A Jornada em Redor de Edom


Dia 42 - Sunday, 11 de February de 2024
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42 min

  • Números 31-33
  • Números 21:1-30

Números 31

Ouça o áudio do capítulo:

1 E falou o SENHOR a Moisés, dizendo:

2 Vinga os filhos de Israel dos midianitas; depois recolhido serás ao teu povo.

3 Falou, pois, Moisés ao povo, dizendo: Armem-se alguns de vós para a guerra, e saiam contra os midianitas, para fazerem a vingança do Senhor contra eles.

4 Mil de cada tribo, entre todas as tribos de Israel, enviareis à guerra.

5 Assim foram dados, dos milhares de Israel, mil de cada tribo; doze mil armados para a peleja.

6 E Moisés os mandou à guerra, mil de cada tribo, e com eles Finéias, filho de Eleazar, o sacerdote, com os vasos do santuário, e com as trombetas do alarido na sua mão.

7 E pelejaram contra os midianitas, como o Senhor ordenara a Moisés; e mataram a todos os homens.

8 Mataram também, além dos que já haviam sido mortos, os reis dos midianitas: a Evi, e a Requém, e a Zur, e a Hur, e a Reba, cinco reis dos midianitas; também a Balaão, filho de Beor, mataram à espada.

9 Porém, os filhos de Israel levaram presas as mulheres dos midianitas e as suas crianças; também levaram todos os seus animais e todo o seu gado, e todos os seus bens.

10 E queimaram a fogo todas as suas cidades com todas as suas habitações e todos os seus acampamentos.

11 E tomaram todo o despojo e toda a presa de homens e de animais.

12 E trouxeram a Moisés e a Eleazar, o sacerdote, e à congregação dos filhos de Israel, os cativos, e a presa, e o despojo, para o arraial, nas campinas de Moabe, que estão junto ao Jordão, na altura de Jericó.

13 Porém Moisés e Eleazar, o sacerdote, e todos os príncipes da congregação, saíram a recebê-los fora do arraial.

14 E indignou-se Moisés grandemente contra os oficiais do exército, capitães dos milhares e capitães das centenas, que vinham do serviço da guerra.

15 E Moisés disse-lhes: Deixastes viver todas as mulheres?

16 Eis que estas foram as que, por conselho de Balaão, deram ocasião aos filhos de Israel de transgredir contra o Senhor no caso de Peor; por isso houve aquela praga entre a congregação do Senhor.

17 Agora, pois, matai todo o homem entre as crianças, e matai toda a mulher que conheceu algum homem, deitando-se com ele.

18 Porém, todas as meninas que não conheceram algum homem, deitando-se com ele, deixai-as viver para vós.

19 E alojai-vos sete dias fora do arraial; qualquer que tiver matado alguma pessoa, e qualquer que tiver tocado algum morto, ao terceiro dia, e ao sétimo dia vos purificareis, a vós e a vossos cativos.

20 Também purificareis toda a roupa, e toda a obra de peles, e toda a obra de pêlos de cabras, e todo o utensílio de madeira.

21 E disse Eleazar, o sacerdote, aos homens da guerra, que foram à peleja: Este é o estatuto da lei que o Senhor ordenou a Moisés.

22 Contudo o ouro, e a prata, o cobre, o ferro, o estanho, e o chumbo,

23 Toda a coisa que pode resistir ao fogo, fareis passar pelo fogo, para que fique limpa, todavia se purificará com a água da purificação; mas tudo que não pode resistir ao fogo, fareis passar pela água.

24 Também lavareis as vossas roupas ao sétimo dia, para que fiqueis limpos; e depois entrareis no arraial.

25 Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo:

26 Faze a soma da presa que foi tomada, de homens e de animais, tu e Eleazar, o sacerdote, e os cabeças das casas dos pais da congregação,

27 E divide a presa em duas metades, entre os que se armaram para a peleja, e saíram à guerra, e toda a congregação.

28 Então para o Senhor tomarás o tributo dos homens de guerra, que saíram a esta peleja, de cada quinhentos uma alma, dos homens, e dos bois, e dos jumentos e das ovelhas.

29 Da sua metade o tomareis, e o dareis ao sacerdote Eleazar, para a oferta alçada do Senhor.

30 Mas, da metade dos filhos de Israel, tomarás um de cada cinqüenta, um dos homens, dos bois, dos jumentos, e das ovelhas, e de todos os animais; e os darás aos levitas que têm cuidado da guarda do tabernáculo do Senhor.

31 E fizeram Moisés e Eleazar, o sacerdote, como o Senhor ordenara a Moisés.

32 Foi a presa, restante do despojo que tomaram os homens de guerra, seiscentas e setenta e cinco mil ovelhas;

33 E setenta e dois mil bois;

34 E sessenta e um mil jumentos;

35 E, das mulheres que não conheceram homem algum, deitando-se com ele, todas as almas foram trinta e duas mil.

36 E a metade, que era a porção dos que saíram à guerra, foi em número de trezentas e trinta e sete mil e quinhentas ovelhas.

37 E das ovelhas, o tributo para o Senhor foi de seiscentas e setenta e cinco.

38 E foram os bois trinta e seis mil; e o seu tributo para o Senhor setenta e dois.

39 E foram os jumentos trinta mil e quinhentos; e o seu tributo para o Senhor sessenta e um.

40 E houve de pessoas dezesseis mil; e o seu tributo para o Senhor trinta e duas pessoas.

41 E deu Moisés a Eleazar, o sacerdote, o tributo da oferta alçada do Senhor, como o Senhor ordenara a Moisés.

42 E da metade dos filhos de Israel que Moisés separara da dos homens que pelejaram,

43 (A metade para a congregação foi, das ovelhas, trezentas e trinta e sete mil e quinhentas;

44 E dos bois trinta e seis mil;

45 E dos jumentos trinta mil e quinhentos;

46 E das pessoas, dezesseis mil).

47 Desta metade dos filhos de Israel, Moisés tomou um de cada cinqüenta, de homens e de animais, e os deu aos levitas, que tinham cuidado da guarda do tabernáculo do Senhor, como o Senhor ordenara a Moisés.

48 Então chegaram-se a Moisés os oficiais que estavam sobre os milhares do exército, os chefes de mil e os chefes de cem;

49 E disseram a Moisés: Teus servos tomaram a soma dos homens de guerra que estiveram sob as nossas ordens; e não falta nenhum de nós.

