Profecias Alentadoras
- Provérbios 25
- Apocalipse 10
Provérbios 25
Ouça o áudio do capítulo:
1 Também estes são provérbios de Salomão, os quais transcreveram os homens de Ezequias, rei de Judá.
2 A glória de Deus está nas coisas encobertas; mas a honra dos reis, está em descobri-las.
3 Os céus, pela altura, e a terra, pela profundidade, assim o coração dos reis é insondável.
4 Tira da prata as escórias, e sairá vaso para o fundidor;
5 Tira o ímpio da presença do rei, e o seu trono se firmará na justiça.
6 Não te glories na presença do rei, nem te ponhas no lugar dos grandes;
7 Porque melhor é que te digam: Sobe aqui; do que seres humilhado diante do príncipe que os teus olhos já viram.
8 Não te precipites em litigar, para que depois, ao fim, fiques sem ação, quando teu próximo te puser em apuros.
9 Pleiteia a tua causa com o teu próximo, e não reveles o segredo a outrem,
10 Para que não te desonre o que o ouvir, e a tua infâmia não se aparte de ti.
11 Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo.
12 Como pendentes de ouro e gargantilhas de ouro fino, assim é o sábio repreensor para o ouvido atento.
13 Como o frio da neve no tempo da sega, assim é o mensageiro fiel para com os que o enviam; porque refresca a alma dos seus senhores.
14 Como nuvens e ventos que não trazem chuva, assim é o homem que se gaba falsamente de dádivas.
15 Pela longanimidade se persuade o príncipe, e a língua branda amolece até os ossos.
16 Achaste mel? come só o que te basta; para que porventura não te fartes dele, e o venhas a vomitar.
17 Não ponhas muito os pés na casa do teu próximo; para que se não enfade de ti, e passe a te odiar.
18 Martelo, espada e flecha aguda é o homem que profere falso testemunho contra o seu próximo.
19 Como dente quebrado, e pé desconjuntado, é a confiança no desleal, no tempo da angústia.
20 O que canta canções para o coração aflito é como aquele que despe a roupa num dia de frio, ou como o vinagre sobre salitre.
21 Se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe pão para comer; e se tiver sede, dá-lhe água para beber;
22 Porque assim lhe amontoarás brasas sobre a cabeça; e o Senhor to retribuirá.
23 O vento norte afugenta a chuva, e a face irada, a língua fingida.
24 Melhor é morar só num canto de telhado do que com a mulher briguenta numa casa ampla.
25 Como água fresca para a alma cansada, tais são as boas novas vindas da terra distante.
26 Como fonte turvada, e manancial poluído, assim é o justo que cede diante do ímpio.
27 Comer mel demais não é bom; assim, a busca da própria glória não é glória.
28 Como a cidade derrubada, sem muro, assim é o homem que não pode conter o seu espírito.
Apocalipse 10
Ouça o áudio do capítulo:
1 E vi outro anjo forte, que descia do céu, vestido de uma nuvem; e por cima da sua cabeça estava o arco celeste, e o seu rosto era como o sol, e os seus pés como colunas de fogo;
2 E tinha na sua mão um livrinho aberto. E pôs o seu pé direito sobre o mar, e o esquerdo sobre a terra;
3 E clamou com grande voz, como quando ruge um leão; e, havendo clamado, os sete trovões emitiram as suas vozes.
4 E, quando os sete trovões acabaram de emitir as suas vozes, eu ia escrever; mas ouvi uma voz do céu, que me dizia: Sela o que os sete trovões emitiram, e nào o escrevas.
5 E o anjo que vi estar sobre o mar e sobre a terra levantou a sua mão ao céu,
6 E jurou por aquele que vive para todo o sempre, o qual criou o céu e o que nele há, e a terra e o que nela há, e o mar e o que nele há, que não haveria mais demora;
7 Mas nos dias da voz do sétimo anjo, quando tocar a sua trombeta, se cumprirá o segredo de Deus, como anunciou aos profetas, seus servos.
8 E a voz que eu do céu tinha ouvido tornou a falar comigo, e disse: Vai, e toma o livrinho aberto da mão do anjo que está em pé sobre o mar e sobre a terra.
9 E fui ao anjo, dizendo-lhe: Dá-me o livrinho. E ele disse-me: Toma-o, e come-o, e ele fará amargo o teu ventre, mas na tua boca será doce como mel.
10 E tomei o livrinho da mão do anjo, e comi-o; e na minha boca era doce como mel; e, havendo-o comido, o meu ventre ficou amargo.
11 E ele disse-me: Importa que profetizes outra vez a muitos povos, e nações, e línguas e reis.
O Grande Conflito
Profecias Alentadoras
Ouça o áudio do capítulo:
Quando se passou o tempo em que pela primeira vez se esperou a vinda do Senhor, na primavera de 1844, os que pela fé haviam aguardado o Seu aparecimento ficaram por algum tempo envoltos em perplexidade e dúvida. Embora o mundo os considerasse inteiramente derrotados, e julgasse provado que tivessem seguido uma ilusão, sua fonte de consolo era ainda a Palavra de Deus. Muitos continuaram a pesquisar as Escrituras, examinando de novo as provas de sua fé, e estudando cuidadosamente as profecias para obterem mais luz. O testemunho da Bíblia em apoio de sua atitude parecia claro e conclusivo. Sinais que não poderiam ser malcompreendidos apontavam para a vinda de Cristo como estando próxima. A bênção especial do Senhor, tanto na conversão de pecadores como no avivamento da vida espiritual, entre os cristãos, havia testificado que a mensagem era do Céu. E, posto que os crentes não pudessem explicar o desapontamento, sentiam-se seguros de que Deus os guiara na experiência por que haviam passado. GC 391.1
Entretecida com as profecias que tinham considerado como tendo aplicação ao tempo do segundo advento, havia instrução especialmente adaptada ao seu estado de incerteza e indecisão e que os animava a esperar pacientemente na fé segundo a qual o que então lhes era obscuro à inteligência se faria claro no tempo devido. GC 391.2
Entre estas profecias estava a de Habacuque 2:1-4: “Sobre a minha guarda estarei, e sobre a fortaleza me apresentarei e vigiarei, para ver O que fala comigo, e o que eu responderei, quando eu for argüido. Então o Senhor me respondeu, e disse: Escreve a visão, e torna-a bem legível sobre tábuas, para que a possa ler o que correndo passa. Porque a visão é para o tempo determinado, e até o fim falará, e não mentirá. Se tardar, espera-o, porque certamente virá, não tardará. E eis que a sua alma se incha, não é reta nele; mas o justo pela sua fé viverá.” GC 392.1
Habacuque 2:1-4:
1 Sobre a minha guarda estarei, e sobre a fortaleza me apresentarei e vigiarei, para ver o que falará a mim, e o que eu responderei quando eu for argüido.
2 Então o Senhor me respondeu, e disse: Escreve a visão e torna-a bem legível sobre tábuas, para que a possa ler quem passa correndo.
3 Porque a visão é ainda para o tempo determinado, mas se apressa para o fim, e não enganará; se tardar, espera-o, porque certamente virá, não tardará.
