Paulo Perante Nero


Dia 310 - Tuesday, 05 de November de 2024
Marcar como lido
14 min

1 Timóteo 4

Ouça o áudio do capítulo:

1 Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios;

2 Pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência;

3 Proibindo o casamento, e ordenando a abstinência dos alimentos que Deus criou para os fiéis, e para os que conhecem a verdade, a fim de usarem deles com ações de graças;

4 Porque toda a criatura de Deus é boa, e não há nada que rejeitar, sendo recebido com ações de graças.

5 Porque pela palavra de Deus e pela oração é santificada.

6 Propondo estas coisas aos irmãos, serás bom ministro de Jesus Cristo, criado com as palavras da fé e da boa doutrina que tens seguido.

7 Mas rejeita as fábulas profanas e de velhas, e exercita-te a ti mesmo em piedade;

8 Porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir.

9 Esta palavra é fiel e digna de toda a aceitação;

10 Porque para isto trabalhamos e somos injuriados, pois esperamos no Deus vivo, que é o Salvador de todos os homens, principalmente dos fiéis.

11 Manda estas coisas e ensina-as.

12 Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza.

13 Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá.

14 Não desprezes o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbitério.

15 Medita estas coisas; ocupa-te nelas, para que o teu aproveitamento seja manifesto a todos.

16 Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem.

1 Timóteo 5

Ouça o áudio do capítulo:

1 NÃO repreendas asperamente o ancião, mas admoesta-o como a pai; aos moços como a irmãos;

2 As mulheres idosas, como a mães, às moças, como a irmãs, em toda a pureza.

3 Honra as viúvas que verdadeiramente são viúvas.

4 Mas, se alguma viúva tiver filhos, ou netos, aprendam primeiro a exercer piedade para com a sua própria família, e a recompensar seus pais; porque isto é bom e agradável diante de Deus.

5 Ora, a que é verdadeiramente viúva e desamparada espera em Deus, e persevera de noite e de dia em rogos e orações;

6 Mas a que vive em deleites, vivendo está morta.

7 Manda, pois, estas coisas, para que elas sejam irrepreensíveis.

8 Mas, se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior do que o infiel.

9 Nunca seja inscrita viúva com menos de sessenta anos, e só a que tenha sido mulher de um só marido;

10 Tendo testemunho de boas obras: Se criou os filhos, se exercitou hospitalidade, se lavou os pés aos santos, se socorreu os aflitos, se praticou toda a boa obra.

11 Mas não admitas as viúvas mais novas, porque, quando se tornam levianas contra Cristo, querem casar-se;

12 Tendo já a sua condenação por haverem aniquilado a primeira fé.

13 E, além disto, aprendem também a andar ociosas de casa em casa; e não só ociosas, mas também paroleiras e curiosas, falando o que não convém.

14 Quero, pois, que as que são moças se casem, gerem filhos, governem a casa, e não dêem ocasião ao adversário de maldizer;

15 Porque já algumas se desviaram, indo após Satanás.

16 Se algum crente ou alguma crente tem viúvas, socorra-as, e não se sobrecarregue a igreja, para que se possam sustentar as que deveras são viúvas.

17 Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina;

18 Porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário.

19 Não aceites acusação contra o presbítero, senão com duas ou três testemunhas.

20 Aos que pecarem, repreende-os na presença de todos, para que também os outros tenham temor.

21 Conjuro-te diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, e dos anjos eleitos, que sem prevenção guardes estas coisas, nada fazendo por parcialidade.

22 A ninguém imponhas precipitadamente as mãos, nem participes dos pecados alheios; conserva-te a ti mesmo puro.

23 Não bebas mais água só, mas usa de um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas freqüentes enfermidades.

24 Os pecados de alguns homens são manifestos, precedendo o juízo; e em alguns manifestam-se depois.

25 Assim mesmo também as boas obras são manifestas, e as que são de outra maneira não podem ocultar-se.

1 Timóteo 6

Ouça o áudio do capítulo:

1 Todos os servos que estão debaixo do jugo estimem a seus senhores por dignos de toda a honra, para que o nome de Deus e a doutrina não sejam blasfemados.