50 Por isso trouxemos uma oferta ao Senhor, cada um o que achou, objetos de ouro, cadeias, ou manilhas, anéis, arrecadas, e colares, para fazer expiação pelas nossas almas perante o Senhor.

51 Assim Moisés e Eleazar, o sacerdote, receberam deles o ouro, sendo todos os objetos bem trabalhados.

52 E foi todo o ouro da oferta alçada, que ofereceram ao Senhor, dezesseis mil e setecentos e cinqüenta siclos, dos chefes de mil e dos chefes de cem

53 (Pois cada um dos homens de guerra, tinha tomado presa para si).

54 Receberam, pois, Moisés e Eleazar, o sacerdote, o ouro dos chefes de mil e dos chefes de cem, e o levaram à tenda da congregação, por memorial para os filhos de Israel perante o Senhor.

Números 32

Ouça o áudio do capítulo:

1 E os filhos de Rúben e os filhos de Gade tinham gado em grande quantidade; e viram a terra de Jazer, e a terra de Gileade, e eis que o lugar era lugar de gado.

2 Vieram, pois, os filhos de Gade, e os filhos de Rúben e falaram a Moisés e a Eleazar, o sacerdote, e aos chefes da congregação, dizendo:

3 Atarote, e Dibom, e Jazer, e Ninra, e Hesbom, e Eleale, e Sebã, e Nebo, e Beom,

4 A terra que o Senhor feriu diante da congregação de Israel, é terra para gado, e os teus servos têm gado.

5 Disseram mais: Se achamos graça aos teus olhos, dê-se esta terra aos teus servos em possessão; e não nos faças passar o Jordão.

6 Porém Moisés disse aos filhos de Gade e aos filhos de Rúben: Irão vossos irmãos à peleja, e ficareis vós aqui?

7 Por que, pois, desencorajais o coração dos filhos de Israel, para que não passem à terra que o Senhor lhes tem dado?

8 Assim fizeram vossos pais, quando os mandei de Cades-Barnéia, a ver esta terra.

9 Chegando eles até ao vale de Escol, e vendo esta terra, desencorajaram o coração dos filhos de Israel, para que não entrassem na terra que o Senhor lhes tinha dado.

10 Então a ira do Senhor se acendeu naquele mesmo dia, e jurou dizendo:

11 Que os homens, que subiram do Egito, de vinte anos para cima, não verão a terra que jurei a Abraão, a Isaque, e a Jacó! porquanto não perseveraram em seguir-me;

12 Exceto Calebe, filho de Jefoné o quenezeu, e Josué, filho de Num, porquanto perseveraram em seguir ao Senhor.

13 Assim se acendeu a ira do Senhor contra Israel, e fê-los andar errantes pelo deserto quarenta anos até que se consumiu toda aquela geração, que fizera mal aos olhos do Senhor.

14 E eis que vós, uma geração de homens pecadores, vos levantastes em lugar de vossos pais, para ainda mais acrescentar o furor da ira do Senhor contra Israel.

15 Se vós vos virardes de segui-lo, também ele os deixará de novo no deserto, e destruireis a todo este povo.

16 Então chegaram-se a ele, e disseram: Edificaremos currais aqui para o nosso gado, e cidades para as nossas crianças;

17 Porém nós nos armaremos, apressando-nos adiante dos de Israel, até que os levemos ao seu lugar; e ficarão as nossas crianças nas cidades fortes por causa dos moradores da terra.

18 Não voltaremos para nossas casas, até que os filhos de Israel estejam de posse, cada um, da sua herança.

19 Porque não herdaremos com eles além do Jordão, nem mais adiante; porquanto nós já temos a nossa herança aquém do Jordão, ao oriente.

20 Então Moisés lhes disse: Se isto fizerdes assim, se vos armardes à guerra perante o Senhor;

21 E cada um de vós, armado, passar o Jordão perante o Senhor, até que haja lançado fora os seus inimigos de diante dele,

22 E a terra esteja subjugada perante o Senhor; então voltareis e sereis inculpáveis perante o Senhor e perante Israel; e esta terra vos será por possessão perante o Senhor;

23 E se não fizerdes assim, eis que pecastes contra o Senhor; e sabei que o vosso pecado vos há de achar.

24 Edificai cidades para as vossas crianças, e currais para as vossas ovelhas; e fazei o que saiu da vossa boca.

25 Então falaram os filhos de Gade, e os filhos de Rúben a Moisés, dizendo: Como ordena meu senhor, assim farão teus servos.

26 As nossas crianças, as nossas mulheres, o nosso gado, e todos os nossos animais estarão aí nas cidades de Gileade.

27 Mas os teus servos passarão, cada um armado para a guerra, a pelejar perante o SENHOR, como tem falado o meu senhor.

28 Então Moisés deu ordem acerca deles a Eleazar, o sacerdote, e a Josué filho de Num, e aos cabeças das casas dos pais das tribos dos filhos de Israel.

29 E disse-lhes Moisés: Se os filhos de Gade e os filhos de Rúben passarem convosco o Jordão, armado cada um para a guerra, perante o Senhor, e a terra estiver subjugada diante de vós, em possessão lhes dareis a terra de Gileade.

30 Porém, se não passarem armados convosco, terão possessões entre vós, na terra de Canaã.

31 E responderam os filhos de Gade e os filhos de Rúben, dizendo: O que o Senhor falou a teus servos, isso faremos.

32 Nós passaremos, armados, perante o Senhor, à terra de Canaã, e teremos a possessão de nossa herança aquém do Jordão.

33 Assim deu-lhes Moisés, aos filhos de Gade, e aos filhos de Rúben, e à meia tribo de Manassés, filho de José, o reino de Siom, rei dos amorreus, e o reino de Ogue, rei de Basã; a terra com as suas cidades nos seus termos, e as cidades ao seu redor.

34 E os filhos de Gade edificaram a Dibom, e Atarote, e Aroer;

35 E Atarote-Sofã, e Jazer, e Jogbeá;

36 E Bete-Nimra, e Bete-Harã, cidades fortes; e currais de ovelhas.

37 E os filhos de Rúben edificaram a Hesbom, e Eleale, e Quiriataim;

38 E Nebo, e Baal-Meom, mudando-lhes o nome, e Sibma; e os nomes das cidades que edificaram chamaram por outros nomes.

39 E os filhos de Maquir, filho de Manassés, foram-se para Gileade, e a tomaram; e daquela possessão expulsaram os amorreus que estavam nela.