4 Eis que a sua alma está orgulhosa, não é reta nele; mas o justo pela sua fé viverá.
Já em 1842, a ordem dada nesta profecia, de escrever a visão e torná-la bem legível sobre tábuas, a fim de que a pudesse ler o que correndo passasse, havia sugerido a Carlos Fitch, a preparação de um mapa profético a fim de ilustrar as visões de Daniel e do Apocalipse. A publicação deste mapa foi considerada como cumprimento da ordem dada por Habacuque. Todavia, ninguém naquele tempo notou que uma visível demora no cumprimento da visão — um tempo de tardança — é apresentada na mesma profecia. Depois do desapontamento pareceu muito significativa esta passagem: “A visão é ainda para o tempo determinado, e até o fim falará, e não mentirá. Se tardar, espera-o, porque certamente virá, não tardará. ... O justo pela sua fé viverá.” GC 392.2
Foi também fonte de encorajamento e conforto aos crentes uma parte da profecia de Ezequiel: “E veio ainda a mim a palavra do Senhor, dizendo: Filho do homem, que ditado é este que vós tendes na terra de Israel, dizendo: Prolongar-se-ão os dias, e perecerá toda a visão? Portanto, dize-lhes: Assim diz o Senhor Jeová: ... Chegaram os dias e a palavra de toda a visão. ... Falarei, e a palavra que Eu falar se cumprirá; não será diferida.” “Os da casa de Israel dizem: A visão que este vê é para muitos dias, e profetiza de tempos que estão longe: Portanto, dize-lhes: Assim diz o Senhor Jeová: Não será mais diferida nenhuma das Minhas palavras, e a palavra que falei se cumprirá.” Ezequiel 12:21-25, 27, 28. GC 392.3
Ezequiel 12:21-25, 27, 28
21 E veio ainda a mim a palavra do Senhor, dizendo:
22 Filho do homem, que provérbio é este que vós tendes na terra de Israel, dizendo: Prolongar-se-ão os dias, e perecerá toda a visão?
23 Portanto, dize-lhes: Assim diz o Senhor DEUS: Farei cessar este provérbio, e já não se servirão mais dele em Israel; mas dize-lhes: Os dias estão próximos e o cumprimento de toda a visão.
24 Porque não haverá mais alguma visão vã, nem adivinhação lisonjeira, no meio da casa de Israel.
25 Porque eu, o SENHOR, falarei, e a palavra que eu falar se cumprirá; não será mais adiada; porque em vossos dias, ó casa rebelde, falarei uma palavra e a cumprirei, diz o Senhor DEUS.
27 Filho do homem, eis que os da casa de Israel dizem: A visão que este tem é para muitos dias, e ele profetiza de tempos que estão longe.
28 Portanto dize-lhes: Assim diz o Senhor DEUS: Não será mais adiada nenhuma das minhas palavras; e a palavra que falei se cumprirá, diz o Senhor DEUS.
Os que esperavam se regozijaram, crendo que Aquele que conhece o fim desde o princípio havia olhado através dos séculos e, prevendo-lhes o desapontamento, lhes dera palavras de animação e esperança. Não fossem essas porções das Escrituras, advertindo-os a esperar com paciência, e a conservar firme a confiança na Palavra de Deus, sua fé teria fracassado naquela hora de prova. GC 393.1
A parábola das dez virgens de Mateus 25, ilustra também a experiência do povo adventista. Em Mateus 24, em resposta à pergunta dos discípulos relativa aos sinais de Sua vinda e do fim do mundo, Cristo indicara alguns dos acontecimentos mais importantes da história do mundo e da igreja, desde o Seu primeiro advento até ao segundo, a saber: a destruição de Jerusalém, a grande tribulação da igreja sob a perseguição pagã e papal, o escurecimento do Sol e da Lua, e a queda de estrelas. Depois disto, falou a respeito de Sua vinda em Seu reino, e expôs a parábola que descreve as duas classes de servos que Lhe aguardam o aparecimento. O Capítulo 25 inicia-se com estas palavras: “Então o reino dos Céus será semelhante a dez virgens.” Aqui se faz referência à igreja que vive nos últimos dias, a mesma que é indicada no fim do Capítulo 24. Sua experiência é ilustrada nessa parábola pelas cenas de um casamento oriental. GC 393.2
Mateus 25
1 Então o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do esposo.
2 E cinco delas eram prudentes, e cinco loucas.
3 As loucas, tomando as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo.
4 Mas as prudentes levaram azeite em suas vasilhas, com as suas lâmpadas.
5 E, tardando o esposo, tosquenejaram todas, e adormeceram.
6 Mas à meia-noite ouviu-se um clamor: Aí vem o esposo, saí-lhe ao encontro.
7 Então todas aquelas virgens se levantaram, e prepararam as suas lâmpadas.
8 E as loucas disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas se apagam.
9 Mas as prudentes responderam, dizendo: Não seja caso que nos falte a nós e a vós, ide antes aos que o vendem, e comprai-o para vós.
10 E, tendo elas ido comprá-lo, chegou o esposo, e as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas, e fechou-se a porta.
11 E depois chegaram também as outras virgens, dizendo: Senhor, Senhor, abre-nos.
12 E ele, respondendo, disse: Em verdade vos digo que vos não conheço.
13 Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora em que o Filho do homem há de vir.
14 Porque isto é também como um homem que, partindo para fora da terra, chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus bens.
15 E a um deu cinco talentos, e a outro dois, e a outro um, a cada um segundo a sua capacidade, e ausentou-se logo para longe.
16 E, tendo ele partido, o que recebera cinco talentos negociou com eles, e granjeou outros cinco talentos.
17 Da mesma sorte, o que recebera dois, granjeou também outros dois.
18 Mas o que recebera um, foi e cavou na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor.
19 E muito tempo depois veio o senhor daqueles servos, e fez contas com eles.
20 Então aproximou-se o que recebera cinco talentos, e trouxe-lhe outros cinco talentos, dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco talentos que granjeei com eles.
21 E o seu senhor lhe disse: Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.
22 E, chegando também o que tinha recebido dois talentos, disse: Senhor, entregaste-me dois talentos; eis que com eles granjeei outros dois talentos.
23 Disse-lhe o seu senhor: Bem está, bom e fiel servo. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.
24 Mas, chegando também o que recebera um talento, disse: Senhor, eu conhecia-te, que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste;
25 E, atemorizado, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu.
26 Respondendo, porém, o seu senhor, disse-lhe: Mau e negligente servo; sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei?
27 Devias então ter dado o meu dinheiro aos banqueiros e, quando eu viesse, receberia o meu com os juros.
28 Tirai-lhe pois o talento, e dai-o ao que tem os dez talentos.
29 Porque a qualquer que tiver será dado, e terá em abundância; mas ao que não tiver até o que tem ser-lhe-á tirado.
30 Lançai, pois, o servo inútil nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes.
31 E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória;
32 E todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas;
33 E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda.
34 Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo;
35 Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me;
36 Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver.
37 Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber?
38 E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos?
39 E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te?
40 E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.
41 Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos;
42 Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber;
43 Sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; e enfermo, e na prisão, não me visitastes.
44 Então eles também lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos?
45 Então lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim.
46 E irão estes para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna.
Mateus 24
1 E, quando Jesus ia saindo do templo, aproximaram-se dele os seus discípulos para lhe mostrarem a estrutura do templo.
2 Jesus, porém, lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derrubada.
3 E, estando assentado no Monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os seus discípulos em particular, dizendo: Dize-nos, quando serão essas coisas, e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo?
4 E Jesus, respondendo, disse-lhes: Acautelai-vos, que ninguém vos engane;
5 Porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos.
6 E ouvireis de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim.
7 Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá fomes, e pestes, e terremotos, em vários lugares.
