Vinde... Repousai um Pouco


Dia 183 - Monday, 01 de July de 2024
Marcar como lido
19 min

  • Jeremias 44 e 45
  • Marcos 6:30-56

Jeremias 44

Ouça o áudio do capítulo:

1 A palavra que veio a Jeremias, acerca de todos os judeus, habitantes da terra do Egito, que habitavam em Migdol, e em Tafnes, e em Nofe, e na terra de Patros, dizendo:

2 Assim diz o Senhor dos Exércitos, Deus de Israel: Vós vistes todo o mal que fiz vir sobre Jerusalém, e sobre todas as cidades de Judá; e eis que elas são hoje uma desolação, e ninguém habita nelas;

3 Por causa da maldade que fizeram, para me irarem, indo queimar incenso, e servir a deuses estranhos, que nunca conheceram, nem eles, nem vós, nem vossos pais.

4 E eu vos enviei todos os meus servos, os profetas, madrugando e enviando a dizer: Ora, não façais esta coisa abominável que odeio.

5 Mas eles não escutaram, nem inclinaram os seus ouvidos, para se converterem da sua maldade, para não queimarem incenso a outros deuses.

6 Derramou-se, pois, a minha indignação e a minha ira, e acendeu-se nas cidades de Judá, e nas ruas de Jerusalém, e elas tornaram-se em deserto e em desolação, como hoje se vê.

7 Agora, pois, assim diz o Senhor, Deus dos Exércitos, Deus de Israel: Por que fazeis vós tão grande mal contra as vossas almas, para vos desarraigardes, ao homem e à mulher, à criança e ao que mama, do meio de Judá, a fim de não deixardes remanescente algum;

8 Irando-me com as obras de vossas mãos, queimando incenso a deuses estranhos na terra do Egito, aonde vós entrastes para lá habitar; para que a vós mesmos vos desarraigueis, e para que sirvais de maldição, e de opróbrio entre todas as nações da terra?

9 Esquecestes já as maldades de vossos pais, e as maldades dos reis de Judá, e as maldades de suas mulheres, e as vossas maldades, e as maldades de vossas mulheres, que cometeram na terra de Judá, e nas ruas de Jerusalém?

10 Não se humilharam até ao dia de hoje, nem temeram, nem andaram na minha lei, nem nos meus estatutos, que pus diante de vós e diante de vossos pais.

11 Portanto assim diz o Senhor dos Exércitos, Deus de Israel: Eis que eu ponho o meu rosto contra vós para mal, e para desarraigar a todo o Judá.

12 E tomarei os que restam de Judá, os quais puseram os seus rostos para entrarem na terra do Egito, para lá habitar e todos eles serão consumidos na terra do Egito; cairão à espada, e de fome morrerão; consumir-se-ão, desde o menor até ao maior; à espada e de fome morrerão; e servirão de execração, e de espanto, e de maldição, e de opróbrio.

13 Porque castigarei os que habitam na terra do Egito, como castiguei Jerusalém, com a espada, com a fome e com a peste.

14 De maneira que da parte remanescente de Judá, que entrou na terra do Egito, para lá habitar, não haverá quem escape e fique para tornar à terra de Judá, à qual eles suspiram voltar para nela morar; porém não tornarão senão uns fugitivos.

15 Então responderam a Jeremias todos os homens que sabiam que suas mulheres queimavam incenso a deuses estranhos, e todas as mulheres que estavam presentes em grande multidão, como também todo o povo que habitava na terra do Egito, em Patros, dizendo:

16 Quanto à palavra que nos anunciaste em nome do Senhor, não obedeceremos a ti;

17 Mas certamente cumpriremos toda a palavra que saiu da nossa boca, queimando incenso à rainha dos céus, e oferecendo-lhe libações, como nós e nossos pais, nossos reis e nossos príncipes, temos feito, nas cidades de Judá, e nas ruas de Jerusalém; e então tínhamos fartura de pão, e andávamos alegres, e não víamos mal algum.

18 Mas desde que cessamos de queimar incenso à rainha dos céus, e de lhe oferecer libações, tivemos falta de tudo, e fomos consumidos pela espada e pela fome.

