arão as suas vestes, e veste-as em Eleazar, seu filho, porque Arão será recolhido, e morrerá ali.

27 Fez, pois, Moisés como o Senhor lhe ordenara; e subiram ao monte Hor perante os olhos de toda a congregação.

28 E Moisés despiu a Arão de suas vestes, e as vestiu em Eleazar, seu filho; e morreu Arão ali sobre o cume do monte; e desceram Moisés e Eleazar do monte.

29 Vendo, pois, toda a congregação que Arão era morto, choraram a Arão trinta dias, toda a casa de Israel.

Patriarcas e Profetas

A Rocha Ferida

Ouça o áudio do capítulo:

Este capítulo é baseado em Números 20:1-13.

Da rocha ferida em Horebe fluiu pela primeira vez a torrente viva que refrigerou Israel no deserto. Durante todas as suas vagueações, onde quer que fosse necessário, eram supridos de água com um milagre da misericórdia de Deus. A água não continuou, entretanto, a brotar de Horebe. Onde quer que em suas jornadas necessitavam de água, esta jorrava ali das fendas da rocha, ao lado de seu acampamento. PP 299.1

Era Cristo, pelo poder de Sua palavra, que fazia com que a torrente refrigerante vertesse para Israel. “Beberam todos duma mesma bebida espiritual, porque bebiam da Pedra espiritual que os seguia; e a Pedra era Cristo”. 1 Coríntios 10:4. Ele era a fonte de todas as bênçãos temporais bem como espirituais. Cristo, a verdadeira Rocha, estava com eles em todas as suas peregrinações. “E não tinham sede, quando os levava pelos desertos; fez-lhes correr água da rocha; fendendo Ele as rochas, as águas manavam delas”. Isaías 48:21. “Brotaram águas, que correram pelos lugares secos como um rio”. Salmos 105:41. PP 299.2

A rocha ferida era uma figura de Cristo, e por meio deste símbolo são-nos ensinadas as mais preciosas verdades espirituais. Assim como as águas vivificadoras brotavam da rocha ferida, assim de Cristo, “ferido de Deus”, “ferido pelas nossas transgressões”, “quebrantado pelas nossas iniqüidades” (Isaías 53:4, 5), a torrente de salvação flui para uma raça perdida. Assim como a rocha foi ferida uma vez, semelhantemente Cristo deveria ser oferecido “uma vez para tirar os pecados de muitos”. Hebreus 9:28. Nosso Salvador não deveria ser sacrificado segunda vez; e é tão-somente necessário àqueles que buscam as bênçãos de Sua graça pedi-las em nome de Jesus, derramando o desejo de seu coração em uma prece feita no espírito de arrependimento. Tal oração levará perante o Senhor dos exércitos os ferimentos de Jesus, e então de novo fluirá o sangue doador de vida, simbolizado pelo fluir da água viva para Israel. PP 299.3

A emanação da água da rocha do deserto foi celebrada pelos israelitas, depois de seu estabelecimento em Canaã, com demonstrações de grande regozijo. No tempo de Cristo esta celebração se tornara uma cerimônia muito impressionante. Ocorria por ocasião da Festa dos Tabernáculos, quando o povo de toda a terra se congregava em Jerusalém. Em cada um dos sete dias da festa, os sacerdotes saíam com música e coro dos levitas a tirar água da fonte de Siloé, em um vaso de ouro. Eram seguidos pelas multidões de adoradores, em tão grande número quanto podiam ficar perto da fonte, dela bebendo, enquanto surgiam os acordes jubilosos: “Vós com alegria tirareis águas das fontes da salvação”. Isaías 12:3. A água tirada pelos sacerdotes era então levada ao templo, por entre sons de trombetas e o canto solene: “Nossos pés estarão dentro dos teus muros, ó Jerusalém”. Salmos 122:2. A água era derramada sobre o altar do holocausto, enquanto repercutiam cânticos de louvor, unindo-se as multidões em coros triunfantes com instrumentos musicais e trombetas de baixo diapasão. PP 299.4