40 Assim Moisés deu Gileade a Maquir, filho de Manassés, o qual habitou nela.

41 E foi Jair, filho de Manassés, e tomou as suas aldeias; e chamou-as Havote-Jair.

42 E foi Nobá, e tomou a Quenate com as suas aldeias; e chamou-a Nobá, segundo o seu próprio nome.

Números 33

Ouça o áudio do capítulo:

1 Estas são as jornadas dos filhos de Israel, que saíram da terra do Egito, segundo os seus exércitos, sob a direção de Moisés e Arão.

2 E escreveu Moisés as suas saídas, segundo as suas jornadas, conforme ao mandado do Senhor; e estas são as suas jornadas, segundo as suas saídas.

3 Partiram, pois, de Ramessés no primeiro mês, no dia quinze do primeiro mês; no dia seguinte da páscoa saíram os filhos de Israel por alta mão, aos olhos de todos os egípcios,

4 Enquanto os egípcios enterravam os que o Senhor tinha ferido entre eles, a todo o primogênito, e havendo o Senhor executado juízos também contra os seus deuses.

5 Partiram, pois, os filhos de Israel de Ramessés, e acamparam-se em Sucote.

6 E partiram de Sucote, e acamparam-se em Etã, que está no fim do deserto.

7 E partiram de Etã, e voltaram a Pi-Hairote, que está defronte de Baal-Zefom, e acamparam-se diante de Migdol.

8 E partiram de Pi-Hairote, e passaram pelo meio do mar ao deserto, e andaram caminho de três dias no deserto de Etã, e acamparam-se em Mara.

9 E partiram de Mara, e vieram a Elim, e em Elim havia doze fontes de águas e setenta palmeiras, e acamparam-se ali.

10 E partiram de Elim, e acamparam-se junto ao Mar Vermelho.

11 E partiram do Mar Vermelho, e acamparam-se no deserto de Sim.

12 E partiram do deserto de Sim, e acamparam-se em Dofca.

13 E partiram de Dofca, e acamparam-se em Alus.

14 E partiram de Alus, e acamparam-se em Refidim; porém não havia ali água, para que o povo bebesse.

15 Partiram, pois, de Refidim, e acamparam-se no deserto de Sinai.

16 E partiram do deserto de Sinai, e acamparam-se em Quibrote-Taavá.

17 E partiram de Quibrote-Taavá, e acamparam-se em Hazerote.

18 E partiram de Hazerote, e acamparam-se em Ritmá.

19 E partiram de Ritmá, e acamparam-se em Rimom-Perez.

20 E partiram de Rimom-Perez, e acamparam-se em Libna.

21 E partiram de Libna, e acamparam-se em Rissa.

22 E partiram de Rissa, e acamparam-se em Queelata.

23 E partiram de Queelata, e acamparam-se no monte de Séfer.

24 E partiram do monte de Séfer, e acamparam-se em Harada.

25 E partiram de Harada, e acamparam-se em Maquelote.

26 E partiram de Maquelote, e acamparam-se em Taate.

27 E partiram de Taate, e acamparam-se em Tara.

28 E partiram de Tara, e acamparam-se em Mitca.

29 E partiram de Mitca, e acamparam-se em Hasmona.

30 E partiram de Hasmona, e acamparam-se em Moserote.

31 E partiram de Moserote, e acamparam-se em Bene-Jaacã.

32 E partiram de Bene-Jaacã, e acamparam-se em Hor-Hagidgade.

33 E partiram de Hor-Hagidgade, e acamparam-se em Jotbatá.

34 E partiram de Jotbatá, e acamparam-se em Abrona.

35 E partiram de Abrona, e acamparam-se em Ezion-Geber.

36 E partiram de Ezion-Geber, e acamparam-se no deserto de Zim, que é Cades.

37 E partiram de Cades, e acamparam-se no monte Hor, no fim da terra de Edom.

38 Então Arão, o sacerdote, subiu ao monte Hor, conforme ao mandado do Senhor; e morreu ali no quinto mês do ano quadragésimo da saída dos filhos de Israel da terra do Egito, no primeiro dia do mês.

39 E era Arão da idade de cento e vinte e três anos, quando morreu no monte Hor.

40 E ouviu o cananeu, rei de Harade, que habitava o sul na terra de Canaã, que chegavam os filhos de Israel.

41 E partiram do monte Hor, e acamparam-se em Zalmona.

42 E partiram de Zalmona, e acamparam-se em Punom.

43 E partiram de Punom, e acamparam-se em Obote.

44 E partiram de Obote, e acamparam-se em Ije-Abarim, no termo de Moabe.

45 E partiram de Ije-Abarim, e acamparam-se em Dibom-Gade.

46 E partiram de Dibom-Gade, e acamparam-se em Almom-Diblataim.

47 E partiram de Almom-Diblataim, e acamparam-se nos montes de Abarim, defronte de Nebo.

48 E partiram dos montes de Abarim, e acamparam-se nas campinas de Moabe, junto ao Jordão, na direção de Jericó.

49 E acamparam-se junto ao Jordão, desde Bete-Jesimote até Abel-Sitim, nas campinas de Moabe.

50 E falou o Senhor a Moisés, nas campinas de Moabe junto ao Jordão na direção de Jericó, dizendo:

51 Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando houverdes passado o Jordão para a terra de Canaã,

52 Lançareis fora todos os moradores da terra de diante de vós, e destruireis todas as suas pinturas; também destruireis todas as suas imagens de fundição, e desfareis todos os seus altos;

53 E tomareis a terra em possessão, e nela habitareis; porquanto vos tenho dado esta terra, para possuí-la.

54 E por sortes herdareis a terra, segundo as vossas famílias; aos muitos multiplicareis a herança, e aos poucos diminuireis a herança; conforme a sorte sair a alguém, ali a possuirá; segundo as tribos de vossos pais recebereis as heranças.

55 Mas se não lançardes fora os moradores da terra de diante de vós, então os que deixardes ficar vos serão por espinhos nos vossos olhos, e por aguilhões nas vossas virilhas, e apertar-vos-ão na terra em que habitardes,

56 E será que farei a vós como pensei fazer-lhes a eles.

Números 21:1-30

Ouça o áudio do capítulo:

1 Ouvindo o cananeu, rei de Arade, que habitava para o lado sul, que Israel vinha pelo caminho dos espias, pelejou contra Israel, e dele levou alguns prisioneiros.