2 E os que têm senhores crentes não os desprezem, por serem irmãos; antes os sirvam melhor, porque eles, que participam do benefício, são crentes e amados. Isto ensina e exorta.

3 Se alguém ensina alguma outra doutrina, e se não conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a piedade,

4 É soberbo, e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras, das quais nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins suspeitas,

5 Perversas contendas de homens corruptos de entendimento, e privados da verdade, cuidando que a piedade seja causa de ganho; aparta-te dos tais.

6 Mas é grande ganho a piedade com contentamento.

7 Porque nada trouxemos para este mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele.

8 Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes.

9 Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína.

10 Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores.

11 Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão.

12 Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna, para a qual também foste chamado, tendo já feito boa confissão diante de muitas testemunhas.

13 Mando-te diante de Deus, que todas as coisas vivifica, e de Cristo Jesus, que diante de Pôncio Pilatos deu o testemunho de boa confissão,

14 Que guardes este mandamento sem mácula e repreensão, até à aparição de nosso Senhor Jesus Cristo;

15 A qual a seu tempo mostrará o bem-aventurado, e único poderoso Senhor, Rei dos reis e Senhor dos senhores;

16 Aquele que tem, ele só, a imortalidade, e habita na luz inacessível; a quem nenhum dos homens viu nem pode ver, ao qual seja honra e poder sempiterno. Amém.

17 Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos;

18 Que façam bem, enriqueçam em boas obras, repartam de boa mente, e sejam comunicáveis;

19 Que entesourem para si mesmos um bom fundamento para o futuro, para que possam se apoderar da vida eterna.

20 Ó Timóteo, guarda o depósito que te foi confiado, tendo horror aos clamores vãos e profanos e às oposições da falsamente chamada ciência,

21 A qual professando-a alguns, se desviaram da fé. A graça seja contigo. Amém.

Atos dos Apóstolos

Paulo Perante Nero

Ouça o áudio do capítulo:

Quando Paulo foi intimado a comparecer diante do imperador Nero para ser julgado, sentia a perspectiva de sua morte próxima e certa. A séria natureza do crime de que era acusado e a animosidade que prevalecia contra os cristãos, ofereciam pouco terreno para a esperança de um desfecho favorável. AA 276.1

Havia entre os gregos e romanos o costume de permitir a um acusado o privilégio de contratar um advogado para pleitear em seu benefício perante as cortes de justiça. Por força de argumentos, por apaixonada eloqüência, ou por apelos, rogos e lágrimas, tais advogados logravam muitas vezes assegurar a decisão em favor do prisioneiro, ou, falhando isso, conseguiam abrandar a severidade da sentença. Mas quando Paulo foi chamado perante Nero, ninguém se aventurou a funcionar como seu conselheiro ou advogado; nenhum amigo lhe esteve ao lado, nem mesmo para preservar um relatório das acusações apresentadas contra ele, ou dos argumentos que usou em sua defesa. Não houve entre os cristãos de Roma, quem viesse à frente para estar a seu lado nessa hora de prova. AA 276.2

O único relato certo dessa ocasião é dado pelo próprio Paulo, em sua segunda carta a Timóteo. “Ninguém me assistiu na minha primeira defesa”, escreveu ele, “antes todos me desampararam. Que isto lhes não seja imputado. Mas o Senhor assistiu-me e fortaleceu-me, para que por mim fosse cumprida a pregação, e todos os gentios a ouvissem; e fiquei livre da boca do leão”. 2 Timóteo 4:16, 17. AA 276.3