O Salvador fez uso desse cerimonial para encaminhar a mente do povo às bênçãos que Ele lhes viera trazer. “No último dia, o grande dia da festa”, foi ouvida Sua voz em tons que repercutiam pelos pátios do templo: “Se alguém tem sede venha a Mim, e beba. Quem crê em Mim, como diz a Escritura, rios d’água viva correrão de seu ventre.” “Isto”, declarou João, “disse Ele do Espírito que haviam de receber os que nEle cressem”. João 7:37-39. A água refrigerante, borbulhando na terra ressequida e estéril, fazendo com que o deserto floresça, e fluindo para dar vida aos que perecem, é um emblema da graça divina que apenas Cristo pode conferir, e é como água viva, purificando, refrigerando a alma. Aquele em quem Cristo habita tem dentro de si uma fonte incessante de graça e força. Jesus consola a vida e ilumina a senda de todo aquele que em verdade O busca. Seu amor, recebido no coração, expandir-se-á em boas obras para vida eterna. E não somente abençoa a alma em que ele se expande, mas a torrente viva fluirá em palavras e ações de justiça, para refrigerar os sedentos em redor daquela pessoa. PP 300.1

A mesma figura empregou Cristo em Sua conversa com a mulher de Samaria, no poço de Jacó. “Aquele que beber da água que Eu lhe der nunca terá sede, porque a água que Eu lhe der se fará nele uma fonte d’água, que salta para a vida eterna”. João 4:14. Cristo combina os dois tipos. Ele é a rocha, Ele é a água viva. PP 300.2

As mesmas figuras, belas e expressivas, encontram-se em toda a Bíblia. Séculos antes do advento de Cristo, Moisés O indicou como a rocha da salvação de Israel (Deuteronômio 32:15); o salmista dEle cantou como sendo “Libertador meu” (Salmos 19:14), “Rocha da minha fortaleza” (Salmos 62:7), “Rocha que é mais alta do que eu” (Salmos 61:2), “Rocha de habitação” (Salmos 71:3), “Rocha do meu coração” (Salmos 73:26), “Rocha em que me refugiei”. Salmos 94:22. No cântico de Davi Sua graça é também descrita como águas frescas, “tranqüilas” (Salmos 23:2), entre verdes pastos, ao lado das quais o Pastor celestial guia Seu rebanho. Outra vez: Tu “os farás beber da corrente das Tuas delícias; porque em Ti está o manancial da vida”. Salmos 36:8, 9. E o sábio declara: “Ribeiro transbordante é a fonte da sabedoria”. Provérbios 18:4. Para Jeremias Cristo é “manancial de águas vivas” (Jeremias 2:13); para Zacarias “fonte aberta [...] contra o pecado, e contra a impureza”. Zacarias 13:1. PP 300.3

Isaías descreve-O como “uma Rocha eterna” (Isaías 26:4), “sombra de uma grande rocha em terra sedenta”. Isaías 32:2. E ele recorda a preciosa promessa, trazendo vividamente à lembrança a torrente viva que flui para Israel: “Os aflitos e necessitados buscam águas, e não as há, e a sua língua se seca de sede; mas Eu, o Senhor os ouvirei, Eu o Deus de Israel os não desampararei”. Isaías 41:7. “Derramarei água sobre o sedento, e rios sobre a terra seca” (Isaías 44:3); “águas arrebentarão no deserto, e ribeiros no ermo”. Isaías 35:6. Faz-se o convite: “Ó vós, todos os que tendes sede, vinde às águas”. Isaías 55:1. E nas páginas finais do Volume Sagrado este convite soa de novo. O rio da água da vida, “claro como cristal”, provém do trono de Deus e do Cordeiro; e o convite cheio de graça repercute através dos séculos: “Quem quiser, tome de graça da água da vida”. Apocalipse 22:17. PP 301.1