2 Então Israel fez um voto ao Senhor, dizendo: Se de fato entregares este povo na minha mão, destruirei totalmente as suas cidades.

3 O Senhor, pois, ouviu a voz de Israel, e lhe entregou os cananeus; e os israelitas destruíram totalmente, a eles e às suas cidades; e o nome daquele lugar chamou Hormá.

4 Então partiram do monte Hor, pelo caminho do Mar Vermelho, a rodear a terra de Edom; porém a alma do povo angustiou-se naquele caminho.

5 E o povo falou contra Deus e contra Moisés: Por que nos fizestes subir do Egito para que morrêssemos neste deserto? Pois aqui nem pão nem água há; e a nossa alma tem fastio deste pão tão vil.

6 Então o Senhor mandou entre o povo serpentes ardentes, que picaram o povo; e morreu muita gente em Israel.

7 Por isso o povo veio a Moisés, e disse: Havemos pecado, porquanto temos falado contra o Senhor e contra ti; ora ao Senhor que tire de nós estas serpentes. Então Moisés orou pelo povo.

8 E disse o Senhor a Moisés: Faze-te uma serpente ardente, e põe-na sobre uma haste; e será que viverá todo o que, tendo sido picado, olhar para ela.

9 E Moisés fez uma serpente de metal, e pô-la sobre uma haste; e sucedia que, picando alguma serpente a alguém, quando esse olhava para a serpente de metal, vivia.

10 Então os filhos de Israel partiram, e alojaram-se em Obote.

11 Depois partiram de Obote e alojaram-se nos outeiros de Ije-Abarim, no deserto que está defronte de Moabe, ao nascente do sol.

12 Dali partiram, e alojaram-se junto ao ribeiro de Zerede.

13 E dali partiram e alojaram-se no lado de Arnom, que está no deserto e sai dos termos dos amorreus; porque Arnom é o termo de Moabe, entre Moabe e os amorreus.

14 Por isso se diz no livro das guerras do Senhor: O que fiz no Mar Vermelho e nos ribeiros de Arnom,

15 E à corrente dos ribeiros, que descendo para a situação de Ar, se encosta aos termos de Moabe.

16 E dali partiram para Beer; este é o poço do qual o Senhor disse a Moisés: Ajunta o povo e lhe darei água.

17 Então Israel cantou este cântico: Brota, ó poço! Cantai dele:

18 Tu, poço, que cavaram os príncipes, que escavaram os nobres do povo, e o legislador com os seus bordões; e do deserto partiram para Mataná;

19 E de Mataná a Naaliel, e de Naaliel a Bamote.

20 E de Bamote ao vale que está no campo de Moabe, no cume de Pisga, e à vista do deserto.

21 Então Israel mandou mensageiros a Siom, rei dos amorreus, dizendo:

22 Deixa-me passar pela tua terra; não nos desviaremos pelos campos nem pelas vinhas; as águas dos poços não beberemos; iremos pela estrada real até que passemos os teus termos.

23 Porém Siom não deixou passar a Israel pelos seus termos; antes Siom congregou todo o seu povo, e saiu ao encontro de Israel no deserto, e veio a Jaza, e pelejou contra Israel.

24 Mas Israel o feriu ao fio da espada, e tomou a sua terra em possessão, desde Arnom até Jaboque, até aos filhos de Amom; porquanto o termo dos filhos de Amom era forte.

25 Assim Israel tomou todas as cidades; e habitou em todas elas, em Hesbom e em todas as suas aldeias.

26 Porque Hesbom era cidade de Siom, rei dos amorreus, que tinha pelejado contra o precedente rei dos moabitas, e tinha tomado da sua mão toda a sua terra até Arnom.

27 Por isso dizem os que falam em provérbios: Vinde a Hesbom; edifique-se e estabeleça-se a cidade de Siom.

28 Porque fogo saiu de Hesbom, e uma chama da cidade de Siom; e consumiu a Ar dos moabitas, e os senhores dos altos de Arnom.

29 Ai de ti, Moabe! perdido és, povo de Quemos! entregou seus filhos, que iam fugindo, e suas filhas, como cativas a Siom, rei dos amorreus.

30 E nós os derribamos; Hesbom perdida é até Dibom, e os assolamos até Nofá, que se estende até Medeba.

Patriarcas e Profetas

A Jornada em Redor de Edom

Ouça o áudio do capítulo:

Este capítulo é baseado em Números 20:14-29; 21:1-9.

O acampamento de Israel em Cades ficava a pequena distância das fronteiras de Edom, e tanto Moisés como o povo desejavam grandemente seguir através deste país em seu itinerário para a Terra Prometida; em conformidade com isto enviaram uma mensagem, conforme Deus lhes ordenara, ao rei edomita: PP 307.1

“Assim diz teu irmão Israel: Sabes todo o trabalho que nos sobreveio; como nossos pais desceram ao Egito, e nós no Egito habitamos muitos dias; e como os egípcios nos maltrataram, a nós e a nossos pais; e clamamos ao Senhor, e Ele ouviu a nossa voz, e mandou um Anjo, e nos tirou do Egito; e eis que estamos em Cades, cidade na extremidade dos teus termos. Deixa-nos pois passar pela tua terra; não passaremos pelo campo, nem pelas vinhas, nem beberemos da água dos poços; iremos pela estrada real; não nos desviaremos para a direita nem para a esquerda, até que passemos pelos teus termos”. Números 20:14-18. PP 307.2

A este pedido cortês, deu-se em resposta uma recusa ameaçadora: “Não passarás por mim, para que porventura eu não saia à espada ao teu encontro.” PP 307.3

Surpresos com esta repulsa, os dirigentes de Israel enviaram um segundo apelo ao rei, com a promessa: “Subiremos pelo caminho igualado, e se eu e o meu gado bebermos das tuas águas, darei o preço delas; sem fazer alguma outra coisa deixa-me somente passar a pé.” PP 307.4

“Não passarás” (Números 20:18, 19) foi a resposta. Bandos armados de edomitas já estavam postados em desfiladeiros difíceis, de maneira que qualquer avanço pacífico naquela direção era impossível, e aos hebreus era vedado recorrer à força. Deveriam fazer a longa jornada ao redor da terra de Edom. PP 307.5