19 E quando nós queimávamos incenso à rainha dos céus, e lhe oferecíamos libações, acaso lhe fizemos bolos, para a adorar, e oferecemos-lhe libações sem nossos maridos?

20 Então disse Jeremias a todo o povo, aos homens e às mulheres, e a todo o povo que lhe havia dado esta resposta, dizendo:

21 Porventura não se lembrou o Senhor, e não lhe veio ao coração o incenso que queimastes nas cidades de Judá e nas ruas de Jerusalém, vós e vossos pais, vossos reis e vossos príncipes, como também o povo da terra?

22 De maneira que o Senhor não podia por mais tempo sofrer a maldade das vossas ações, as abominações que cometestes; por isso se tornou a vossa terra em desolação, e em espanto, e em maldição, sem habitantes, como hoje se vê.

23 Porque queimastes incenso, e porque pecastes contra o Senhor, e não obedecestes à voz do Senhor, e na sua lei, e nos seus testemunhos não andastes, por isso vos sucedeu este mal, como se vê neste dia.

24 Disse mais Jeremias a todo o povo e a todas as mulheres: Ouvi a palavra do Senhor, vós, todo o Judá, que estais na terra do Egito.

25 Assim fala o Senhor dos Exércitos, Deus de Israel, dizendo: Vós e vossas mulheres não somente falastes por vossa boca, senão também o cumpristes por vossas mãos, dizendo: Certamente cumpriremos os nossos votos que fizemos de queimar incenso à rainha dos céus e de lhe oferecer libações; confirmai, pois, os vossos votos, e perfeitamente cumpri-os.

26 Portanto ouvi a palavra do SENHOR, todo o Judá, que habitais na terra do Egito: Eis que eu juro pelo meu grande nome, diz o SENHOR, que nunca mais será pronunciado o meu nome pela boca de nenhum homem de Judá em toda a terra do Egito dizendo: Vive o Senhor DEUS!

27 Eis que velarei sobre eles para mal, e não para bem; e serão consumidos todos os homens de Judá, que estão na terra do Egito, pela espada e pela fome, até que de todo se acabem.

28 E os que escaparem da espada voltarão da terra do Egito à terra de Judá, poucos em número; e todo o restante de Judá, que entrou na terra do Egito, para habitar ali, saberá se subsistirá a minha palavra ou a sua.

29 E isto vos servirá de sinal, diz o Senhor, que eu vos castigarei neste lugar, para que saibais que certamente subsistirão as minhas palavras contra vós para mal.

30 Assim diz o SENHOR: Eis que eu darei Faraó-Hofra, rei do Egito, na mão de seus inimigos, e na mão dos que procuram a sua morte; como entreguei Zedequias, rei de Judá, na mão de Nabucodonosor, rei de babilônia, seu inimigo, e que procurava a sua morte.

Jeremias 45

Ouça o áudio do capítulo:

1 A palavra que Jeremias, o profeta, falou a Baruque, filho de Nerias, quando este escrevia, num livro, estas palavras, da boca de Jeremias, no ano quarto de Jeoiaquim, filho de Josias, rei de Judá, dizendo:

2 Assim diz o Senhor, Deus de Israel, acerca de ti, ó Baruque:

3 Disseste: Ai de mim agora, porque me acrescentou o Senhor tristeza sobre minha dor! Estou cansado do meu gemido, e não acho descanso.

4 Assim lhe dirás: Isto diz o Senhor: Eis que o que edifiquei eu derrubo, e o que plantei eu arranco, e isso em toda esta terra.

5 E procuras tu grandezas para ti mesmo? Não as procures; porque eis que trarei mal sobre toda a carne, diz o SENHOR; porém te darei a tua alma por despojo, em todos os lugares para onde fores.

Marcos 6:30-56

Ouça o áudio do capítulo:

30 E os apóstolos ajuntaram-se a Jesus, e contaram-lhe tudo, tanto o que tinham feito como o que tinham ensinado.

31 E ele disse-lhes: Vinde vós, aqui à parte, a um lugar deserto, e repousai um pouco. Porque havia muitos que iam e vinham, e não tinham tempo para comer.