Precisamente antes de os hebreus chegarem a Cades, cessou a torrente viva que durante tantos anos jorrara ao lado de seu acampamento. Deus Se propusera novamente provar Seu povo. Prová-los-ia para ver se confiariam em Sua providência ou imitariam a incredulidade de seus pais. PP 301.2

Estavam agora à vista das colinas de Canaã. Alguns dias de marcha levá-los-iam às fronteiras da Terra Prometida. Achavam-se a pequena distância de Edom, que pertencia à descendência de Esaú, e através de cujo território se estendia o itinerário pelo qual deveriam ir a Canaã. Fora dada a Moisés a direção: “Virai-vos para o norte. E dá ordem ao povo, dizendo: Passareis pelos termos de vossos irmãos, os filhos de Esaú, que habitam em Seir; e eles terão medo de vós. [...] Comprareis, por dinheiro, comida para comerdes; e também água para beber deles comprareis por dinheiro”. Deuteronômio 2:3-6. Estas instruções deveriam ter sido suficientes para explicar por que lhes fora cortado o suprimento de água; estavam prestes a passar através de um território bem regado e fértil, em caminho direto para a terra de Canaã. Deus lhes prometera uma passagem isenta de incômodos através de Edom, e oportunidades de comprar alimento e água também, suficientes para suprir as hostes. A cessação da miraculosa emanação de água devia ter sido, portanto, motivo de regozijo, sinal de que terminara a vagueação pelo deserto. Não houvessem eles se tornado cegos pela sua incredulidade, e teriam compreendido isto. Mas o que deveria ter sido prova do cumprimento da promessa de Deus, tornou-se motivo para dúvida e murmuração. O povo parecia ter abandonado toda esperança de que Deus os levaria à posse de Canaã, e clamaram pelas bênçãos do deserto. PP 301.3

Antes que Deus lhes permitisse entrar em Canaã, deviam mostrar que criam em Sua promessa. A água cessou antes que chegassem a Edom. Ali estava uma oportunidade para andarem, por algum tempo, pela fé em vez de pela vista. Mas a primeira prova suscitou o mesmo espírito turbulento e ingrato, manifestado por seus pais. Mal se ouviu no acampamento o clamor por água, e se esqueceram da mão que durante tantos anos lhes suprira as necessidades; e, em vez de volverem a Deus em busca de auxílio, murmuraram contra Ele, exclamando em seu desespero: “Oxalá tivéssemos expirado quando expiraram nossos irmãos perante o Senhor!” (Números 20:3); isto é, desejavam ter sido do número dos que foram destruídos na rebelião de Coré. PP 301.4

Seus clamores eram dirigidos contra Moisés e Arão: “Por que trouxestes a congregação do Senhor a este deserto, para que morramos ali, nós e os nossos animais? E por que nos fizestes subir do Egito, para nos trazer a este lugar mau? lugar não de semente, nem de figos, nem de vides, nem de romãs, nem de água para beber.” PP 302.1

Os chefes foram à porta do tabernáculo, e caíram sobre seu rosto. Novamente “a glória do Senhor lhes apareceu”, e determinou-se a Moisés: “Toma a vara, e ajunta a congregação, tu e Arão, teu irmão, e falai à rocha perante os seus olhos, e dará a sua água; assim lhes tirarás água da rocha”. Números 20:4, 5, 8. PP 302.2

Os dois irmãos foram perante a multidão, indo Moisés com a vara de Deus na mão. Eles eram agora homens idosos. Muito tempo haviam suportado a rebelião e obstinação de Israel; mas agora, finalmente, mesmo a paciência de Moisés vacilou. “Ouvi, agora, rebeldes”, exclamou ele: “porventura, faremos sair água desta rocha para vós outros?” Números 20:10. E, em vez de falar à rocha, como Deus lhe mandara, feriu-a duas vezes com a vara. PP 302.3

