Por Que Choras


Dia 227 - Wednesday, 14 de August de 2024
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17 min

Jó 9

Ouça o áudio do capítulo:

1 Então Jó respondeu, dizendo:

2 Na verdade sei que assim é; porque, como se justificaria o homem para com Deus?

3 Se quiser contender com ele, nem a uma de mil coisas lhe poderá responder.

4 Ele é sábio de coração, e forte em poder; quem se endureceu contra ele, e teve paz?

5 Ele é o que remove os montes, sem que o saibam, e o que os transtorna no seu furor.

6 O que sacode a terra do seu lugar, e as suas colunas estremecem.

7 O que fala ao sol, e ele não nasce, e sela as estrelas.

8 O que sozinho estende os céus, e anda sobre os altos do mar.

9 O que fez a Ursa, o Órion, e o Sete-estrelo, e as recâmaras do sul.

10 O que faz coisas grandes e inescrutáveis; e maravilhas sem número.

11 Eis que ele passa por diante de mim, e não o vejo; e torna a passar perante mim, e não o sinto.

12 Eis que arrebata a presa; quem lha fará restituir? Quem lhe dirá: Que é o que fazes?

13 Deus não revogará a sua ira; debaixo dele se encurvam os auxiliadores soberbos.

14 Quanto menos lhe responderia eu, ou escolheria diante dele as minhas palavras!

15 Porque, ainda que eu fosse justo, não lhe responderia; antes ao meu Juiz pediria misericórdia.

16 Ainda que chamasse, e ele me respondesse, nem por isso creria que desse ouvidos à minha voz.

17 Porque me quebranta com uma tempestade, e multiplica as minhas chagas sem causa.

18 Não me permite respirar, antes me farta de amarguras.

19 Quanto às forças, eis que ele é o forte; e, quanto ao juízo, quem me citará com ele?

20 Se eu me justificar, a minha boca me condenará; se for perfeito, então ela me declarará perverso.

21 Se for perfeito, não estimo a minha alma; desprezo a minha vida.

22 A coisa é esta; por isso eu digo que ele consome ao perfeito e ao ímpio.

23 Quando o açoite mata de repente, então ele zomba da prova dos inocentes.

24 A terra é entregue nas mãos do ímpio; ele cobre o rosto dos juízes; se não é ele, quem é, logo?

25 E os meus dias são mais velozes do que um correio; fugiram, e não viram o bem.

26 Passam como navios veleiros; como águia que se lança à comida.

27 Se eu disser: Eu me esquecerei da minha queixa, e mudarei o meu aspecto e tomarei alento,

28 Receio todas as minhas dores, porque bem sei que não me terás por inocente.

29 E, sendo eu ímpio, por que trabalharei em vão?

30 Ainda que me lave com água de neve, e purifique as minhas mãos com sabão,

31 Ainda me submergirás no fosso, e as minhas próprias vestes me abominarão.

32 Porque ele não é homem, como eu, a quem eu responda, vindo juntamente a juízo.

33 Não há entre nós árbitro que ponha a mão sobre nós ambos.

34 Tire ele a sua vara de cima de mim, e não me amedronte o seu terror.

35 Então falarei, e não o temerei; porque não sou assim em mim mesmo.

Jó 10

Ouça o áudio do capítulo:

1 A minha alma tem tédio da minha vida; darei livre curso à minha queixa, falarei na amargura da minha alma.

2 Direi a Deus: Não me condenes; faze-me saber por que contendes comigo.

3 Parece-te bem que me oprimas, que rejeites o trabalho das tuas mãos e resplandeças sobre o conselho dos ímpios?

4 Tens tu porventura olhos de carne? Vês tu como vê o homem?

5 São os teus dias como os dias do homem? Ou são os teus anos como os anos de um homem,

6 Para te informares da minha iniqüidade, e averiguares o meu pecado?

7 Bem sabes tu que eu não sou iníquo; todavia ninguém há que me livre da tua mão.

8 As tuas mãos me fizeram e me formaram completamente; contudo me consomes.

9 Peço-te que te lembres de que como barro me formaste e me farás voltar ao pó.

10 Porventura não me vazaste como leite, e como queijo não me coalhaste?

11 De pele e carne me vestiste, e de ossos e nervos me teceste.

12 Vida e misericórdia me concedeste; e o teu cuidado guardou o meu espírito.

13 Porém estas coisas as ocultaste no teu coração; bem sei eu que isto esteve contigo.

14 Se eu pecar, tu me observas; e da minha iniqüidade não me escusarás.

15 Se for ímpio, ai de mim! E se for justo, não levantarei a minha cabeça; farto estou da minha ignomínia; e vê qual é a minha aflição,