8 Mas todas estas coisas são o princípio de dores.
9 Então vos hão de entregar para serdes atormentados, e matar-vosão; e sereis odiados de todas as nações por causa do meu nome.
10 Nesse tempo muitos serão escandalizados, e trair-se-ão uns aos outros, e uns aos outros se odiarào.
11 E surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos.
12 E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor de muitos esfriará.
13 Mas aquele que perseverar até ao fim, esse será salvo.
14 E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim.
15 Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo; quem lê, entenda;
16 Então, os que estiverem na Judéia, fujam para os montes;
17 E quem estiver sobre o telhado não desça a tirar alguma coisa de sua casa;
18 E quem estiver no campo não volte atrás a buscar as suas vestes.
19 Mas ai das grávidas e das que amamentarem naqueles dias!
20 E orai para que a vossa fuga não aconteça no inverno nem no sábado;
21 Porque haverá então grande aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco há de haver.
22 E, se aqueles dias não fossem abreviados, nenhuma carne se salvaria; mas por causa dos escolhidos serão abreviados aqueles dias.
23 Então, se alguém vos disser: Eis que o Cristo está aqui, ou ali, não lhe deis crédito;
24 Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos.
25 Eis que eu vo-lo tenho predito.
26 Portanto, se vos disserem: Eis que ele está no deserto, não saiais. Eis que ele está no interior da casa; não acrediteis.
27 Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do homem.
28 Pois onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão as águias.
29 E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas.
30 Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória.
31 E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus.
32 Aprendei, pois, esta parábola da figueira: Quando já os seus ramos se tornam tenros e brotam folhas, sabeis que está próximo o verão.
33 Igualmente, quando virdes todas estas coisas, sabei que ele está próximo, às portas.
34 Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que todas estas coisas aconteçam.
35 O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar.
36 Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, mas unicamente meu Pai.
37 E, como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem.
38 Porquanto, assim como, nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca,
39 E não o perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do homem.
40 Então, estando dois no campo, será levado um, e deixado o outro;
41 Estando duas moendo no moinho, será levada uma, e deixada outra.
42 Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor.
43 Mas considerai isto: se o pai de família soubesse a que vigília da noite havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar a sua casa.
44 Por isso, estai vós apercebidos também; porque o Filho do homem há de vir à hora em que não penseis.
45 Quem é, pois, o servo fiel e prudente, que o seu senhor constituiu sobre a sua casa, para dar o sustento a seu tempo?
46 Bem-aventurado aquele servo que o seu senhor, quando vier, achar servindo assim.
47 Em verdade vos digo que o porá sobre todos os seus bens.
48 Mas se aquele mau servo disser no seu coração: O meu senhor tarde virá;
49 E começar a espancar os seus conservos, e a comer e a beber com os ébrios,
50 Virá o senhor daquele servo num dia em que o não espera, e à hora em que ele não sabe,
51 E separá-lo-á, e destinará a sua parte com os hipócritas; ali haverá pranto e ranger de dentes.
“Então o reino dos Céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do esposo. E cinco delas eram prudentes, e cinco loucas. As loucas, tomando as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo. Mas as prudentes levaram azeite em suas vasilhas, com as lâmpadas. E, tardando o esposo, tosquenejaram todas, e adormeceram, mas à meia-noite ouviu-se um clamor: Aí vem o esposo, saí-lhe ao encontro.” GC 393.3
A vinda de Cristo, como era anunciada pela mensagem do primeiro anjo, entendia-se ser representada pela vinda do esposo. A reforma espiritual que se generalizou sob a proclamação de Sua segunda vinda, correspondeu à saída das virgens. Nesta parábola, como na de Mateus 24, duas classes são representadas. Todas haviam tomado suas lâmpadas, a Bíblia, e mediante sua luz saíram para encontrar o esposo. Mas, enquanto “as loucas, tomando as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo”, “as prudentes levaram azeite em suas vasilhas, com as suas lâmpadas.” A última classe tinha recebido a graça de Deus, e o poder do Espírito Santo, que regenera e alumia, tornando a Palavra divina uma lâmpada para os pés e luz para o caminho. No temor de Deus estudaram as Escrituras, para aprenderem a verdade, e fervorosamente buscaram a pureza de coração e de vida. Possuíam uma experiência pessoal, fé em Deus e em Sua Palavra, que não poderiam ser derrotadas pelo desapontamento e demora. Outras, “tomando as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo.” Haviam-se movido por um impulso de momento. Seus temores foram excitados pela mensagem solene, mas haviam dependido da fé que possuíam seus irmãos, estando satisfeitos com a luz vacilante das boas emoções, sem terem compreensão perfeita da verdade, nem experimentarem uma genuína operação da graça no coração. Tinham saído para encontrar-se com o Senhor, cheios de esperanças, com a perspectiva de imediata recompensa; mas não estavam preparados para a demora e desapontamento. Quando vieram as provações, faltou-lhes a fé, e sua luz se tornou bruxuleante. GC 393.4
Mateus 24
1 E, quando Jesus ia saindo do templo, aproximaram-se dele os seus discípulos para lhe mostrarem a estrutura do templo.
2 Jesus, porém, lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derrubada.
3 E, estando assentado no Monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os seus discípulos em particular, dizendo: Dize-nos, quando serão essas coisas, e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo?
4 E Jesus, respondendo, disse-lhes: Acautelai-vos, que ninguém vos engane;
5 Porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos.
6 E ouvireis de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim.
7 Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá fomes, e pestes, e terremotos, em vários lugares.
8 Mas todas estas coisas são o princípio de dores.
9 Então vos hão de entregar para serdes atormentados, e matar-vosão; e sereis odiados de todas as nações por causa do meu nome.
10 Nesse tempo muitos serão escandalizados, e trair-se-ão uns aos outros, e uns aos outros se odiarào.
11 E surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos.
12 E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor de muitos esfriará.
13 Mas aquele que perseverar até ao fim, esse será salvo.
14 E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim.
15 Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo; quem lê, entenda;
16 Então, os que estiverem na Judéia, fujam para os montes;
17 E quem estiver sobre o telhado não desça a tirar alguma coisa de sua casa;
18 E quem estiver no campo não volte atrás a buscar as suas vestes.
19 Mas ai das grávidas e das que amamentarem naqueles dias!
20 E orai para que a vossa fuga não aconteça no inverno nem no sábado;
21 Porque haverá então grande aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco há de haver.
22 E, se aqueles dias não fossem abreviados, nenhuma carne se salvaria; mas por causa dos escolhidos serão abreviados aqueles dias.
23 Então, se alguém vos disser: Eis que o Cristo está aqui, ou ali, não lhe deis crédito;
24 Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos.
25 Eis que eu vo-lo tenho predito.
26 Portanto, se vos disserem: Eis que ele está no deserto, não saiais. Eis que ele está no interior da casa; não acrediteis.
27 Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do homem.
28 Pois onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão as águias.
29 E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas.
30 Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória.
31 E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus.
32 Aprendei, pois, esta parábola da figueira: Quando já os seus ramos se tornam tenros e brotam folhas, sabeis que está próximo o verão.
33 Igualmente, quando virdes todas estas coisas, sabei que ele está próximo, às portas.
34 Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que todas estas coisas aconteçam.
35 O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar.
36 Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, mas unicamente meu Pai.
37 E, como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem.
38 Porquanto, assim como, nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca,
39 E não o perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do homem.
40 Então, estando dois no campo, será levado um, e deixado o outro;
41 Estando duas moendo no moinho, será levada uma, e deixada outra.
42 Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor.