32 E foram sós num barco para um lugar deserto.

33 E a multidão viu-os partir, e muitos o conheceram; e correram para lá, a pé, de todas as cidades, e ali chegaram primeiro do que eles, e aproximavam-se dele.

34 E Jesus, saindo, viu uma grande multidão, e teve compaixão deles, porque eram como ovelhas que não têm pastor; e começou a ensinar-lhes muitas coisas.

35 E, como o dia fosse já muito adiantado, os seus discípulos se aproximaram dele, e lhe disseram: O lugar é deserto, e o dia está já muito adiantado.

36 Despede-os, para que vão aos lugares e aldeias circunvizinhas, e comprem pão para si; porque não têm que comer.

37 Ele, porém, respondendo, lhes disse: Dai-lhes vós de comer. E eles disseram-lhe: Iremos nós, e compraremos duzentos dinheiros de pão para lhes darmos de comer?

38 E ele disse-lhes: Quantos pães tendes? Ide ver. E, sabendo-o eles, disseram: Cinco pães e dois peixes.

39 E ordenou-lhes que fizessem assentar a todos, em ranchos, sobre a erva verde.

40 E assentaram-se repartidos de cem em cem, e de cinqüenta em cinqüenta.

41 E, tomando ele os cinco pães e os dois peixes, levantou os olhos ao céu, abençoou e partiu os pães, e deu-os aos seus discípulos para que os pusessem diante deles. E repartiu os dois peixes por todos.

42 E todos comeram, e ficaram fartos;

43 E levantaram doze alcofas cheias de pedaços de pão e de peixe.

44 E os que comeram os pães eram quase cinco mil homens.

45 E logo obrigou os seus discípulos a subir para o barco, e passar adiante, para o outro lado, a Betsaida, enquanto ele despedia a multidão.

46 E, tendo-os despedido, foi ao monte a orar.

47 E, sobrevindo a tarde, estava o barco no meio do mar e ele, sozinho, em terra.

48 E vendo que se fatigavam a remar, porque o vento lhes era contrário, perto da quarta vigília da noite aproximou-se deles, andando sobre o mar, e queria passar-lhes adiante.

49 Mas, quando eles o viram andar sobre o mar, cuidaram que era um fantasma, e deram grandes gritos.

50 Porque todos o viam, e perturbaram-se; mas logo falou com eles, e disse-lhes: Tende bom ânimo; sou eu, não temais.

51 E subiu para o barco, para estar com eles, e o vento se aquietou; e entre si ficaram muito assombrados e maravilhados;

52 Pois não tinham compreendido o milagre dos pães; antes o seu coração estava endurecido.

53 E, quando já estavam no outro lado, dirigiram-se à terra de Genesaré, e ali atracaram.

54 E, saindo eles do barco, logo o conheceram;

55 E, correndo toda a terra em redor, começaram a trazer em leitos, aonde quer que sabiam que ele estava, os que se achavam enfermos.

56 E, onde quer que entrava, ou em cidade, ou aldeias, ou no campo, apresentavam os enfermos nas praças, e rogavam-lhe que os deixasse tocar ao menos na orla da sua roupa; e todos os que lhe tocavam saravam.

O Desejado de Todas as Nações

Vinde...Repousai um Pouco

Ouça o áudio do capítulo:

Este capítulo é baseado em Mateus 14:1, 2, 12, 13; Marcos 6:30-32; Lucas 9:7-10.

Volvendo de sua viagem, “os apóstolos ajuntaram-se a Jesus, e contaram-Lhe tudo, tanto o que tinham feito, como o que tinham ensinado. E Ele lhes disse: Vinde vós, aqui à parte, a um lugar deserto, e repousai um pouco. Pois havia muitos que iam e vinham, e não tinham tempo para comer”. DTN 250.1