Se o povo houvesse confiado em Deus, ao ser trazido à prova, o Capitão da hoste do Senhor tê-los-ia levado através de Edom, e o temor deles teria repousado sobre os habitantes da terra, de modo que, em vez de manifestarem hostilidade, ter-lhes-iam mostrado favor. Mas os israelitas não agiram de pronto conforme a Palavra de Deus, e, enquanto estavam a queixar-se e murmurar, passou-se a áurea oportunidade. Quando finalmente estavam prontos para apresentar ao rei seu pedido, este não foi atendido. Sempre, desde que saíram do Egito, estivera Satanás constantemente em atividade para lançar estorvos e tentações em seu caminho, a fim de não herdarem Canaã. E pela sua incredulidade lhe haviam repetidas vezes aberto a porta, para resistir ao propósito de Deus. PP 307.6

É de importância crer na palavra de Deus e com prontidão agir segundo ela, enquanto Seus anjos estão esperando para agir em nosso favor. Anjos maus estão prontos para disputar cada passo para a frente. E, quando a providência de Deus ordena a Seus filhos avançarem, quando Ele está pronto para fazer grandes coisas por eles, Satanás os tenta a desagradar ao Senhor pela hesitação e demora; procura acender um espírito de contenda ou despertar murmuração ou incredulidade, e assim despojá-los das bênçãos que Deus deseja outorgar. Os servos de Deus devem ser homens de ação, sempre prontos para se moverem tão depressa quanto Sua providência abre o caminho. Qualquer demora de sua parte, dá tempo para Satanás agir a fim de os derrotar. PP 308.1

Nas instruções dadas a princípio a Moisés concernentes à sua passagem por Edom, depois de declarar que os edomitas ficariam com medo de Israel, o Senhor proibiu a Seu povo fazer uso desta vantagem contra eles. Conquanto o poder de Deus estivesse empenhado em prol de Israel, e o temor dos edomitas deles fizesse fácil presa, nem por isso deveriam os hebreus depredá-los. A ordem a eles dada foi: “Porém guardai-vos bem. Não vos entremetais com eles, porque vos não darei da sua terra nem ainda a pisada da planta de um pé; porquanto a Esaú tenho dado a montanha de Seir por herança”. Deuteronômio 2:4, 5. Os edomitas eram descendentes de Abraão e Isaque, e por amor a estes Seus servos, Deus mostrara favor aos filhos de Esaú. Ele lhes dera a montanha de Seir em possessão, e não deveriam ser perturbados a menos que pelos seus pecados se colocassem além do alcance de Sua misericórdia. Os hebreus deviam desapossar e destruir totalmente os habitantes de Canaã, que tinham enchido a medida de sua iniqüidade; mas os edomitas estavam ainda sob o tempo de graça, e em tais condições deviam ser tratados misericordiosamente. Deus Se deleita com a misericórdia e manifesta compaixão antes de infligir juízos. Ensina Israel a poupar o povo de Edom, antes de exigir que destruam os habitantes de Canaã. PP 308.2

Os antepassados de Edom e Israel eram irmãos, e bondade e cortesia fraternal deviam existir entre eles. Proibiu-se aos israelitas, quer naquela ocasião quer em qualquer tempo futuro, vingar a afronta que se lhes fizera com a recusa da passagem pela terra. Não deviam ter expectativa de possuir qualquer parte da terra de Edom. Conquanto os israelitas fossem o povo escolhido e favorecido de Deus, deviam atender às restrições que Ele lhes impunha. Deus lhes prometera uma boa herança; mas não deviam entender que somente eles tinham direitos na terra, e procurar excluir todos os outros. Foram instruídos a que se acautelassem, em todas as suas relações com os edomitas, de lhes fazer injustiça. Deviam negociar com eles, adquirindo por compra os suprimentos necessários, e pagando prontamente tudo que recebiam. Como incitamento a Israel a fim de confiar em Deus, e obedecer à Sua palavra, lembrou-se-lhes: “O Senhor teu Deus te abençoou; [...] coisa nenhuma te faltou”. Deuteronômio 2:7. Não deviam depender dos edomitas; pois tinham um Deus farto em recursos. Não deviam pela força ou pela fraude procurar obter coisa alguma a eles pertencente; mas, em todas as suas relações, exemplificar o princípio da lei divina: “Amarás a teu próximo como a ti mesmo”. Levítico 19:18. PP 308.3

Houvessem eles desta maneira passado por Edom, como fora propósito de Deus, a passagem ter-se-ia mostrado ser uma bênção, não somente para eles mesmos mas também aos habitantes da terra; pois lhes teria dado oportunidade de familiarizar-se com o povo de Deus e seu culto, e testemunhar como o Deus de Jacó prosperou aqueles que O amavam e temiam. Tudo isto, porém, a incredulidade de Israel impediu. Deus dera ao povo água em resposta aos seus clamores, mas permitiu que de sua incredulidade resultasse seu próprio castigo. Novamente deviam atravessar o deserto e matar sua sede pela fonte miraculosa, coisa esta de que não mais teriam necessidade caso houvessem confiado nEle. PP 309.1

Em conformidade com isto, as hostes de Israel voltaram novamente para o Sul, e seguiram através de áridas regiões, que pareciam mesmo mais medonhas depois de um relance aos pontos verdejantes entre as colinas e vales de Edom. Da cordilheira de montanhas sobranceira a este sombrio deserto, ergue-se o monte de Hor, em cujo cimo morreria e seria sepultado Arão. Quando os israelitas chegaram a esta montanha, foi dirigida a Moisés esta ordem divina: “Toma a Arão e a Eleazar, seu filho, e faze-os subir ao monte de Hor. E despe a Arão os seus vestidos, e veste-os a Eleazar, seu filho, porque Arão será recolhido, e morrerá ali”. Números 20:25, 26. PP 309.2

Juntos, esses dois anciãos e o jovem afadigaram-se a galgar a altura da montanha. A cabeça de Moisés e a de Arão estavam brancas com a neve dos cento e vinte invernos. Sua vida longa e cheia de acontecimentos fora assinalada pelas mais sérias provações e maiores honras que já tocaram por sorte ao homem. Eram homens de grande habilidade natural, e todas as suas capacidades tinham-se desenvolvido, exaltado, dignificado, pela comunhão com o Ser infinito. Sua vida fora despendida em abnegado trabalho para Deus e seus semelhantes; seu rosto evidenciava grande capacidade intelectual, firmeza e nobreza de propósitos, e fortes afeições. PP 309.3