A água jorrou em abundância, satisfazendo as hostes. Mas uma grande falta fora cometida. Moisés falara com sentimento de irritação; suas palavras eram uma expressão de paixão humana, em vez de santa indignação porque Deus houvesse sido desonrado. “Ouvi, agora, rebeldes”, disse ele. Esta acusação era verdadeira, mas mesmo a verdade não deve ser falada com paixão nem impaciência. Quando Deus mandara Moisés acusar Israel de rebelião, as palavras lhe foram dolorosas, e difícil lhes era suportarem-nas; contudo Deus o amparara ao transmitir a mensagem. Mas quando tomou sobre si o acusá-los, agravou o Espírito de Deus, e apenas fez mal ao povo. Sua falta de paciência e domínio próprio eram evidentes. Assim foi dada ao povo ocasião para porem em dúvida que sua atuação passada fora sob a direção de Deus, e desculparem seus próprios pecados. Moisés, bem como eles, haviam ofendido a Deus. Sua conduta, disseram, fora desde o princípio passível de crítica e censura. Tinham achado agora o pretexto que desejavam para rejeitarem todas as reprovações que Deus lhes enviara mediante Seu servo. PP 302.4

Moisés manifestou falta de confiança em Deus. “Faremos sair água?” perguntou, como se o Senhor não fizesse o que prometera. “Não Me crestes a Mim”, declarou o Senhor aos dois irmãos, “para Me santificar diante dos filhos de Israel”. Números 20:10-13. Na ocasião em que a água faltou, sua própria fé no cumprimento da promessa de Deus fora abalada pela murmuração e rebelião do povo. A primeira geração foi condenada a perecer no deserto, por causa de sua incredulidade; contudo o mesmo espírito apareceu em seus filhos. Deixariam estes também de receber a promessa? Cansados e desalentados, Moisés e Arão não fizeram esforço algum para opor-se à corrente do sentimento popular. Houvessem eles manifestado fé inabalável em Deus, e poderiam ter posto a questão perante o povo sob um prisma que os teria habilitado a suportar esta prova. Mediante o exercício pronto e decisivo da autoridade a eles investida como magistrados, poderiam ter abafado a murmuração. Tinham o dever de fazer todo esforço possível para melhorar o estado de coisas, antes de pedirem a Deus que fizesse por eles o trabalho. Se a murmuração em Cades tivesse sido sustada de pronto, que cortejo de males se poderia ter evitado! PP 302.5

Por seu ato precipitado, Moisés tirou a força da lição que Deus Se propunha ensinar. A rocha, sendo um símbolo de Cristo, fora ferida uma vez, assim como Cristo uma vez seria oferecido. A segunda vez, era necessário apenas falar à rocha, assim como temos apenas de pedir bênçãos em nome de Jesus. Ferindo-se pela segunda vez a rocha, foi destruída a significação desta bela figura de Cristo. PP 303.1

Mais do que isto: Moisés e Arão tinham assumido poder que apenas pertence a Deus. A necessidade de intervenção divina tornava a ocasião de grande solenidade, e os chefes de Israel deviam tê-la aproveitado para impressionar o povo a fim de terem reverência para com Deus, e lhes fortalecer a fé em Seu poder e bondade. Quando iradamente exclamaram: “Tiraremos água desta rocha para vós?” (Números 20:10) puseram-se no lugar de Deus, como se o poder estivesse com eles, homens possuidores de fragilidades e paixões humanas. Cansado com a contínua murmuração e rebelião do povo, Moisés perdera de vista o seu todo-poderoso Auxiliador; e sem a força divina veio a macular o relato de seus feitos com uma exibição de fraqueza humana. O homem que poderia ter permanecido puro, firme e abnegado até o final de sua obra, fora finalmente vencido. Deus fora desonrado perante a congregação de Israel, quando devia ter sido engrandecido e exaltado. PP 303.2