Os discípulos foram ter com Jesus e Lhe contaram tudo. Sua intimidade com Ele os animava a expor-Lhe os incidentes favoráveis e os desfavoráveis que lhes sucediam; sua alegria ao ver os resultados de seus labores, e a tristeza que sentiam em face dos fracassos, das faltas e fraquezas de sua parte. Haviam cometido erros em sua primeira obra como evangelistas, e ao falarem com franqueza dessas coisas a Cristo, notou Ele que necessitavam de muitas instruções. Viu, também, que se haviam fatigado em seus labores e necessitavam repousar. DTN 250.2

Onde estavam, porém, não lhes era possível o necessário sossego; “pois havia muitos que iam e vinham, e não tinham tempo para comer”. O povo aglomerava-se após Jesus, ansioso por ser curado e ouvir-Lhe a palavra. Muitos se sentiam atraídos para Ele; pois lhes parecia a fonte de todas as bênçãos. Muitos dos que então se apinhavam em torno de Cristo para receber a preciosa graça da saúde, aceitavam-nO como seu Salvador. Muitos outros, atemorizados então de O confessar, por causa dos fariseus, se converteram por ocasião da descida do Espírito Santo, e, perante os irados sacerdotes e principais, reconheceram-nO como o Filho de Deus. DTN 250.3

Agora, porém, Cristo ansiava um retiro, para que pudesse estar com os discípulos; tinha muito que dizer-lhes. Em seu labor, passaram pela prova da luta e enfrentaram oposição em suas várias formas. Até então haviam consultado a Cristo em tudo; tinham, porém, estado sós por algum tempo e ficado por vezes muito perplexos quanto ao que deviam fazer. Tinham recebido muita animação em sua obra, pois Cristo os não enviara sem o Seu Espírito, e pela fé nEle operaram muitos milagres; necessitavam, todavia, alimentar-se agora do pão da vida. Precisavam retirar-se para um lugar solitário, onde pudessem estar em comunhão com Jesus e receber instruções quanto à sua obra futura. DTN 250.4

“E Ele disse-lhes: Vinde vós aqui à parte, a um lugar deserto, e repousai um pouco.” Cristo é cheio de ternura e compaixão para com todos os que se acham ao Seu serviço. Queria mostrar aos discípulos que Deus não exige sacrifício, mas misericórdia. Eles haviam posto toda a alma no trabalho em favor do povo, e isso lhes estava esgotando as energias físicas e mentais. Cumpria-lhes descansar. DTN 250.5

Como os discípulos houvessem visto o êxito de seus labores, estavam em risco de atribuir a honra a si mesmos, em risco de nutrir orgulho espiritual, caindo assim sob as tentações de Satanás. Achava-se diante deles uma grande obra, e antes de tudo deviam aprender que sua força não se encontrava neles mesmos, mas em Deus. Qual Moisés no deserto do Sinai, qual Davi entre os montes da Judéia e Elias junto à fonte de Querite, necessitavam os discípulos pôr-se à parte das cenas de sua atarefada atividade, para comungar com Cristo, com a natureza e com o próprio coração. DTN 251.1

Enquanto os discípulos haviam estado ausentes em sua viagem missionária, Jesus visitara outras cidades e aldeias, pregando o evangelho do reino. Foi mais ou menos por esse tempo que Ele recebeu a notícia da morte do Batista. Esse acontecimento apresentou-Lhe vivamente a idéia do fim a que Seus passos O conduziam. As nuvens adensavam-se em torno da vereda que percorria. Sacerdotes e rabinos espreitavam para tramar-Lhe a morte, espias Lhe rondavam os passos, e multiplicavam-se por toda parte as conspirações para cavar-Lhe a ruína. A notícia da pregação dos apóstolos através da Galiléia chegara a Herodes, chamando-lhe a atenção para Jesus e Sua obra. “Este é João Batista”, disse; “ressuscitou dos mortos”; e exprimiu o desejo de ver a Jesus. Herodes estava em contínuo temor de que se tramasse secretamente uma revolução com o intuito de o destronar e sacudir o jugo romano da nação judaica. Entre o povo, lavrava o espírito de descontentamento e insurreição. Era evidente que o trabalho público de Cristo na Galiléia não podia continuar por muito tempo. Aproximavam-se as cenas de Seu sofrimento, e Ele desejava estar por algum tempo retirado do bulício da multidão. DTN 251.2

