Os Sacerdotes Tramam
- Ezequiel 37-39
- João 11:47-57
Ezequiel 37
Ouça o áudio do capítulo:
1 Veio sobre mim a mão do SENHOR, e ele me fez sair no Espírito do SENHOR, e me pôs no meio de um vale que estava cheio de ossos.
2 E me fez passar em volta deles; e eis que eram mui numerosos sobre a face do vale, e eis que estavam sequíssimos.
3 E me disse: Filho do homem, porventura viverão estes ossos? E eu disse: Senhor DEUS, tu o sabes.
4 Então me disse: Profetiza sobre estes ossos, e dize-lhes: Ossos secos, ouvi a palavra do Senhor.
5 Assim diz o Senhor DEUS a estes ossos: Eis que farei entrar em vós o espírito, e vivereis.
6 E porei nervos sobre vós e farei crescer carne sobre vós, e sobre vós estenderei pele, e porei em vós o espírito, e vivereis, e sabereis que eu sou o Senhor.
7 Então profetizei como se me deu ordem. E houve um ruído, enquanto eu profetizava; e eis que se fez um rebuliço, e os ossos se achegaram, cada osso ao seu osso.
8 E olhei, e eis que vieram nervos sobre eles, e cresceu a carne, e estendeu-se a pele sobre eles por cima; mas não havia neles espírito.
9 E ele me disse: Profetiza ao espírito, profetiza, ó filho do homem, e dize ao espírito: Assim diz o Senhor DEUS: Vem dos quatro ventos, ó espírito, e assopra sobre estes mortos, para que vivam.
10 E profetizei como ele me deu ordem; então o espírito entrou neles, e viveram, e se puseram em pé, um exército grande em extremo.
11 Então me disse: Filho do homem, estes ossos são toda a casa de Israel. Eis que dizem: Os nossos ossos se secaram, e pereceu a nossa esperança; nós mesmos estamos cortados.
12 Portanto profetiza, e dize-lhes: Assim diz o Senhor DEUS: Eis que eu abrirei os vossos sepulcros, e vos farei subir das vossas sepulturas, ó povo meu, e vos trarei à terra de Israel.
13 E sabereis que eu sou o Senhor, quando eu abrir os vossos sepulcros, e vos fizer subir das vossas sepulturas, ó povo meu.
14 E porei em vós o meu Espírito, e vivereis, e vos porei na vossa terra; e sabereis que eu, o SENHOR, disse isto, e o fiz, diz o SENHOR.
15 E outra vez veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
16 Tu, pois, ó filho do homem, toma um pedaço de madeira, e escreve nele: Por Judá e pelos filhos de Israel, seus companheiros. E toma outro pedaço de madeira, e escreve nele: Por José, vara de Efraim, e por toda a casa de Israel, seus companheiros.
17 E ajunta um ao outro, para que se unam, e se tornem uma só vara na tua mão.
18 E quando te falarem os filhos do teu povo, dizendo: Porventura não nos declararás o que significam estas coisas?
19 Tu lhes dirás: Assim diz o Senhor DEUS: Eis que eu tomarei a vara de José que esteve na mão de Efraim, e a das tribos de Israel, suas companheiras, e as ajuntarei à vara de Judá, e farei delas uma só vara, e elas se farão uma só na minha mão.
20 E as varas, sobre que houve- res escrito, estarão na tua mão, perante os olhos deles.
21 Dize-lhes pois: Assim diz o Senhor DEUS: Eis que eu tomarei os filhos de Israel dentre os gentios, para onde eles foram, e os congregarei de todas as partes, e os levarei à sua terra.
22 E deles farei uma nação na terra, nos montes de Israel, e um rei será rei de todos eles, e nunca mais serão duas nações; nunca mais para o futuro se dividirão em dois reinos.
23 E nunca mais se contaminarão com os seus ídolos, nem com as suas abominações, nem com as suas transgressões, e os livrarei de todas as suas habitações, em que pecaram, e os purificarei. Assim eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus.
24 E meu servo Davi será rei sobre eles, e todos eles terão um só pastor; e andarão nos meus juízos e guardarão os meus estatutos, e os observarão.
25 E habitarão na terra que dei a meu servo Jacó, em que habitaram vossos pais; e habitarão nela, eles e seus filhos, e os filhos de seus filhos, para sempre, e Davi, meu servo, será seu príncipe eternamente.
26 E farei com eles uma aliança de paz; e será uma aliança perpétua. E os estabelecerei, e os multiplicarei, e porei o meu santuário no meio deles para sempre.