43 Mas considerai isto: se o pai de família soubesse a que vigília da noite havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar a sua casa.
44 Por isso, estai vós apercebidos também; porque o Filho do homem há de vir à hora em que não penseis.
45 Quem é, pois, o servo fiel e prudente, que o seu senhor constituiu sobre a sua casa, para dar o sustento a seu tempo?
46 Bem-aventurado aquele servo que o seu senhor, quando vier, achar servindo assim.
47 Em verdade vos digo que o porá sobre todos os seus bens.
48 Mas se aquele mau servo disser no seu coração: O meu senhor tarde virá;
49 E começar a espancar os seus conservos, e a comer e a beber com os ébrios,
50 Virá o senhor daquele servo num dia em que o não espera, e à hora em que ele não sabe,
51 E separá-lo-á, e destinará a sua parte com os hipócritas; ali haverá pranto e ranger de dentes.
“E, tardando o esposo, tosquenejaram todas, e adormeceram.” Pela tardança do esposo é representada a passagem do tempo em que o Senhor era esperado, o desapontamento, e a aparente demora. Neste tempo de incerteza, o interesse dos que eram superficiais e não de todo sinceros começou logo a vacilar, arrefecendo seus esforços; mas aqueles cuja fé se baseava no conhecimento pessoal da Escritura Sagrada, tinham sob os pés uma rocha que as ondas do desapontamento não poderiam derruir. “Tosquenejaram todas, e adormeceram”, uma classe na indiferença e abandono de sua fé, outra esperando pacientemente até que mais clara luz fosse proporcionada. Todavia, na noite de prova, a última pareceu perder, até certo ponto, o zelo e devoção. Os que eram medianamente dedicados e superficiais não mais puderam apoiar-se à fé dos seus irmãos. Cada qual tinha de, por si mesmo, ficar em pé ou cair. GC 394.1
Por este tempo começou a aparecer o fanatismo. Alguns, que haviam professado ser zelosos crentes na mensagem, rejeitaram a Palavra de Deus como o único guia infalível, e, pretendendo ser guiados pelo Espírito, entregaram-se ao governo de seus próprios sentimentos, impressões e imaginação. Alguns houve que manifestaram um zelo cego e fanático, condenando a todos os que não lhes sancionassem o proceder. Suas idéias e atos fanáticos não encontraram simpatia da grande corporação dos adventistas; serviram, no entanto, para acarretar o opróbrio à causa da verdade. GC 395.1
Satanás, por esse meio, estava procurando opor-se à obra de Deus e destruí-la. O povo tinha sido grandemente abalado pela obra do advento; haviam-se convertido milhares de pecadores, e homens fiéis dedicavam-se à tarefa de proclamar a verdade, mesmo no tempo de tardança. O príncipe do mal perdia seus súditos, e, no intuito de acarretar a ignomínia à causa de Deus, procurou enganar alguns que professavam a fé, levando-os a extremos. Seus agentes estavam alerta para apanhar todo erro, falta e ato indecoroso, e apresentá-los ao povo, exageradamente, a fim de tornar odiosos os adventistas e sua fé. Assim, quanto maior fosse o número dos que ajuntasse para professar fé no segundo advento, possuindo-lhes, ao mesmo tempo, o coração, tanto maior vantagem alcançaria, e chamava para eles a atenção como representantes de todo o corpo de crentes. GC 395.2
Satanás é o “acusador de nossos irmãos”, e é o seu espírito que inspira os homens a espreitar os erros e defeitos do povo do Senhor, conservando-o sob observação, enquanto deixa ignoradas suas boas ações. Ele está sempre em atividade quando Deus opera pela salvação das almas. Quando os filhos de Deus se apresentam perante o Senhor, Satanás vai também entre eles. Em todo avivamento está ele pronto para introduzir os de coração não santificado e desequilibrados de espírito. Quando estes aceitam alguns pontos da verdade e adquirem um lugar entre os crentes, opera por meio deles a fim de introduzir teorias que enganarão os incautos. Não se prova que qualquer homem seja cristão verdadeiro por encontrar-se em companhia dos filhos de Deus, mesmo na casa de culto, e à mesa do Senhor. Satanás freqüentemente ali se acha, nas ocasiões mais solenes, sob a forma daqueles que pode usar como agentes. GC 395.3
O príncipe do mal disputa cada polegada de terreno em que o povo de Deus avança em sua jornada rumo à cidade celestial. Nenhuma reforma, em toda a história da igreja, foi levada avante sem encontrar sérios obstáculos. Assim foi no tempo de Paulo. Onde quer que o apóstolo fundasse uma igreja, alguns havia que professavam receber a fé, mas introduziam heresias que, uma vez aceitas, excluiriam finalmente o amor da verdade. Lutero também sofreu grande perplexidade e angústia pelo procedimento de pessoas fanáticas, que pretendiam haver Deus falado diretamente por meio delas, e que, portanto, colocavam as próprias idéias e opiniões acima do testemunho das Escrituras. Muitos a quem faltavam fé e experiência, mas que possuíam considerável presunção, gostando de ouvir ou de contar alguma coisa nova, eram seduzidos pelas pretensões dos novos ensinadores e uniam-se aos agentes de Satanás na obra de derruir o que Deus levara Lutero a edificar. E os Wesley, e outros que abençoaram o mundo pela sua influência e fé, encontraram a cada passo os ardis de Satanás, que consistiam em arrastar pessoas de zelo exagerado, desequilibradas e profanas, a excessos de fanatismo de toda sorte. GC 396.1
Guilherme Miller não alimentava simpatias para com as influências que conduziam ao fanatismo. Declarou, como o fez Lutero, que todo espírito deveria ser provado pela Palavra de Deus. “O diabo”, disse Miller, “tem presentemente grande poder sobre o espírito de alguns. E como saberemos de que espécie de espírito são eles? A Bíblia responde: ‘Por seus frutos os conhecereis’. ... Muitos espíritos há no mundo; ordena-se-nos provar os espíritos. O espírito que não nos faz viver sóbria, reta e piamente, no mundo atual, não é o Espírito de Cristo. Estou cada vez mais convencido de que Satanás muito tem a fazer nestes movimentos desordenados. ... Entre nós, muitos que pretendem ser inteiramente santificados, seguem as tradições dos homens, e visivelmente se tornam tão ignorantes acerca da verdade como outros que não têm semelhantes pretensões.” — Bliss. “O espírito do erro nos afastará da verdade, e o Espírito de Deus para a verdade nos conduzirá. Mas, dizeis vós, um homem pode estar em erro e pensar que tem a verdade. Como será então? Respondemos: O Espírito e a Palavra concordam. Se um homem julga a si mesmo pela Palavra de Deus e acha perfeita harmonia em toda a Palavra, deve então crer que tem a verdade; mas, se descobre que o espírito pelo qual se conduz não se harmoniza com todo o conteúdo da lei ou do Livro de Deus, ande com cuidado, para que não suceda ser preso na cilada do diabo.” — The Adventist Herald and Signs of the Times Reporter, de 15 de janeiro de 1845. “Tenho muitas vezes obtido mais provas de uma piedade interior por meio de um olhar iluminado, um rosto umedecido, uma fala embargada, do que de todo o ruído da cristandade.” — Bliss. GC 396.2