Consternados, haviam os discípulos de João levado a sepultar seu mutilado corpo. Depois, “foram anunciá-lo a Jesus”. Esses discípulos tiveram inveja de Cristo, quando Este parecia estar atraindo a Si os que seguiam a João. Juntaram-se aos fariseus em acusá-Lo, quando Ele Se sentara com os publicanos no banquete de Mateus. Puseram em dúvida a divindade de Sua missão, por não haver Ele libertado o Batista. Agora, porém, morto seu mestre, e anelando eles consolo em sua grande dor, e guia quanto a sua obra futura, foram ter com Jesus, unindo aos Seus os interesses deles. Também necessitavam de um período de sossego para comunhão com o Salvador. DTN 251.3

Próximo a Betsaida, na extremidade norte do lago, havia um lugar solitário, então embelezado pelo verdor da primavera, o qual oferecia convidativo refúgio a Jesus e aos discípulos. Para ali partiram eles, fazendo de barco a travessia do lago. Ali estariam distantes do trânsito das ruas e do burburinho e agitação da cidade. As próprias cenas da natureza, por si mesmas, já constituíam um descanso, uma aprazível variação para os sentidos. Ali poderiam escutar as palavras de Cristo sem ouvir zangadas interrupções, réplicas e acusações de escribas e fariseus. Podiam ali fruir breve período de precioso convívio na companhia de seu Senhor. DTN 251.4

O repouso que Cristo e os discípulos fizeram, não era uma complacência consigo mesmos. O tempo que passaram afastados, não foi consagrado à busca do prazer. Falavam entre si a respeito da obra de Deus, e da possibilidade de torná-la mais eficiente. Os discípulos tinham estado com Cristo e podiam compreendê-Lo; para eles não precisava o Mestre falar em parábolas. Ele lhes corrigia os erros, e os esclarecia quanto à devida maneira de se aproximarem do povo. Abria-lhes mais plenamente, a eles, os preciosos tesouros da verdade divina. Eram revigorados pelo poder divino, e animados de esperança e coragem. DTN 252.1

Embora Jesus tivesse poder de operar milagres e houvesse outorgado aos discípulos o mesmo poder, dirigiu Seus extenuados servos a um lugar à parte, no campo, para ali descansarem. Quando disse que a seara era grande, e poucos os obreiros, não acentuou para os discípulos a necessidade de incessante labuta, mas disse: “Rogai pois ao Senhor da seara que mande ceifeiros para a Sua seara”. Mateus 9:38. Deus designou a cada um a sua obra, segundo a sua capacidade (Efésios 4:11-13), e não pretendia que uns poucos ficassem sobrecarregados de responsabilidades, enquanto outros não têm nenhum fardo, nenhuma angústia. DTN 252.2

As compassivas palavras de Cristo dirigem-se hoje aos obreiros, da mesma maneira que aos discípulos outrora. “Vinde vós, aqui à parte [...] e repousai um pouco”, diz aos que se acham fatigados e esgotados. Não é sábio estar sempre sob a tensão do trabalho e da agitação, mesmo em atender às necessidades espirituais dos homens; pois por essa maneira é negligenciada a piedade pessoal, ao mesmo tempo que se sobrecarregam as energias mentais, espirituais e físicas. Exige-se abnegação dos discípulos de Cristo, e são precisos sacrifícios; convém, todavia, cuidar para que, mediante seu excesso de zelo, Satanás não se aproveite da fragilidade humana e seja prejudicada a obra de Deus. DTN 252.3

Na opinião dos rabinos, o mais alto grau da religião mostrava-se por contínua e ruidosa atividade. Dependiam de alguma prática exterior para mostrar sua superior piedade. Separavam assim sua alma de Deus, apoiando-se em presunção. O mesmo perigo existe ainda hoje. À medida que aumenta a atividade, e os homens são bem-sucedidos em realizar alguma obra para Deus, há risco de confiar em planos e métodos humanos. Vem a tendência de orar menos e ter menos fé. Como os discípulos, arriscamo-nos a perder de vista nossa dependência de Deus, e fazer de nossa atividade um salvador. Necessitamos olhar continuamente a Jesus, compreendendo que é Seu poder que realiza a obra. Conquanto devamos trabalhar ativamente pela salvação dos perdidos, cumpre-nos também consagrar tempo à meditação, à oração e ao estudo da Palavra de Deus. Unicamente o trabalho realizado com muita oração e santificado pelos méritos de Cristo, demonstrar-se-á afinal haver sido eficaz. DTN 252.4