Deus não pronunciou nesta ocasião juízos sobre aqueles cuja ímpia conduta de tal maneira provocara a Moisés e Arão. Toda a reprovação recaiu sobre os dirigentes. Os que se achavam como os representantes de Deus não O haviam honrado. Moisés e Arão sentiram-se ofendidos, perdendo de vista que a murmuração do povo não era contra eles mas contra Deus. Foi por olharem a si mesmos, por apelarem para sua própria simpatia, que inconscientemente caíram em pecado, e deixaram de pôr perante o povo o seu grande delito para com Deus. PP 303.3

Amargo e profundamente humilhante foi o juízo imediatamente pronunciado. “Porquanto não Me crestes a Mim, para Me santificar diante dos filhos de Israel, por isso não metereis esta congregação na terra que lhes tenho dado.” Juntamente com o rebelde Israel deviam morrer antes de atravessarem o Jordão. Se Moisés e Arão houvessem estado a acalentar uma elevada opinião de si mesmos, ou condescender com um espírito apaixonado, em face da advertência e reprovação divina, sua culpa teria sido muito maior. Mas não se lhes atribuía pecado voluntário nem premeditado; haviam sido vencidos por uma tentação súbita, e sua contrição foi imediata e provinha do coração. O Senhor aceitou seu arrependimento, embora não pudesse remover a punição, por causa do mal que seu pecado poderia fazer entre o povo. PP 303.4

Moisés não ocultou a sua sentença, mas contou ao povo que, visto ter deixado de conferir glória a Deus, não os poderia guiar à Terra Prometida. Mandou-os notar o severo castigo com que fora atingido, e então considerarem como Deus devia olhar as suas murmurações, acusando um simples homem dos juízos que pelos seus pecados haviam trazido sobre si. Contara-lhes como rogara a Deus uma revogação da sentença, e isto fora negado. “O Senhor indignou-Se muito contra mim por causa de vós”, disse ele; “e não me ouviu”. Deuteronômio 3:26. PP 304.1

Em toda ocasião de dificuldade ou provação, os israelitas estavam prontos para acusarem a Moisés de os ter tirado do Egito, como se Deus não tivesse atuação alguma nesta questão. Por todas as suas jornadas, quando se queixavam das dificuldades do caminho, e murmuravam contra seus chefes, Moisés lhes dizia: “Vossas murmurações são contra Deus. Não fui eu que operei o vosso livramento, mas sim Deus.” Mas suas precipitadas palavras diante da rocha: “Tiraremos água”, eram uma admissão virtual daquilo de que eles os acusavam, e os confirmavam assim em sua incredulidade, justificando-lhes as murmurações. O Senhor queria remover-lhes para sempre do espírito esta impressão, vedando a Moisés de entrar na Terra Prometida. Ali estava a prova definitiva de que seu líder não era Moisés, mas o poderoso Anjo de quem o Senhor disse: “Eis que Eu envio um Anjo diante de ti, para que te guarde neste caminho, e te leve ao lugar que te tenho aparelhado. Guarda-te diante dEle, e ouve a Sua voz [...] porque o Meu nome está nEle”. Êxodo 23:20, 21. PP 304.2

“O Senhor indignou-Se muito contra mim por causa de vós”, disse Moisés. Os olhos de todo o Israel estavam em Moisés, e seu pecado refletiu em Deus, que o escolhera como chefe de Seu povo. A transgressão foi conhecida por toda a congregação; e, se tivesse passado sem a devida consideração, ter-se-ia dado a impressão de que a incredulidade e a impaciência sob grande provocação poderiam ser desculpadas naqueles que ocupam posições de responsabilidade. Quando, porém, foi declarado que Moisés e Arão não deveriam entrar em Canaã, por causa daquele único pecado, o povo soube que Deus não faz acepção de pessoas, e punirá certamente o transgressor. PP 304.3