Nos dias da Reforma, os inimigos desta atribuíam todos os males do fanatismo aos mesmos que estavam a trabalhar com todo o afã para combatê-lo. Idêntico proceder adotaram os oponentes do movimento adventista. E não contentes com torcer e exagerar os erros dos extremistas e fanáticos, faziam circular boatos desfavoráveis que não tinham os mais leves traços de verdade. Essas pessoas eram movidas pelo preconceito e o ódio. Sua paz se perturbava pela proclamação de que Cristo estava às portas. Temiam fosse verdade, e, contudo, esperavam que o não fosse, e este era o segredo da luta que moviam contra os adventistas e sua fé. GC 397.1
O fato de alguns fanáticos se haverem imiscuído nas fileiras dos adventistas, não constitui maior motivo para julgar que o movimento não era de Deus, do que a presença de fanáticos e enganadores na igreja, no tempo de Paulo ou Lutero, fora razão suficiente para condenar sua obra. Desperte do sono o povo de Deus, e inicie com fervor a obra de arrependimento e reforma; investigue as Escrituras para aprender a verdade como é em Jesus; faça uma consagração completa a Deus, e não faltarão evidências de que Satanás ainda se acha em atividade e vigilância. Com todo o engano possível manifestará ele seu poder, chamando em seu auxílio os anjos caídos de seu reino. GC 398.1
Não foi o proclamar do segundo advento que criou fanatismo e divisão. Esses apareceram no verão de 1844, quando os adventistas estavam imersos em dúvida e perplexidade no tocante à Sua verdadeira posição. O anunciar da mensagem do primeiro anjo e do “clamor da meia-noite”, tendia diretamente a reprimir o fanatismo e a discórdia. Os que participavam destes solenes movimentos, estavam em harmonia; enchia-lhes o coração o amor de uns para com os outros e para com Jesus, a quem esperavam ver brevemente. Uma só fé, uma só esperança os elevavam acima do domínio de qualquer influência humana, demonstrando-se um escudo contra os assaltos de Satanás. GC 398.2
“E, tardando o esposo, tosquenejaram todas, e adormeceram. Mas à meia-noite ouviu-se um clamor: Aí vem o esposo, saí-lhe ao encontro. Então todas aquelas virgens se levantaram, e prepararam as suas lâmpadas.” Mateus 25:5-7. No verão de 1844, período de tempo intermediário entre a época em que, a princípio, se supusera devessem terminar os 2.300 dias, e o outono do mesmo ano, até onde, segundo mais tarde se descobriu, deveriam eles chegar, a mensagem foi proclamada nos próprios termos das Escrituras: “Aí vem o Esposo!” GC 398.3
Mateus 25:5-7
5 E, tardando o esposo, tosquenejaram todas, e adormeceram.
6 Mas à meia-noite ouviu-se um clamor: Aí vem o esposo, saí-lhe ao encontro.
7 Então todas aquelas virgens se levantaram, e prepararam as suas lâmpadas.
O que determinou este movimento foi descobrir-se que o decreto de Artaxerxes para a restauração de Jerusalém, o qual estabelecia o ponto de partida para o período dos 2.300 dias, entrou em vigor no outono do ano 457 antes de Cristo, e não no começo do ano, conforme anteriormente se havia crido. Contando o outono de 457, os 2.300 anos terminam no outono de 1844. GC 398.4
Argumentos aduzidos dos símbolos do Antigo Testamento apontavam também para o outono como o tempo em que deveria ocorrer o acontecimento representado pela “purificação do santuário.” Isto se tornou muito claro ao dar-se atenção à maneira por que os símbolos relativos ao primeiro advento de Cristo se haviam cumprido. GC 399.1
A morte do cordeiro pascal era sombra da morte de Cristo. Diz Paulo: “Cristo, nossa Páscoa, foi sacrificado por nós.” 1 Coríntios 5:7. O molho das primícias, que por ocasião da Páscoa era movido perante o Senhor, simbolizava a ressurreição de Cristo. Falando da ressurreição do Senhor e de todo o Seu povo, diz Paulo: “Cristo, as primícias, depois os que são de Cristo, na Sua vinda.” 1 Coríntios 15:23. Semelhante ao molho que era agitado, constituído pelos primeiros grãos amadurecidos que se colhiam antes da ceifa, Cristo é as primícias da ceifa imortal de resgatados que, por ocasião da ressurreição futura, serão recolhidos ao celeiro de Deus. GC 399.2
1 Coríntios 5:7
7 Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós.
1 Coríntios 15:23
23 Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda.
Aqueles símbolos se cumpriram, não somente quanto ao acontecimento mas também quanto ao tempo. No dia catorze do primeiro mês judaico, no mesmo dia e mês em que, durante quinze longos séculos, o cordeiro pascal havia sido morto, Cristo, tendo comido a Páscoa com os discípulos, instituiu a solenidade que deveria comemorar Sua própria morte como o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.” Naquela mesma noite Ele foi tomado por mãos ímpias, para ser crucificado e morto. E, como o antítipo dos molhos que eram agitados, nosso Senhor ressurgiu dentre os mortos ao terceiro dia, como — “as primícias dos que dormem” (1 Coríntios 15:20), exemplo de todos os ressuscitados justos, cujo “corpo abatido” será transformado, “para ser conforme o Seu corpo glorioso.” Filipenses 3:21. GC 399.3
1 Coríntios 15:20
20 Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem.
Filipenses 3:21
21 Que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas.
De igual maneira, os tipos que se referem ao segundo advento devem cumprir-se ao tempo designado no culto simbólico. No cerimonial mosaico, a purificação do santuário, ou o grande dia da expiação, ocorria no décimo dia do sétimo mês judaico (Levítico 16:29-34), dia em que o sumo sacerdote, tendo feito expiação por todo o Israel, e assim removido seus pecados do santuário, saía e abençoava o povo. Destarte, acreditava-se que Cristo, nosso Sumo Sacerdote, apareceria para purificar a Terra pela destruição do pecado e pecadores, e glorificar com a imortalidade a Seu povo expectante. O décimo dia do sétimo mês, o grande dia da expiação, tempo da purificação do santuário, que no ano 1844 caía no dia vinte e dois de outubro, foi considerado como o tempo da vinda do Senhor. Isto estava de acordo com as provas já apresentadas, de que os 2.300 dias terminariam no outono, e a conclusão parecia irresistível. GC 399.4
Levítico 16:29-34
29 E isto vos será por estatuto perpétuo: no sétimo mês, aos dez do mês, afligireis as vossas almas, e nenhum trabalho fareis nem o natural nem o estrangeiro que peregrina entre vós.
30 Porque naquele dia se fará expiação por vós, para purificar-vos; e sereis purificados de todos os vossos pecados perante o Senhor.
31 É um sábado de descanso para vós, e afligireis as vossas almas; isto é estatuto perpétuo.
32 E o sacerdote, que for ungido, e que for sagrado, para administrar o sacerdócio, no lugar de seu pai, fará a expiação, havendo vestido as vestes de linho, as vestes santas;
33 Assim fará expiação pelo santo santuário; também fará expiação pela tenda da congregação e pelo altar; semelhantemente fará expiação pelos sacerdotes e por todo o povo da congregação.
34 E isto vos será por estatuto perpétuo, para fazer expiação pelos filhos de Israel de todos os seus pecados, uma vez no ano. E fez Arão como o Senhor ordenara a Moisés.