Nenhuma outra vida já foi tão assoberbada de trabalho e responsabilidade como a de Jesus; todavia, quantas vezes estava Ele em oração! Quão constante, Sua comunhão com o Pai! Repetidamente, na história de Sua vida terrestre, se encontram registros como esses: “E, levantando-Se de manhã muito cedo, fazendo ainda escuro, saiu, e foi para um lugar deserto, e ali orava.” “Ajuntava-se muita gente para O ouvir, e para ser por Ele curada das suas enfermidades. Porém Ele retirava-Se para os desertos, e ali orava.” “E aconteceu que naqueles dias subiu ao monte a orar, e passou a noite em oração a Deus”. Marcos 1:35; Lucas 5:15, 16; Lucas 6:12. DTN 252.5

Numa vida toda dedicada ao bem dos outros, o Salvador achou necessário afastar-Se dos lugares movimentados e da multidão que O acompanhava, dia a dia. Precisava retirar-Se de uma vida de incessante atividade e contato com as necessidades humanas, para buscar sossego e ininterrupta comunhão com o Pai. Como uma pessoa identificada conosco, participante de nossas necessidades e fraquezas, dependia inteiramente de Deus, e no lugar oculto de oração buscava força divina, a fim de poder sair fortalecido para o dever e provação. Num mundo de pecado, Jesus suportou lutas e torturas de alma. Em comunhão com Deus, podia aliviar as dores que O esmagavam. Ali encontrava conforto e alegria. DTN 253.1

Em Cristo, o grito da raça humana chegava até ao Pai de infinita piedade. Como homem, suplicava ao trono de Deus, até que Sua humanidade fosse de tal modo carregada com a corrente celestial, que pudesse estabelecer ligação entre a humanidade e a divindade. Mediante contínua comunhão recebia vida de Deus, de maneira a poder comunicar vida ao mundo. Sua experiência deve ser a nossa. DTN 253.2

“Vinde vós aqui à parte”, convida-nos Ele. Marcos 6:31. Déssemos nós ouvidos às Suas palavras, e seríamos mais fortes e mais úteis. Os discípulos buscaram a Jesus e Lhe contaram tudo; e Ele os animou e instruiu. Se dedicássemos hoje tempo a ir ter com Jesus e contar-Lhe nossas necessidades, não seríamos decepcionados; Ele estaria à nossa mão direita para nos ajudar. Precisamos de mais simplicidade, mais confiança em nosso Salvador. Aquele cujo nome é “Deus forte, Pai da eternidade, Príncipe da Paz”; Aquele de quem se acha escrito: “O principado está sobre os Seus ombros”, é o Maravilhoso Conselheiro. Somos convidados a pedir-Lhe sabedoria. Ele “a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto”. Isaías 9:6; Tiago 1:5. DTN 253.3

Em todos quantos se acham sob a direção de Deus, deve-se ver uma vida que não se harmonize com o mundo, seus costumes ou práticas; e todos têm de ter experiência pessoal na obtenção do conhecimento da vontade divina. Precisamos ouvir individualmente Sua voz a nos falar ao coração. Quando todas as outras vozes silenciam e em sossego esperamos perante Ele, o silêncio da alma torna mais distinta a voz de Deus. Ele nos manda: “Aquietai-vos, e sabei que Eu Sou Deus”. Salmos 46:10. Somente assim se pode encontrar o verdadeiro descanso. E é essa a preparação eficaz para todo trabalho que se faz para Deus. Por entre a turba apressada e a tensão das febris atividades da vida, a alma que assim se refrigera será circundada por uma atmosfera de luz e paz. A vida exalará fragrância, e há de revelar um divino poder que atinge o coração dos homens. DTN 253.4

0% played
00:00