27 E o meu tabernáculo estará com eles, e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo.
28 E os gentios saberão que eu sou o Senhor que santifico a Israel, quando estiver o meu santuário no meio deles para sempre.
Ezequiel 38
Ouça o áudio do capítulo:
1 Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo:
2 Filho do homem, dirige o teu rosto contra Gogue, terra de Magogue, príncipe e chefe de Meseque, e Tubal, e profetiza contra ele.
3 E dize: Assim diz o Senhor DEUS: Eis que eu sou contra ti, ó Gogue, príncipe e chefe de Meseque e de Tubal;
4 E te farei voltar, e porei anzóis nos teus queixos, e te levarei a ti, com todo o teu exército, cavalos e cavaleiros, todos vestidos com primor, grande multidão, com escudo e rodela, manejando todos a espada;
5 Persas, etíopes, e os de Pute com eles, todos com escudo e capacete;
6 Gômer e todas as suas tropas; a casa de Togarma, do extremo norte, e todas as suas tropas, muitos povos contigo.
7 Prepara-te, e dispõe-te, tu e todas as multidões do teu povo que se reuniram a ti, e serve-lhes tu de guarda.
8 Depois de muitos dias serás visitado. No fim dos anos virás à terra que se recuperou da espada, e que foi congregada dentre muitos povos, junto aos montes de Israel, que sempre se faziam desertos; mas aquela terra foi tirada dentre as nações, e todas elas habitarão seguramente.
9 Então subirás, virás como uma tempestade, far-te-ás como uma nuvem para cobrir a terra, tu e todas as tuas tropas, e muitos povos contigo.
10 Assim diz o Senhor DEUS: E acontecerá naquele dia que subirão palavras no teu coração, e maquinarás um mau desígnio,
11 E dirás: Subirei contra a terra das aldeias não muradas; virei contra os que estão em repouso, que habitam seguros; todos eles habitam sem muro, e não têm ferrolhos nem portas;
12 A fim de tomar o despojo, e para arrebatar a presa, e tornar a tua mão contra as terras desertas que agora se acham habitadas, e contra o povo que se congregou dentre as nações, o qual adquiriu gado e bens, e habita no meio da terra.
13 Sebá e Dedã, e os mercadores de Társis, e todos os seus leõezinhos te dirão: Vens tu para tomar o despojo? Ajuntaste a tua multidão para arrebatar a tua presa? Para levar a prata e o ouro, para tomar o gado e os bens, para saquear o grande despojo?
14 Portanto, profetiza, ó filho do homem, e dize a Gogue: Assim diz o Senhor DEUS: Porventura não o saberás naquele dia, quando o meu povo Israel habitar em segurança?
15 Virás, pois, do teu lugar, do extremo norte, tu e muitos povos contigo, montados todos a cavalo, grande ajuntamento, e exército poderoso,
16 E subirás contra o meu povo Israel, como uma nuvem, para cobrir a terra. Nos últimos dias sucederá que hei de trazer-te contra a minha terra, para que os gentios me conheçam a mim, quando eu me houver santificado em ti, ó Gogue, diante dos seus olhos.
17 Assim diz o Senhor DEUS: Não és tu aquele de quem eu disse nos dias antigos, por intermédio dos meus servos, os profetas de Israel, os quais naqueles dias profetizaram largos anos, que te traria contra eles?
18 Sucederá, porém, naquele dia, no dia em que vier Gogue contra a terra de Israel, diz o Senhor DEUS, que a minha indignação subirá à minha face.
19 Porque disse no meu zelo, no fogo do meu furor, que, certamente, naquele dia haverá grande tremor sobre a terra de Israel;
20 De tal modo que tremerão diante da minha face os peixes do mar, e as aves do céu, e os animais do campo, e todos os répteis que se arrastam sobre a terra, e todos os homens que estão sobre a face da terra; e os montes serão deitados abaixo, e os precipícios se desfarão, e todos os muros desabarão por terra.
21 Porque chamarei contra ele a espada sobre todos os meus montes, diz o Senhor DEUS; a espada de cada um se voltará contra seu irmão.
22 E contenderei com ele por meio da peste e do sangue; e uma chuva inundante, e grandes pedras de saraiva, fogo, e enxofre farei chover sobre ele, e sobre as suas tropas, e sobre os muitos povos que estiverem com ele.
23 Assim eu me engrandecerei e me santificarei, e me darei a conhecer aos olhos de muitas nações; e saberão que eu sou o Senhor.
Ezequiel 39
Ouça o áudio do capítulo:
1 Tu, pois, ó filho do homem, profetiza ainda contra Gogue, e dize: Assim diz o Senhor DEUS: Eis que eu sou contra ti, ó Gogue, príncipe e chefe de Meseque e de Tubal.