Na parábola de Mateus 25, o tempo de espera e sono é seguido pela vinda do Esposo. Isto concordava com os argumentos que acabam de ser apresentados, tanto da profecia como dos símbolos. Produziram profunda convicção quanto à sua veracidade; e o “clamor da meia-noite” foi proclamado por milhares de crentes. GC 400.1
Mateus 25
1 Então o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do esposo.
2 E cinco delas eram prudentes, e cinco loucas.
3 As loucas, tomando as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo.
4 Mas as prudentes levaram azeite em suas vasilhas, com as suas lâmpadas.
5 E, tardando o esposo, tosquenejaram todas, e adormeceram.
6 Mas à meia-noite ouviu-se um clamor: Aí vem o esposo, saí-lhe ao encontro.
7 Então todas aquelas virgens se levantaram, e prepararam as suas lâmpadas.
8 E as loucas disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas se apagam.
9 Mas as prudentes responderam, dizendo: Não seja caso que nos falte a nós e a vós, ide antes aos que o vendem, e comprai-o para vós.
10 E, tendo elas ido comprá-lo, chegou o esposo, e as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas, e fechou-se a porta.
11 E depois chegaram também as outras virgens, dizendo: Senhor, Senhor, abre-nos.
12 E ele, respondendo, disse: Em verdade vos digo que vos não conheço.
13 Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora em que o Filho do homem há de vir.
14 Porque isto é também como um homem que, partindo para fora da terra, chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus bens.
15 E a um deu cinco talentos, e a outro dois, e a outro um, a cada um segundo a sua capacidade, e ausentou-se logo para longe.
16 E, tendo ele partido, o que recebera cinco talentos negociou com eles, e granjeou outros cinco talentos.
17 Da mesma sorte, o que recebera dois, granjeou também outros dois.
18 Mas o que recebera um, foi e cavou na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor.
19 E muito tempo depois veio o senhor daqueles servos, e fez contas com eles.
20 Então aproximou-se o que recebera cinco talentos, e trouxe-lhe outros cinco talentos, dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco talentos que granjeei com eles.
21 E o seu senhor lhe disse: Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.
22 E, chegando também o que tinha recebido dois talentos, disse: Senhor, entregaste-me dois talentos; eis que com eles granjeei outros dois talentos.
23 Disse-lhe o seu senhor: Bem está, bom e fiel servo. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.
24 Mas, chegando também o que recebera um talento, disse: Senhor, eu conhecia-te, que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste;
25 E, atemorizado, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu.
26 Respondendo, porém, o seu senhor, disse-lhe: Mau e negligente servo; sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei?
27 Devias então ter dado o meu dinheiro aos banqueiros e, quando eu viesse, receberia o meu com os juros.
28 Tirai-lhe pois o talento, e dai-o ao que tem os dez talentos.
29 Porque a qualquer que tiver será dado, e terá em abundância; mas ao que não tiver até o que tem ser-lhe-á tirado.
30 Lançai, pois, o servo inútil nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes.
31 E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória;
32 E todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas;
33 E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda.
34 Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo;
35 Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me;
36 Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver.
37 Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber?
38 E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos?
39 E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te?
40 E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.
41 Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos;
42 Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber;
43 Sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; e enfermo, e na prisão, não me visitastes.
44 Então eles também lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos?
45 Então lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim.
46 E irão estes para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna.
Semelhante à vaga da maré, o movimento alastrou-se pelo país. Foi de cidade em cidade, de aldeia em aldeia, e para os lugares distantes, no interior, até que o expectante povo de Deus ficou completamente desperto. Desapareceu o fanatismo ante essa proclamação, como a geada matutina perante o Sol a erguer-se. Viram os crentes suas dúvidas e perplexidades removidas, e a esperança e coragem animaram-lhes o coração. A obra estava livre dos exageros que sempre se manifestam quando há arrebatamento humano sem a influência moderadora da Palavra e do Espírito de Deus. Assemelhava-se, no caráter, aos períodos de humilhação e regresso ao Senhor que, entre o antigo Israel, se seguiam a mensagens de advertência por parte de Seus servos. Teve as características que distinguem a obra de Deus em todas as épocas. Houve pouca alegria arrebatadora, porém mais profundo exame de coração, confissão de pecados e abandono do mundo. O preparo para encontrar o Senhor era a grave preocupação do espírito em agonia. Havia perseverante oração e consagração a Deus, sem reservas. GC 400.2
Dizia Miller, ao descrever aquela obra: “Nenhuma grande expressão de alegria existe: esta se acha, por assim dizer, reservada para uma ocasião futura, em que todo o Céu e a Terra se regozijarão, juntamente, com indizível gozo cheio de glória. Não há aclamações: estas também estão reservadas para as aclamações do Céu. Os cantores estão em silêncio: esperam para se unir às hostes angélicas, o coro celestial. ... Não há divergência de sentimentos: todos são de um mesmo coração e espírito.” — Bliss. GC 401.1
Outro participante do movimento testificou: “Produziu por toda parte o mais profundo exame de coração e humilhação da alma perante o Deus dos Céus. Resultou em desapego das coisas deste mundo, afastamento de controvérsias e animosidades, confissão de faltas, em contrição perante Deus, e súplicas, de coração arrependido e quebrantado, para que o Senhor lhes perdoasse e os aceitasse. Causou humilhação pessoal e contrição da alma, tais como nunca dantes testemunhamos. Conforme Deus ordenara por meio de Joel, para quando o grande dia do Senhor estivesse próximo, produziu o rasgar de corações e não do vestuário, a conversão ao Senhor em jejum, pranto e lamentações. Conforme dissera Deus por Zacarias, sobre os Seus filhos foi derramado um espírito de graça e súplica; eles olharam para Aquele a quem haviam ferido, houve grande pranto na Terra, ... e os que esperavam pelo Senhor afligiram a alma perante Ele.” — Bliss. GC 401.2
De todos os grandes movimentos religiosos desde os dias dos apóstolos, nenhum foi mais livre de imperfeições humanas e dos enganos de Satanás do que o do outono de 1844. Mesmo hoje, depois de transcorridos muitos anos, todos os que participaram do movimento e que permanecem firmes na plataforma da verdade, ainda sentem a santa influência daquela obra abençoada, e dão testemunho de que ela foi de Deus. GC 401.3
Ao brado: “Aí vem o Esposo; saí-Lhe ao encontro”, os expectantes “se levantaram, e repararam as suas lâmpadas”; estudavam a Palavra de Deus com interesse mais intenso do que nunca. Eram enviados anjos do Céu para despertar os que se haviam desanimado e prepará-los para receber a mensagem. A obra não se mantinha pela ciência e saber dos homens, mas pelo poder de Deus. Não foram os mais talentosos os primeiros a ouvir e obedecer à chamada, mas os mais humildes e dedicados. Lavradores deixaram as colheitas nos campos, mecânicos depuseram as ferramentas, e com lágrimas e regozijo saíram a dar a advertência. Os que anteriormente haviam dirigido a causa foram dos últimos a unir-se a este movimento. As igrejas, em geral, fecharam as portas a esta mensagem, e numeroso grupo dos que a receberam cortou sua ligação com elas. Na providência de Deus, esta proclamação se uniu com a mensagem do segundo anjo, conferindo poder à obra. GC 402.1
A mensagem: “Aí vem o Esposo” — não era tanto uma questão de argumento, se bem que a prova das Escrituras fosse clara e conclusiva. Ia com ela um poder impulsor que movia a alma. Não havia discussão nem dúvidas. Por ocasião da entrada triunfal de Cristo em Jerusalém, o povo que de todas as partes do país se congregara a fim de solenizar a festa, foi em tropel ao Monte das Oliveiras, e, unindo-se à multidão que acompanhava a Jesus, deixou-se tomar pela inspiração do momento e ajudaram a avolumar a aclamação: “Bendito O que vem em nome do Senhor.” Mateus 21:9. De modo semelhante, os incrédulos que se congregaram nas reuniões adventistas — alguns por curiosidade, outros meramente com o fim de ridicularizar — sentiram o poder convincente que acompanhava a mensagem: “Aí vem o Esposo.” GC 402.2
Mateus 21:9
9 E a multidão que ia adiante, e a que seguia, clamava, dizendo: Hosana ao Filho de Davi; bendito o que vem em nome do Senhor. Hosana nas alturas!