Muitos anos, Moisés e Arão haviam estado ao lado um do outro em seus cuidados e labores. Juntos tinham lutado com inumeráveis perigos, e juntos participaram de assinaladas bênçãos de Deus; mas perto estava o tempo em que deviam separar-se. Moviam-se muito vagarosamente, pois cada momento da companhia mútua era precioso. A subida era íngreme e fatigante; e, como muitas vezes paravam para descansar, conversavam sobre o passado e o futuro. Diante deles, tanto quanto a vista podia alcançar, estendia-se o cenário de suas vagueações pelo deserto. Na planície, abaixo, estavam acampadas as vastas hostes de Israel, pelas quais esses homens escolhidos de Deus haviam despendido a melhor parte de sua vida; por cujo bem-estar haviam sentido tão profundo interesse e feito tão grandes sacrifícios. Algures, para além das montanhas de Edom, estava o caminho que conduzia à Terra Prometida, terra cujas bênçãos Moisés e Arão não iriam desfrutar. Nenhum sentimento revoltoso encontrava guarida em seu coração, expressão alguma de murmuração lhes escapava dos lábios; todavia uma tristeza solene se estampava em seu rosto, ao lembrarem o que os privara da herança de seus pais. PP 309.4

A obra de Arão em prol de Israel estava concluída. Quarenta anos antes, com a idade de oitenta e três anos, Deus o chamara para unir-se a Moisés em sua grande e importante missão. Ele cooperara com seu irmão, ao tirar do Egito os filhos de Israel. Sustivera as mãos do grande líder quando as hostes hebréias davam batalha a Amaleque. Fora-lhe permitido subir ao Monte Sinai, aproximar-se da presença de Deus, e ver a glória divina. O Senhor conferira à família de Arão o ofício do sacerdócio, e o honrara com a santa consagração de sumo sacerdote. Ele o mantivera no ofício santo pelas terríveis manifestações de juízo divino, na destruição de Coré e seu grupo. Foi pela intercessão de Arão que a praga se deteve. Quando seus dois filhos foram mortos por desrespeitarem o mandado expresso de Deus, ele não se rebelou, nem mesmo murmurou. Contudo o relato de sua nobre vida fora deslustrado. Arão cometeu grave pecado quando se rendeu aos clamores do povo e fez o bezerro de ouro no Sinai; e novamente, quando se uniu a Miriã na inveja e murmuração contra Moisés. E, juntamente com Moisés ofendeu o Senhor em Cades, desobedecendo à ordem de falar à rocha para que esta vertesse sua água. PP 310.1

Era intuito de Deus que estes grandes dirigentes de Seu povo fossem representantes de Cristo. Arão trazia sobre o peito os nomes de Israel. Comunicava ao povo a vontade de Deus. Entrava no lugar santíssimo no dia da expiação, “não sem sangue”, (Hebreus 9:7) como mediador de todo o Israel. Saía daquela obra para abençoar a congregação, assim como Cristo sairá para abençoar Seu povo expectante quando Sua obra de expiação em favor do mesmo se finalizar. Foi o caráter exaltado daquele sagrado ofício, como representante de nosso grande Sumo Sacerdote, que tornou o pecado de Arão em Cades de tamanha magnitude. PP 310.2

Com profunda tristeza Moisés removeu de Arão as santas vestes, e as pôs sobre Eleazar, que assim se tornou seu sucessor por determinação divina. Pelo seu pecado em Cades, foi proibido a Arão o privilégio de oficiar como sumo sacerdote de Deus em Canaã — de oferecer o primeiro sacrifício na boa terra, e assim consagrar a herança de Israel. Moisés devia continuar em seu cargo, guiando o povo até as bordas de Canaã. Devia ele chegar até onde poderia avistar a Terra Prometida, mas ali não deveria entrar. Houvessem esses servos de Deus, quando se achavam perante a rocha em Cades, resistido, sem murmurar, à prova que ali lhes sobreveio, quão diferente lhes teria sido o futuro! Um mau ato jamais pode ser desfeito. Pode ser que o trabalho de uma vida inteira não recupere o que se perdeu em um simples momento de tentação ou mesmo de inadvertência. PP 310.3

A ausência no acampamento dos dois grandes chefes, e o haverem sido acompanhados por Eleazar, o qual, sabia-se, deveria ser o sucessor de Arão no sagrado ofício, despertaram sentimento de apreensão, e sua volta era ansiosamente esperada. Ao olhar o povo em redor de si, para a sua vasta congregação, viram que quase todos os adultos que saíram do Egito haviam perecido no deserto. Todos sentiram um mau sinal ao lembrarem-se da sentença pronunciada contra Moisés e Arão. Alguns estavam cientes do objetivo daquela jornada misteriosa ao cume do Monte de Hor, e sua solicitude para com os líderes aumentava em virtude de amarguradas lembranças e acusações contra si mesmos. PP 311.1

As formas de Moisés e Eleazar foram finalmente divisadas descendo vagarosamente a encosta da montanha; mas Arão não estava com eles. Sobre Eleazar estavam os trajes sacerdotais, mostrando que havia sucedido a seu pai no ofício sagrado. Quando o povo com coração pesaroso se reuniu em torno de seu líder, Moisés lhes disse que Arão morrera em seus braços, sobre o Monte Hor, e que eles o sepultaram ali. A congregação rompeu em pranto e lamentação, pois todos amavam Arão, embora lhe houvessem tantas vezes causado tristeza. “Choraram a Arão trinta dias, isto é, toda a casa de Israel”. Números 20:29. PP 311.2

Com respeito ao sepultamento do sumo sacerdote de Israel, as Escrituras dão apenas este simples relato: “Ali faleceu Arão, e ali foi sepultado”. Deuteronômio 10:6. Em que notável contraste com os costumes dos tempos atuais se acha este enterro, efetuado conforme o mandado expresso de Deus. Nos tempos modernos os funerais de um homem de alta posição, muitas vezes dão ensejo para ostentações aparatosas e extravagantes. Quando Arão morreu, sendo ele um dos mais ilustres homens que já viveram, houve apenas dois de seus mais chegados amigos para lhe testemunharem a morte e cuidar de seu enterro. E aquela sepultura solitária sobre o monte de Hor esteve para sempre oculta das vistas de Israel. Deus não é honrado com a grande ostentação tantas vezes feita nos sepultamentos, e com o extravagante dispêndio feito ao restituir o corpo ao pó. PP 311.3