16 Porque se vai crescendo; tu me caças como a um leão feroz; tornas a fazer maravilhas para comigo.

17 Tu renovas contra mim as tuas testemunhas, e multiplicas contra mim a tua ira; reveses e combate estão comigo.

18 Por que, pois, me tiraste da madre? Ah! se então tivera expirado, e olho nenhum me visse!

19 Então eu teria sido como se nunca fora; e desde o ventre seria levado à sepultura!

20 Porventura não são poucos os meus dias? Cessa, pois, e deixa-me, para que por um pouco eu tome alento.

21 Antes que eu vá para o lugar de que não voltarei, à terra da escuridão e da sombra da morte;

22 Terra escuríssima, como a própria escuridão, terra da sombra da morte e sem ordem alguma, e onde a luz é como a escuridão.

João 20:1-18

Ouça o áudio do capítulo:

1 E no primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu a pedra tirada do sepulcro.

2 Correu, pois, e foi a Simão Pedro, e ao outro discípulo, a quem Jesus amava, e disse-lhes: Levaram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram.

3 Então Pedro saiu com o outro discípulo, e foram ao sepulcro.

4 E os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais apressadamente do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro.

5 E, abaixando-se, viu no chão os lençóis; todavia não entrou.

6 Chegou, pois, Simão Pedro, que o seguia, e entrou no sepulcro, e viu no chão os lençóis,

7 E que o lenço, que tinha estado sobre a sua cabeça, não estava com os lençóis, mas enrolado num lugar à parte.

8 Então entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e viu, e creu.

9 Porque ainda não sabiam a Escritura, que era necessário que ressuscitasse dentre os mortos.

10 Tornaram, pois, os discípulos para casa.

11 E Maria estava chorando fora, junto ao sepulcro. Estando ela, pois, chorando, abaixou-se para o sepulcro.

12 E viu dois anjos vestidos de branco, assentados onde jazera o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés.

13 E disseram-lhe eles: Mulher, por que choras? Ela lhes disse: Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o puseram.

14 E, tendo dito isto, voltou-se para trás, e viu Jesus em pé, mas não sabia que era Jesus.

15 Disse-lhe Jesus: Mulher, por que choras? Quem buscas? Ela, cuidando que era o hortelão, disse-lhe: Senhor, se tu o levaste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei.

16 Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, voltando-se, disse-lhe: Raboni, que quer dizer: Mestre.

17 Disse-lhe Jesus: Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai, mas vai para meus irmãos, e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus.

18 Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos que vira o Senhor, e que ele lhe dissera isto.

O Desejado de Todas as Nações

Por Que Choras

Ouça o áudio do capítulo:

Este capítulo é baseado em Mateus 28:1, 5-8; Marcos 16:1-8; Lucas 24:1-12; João 20:1-18.

As mulheres que estiveram ao pé da cruz de Cristo esperaram, atentas, que passassem as horas de sábado. No primeiro dia da semana, muito cedo, fizeram o caminho para o sepulcro, levando consigo preciosas especiarias para ungirem o corpo do Salvador. Não pensavam em Sua ressurreição. Pusera-se o sol de suas esperanças e fizera-se noite em seu coração. Enquanto caminhavam, relembravam entre si as obras de misericórdia realizadas por Cristo, bem como Suas palavras de conforto. Não lembravam, entretanto, as que proferira: “Outra vez vos verei”. João 16:22. DTN 557.1

Ignorantes do que se passava mesmo então, aproximaram-se do horto, dizendo: “Quem nos revolverá a pedra da porta do sepulcro?” Mateus 16:3. Sabiam não lhes ser possível afastá-la, todavia continuaram para diante. E eis que os céus se iluminaram de repente com uma glória que não provinha do Sol nascente. A terra tremeu. Elas viram que a pedra fora removida. O sepulcro estava vazio. DTN 557.2