Paulo perante Nero — como se salienta o contraste! O soberbo rei, diante de quem o homem de Deus devia responder por sua fé, tinha alcançado o mais alto poder terreno, autoridade e riqueza, bem como as mais baixas profundezas da iniqüidade e do crime. Em poder e grandeza ele não tinha rival. Ninguém havia que pusesse em dúvida sua autoridade nem que lhe resistisse à vontade. Reis depunham as coroas a seus pés. Exércitos poderosos marchavam ao seu mando, e as insígnias de seus navios significavam vitórias. Sua estátua foi erguida nas salas dos tribunais, e os decretos dos senadores e as decisões dos juízes eram apenas o eco de sua vontade. Milhões se curvavam em obediência a suas ordens. O nome de Nero fazia o mundo tremer. Cair em seu desagrado era perder a propriedade, a liberdade, a vida; e a sua carregada fisionomia era para temer mais que a pestilência. AA 276.4

Sem dinheiro, sem amigos, sem conselho, o idoso prisioneiro estava perante Nero — apresentando a fisionomia do imperador o relato vergonhoso das paixões que no interior combatiam, e exprimindo o semblante do acusado um coração em paz com Deus. A vida de Paulo tinha sido de pobreza, abnegação, sofrimento. Não obstante a persistente difamação, opróbrios, maus-tratos com que seus inimigos tinham procurado intimidá-lo, destemidamente mantivera no alto o estandarte da cruz. Como seu Mestre, tinha sido um errante sem lar, e como Ele vivera para abençoar a humanidade. Como poderia Nero, tirano caprichoso, licencioso e apaixonado, compreender ou apreciar o caráter e os intuitos desse filho de Deus? AA 277.1

O vasto recinto foi invadido por uma multidão ávida e inquieta, que se comprimia e acotovelava para ver e ouvir tudo o que ocorresse. Os grandes e pequenos ali estavam, os ricos e os pobres, os doutos e os ignorantes, os orgulhosos e os humildes, todos igualmente destituídos do verdadeiro conhecimento do caminho da vida e da salvação. AA 277.2

Os judeus apresentaram contra Paulo as velhas acusações de sedição e heresias, e tanto judeus como romanos o denunciaram como tendo instigado o incêndio da cidade. Enquanto insistiam nessas acusações contra ele, Paulo conservava uma inquebrantável serenidade. O povo e os juízes olhavam para ele com surpresa. Tinham presenciado muitos julgamentos, e olhado para muitos criminosos; mas nunca tinham visto um homem apresentar um aspecto de tão santa calma como apresentava o prisioneiro perante eles. Os olhos perspicazes dos juízes, acostumados a ler o rosto dos prisioneiros, pesquisavam em vão a fisionomia de Paulo a fim de descobrirem alguma evidência de crime. Quando lhe foi permitido falar em sua própria defesa, todos escutaram com ávido interesse. AA 277.3

Mais uma vez teve Paulo a oportunidade de erguer perante uma multidão maravilhada a bandeira da cruz. Contemplando a multidão diante de si — judeus, gregos, romanos, juntamente com estrangeiros de muitas terras, — o espírito se lhe agitou com um intenso desejo da salvação deles. Perdeu de vista a ocasião em que se encontrava, os perigos que o cercavam, o terrível destino que parecia tão próximo. Via somente a Jesus, o Intercessor, pleiteando perante Deus em prol de homens pecadores. Com eloqüência e poder mais do que humanos, Paulo apresentou as verdades do evangelho. Apontou a seus ouvintes o sacrifício feito pela raça decaída. Declarou que um preço infinito foi pago pela redenção do homem. Foram-lhe providos os meios para participar do trono de Deus. Por meio de mensageiros angélicos, a Terra está ligada ao Céu, e todas as ações dos homens, sejam boas ou más, estão patentes aos olhos da Justiça Infinita. AA 277.4