2 E te farei voltar, mas deixarei uma sexta parte de ti, e far-te-ei subir do extremo norte, e te trarei aos montes de Israel.
3 E, com um golpe, tirarei o teu arco da tua mão esquerda, e farei cair as tuas flechas da tua mão direita.
4 Nos montes de Israel cairás, tu e todas as tuas tropas, e os povos que estão contigo; e às aves de rapina, de toda espécie, e aos animais do campo, te darei por comida.
5 Sobre a face do campo cairás, porque eu o falei, diz o Senhor DEUS.
6 E enviarei um fogo sobre Magogue e entre os que habitam seguros nas ilhas; e saberão que eu sou o Senhor.
7 E farei conhecido o meu santo nome no meio do meu povo Israel, e nunca mais deixarei profanar o meu santo nome; e os gentios saberão que eu sou o Senhor, o Santo em Israel.
8 Eis que vem, e se cumprirá, diz o Senhor DEUS; este é o dia de que tenho falado.
9 E os habitantes das cidades de Israel sairão, e acenderão o fogo, e queimarão as armas, e os escudos e as rodelas, com os arcos, e com as flechas, e com os bastões de mão, e com as lanças; e acenderão fogo com elas por sete anos.
10 E não trarão lenha do campo, nem a cortarão dos bosques, mas com as armas acenderão fogo; e roubarão aos que os roubaram, e despojarão aos que os despojaram, diz o Senhor DEUS.
11 E sucederá que, naquele dia, darei ali a Gogue um lugar de sepultura em Israel, o vale dos que passam ao oriente do mar; e pararão os que por ele passarem; e ali sepultarão a Gogue, e a toda a sua multidão, e lhe chamarão o vale da multidão de Gogue.
12 E a casa de Israel os enterrará durante sete meses, para purificar a terra.
13 Sim, todo o povo da terra os enterrará, e será para eles memo-rável dia em que eu for glorificado, diz o Senhor Deus.
14 E separarão homens que incessantemente percorrerão a terra, para que eles, juntamente com os que passam, sepultem os que tiverem ficado sobre a face da terra, para a purificarem; durante sete meses farão esta busca.
15 E os que percorrerem a terra, a qual atravessarão, vendo algum osso de homem, porão ao lado um sinal; até que os enterradores o tenham enterrado no vale da multidão de Gogue.
16 E também o nome da cidade será Hamona; assim purificarão a terra.
17 Tu, pois, ó filho do homem, assim diz o Senhor DEUS, dize às aves de toda espécie, e a todos os animais do campo: Ajuntai-vos e vinde, congregai-vos de toda parte para o meu sacrifício, que eu ofereci por vós, um sacrifício grande, nos montes de Israel, e comei carne e bebei sangue.
18 Comereis a carne dos poderosos e bebereis o sangue dos príncipes da terra; dos carneiros, dos cordeiros, e dos bodes, e dos bezerros, todos cevados de Basã.
19 E comereis a gordura até vos fartardes e bebereis o sangue até vos embebedardes, do meu sacrifício que ofereci por vós.
20 E, à minha mesa, fartar-vos-ei de cavalos, de carros, de poderosos, e de todos os homens de guerra, diz o Senhor DEUS.
21 E eu porei a minha glória entre os gentios e todos os gentios verão o meu juízo, que eu tiver executado, e a minha mão, que sobre elas tiver descarregado.
22 E saberão os da casa de Israel que eu sou o Senhor seu Deus, desde aquele dia em diante.
23 E os gentios saberão que os da casa de Israel, por causa da sua iniqüidade, foram levados em cativeiro, porque se rebelaram contra mim, e eu escondi deles a minha face, e os entreguei nas mãos de seus adversários, e todos caíram à espada.
24 Conforme a sua imundícia e conforme as suas transgressões me houve com eles, e escondi deles a minha face.
25 Portanto assim diz o Senhor DEUS: Agora tornarei a trazer os cativos de Jacó, e me compadecerei de toda a casa de Israel; zelarei pelo meu santo nome.
26 E levarão sobre si a sua vergonha, e toda a sua rebeldia, com que se rebelaram contra mim, quando eles habitarem seguros na sua terra, sem haver quem os espante.
27 Quando eu os tornar a trazer de entre os povos, e os houver ajuntado das terras de seus inimigos, e eu for santificado neles aos olhos de muitas nações,
28 Então saberão que eu sou o Senhor seu Deus, vendo que eu os fiz ir em cativeiro entre os gentios, e os ajuntarei para voltarem a sua terra, e não mais deixarei lá nenhum deles.