A história de Israel devia ser registrada para a instrução e aviso das gerações vindouras. Homens de todos os tempos futuros deviam ver o Deus do Céu, como um Governador imparcial, não justificando de maneira alguma o pecado. Mas poucos se compenetram da excessiva malignidade do pecado. Lisonjeiam-se alguns homens de que Deus é bom demais para punir o transgressor. Mas, à luz da história bíblica, é evidente que a bondade de Deus e Seu amor O obrigam a tratar o pecado como um mal fatal à paz e felicidade do Universo. PP 304.4

Nem mesmo a integridade e fidelidade de Moisés podiam desviar a retribuição à sua falta. Deus perdoara ao povo maiores transgressões, mas não podia tratar com o pecado nos dirigentes do mesmo modo que naqueles que eram dirigidos. Honrara a Moisés mais do que a todos os outros homens na Terra. Revelara-lhe a Sua glória, e por meio dele comunicara Seus estatutos a Israel. O fato de que Moisés possuíra tão grande luz e saber, tornara mais grave seu pecado. A fidelidade passada não expiará um mau ato sequer. Quanto maior a luz e os privilégios concedidos ao homem, maior é sua responsabilidade, mais grave a sua falta, mais severo o seu castigo. PP 305.1

Conforme o juízo dos homens, Moisés não era culpado de um grande crime; seu pecado foi desses que ocorrem usualmente. O salmista diz que ele “falou imprudentemente com seus lábios”. Salmos 106:33. Perante o juízo humano isto pode parecer coisa leve; mas, se Deus tratou tão severamente com este pecado em Seu servo mais fiel e honrado, não o desculpará em outros. O espírito de exaltação própria, a disposição para censurar os irmãos, são desagradáveis a Deus. Os que condescendem com a prática destes males lançam dúvida sobre a obra de Deus, e dão aos céticos uma desculpa para a sua incredulidade. Quanto mais importante é a posição de alguém, e maior sua influência, maior é a necessidade de que cultive a paciência e a humildade. PP 305.2

Se os filhos de Deus, especialmente os que ocupam posições de responsabilidade, puderem ser levados a tomar para si a glória que é devida a Deus, Satanás exultará. Terá alcançado uma vitória. Foi assim que ele caiu. Nesse ponto alcança ele mais êxito do que em outro qualquer, ao tentar outros à ruína. É para pôr-nos de sobreaviso contra seus ardis que Deus deu em Sua Palavra tantas lições que ensinam o perigo da exaltação própria. Não há um impulso de nossa natureza, nem uma faculdade do espírito ou inclinação do coração, que não necessite achar-se a todo o instante sob a direção do Espírito de Deus. Não há uma bênção que Deus confira ao homem, nem uma provação que permita recair sobre ele, de que Satanás não possa e não queira prevalecer-se para tentar, perturbar e destruir a alma, se lhe dermos a menor vantagem. Portanto, por maior que seja a luz espiritual de alguém, por mais que obtenha do favor e bênção de Deus, deve andar sempre humildemente perante o Senhor, rogando pela fé que Deus lhe dirija todo o pensamento e domine todo impulso. PP 305.3

Todos os que professam piedade estão sob a mais sagrada obrigação de guardar o espírito, e exercitar o domínio próprio sob a maior provocação. Os encargos colocados sobre Moisés eram muito grandes; poucos homens serão tão severamente provados como ele foi; contudo, isto não lhe permitiria desculpar o pecado. Deus fez amplas provisões para Seu povo; e, se depositarem confiança em Sua força, jamais se tornarão o joguete das circunstâncias. A tentação mais forte não pode desculpar o pecado. Por maior que seja a pressão exercida sobre a alma, a transgressão é o nosso próprio ato. Não está no poder da Terra nem do inferno compelir alguém a fazer o mal. Satanás ataca-nos em nossos pontos fracos, mas não é o caso de sermos vencidos. Por mais severo ou inesperado que seja o ataque, Deus nos proveu auxílio e em Sua força podemos vencer. PP 305.4

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