As mulheres que foram ao sepulcro, não partiram todas do mesmo lugar. Maria Madalena foi a primeira a chegar ao local; e ao ver que a pedra fora retirada, correu para anunciá-lo aos discípulos. Entrementes, chegaram as outras mulheres. Havia uma luz em volta do sepulcro, mas o corpo de Jesus não se achava ali. Enquanto andavam em torno, viram de repente não se encontrarem sós. Um jovem de vestes brilhantes estava sentado junto ao túmulo. Era o anjo que rolara a pedra. Tomara a forma humana, a fim de não atemorizar essas discípulas de Jesus. Todavia, brilhava-lhe ainda em torno a glória celestial, e as mulheres temeram. Voltaram-se para fugir, mas as palavras do anjo lhes detiveram os passos. “Não tenhais medo”, disse ele; “pois eu sei que buscais a Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui, porque já ressuscitou, como havia dito. Vinde, vede o lugar em que o Senhor jazia. Ide pois, imediatamente, e dizei aos Seus discípulos que já ressuscitou dos mortos”. Mateus 28:5-7. De novo olharam elas para o sepulcro, e tornaram a ouvir as maravilhosas novas. Outro anjo, em forma humana, ali está, e diz: “Por que buscais o vivente entre os mortos? Não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos como vos falou, estando ainda na Galiléia, dizendo: Convém que o Filho do homem seja entregue nas mãos de homens pecadores, e seja crucificado, e ao terceiro dia ressuscite”. Lucas 24:5-7. DTN 557.3

Ressuscitou! Ressuscitou! As mulheres repetem e tornam a repetir as palavras. Não há, pois, necessidade de especiarias para unção. O Salvador está vivo, e não morto. Recordaram-se então de que, falando em Sua morte, Ele dissera que ressurgiria. Que dia é este para o mundo! Apressadas, afastam-se as mulheres do sepulcro e “com temor e grande alegria, correram a anunciá-lo aos Seus discípulos”. Mateus 28:8. DTN 557.4

Maria não ouvira as boas-novas. Foi ter com Pedro e João, levando a dolorosa mensagem: “Levaram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde O puseram”. João 20:13. Os discípulos correram para o túmulo, e acharam ser como Maria dissera. Viram o sudário e o lenço, mas não acharam o Senhor. Havia, no entanto, mesmo ali o testemunho de Sua ressurreição. As roupas do sepultamento não estavam atiradas com negligência, a um lado, mas cuidadosamente dobradas, cada uma num lugar à parte. João “viu, e creu”. Ainda não compreendia a escritura que dizia dever Cristo ressuscitar dos mortos; mas lembrou-se então das palavras do Salvador, predizendo Sua ressurreição. DTN 558.1

Fora o próprio Cristo que colocara com tanto cuidado as roupas com que O sepultaram. Quando o poderoso anjo baixara ao sepulcro, uniu-se-lhe outro que estivera com seu grupo, montando guarda ao corpo do Senhor. Enquanto o anjo do Céu removeu a pedra, o outro entrou no sepulcro e desembaraçou o corpo de Jesus de seu invólucro. Foram, porém, as próprias mãos do Salvador que dobraram cada peça, pondo-as em seu lugar. Ao Seu olhar, que guia semelhantemente a estrela e o átomo, nada há sem importância. Ordem e perfeição se manifestam em toda a Sua obra. DTN 558.2

Maria acompanhara João e Pedro ao sepulcro; quando voltaram a Jerusalém, ela permaneceu. Contemplando a tumba vazia, o coração encheu-se-lhe de dor. Olhando para dentro, viu os dois anjos, um à cabeceira, outro aos pés do lugar em que Jesus jazera. “Mulher, por que choras?” perguntaram-lhe. “Porque levaram o meu Senhor”, disse ela, “e não sei onde O puseram”. João 20:13. DTN 558.3

Então ela se voltou para se afastar, mesmo dos anjos, pensando em encontrar alguém que lhe dissesse o que fora feito com o corpo de Jesus. Outra voz a ela se dirigiu: “Mulher, por que choras? Quem buscas?” Através das lágrimas que lhe empanavam os olhos, Maria viu a figura de um homem e, pensando que fosse o hortelão, disse: “Senhor, se tu O levaste, dize-me onde O puseste, e eu O levarei.” Se o sepulcro desse rico era julgado um lugar de sepultamento demasiado honroso para Jesus, ela própria proveria um local para Ele. Havia um sepulcro que a voz do próprio Jesus deixara vago, aquele em que Lázaro jazera. Não poderia ela achar ali uma sepultura para seu Senhor? Sentiu que cuidar desse precioso corpo crucificado ser-lhe-ia uma grande consolação em sua mágoa. DTN 558.4