A congregação inteira entristeceu-se pela falta de Arão; no entanto não poderia sentir essa perda tão intensamente como Moisés. A morte de Arão forçosamente lembrou a Moisés que seu fim estava próximo; mas, ainda que o tempo de sua permanência na Terra devesse ser breve, sentiu profundamente a perda de seu companheiro constante — aquele que compartilhara de suas alegrias e tristezas, esperanças e temores, durante tantos longos anos. Moisés teria de continuar agora o trabalho, sozinho; mas sabia que Deus era seu amigo, e nEle se apoiou mais pesadamente. PP 311.4

Logo depois de partirem do Monte Hor, os israelitas sofreram revés em um combate com Harade, um dos reis cananeus. Mas, como fervorosamente buscassem auxílio de Deus, foi-lhes concedida a ajuda divina, e seus inimigos foram derrotados. Esta vitória, em vez de inspirar gratidão ao povo e levá-lo a sentir sua dependência de Deus, tornou-os jactanciosos e presunçosos. Logo caíram no velho hábito de murmurar. Estavam agora descontentes porque aos exércitos de Israel não fora permitido avançar contra Canaã imediatamente depois de sua rebelião por motivo do relato dos espias, quase quarenta anos antes. Declararam ser sua longa peregrinação pelo deserto uma demora desnecessária, raciocinando que poderiam ter vencido seus inimigos tão facilmente outrora como então. PP 312.1

Continuando sua jornada em direção ao Sul, estendia-se seu itinerário através de um vale quente, arenoso, destituído de sombra ou vegetação. O caminho parecia longo e difícil, e sofriam cansaço e sede. De novo não puderam suportar a prova de sua fé e paciência. Ocupando-se continuamente com o lado tenebroso de suas experiências, separaram-se mais e mais de Deus. Perderam de vista que, caso não houvessem murmurado quando cessou a água em Cades, ter-lhes-ia sido poupada a jornada em redor de Edom. Deus tivera o propósito de melhores coisas para eles. Devia ter-se-lhes enchido de gratidão o coração para com Ele, por haver-lhes punido de modo tão leve o pecado. Mas, em vez disto, lisonjeavam-se de que, se Deus e Moisés não houvessem intervindo, poderiam agora estar de posse da Terra Prometida. Depois de trazerem sobre si dificuldades, tornando sua sorte muito mais rigorosa do que era intuito de Deus, a Ele atribuíram todos os seus infortúnios. Assim alimentavam amargos pensamentos com relação ao Seu trato para com eles, e finalmente ficaram descontentes com tudo. O Egito parecia-lhes brilhante e mais desejável do que a liberdade, e do que a terra para a qual Deus os estava guiando. PP 312.2

Condescendendo os israelitas com o espírito de descontentamento, dispuseram-se para achar defeitos mesmo em suas bênçãos. “E o povo falou contra Deus e contra Moisés: Por que nos fizeste subir do Egito, para que morrêssemos neste deserto? Pois nem pão nem água há; e a nossa alma tem fastio deste pão tão vil”. Números 21:5. PP 312.3

Moisés apresentou com fidelidade ao povo o grande pecado deles. Fora o poder de Deus apenas que os preservara naquele “grande e terrível deserto de serpentes ardentes, e de escorpiões, e de secura, em que não havia água”. Deuteronômio 8:15. Em cada dia das suas viagens tinham sido guardados por um milagre da misericórdia divina. Em todo o caminho, sob a guia de Deus, tinham encontrado água para refrescar os sedentos, pão do Céu para satisfazer a fome, e paz e segurança, debaixo da nuvem que dava sombra durante o dia, e debaixo da coluna de fogo à noite. Anjos lhes haviam ministrado enquanto subiam as montanhas rochosas, ou desfilavam pelas ásperas sendas do deserto. Apesar das dificuldades que tinham sofrido, nenhum havia que fosse fraco em todas as suas fileiras. Seus pés não se haviam inchado nas longas jornadas, tampouco se lhes envelheceu a roupa. Deus subjugara diante deles as feras rapinantes e os répteis venenosos da floresta e do deserto. Se com todos estes sinais de Seu amor o povo ainda continuava a queixar-se, o Senhor retiraria Sua proteção até que fossem levados a apreciar Seu misericordioso cuidado, e a voltar-se para Ele com arrependimento e humilhação. PP 312.4

Por que tivessem sido protegidos pelo poder divino, não se compenetraram dos incontáveis perigos de que se achavam continuamente rodeados. Em sua ingratidão e incredulidade, haviam desejado a morte, e agora o Senhor permitiu que esta viesse para eles. As serpentes venenosas que infestavam o deserto foram chamadas serpentes ardentes, por causa dos terríveis efeitos produzidos por sua mordedura, que causava inflamação violenta e morte rápida. Removendo-se de Israel a mão protetora de Deus, grande número de pessoas foram atacadas por esses animais venenosos. PP 313.1

Houve então terror e confusão por todo o acampamento. Em quase cada tenda havia moribundos ou mortos. Ninguém estava livre. Muitas vezes o silêncio da noite era interrompido por gritos penetrantes que significavam novas vítimas. Todos estavam ocupados em tratar dos sofredores, ou esforçando-se com um cuidado torturante por proteger os que ainda não tinham sido picados. Nenhuma murmuração escapava agora de seus lábios. Comparados com seu sofrimento presente, as dificuldade e provações anteriores pareciam indignas de qualquer consideração. PP 313.2

O povo humilhou-se agora perante Deus. Vieram a Moisés com suas confissões e rogos. “Havemos pecado”, disseram, “porquanto temos falado contra o Senhor e contra ti”. Números 21:7. Pouco antes, haviam-no acusado de ser o seu pior inimigo, a causa de todas as suas angústias e aflições. Mas sabiam que a acusação era falsa, mesmo quando as palavras estavam em seus lábios; e, mal chegara a dificuldade real, correram para ele como o único que poderia interceder junto a Deus por eles. “Ora ao Senhor”, clamaram, “que tire de nós estas serpentes”. Números 21:7. PP 313.3

Foi divinamente ordenado a Moisés fazer uma serpente de metal, assemelhando-se às serpentes vivas, e erguê-la entre o povo. Para esta todos os que haviam sido feridos deviam olhar, e encontrariam alívio. Ele assim fez, e repercutiu por todo o acampamento a alegre notícia de que todos os que houvessem sido mordidos poderiam olhar para a serpente de metal e viver. Muitos já haviam morrido e, quando Moisés ergueu a serpente sobre a haste, alguns não queriam crer que meramente o olhar para a figura de metal os curaria; estes pereceram em sua incredulidade. Muitos havia, contudo, que tinham fé no meio que Deus provera. Pais, mães, irmãos e irmãs estavam ansiosamente empenhados em ajudar amigos sofredores e moribundos a fixar na serpente seus desfalecidos olhares. Se estes, embora abatidos e moribundos, tão-somente pudessem olhar uma vez, eram perfeitamente restabelecidos. PP 313.4