Naquele tempo houve fé que atraía resposta à oração — fé que tinha em vista a recompensa. Como aguaceiros sobre a terra sedenta, o espírito de graça descia aos que ardorosamente o buscavam. Os que esperavam em breve estar face a face com seu Redentor, sentiram uma solene e inexprimível alegria. O poder enternecedor do Espírito Santo conferiu aos fiéis rica medida de bênçãos, sensibilizando-lhes o coração. GC 402.3
Cuidadosa e solenemente os que receberam a mensagem chegaram ao tempo em que esperavam encontrar-se com o Senhor. Sentiam como primeiro dever, cada manhã, obter a certeza de estar aceitos por Deus. De corações intimamente unidos, oravam muito uns com os outros e uns pelos outros. A fim de ter comunhão com Deus, reuniam-se muitas vezes em lugares isolados, e dos campos ou dos bosques as vozes de intercessão ascendiam ao Céu. A certeza da aprovação do Salvador era-lhes mais indispensável do que o pão cotidiano; e, se alguma nuvem lhes toldava o espírito, não descansavam enquanto não fosse dissipada. Sentindo o testemunho da graça perdoadora, almejavam contemplar Aquele que de sua alma era amado. GC 403.1
Mas, de novo estavam destinados ao desapontamento. O tempo de expectação passou e o Salvador não apareceu. Com inabalável confiança tinham aguardado Sua vinda, e agora experimentavam o mesmo sentimento de Maria quando, indo ao túmulo do Salvador e encontrando-o vazio, exclamou em pranto: “Levaram o meu Senhor, e não sei onde O puseram.” João 20:13. GC 403.2
João 20:13
13 E disseram-lhe eles: Mulher, por que choras? Ela lhes disse: Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o puseram.
Um sentimento de terror, o receio de que a mensagem pudesse ser verdadeira, servira algum tempo de restrição ao mundo incrédulo. Passado que foi o tempo, esse sentimento não desapareceu de pronto; a princípio não ousaram exultar sobre os que foram decepcionados; mas, como sinais nenhuns da ira de Deus se vissem, perderam os temores e retomaram a exprobração e o ridículo. Numerosa classe, que tinha professado crer na próxima vinda do Senhor, renunciou à fé. Alguns, que se sentiam muito confiantes, ficaram tão profundamente feridos em seu orgulho, que pareciam estar a fugir do mundo. Como outrora Jonas, queixavam-se de Deus e preferiam a morte à vida. Os que haviam baseado sua fé nas opiniões de outrem, e não na Palavra de Deus, achavam-se agora novamente prontos para mudar de idéias. Os escarnecedores ganharam para as suas fileiras os fracos e covardes, e todos estes se uniram para declarar que não mais havia motivos de receios ou expectação. O tempo havia passado, o Senhor não viera, e o mundo poderia permanecer o mesmo por milhares de anos. GC 403.3
Os crentes fervorosos e sinceros haviam abandonado tudo por Cristo, desfrutando Sua presença como nunca dantes. Conforme acreditavam, tinham dado o último aviso ao mundo; e, esperando serem logo recebidos na companhia do divino Mestre e dos anjos celestiais, tinham-se em grande parte retirado da companhia dos que não receberam a mensagem. Com intenso desejo haviam eles orado: “Vem, Senhor Jesus, e vem presto.” Mas Ele não viera. E, agora, assumir de novo o fardo pesado dos cuidados e perplexidades da vida, suportar as acusações e zombarias de um mundo escarnecedor, era uma terrível prova de fé e paciência. GC 404.1
Todavia, este desapontamento não foi tão grande como o que experimentaram os discípulos por ocasião do primeiro advento de Cristo. Quando Jesus cavalgou triunfantemente para Jerusalém, Seus seguidores acreditavam estar Ele prestes a ascender ao trono de Davi e libertar Israel dos opressores. Cheios de esperança e gozo antecipado, competiam uns com os outros em prestar honras a seu Rei. Muitos Lhe estendiam no caminho seus próprios mantos, à guisa de tapete, ou, à Sua passagem, cobriam o solo com viçosos ramos de palmeira. Uniam-se, com entusiástica alegria, na aclamação festiva: “Hosana ao Filho de Davi!” Quando os fariseus, perturbados e enraivecidos por esta manifestação de júbilo, quiseram que Jesus repreendesse os discípulos, Ele replicou: “Se estes se calarem, as próprias pedras clamarão.” Lucas 19:40. A profecia devia ser cumprida. Os discípulos estavam executando o propósito de Deus; entretanto, amargo desapontamento os aguardava. Apenas decorridos alguns dias tiveram de testemunhar a morte atroz do Salvador, e conduzi-Lo à sepultura. As expectativas que nutriam não se haviam realizado em um único particular, e suas esperanças morreram com Jesus. Não puderam, antes de o Senhor triunfar do túmulo, perceber que tudo havia sido predito na profecia, e “que convinha que o Cristo padecesse e ressuscitasse dos mortos.” Atos 17:3. GC 404.2
Lucas 19:40
40 E, respondendo ele, disse-lhes: Digo-vos que, se estes se calarem, as próprias pedras clamarão.
Atos 17:3
3 Expondo e demonstrando que convinha que o Cristo padecesse e ressuscitasse dentre os mortos. E este Jesus, que vos anuncio, dizia ele, é o Cristo.
Quinhentos anos antes, o Senhor declarara pelo profeta Zacarias: “Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém; eis que o teu Rei virá a ti, justo e Salvador, pobre e montado sobre um jumento, sobre um asninho, filho de jumenta.” Zacarias 9:9. Não teriam os discípulos cumprido esta profecia, se compreendessem que Cristo Se encaminhava para o julgamento e a morte. GC 405.1
Zacarias 9:9
9 Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém; eis que o teu rei virá a ti, justo e Salvador, pobre, e montado sobre um jumento, e sobre um jumentinho, filho de jumenta.