Mas então, em Sua voz familiar, lhe diz Jesus: “Maria!” Agora sabia que não era um estranho que se dirigia a ela e, voltando-se, viu diante de si o Cristo vivo. Em sua alegria, esqueceu que Ele fora crucificado. Saltando para Ele, como para abraçar-Lhe os pés, disse ela: “Raboni”. João 20:16. Cristo, porém, ergueu a mão, dizendo: Não Me detenhas, “porque ainda não subi para Meu Pai, mas vai para Meus irmãos, e dize-lhes que Eu subo para Meu Pai e vosso Pai, Meu Deus e vosso Deus”. João 20:17. E Maria pôs-se a caminho para ir ter com os discípulos, com a jubilosa mensagem. DTN 558.5

Jesus recusou receber a homenagem de Seu povo até haver obtido a certeza de estar Seu sacrifício aceito pelo Pai. Subiu às cortes celestiais, e ouviu do próprio Deus a afirmação de que Sua expiação pelos pecados dos homens fora ampla, de que por meio de Seu sangue todos poderiam obter a vida eterna. O Pai ratificou o concerto feito com Cristo, de que receberia os homens arrependidos e obedientes, e os amaria mesmo como ama a Seu Filho. Cristo devia completar Sua obra, e cumprir Sua promessa de que “o varão será mais precioso que o ouro, e o homem sê-lo-á mais que o ouro acrisolado” (Isaías 13:12, Trad. Figueiredo). Todo o poder no Céu e na Terra foi dado ao Príncipe da Vida, e Ele voltou para Seus seguidores num mundo de pecado, a fim de lhes comunicar Seu poder e glória. DTN 559.1

Enquanto o Salvador Se achava na presença de Deus, recebendo dons para Sua igreja, pensavam os discípulos no sepulcro vazio, e lamentavam-se e choravam. O dia em que todo o Céu vibrava de alegria, era para os discípulos de incerteza, confusão e perplexidade. Sua incredulidade no testemunho levado pelas mulheres é uma prova de quão baixo lhes caíra a fé. As notícias da ressurreição de Cristo eram tão diversas do que haviam antecipado, que as não podiam crer. Eram demasiado boas para serem verdade, pensavam. Haviam ouvido tanto das doutrinas e das chamadas científicas teorias dos fariseus, que era vaga a impressão produzida no espírito deles quanto à ressurreição. Mal sabiam o que podia significar a ressurreição dos mortos. Eram incapazes de conceber o grande fato. DTN 559.2

“Ide”, disseram os anjos às mulheres, “dizei a Seus discípulos, e a Pedro, que Ele vai adiante de vós para a Galiléia; ali O vereis, como Ele vos disse”. Mateus 28:7. Esses anjos estiveram com Cristo, como guardas, durante Sua existência terrestre. Testemunharam-Lhe o julgamento e a crucifixão. Ouviram Suas palavras aos discípulos. Isso se demonstrava por sua mensagem aos mesmos, e os deveria haver convencido da veracidade do que lhes era transmitido. Essas palavras só poderiam provir dos mensageiros de seu Senhor ressuscitado. DTN 559.3

“Dizei a Seus discípulos, e a Pedro”, disseram os anjos. Desde a morte de Cristo, Pedro se achava sucumbido pelo remorso. Sua vergonhosa negação de seu Senhor, e o olhar de amor e de angústia do Salvador achavam-se sempre diante dele. De todos os discípulos, fora o que mais pungentemente sofrera. A Pedro é dada a certeza de que seu arrependimento fora aceito e seu pecado perdoado. É mencionado nominalmente. DTN 559.4