O povo bem sabia que na serpente de metal não havia poder para causar tal mudança nos que a contemplavam. A virtude curadora provinha de Deus tão-somente. Em Sua sabedoria, escolheu Ele este meio de demonstrar Seu poder. Por essa maneira simples o povo foi levado a reconhecer que aquele mal lhes fora acarretado por seus pecados. Foi-lhes também afirmado que, enquanto obedecessem a Deus, não tinham motivo para temer; pois Ele os preservaria. PP 314.1

O levantamento da serpente de bronze deveria ensinar a Israel uma importante lição. Não poderiam salvar a si mesmos dos efeitos fatais do veneno em seus ferimentos. Apenas Deus os poderia curar. Contudo exigia-se-lhes mostrar fé no meio que Ele provera. Deviam olhar, a fim de viverem. A sua fé é que era aceitável diante de Deus; e, olhando a serpente, mostravam a sua fé. Sabiam que não havia virtude na serpente mesma, mas era ela um símbolo de Cristo; e a necessidade de fé em Seus méritos era-lhes assim apresentada ao espírito. Até ali muitos haviam trazido suas ofertas a Deus, e entendiam que assim fazendo efetuavam uma ampla expiação por seus pecados. Não depositavam sua confiança no Redentor vindouro, de quem essas ofertas eram apenas um tipo. O Senhor queria agora ensinar-lhes que seus sacrifícios em si mesmos, não tinham mais poder nem virtude do que a serpente de bronze, mas deviam, como aquela, dirigir a mente a Cristo, a grande oferta pelo pecado. PP 314.2

“Como Moisés levantou a serpente no deserto”, assim foi levantado o Filho do homem, “para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. João 3:14, 15. Todos os que têm vivido na Terra, têm sentido a picada mortífera daquela “antiga serpente, chamada o diabo, e Satanás”. Apocalipse 12:9. Os efeitos fatais do pecado podem apenas ser removidos pela provisão que Deus fez. Os israelitas salvaram a própria vida olhando para a serpente levantada. Aquele olhar envolvia fé. Viviam porque acreditavam na palavra de Deus, e confiavam no meio provido para o seu restabelecimento. Assim o pecador pode olhar a Cristo, e viver. Recebe perdão pela fé no sacrifício expiatório. Diferente do símbolo inerte e inanimado, Cristo tem poder e virtude em Si mesmo para curar o pecador arrependido. PP 314.3

Conquanto o pecador não possa salvar-se a si próprio, tem algo que fazer para conseguir a salvação. “O que vem a Mim”, disse Cristo, “de maneira nenhuma o lançarei fora”. João 6:37. Mas devemos ir a Ele; e, quando nos arrependemos de nossos pecados, devemos crer que Ele nos aceita e perdoa. A fé é dom de Deus, mas a faculdade de exercê-la é nossa. A fé é a mão pela qual a alma se apodera das ofertas divinas de graça e misericórdia. PP 314.4

Nada além da justiça de Cristo pode dar-nos direito às bênçãos do concerto da graça. Muitos há que durante longo tempo têm desejado e procurado obter essas bênçãos, mas não as têm recebido, porque têm acariciado a idéia de que podiam fazer algo para se tornarem dignos das mesmas. Eles não têm olhado fora de si, e crido que Jesus é um Salvador inteiramente capaz. Não devemos crer que nossos próprios méritos nos salvarão; Cristo é a nossa única esperança de salvação. “Debaixo do Céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos”. Atos 4:12. PP 314.5

Quando confiarmos em Deus completamente, quando contarmos com os méritos de Jesus como um Salvador que perdoa o pecado, receberemos todo o auxílio que pudermos desejar. Que ninguém olhe para si, como se tivesse poder para salvar-se. Jesus por nós morreu porque éramos impotentes para fazer isso. NEle está a nossa esperança, nossa justificação, nossa justiça. Quando vemos nossa pecaminosidade, não devemos desalentar-nos, e recear que não temos Salvador, ou que Ele não tem pensamentos de misericórdia para conosco. Nessa mesma ocasião está Ele convidando-nos para chegar a Si, em nosso desamparo, e sermos salvos. PP 315.1

Muitos dos israelitas não reconheceram auxílio no remédio que o Céu havia indicado. Os mortos e moribundos estavam em redor deles, e sabiam que, sem ajuda divina, sua própria sorte era certa; mas continuavam a lamentar seus ferimentos, suas dores, sua morte certa, até que lhes desaparecia a força, e os olhos ficavam embaciados, quando poderiam ter tido cura instantânea. Se temos consciência de nossas necessidades, não devemos empregar nossas forças em lamentação por causa delas. Conquanto nos compenetremos de nossa condição de desamparo, sem Cristo, não devemos entregar-nos ao desânimo, mas confiar nos méritos de um Salvador crucificado e ressuscitado. Olhai e vivei. Jesus empenhou Sua palavra; Ele salvará todos os que a Ele se chegarem. Embora milhões que necessitam ser curados rejeitem Sua misericórdia que é oferecida, nenhum dos que confiam em Seus méritos será deixado a perecer. PP 315.2

Muitos não querem aceitar a Cristo antes que lhes fique claro todo o mistério do plano da salvação. Recusam o olhar da fé, embora vejam que milhares têm olhado para a cruz de Cristo e sentido a eficácia desse olhar. Muitos vagueiam nos labirintos da filosofia, em busca de razões e provas que nunca encontrarão, ao mesmo tempo que rejeitam as provas que Deus foi servido dar-lhes. Recusam-se a andar na luz do Sol da Justiça, antes que lhes seja explicada a razão de seu resplendor. Todos quantos persistirem nesta atitude deixarão de chegar ao conhecimento da verdade. Deus nunca removerá todo o motivo para a dúvida. Ele dá prova suficiente sobre que basear a fé e, se isto não é aceito, a mente é deixada em trevas. Se aqueles que foram picados pelas serpentes se tivessem detido para duvidar e discutir antes de se resolverem a olhar, teriam perecido. Temos o dever, primeiramente, de olhar; e o olhar de fé nos dará vida. PP 315.3

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