De igual maneira, Miller e seus companheiros cumpriram a profecia e proclamaram a mensagem que a Inspiração predissera, mas não o teriam feito se tivessem compreendido completamente as profecias que indicavam o seu desapontamento e outra mensagem a ser pregada a todas as nações antes que o Senhor viesse. As mensagens do primeiro e segundo anjos foram dadas no tempo devido e cumpriram a obra a que foram por Deus designadas. GC 405.2
O mundo estivera a olhar, na expectativa de que, se o tempo passasse e Cristo não aparecesse, todo o sistema do adventismo seria abandonado. Mas, enquanto muitos, sob forte tentação, deixaram a fé, alguns houve que permaneceram firmes. Os frutos do movimento adventista: o espírito de humildade e exame de coração, de renúncia ao mundo e reforma da vida, acompanharam a obra, testificando que esta era de Deus. Não ousavam os fiéis negar que o poder do Espírito Santo acompanhara a pregação do segundo advento, e não podiam descobrir erro algum na contagem dos períodos proféticos. Os mais hábeis de seus oponentes não conseguiram subverter-lhes o sistema de interpretação profética. Não poderiam consentir, sem prova bíblica, em renunciar posições que tinham sido atingidas por meio de ardoroso e devoto estudo das Escrituras, feito por inteligências iluminadas pelo Espírito de Deus, e corações ardentes de Seu vivo poder; posições que tinham resistido à crítica mais severa e à mais amarga oposição dos mestres religiosos do povo e dos sábios deste mundo, e que haviam permanecido firmes ante as forças combinadas do saber e da eloqüência, contra os insultos e zombarias tanto das pessoas de reputação como do vulgo. GC 405.3
Verdade é que houve erro quanto ao acontecimento esperado, mas mesmo isto não podia abalar-lhes a fé na Palavra de Deus. Quando Jonas proclamou nas ruas de Nínive que dentro de quarenta dias a cidade seria subvertida, o Senhor aceitou a humilhação dos ninivitas e prolongou-lhes o tempo de graça; no entanto, a mensagem de Jonas foi enviada por Deus, e Nínive foi provada segundo a Sua vontade. Acreditaram os adventistas que, de modo semelhante, Deus os levara a dar a advertência do juízo. “O aviso”, diziam eles, “provou o coração de todos os que o ouviram, despertando interesse pelo aparecimento do Senhor, ou suscitou, para com a Sua vinda, ódio mais ou menos perceptível, porém conhecido por Deus. Traçou uma linha divisória, ... de modo que os que examinassem seu próprio coração soubessem de que lado teriam sido encontrados se então o Senhor tivesse vindo — se teriam exclamado: ‘Eis que Este é o nosso Deus, a quem aguardávamos, e Ele nos salvará’, ou se teriam pedido às rochas e montanhas que caíssem sobre eles, a fim de os ocultar da face dAquele que Se assenta sobre o trono, e da ira do Cordeiro. Assim Deus, como cremos, experimentou Seu povo, pôs-lhe à prova a fé, e viu se na hora da angústia, recuaria da posição em que houvera por bem colocá-lo; e se abandonaria este mundo, depositando implícita confiança na Palavra de Deus.” — The Adventist Herald and Signs of the Times Reporter. GC 406.1
O sentir dos que ainda criam que Deus os havia guiado em sua experiência, exprime-se nestas palavras de Guilherme Miller: “Tivesse eu de viver de novo a minha vida, com a mesma evidência que tive então de ser sincero para com Deus e o homem, eu teria de agir como agi.” “Espero ter limpado minhas vestes do sangue das almas. Sinto que, tanto quanto estava em meu poder, me livrei de toda culpa em sua condenação.” “Posto que tenha sido duas vezes desapontado”, escreveu este homem de Deus, “ainda não estou abatido nem desanimado. ... Minha esperança na vinda de Cristo é tão firme como sempre. Fiz apenas aquilo que, depois de anos de solene consideração, compreendi ser meu dever sagrado fazer. Se errei, foi do lado da caridade, do amor para com os meus semelhantes e da convicção do dever para com Deus.” “Uma coisa sei: nada preguei que não cresse, e Deus foi comigo; Seu poder se manifestou na obra, e muito benefício foi feito.” “Muitos milhares, segundo a aparência humana, foram levados a estudar as Escrituras pela pregação da profecia acerca do tempo; e por esse meio, mediante a fé e aspersão do sangue de Cristo, foram reconciliados com Deus.” — Bliss. “Nunca solicitei a aprovação dos orgulhosos, nem desfaleci quando o mundo se mostrava hostil. Não comprarei hoje o seu favor, tampouco irei além do dever, para não lhes despertar o ódio. Jamais lhes implorarei minha vida, tampouco vacilarei, espero, em perdê-la, se Deus em Sua bondosa providência assim o determina.” — Vida de Guilherme Miller, de J. White. GC 406.2
Deus não abandonou Seu povo; Seu Espírito ainda permaneceu com os que não negaram temerariamente a luz que tinham recebido, nem acusaram o movimento adventista. Na epístola aos Hebreus existem palavras de animação e advertência para os provados e expectantes nesta crise: “Não rejeiteis pois a vossa confiança, que tem grande e avultado galardão. Porque necessitais de paciência, para que, depois de haverdes feito a vontade de Deus, possais alcançar a promessa. Porque ainda um poucochinho de tempo, e O que há de vir virá, e não tardará. Mas o justo viverá da fé; e, se ele recuar, a Minha alma não tem prazer nele. Nós, porém, não somos daqueles que se retiram para a perdição, mas daqueles que crêem para a conservação da alma.” Hebreus 10:35-39. GC 407.1
Hebreus 10:35-39
35 Não rejeiteis, pois, a vossa confiança, que tem grande e avultado galardão.
36 Porque necessitais de paciência, para que, depois de haverdes feito a vontade de Deus, possais alcançar a promessa.
37 Porque ainda um pouquinho de tempo, E o que há de vir virá, e não tardará.
38 Mas o justo viverá pela fé; E, se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele.
39 Nós, porém, não somos daqueles que se retiram para a perdição, mas daqueles que crêem para a conservação da alma.
Que este aviso se dirige à igreja dos últimos dias, é evidente das palavras que apontam para a proximidade da vinda do Senhor: “Porque ainda um poucochinho de tempo, e O que há de vir virá, e não tardará.” E claramente se subentende que haveria uma aparente tardança, e que pareceria demorar-Se o Senhor. A instrução aqui proporcionada adapta-se especialmente à experiência dos adventistas naquele tempo. O povo, a que a passagem aqui se refere, estava em perigo de naufragar na fé. Tinham feito a vontade de Deus, seguindo a guia de Seu Espírito e Sua Palavra; não podiam, contudo, entender-Lhe o propósito na experiência passada, tampouco discernir o caminho diante deles; e eram tentados a duvidar de que Deus, em verdade, os estivesse a dirigir. A esse tempo se aplicavam as palavras: “Mas o justo viverá da fé.” Dado o fato de haver a brilhante luz do “clamor da meia-noite” lhes resplandecido no caminho e terem visto descerrarem-se as profecias, e em rápido cumprimento os sinais que declaravam estar próxima a vinda de Cristo, haviam caminhado, por assim dizer, pela vista. Agora, porém, abatidos por verem frustradas as esperanças, unicamente pela fé em Deus e em Sua Palavra poderiam permanecer em pé. O mundo escarnecedor dizia: “Fostes enganados. Abandonai vossa fé e dizei que o movimento do advento foi de Satanás.” Declarava, porém, a Palavra de Deus: “Se ele recuar, a Minha alma não tem prazer nele.” Renunciar então à fé e negar o poder do Espírito Santo, que acompanhara a mensagem, seria recuar para a perdição. Eram incentivados à firmeza pelas palavras de Paulo: “Não rejeiteis pois a vossa confiança”; “necessitais de paciência”, “porque ainda um poucochinho de tempo, e O que há de vir virá, e não tardará.” A única maneira segura de proceder era reter a luz que já haviam recebido de Deus, apegar-se firmemente às Suas promessas e continuar a examinar as Escrituras, esperando e vigiando pacientemente, a fim de receber mais luz. GC 408.1