“Dizei a Seus discípulos, e a Pedro, que Ele vai adiante de vós para a Galiléia; ali O vereis”. Marcos 16:7. Todos os discípulos haviam abandonado a Jesus, e o chamado para se encontrarem com Ele outra vez os inclui a todos. Ele não os rejeitou. Quando Maria Madalena lhes disse que vira o Senhor, repetiu o convite para o encontro na Galiléia. E pela terceira vez lhes foi enviada a mensagem. Depois de haver ascendido ao Pai, Jesus apareceu às outras mulheres, dizendo: “Eu vos saúdo. E elas, chegando, abraçaram os Seus pés, e O adoraram. Então Jesus lhes disse: Não temais; ide dizer a Meus irmãos que vão a Galiléia, e lá Me verão”. Mateus 28:10. DTN 559.5

A primeira obra de Cristo na Terra, depois de Sua ressurreição, foi convencer os discípulos de Seu inalterável amor e terna solicitude para com eles. Para lhes dar testemunho de que era seu Salvador vivo, de que quebrara as cadeias do túmulo, e não mais podia ser retido pelo inimigo, a morte; para revelar que tinha o mesmo coração de amor de quando andava com eles como seu amado Mestre, apareceu-lhes por várias vezes. Queria estreitar ainda mais em torno deles os laços de amor. Ide, dizei a Meus irmãos, disse Ele, que Me encontrem na Galiléia. DTN 560.1

Ao ouvirem essa combinação, feita de maneira tão positiva, os discípulos começaram a pensar nas palavras de Cristo, predizendo-lhes Sua ressurreição. Mesmo então, no entanto, não se regozijaram. Não podiam expulsar de si as dúvidas e perplexidades. Mesmo quando as mulheres declararam haver visto o Senhor, os discípulos não queriam crer. Julgavam-nas sob a influência de uma ilusão. DTN 560.2

Parecia que se acumulava aflição sobre aflição. No sexto dia da semana tinham presenciado a morte do Mestre; no primeiro dia da semana seguinte, viram-se privados de Seu corpo, e eram acusados de O haver roubado para enganar o povo. Desesperavam de poder desfazer as falsas impressões que ganhavam terreno contra eles. Temiam a inimizade dos sacerdotes e a ira do povo. Anelavam a presença de Jesus, que os ajudara em toda perplexidade. DTN 560.3

Repetiam muitas vezes as palavras: “E nós esperávamos que fosse Ele o que remisse Israel”. Lucas 24:21. Sentindo-se tão sós e tão repassados de dor, lembraram as Suas palavras: “Se ao madeiro verde fazem isto, que se fará ao seco?” Lucas 23:31. Reuniram-se no cenáculo e fecharam bem as portas, sabendo que a sorte de seu amado Mestre poderia a qualquer momento ser a deles mesmos. DTN 560.4

E todo esse tempo se poderiam estar regozijando no conhecimento de um Salvador ressuscitado! No horto, Maria estivera chorando, quando Jesus Se achava mesmo junto dela. Tão cegados tinha os olhos pelas lágrimas, que O não distinguira. E o coração dos discípulos estava tão cheio de pesar, que não creram na mensagem do anjo, nem nas palavras do próprio Cristo. DTN 560.5

Quantos estão a fazer ainda o que fizeram esses discípulos! Quantos se fazem eco do desalentado lamento de Maria: “Levaram o Senhor, [...] e não sabemos onde O puseram!” A quantos se poderiam dirigir as palavras do Senhor: “Por que choras? Quem buscas?” João 20:13, 15. Ele lhes está tão próximo, mas seus olhos cegados pelo pranto O não distinguem. Fala-lhes, mas não compreendem. DTN 560.6

Oh! que a pendida cabeça se erguesse, que os olhos se abrissem para vê-Lo, que os ouvidos Lhe escutassem a voz! “Ide pois, imediatamente, e dizei aos Seus discípulos que já ressuscitou”. Mateus 28:7. Convidai-os a olhar, não ao sepulcro novo de José, fechado com uma grande pedra, e selado com o selo romano. Cristo não está ali. Não olheis ao sepulcro vazio. Não vos lamenteis como os que se acham sem esperança e desamparados. Jesus vive, e porque Ele vive, nós também viveremos. De corações agradecidos, de lábios tocados com o fogo sagrado, ressoe o alegre cântico: Cristo ressurgiu! Ele vive para fazer intercessão por nós. Apegai-vos a essa esperança, e ela vos firmará a alma qual âncora segura e provada. Crede, e vereis a glória de Deus. DTN 561.1

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