Assim pleiteou o advogado da verdade. Fiel entre infiéis, leal entre desleais, achava-se ele como o representante de Deus, e sua voz era como a voz do Céu. Não havia temor, tristeza, desânimo nas suas palavras ou aspecto. Forte na convicção da inocência, revestido da armadura da verdade, regozijava-se em ser filho de Deus. Suas palavras eram uma aclamação de vitória por sobre o troar da batalha. Ele declarava ser a causa a que dedicou a vida, a única que nunca poderá falhar. Embora ele perecesse, o evangelho não pereceria. Deus vive, e Sua verdade triunfará. AA 277.5

Muitos que naquele dia olharam para ele, “viram o seu rosto como o rosto de um anjo”. Atos 6:15. AA 278.1

Nunca antes havia aquela multidão ouvido palavras como essas. Elas tocaram uma corda que vibrou até no coração dos mais endurecidos. A verdade, clara e convincente, derribou o erro. A luz brilhou na mente de muitos que mais tarde seguiram alegremente seus raios. As verdades expostas nesse dia estavam destinadas a sacudir as nações, e a perdurar através de todos os tempos, influenciando o coração dos homens quando os lábios que as haviam proferido estivessem silenciosos na sepultura de um mártir. AA 278.2

Nunca antes ouvira Nero a verdade como a ouviu nessa ocasião. Nunca antes os enormes crimes de sua vida tinham-lhe sido dessa maneira revelados. A luz do Céu penetrou nos recessos de sua alma poluída pelo pecado, e ele tremeu com terror ao pensar em um tribunal perante o qual ele, o governador do mundo, seria finalmente citado, recebendo suas obras a justa sentença. Temeu o Deus do apóstolo, e não ousou passar sentença contra Paulo, contra quem nenhuma acusação pudera ser sustentada. Um sentimento de temor restringiu por algum tempo seu espírito sanguinário. AA 278.3

Por um instante, o Céu se abrira para o criminoso e endurecido Nero, e sua paz e pureza lhe pareceram desejáveis. Naquele momento, o convite de misericórdia se estendera até ele. Mas, por um momento apenas foi-lhe bem-vindo o pensamento de perdão. A seguir, foi expedida a ordem para que Paulo fosse reconduzido ao calabouço; e quando a porta se fechou por trás do mensageiro de Deus, a porta do arrependimento se fechava para sempre para o imperador de Roma. Nenhum raio de luz do Céu penetraria de novo as trevas que o envolviam. Logo deveria ele sofrer os juízos retribuidores de Deus. AA 278.4

Não muito tempo depois disso, Nero deu início à sua ignominiosa expedição à Grécia, onde desonrou a si e ao seu reino em desprezíveis e vis frivolidades. Retornando a Roma com grande pompa, cercou-se de seus cortesãos e se entregou a cenas de revoltante devassidão. Em meio a essa orgia, ouviu-se nas ruas uma voz de tumulto. Um mensageiro despachado para se informar da causa, voltou com novas de empalidecer, dizendo que Galba, à frente de um exército, estava marchando rapidamente sobre Roma, e que a insurreição havia já irrompido na cidade, estando as ruas cheias de uma multidão enraivecida que, ameaçando de morte o imperador e todos os que o cercavam, se estava rapidamente aproximando do palácio. AA 278.5

Nesse tempo de perigo, Nero não teve, como o fiel Paulo, um Deus poderoso e compassivo em quem confiar. Temendo o sofrimento e possíveis torturas que poderia ser levado a enfrentar diante da fúria da turba, o miserável tirano pensou em pôr fim à vida pelas próprias mãos, mas no momento crítico faltou-lhe a coragem. Completamente pusilânime, fugiu ignominiosamente da cidade, buscando refúgio numa residência de província, a poucos quilômetros de distância; porém, de nada valeu. Seu esconderijo foi logo descoberto, e enquanto os perseguidores se aproximavam a cavalo, ele chamou um escravo para ajudá-lo, e infligiu a si mesmo um golpe mortal. Assim pereceu o tirano Nero, na curta idade de trinta e dois anos. AA 279.1

0% played
00:00