29 Nem lhes esconderei mais a minha face, pois derramarei o meu Espírito sobre a casa de Israel, diz o Senhor DEUS.
João 11:47-57
Ouça o áudio do capítulo:
47 Depois os principais dos sacerdotes e os fariseus formaram conselho, e diziam: Que faremos? porquanto este homem faz muitos sinais.
48 Se o deixamos assim, todos crerão nele, e virão os romanos, e tirar-nos-ão o nosso lugar e a nação.
49 E Caifás, um deles que era sumo sacerdote naquele ano, lhes disse: Vós nada sabeis,
50 Nem considerais que nos convém que um homem morra pelo povo, e que não pereça toda a nação.
51 Ora ele não disse isto de si mesmo, mas, sendo o sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus devia morrer pela nação.
52 E não somente pela nação, mas também para reunir em um corpo os filhos de Deus que andavam dispersos.
53 Desde aquele dia, pois, consultavam-se para o matarem.
54 Jesus, pois, já não andava manifestamente entre os judeus, mas retirou-se dali para a terra junto do deserto, para uma cidade chamada Efraim; e ali ficou com os seus discípulos.
55 E estava próxima a páscoa dos judeus, e muitos daquela região subiram a Jerusalém antes da páscoa para se purificarem.
56 Buscavam, pois, a Jesus, e diziam uns aos outros, estando no templo: Que vos parece? Não virá à festa?
57 Ora, os principais dos sacerdotes e os fariseus tinham dado ordem para que, se alguém soubesse onde ele estava, o denunciasse, para o prenderem.
O Desejado de Todas as Nações
Os Sacerdotes Tramam
Ouça o áudio do capítulo:
Este capítulo é baseado em João 11:47-54.
João 11:47-54
47 Depois os principais dos sacerdotes e os fariseus formaram conselho, e diziam: Que faremos? porquanto este homem faz muitos sinais.
48 Se o deixamos assim, todos crerão nele, e virão os romanos, e tirar-nos-ão o nosso lugar e a nação.
49 E Caifás, um deles que era sumo sacerdote naquele ano, lhes disse: Vós nada sabeis,
50 Nem considerais que nos convém que um homem morra pelo povo, e que não pereça toda a nação.
51 Ora ele não disse isto de si mesmo, mas, sendo o sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus devia morrer pela nação.
52 E não somente pela nação, mas também para reunir em um corpo os filhos de Deus que andavam dispersos.
53 Desde aquele dia, pois, consultavam-se para o matarem.
54 Jesus, pois, já não andava manifestamente entre os judeus, mas retirou-se dali para a terra junto do deserto, para uma cidade chamada Efraim; e ali ficou com os seus discípulos.
Betânia ficava tão perto de Jerusalém, que as notícias da ressurreição de Lázaro foram dentro em pouco levadas à cidade. Por intermédio de espias que tinham testemunhado o milagre, os príncipes judaicos para logo ficaram de posse dos fatos. Convocou-se imediatamente uma reunião no Sinédrio para decidir o que se deveria fazer. Cristo tornara agora plenamente manifesto Seu domínio sobre a morte e a sepultura. Aquele poderoso milagre era a suprema prova dada por Deus aos homens, de que Ele enviara Seu Filho ao mundo para sua salvação. Era uma demonstração de poder divino suficiente para convencer todo espírito que se achasse sob o controle da razão e de uma consciência esclarecida. Muitos dos que assistiram à ressurreição de Lázaro, foram levados a crer em Jesus. O ódio dos sacerdotes por Ele, no entanto, intensificou-se com isso. Haviam rejeitado todos os sinais menores de Sua divindade, e não ficaram senão enfurecidos ante esse novo milagre. O morto fora ressuscitado em pleno dia, e perante multidão de testemunhas. Nenhum artifício poderia explicar essa demonstração. E exatamente por isso se tornou mais implacável ainda a inimizade dos sacerdotes. Mais que nunca estavam decididos a pôr termo à obra de Cristo. DTN 377.1
Os saduceus, conquanto não fossem favoráveis a Cristo, não se mostravam tão malignos para com Ele como os fariseus. Seu ódio não era tão feroz. Agora, porém, ficaram inteiramente alarmados. Não criam na ressurreição dos mortos. Engendrando a falsamente chamada ciência, haviam raciocinado que seria impossível vivificar um morto. Mas, por algumas palavras de Cristo, fora deitada por terra a sua teoria. Revelava-se assim sua ignorância, tanto das Escrituras como do poder de Deus. Não viam possibilidade de remover a impressão causada no povo pelo milagre. Como poderiam ser os homens desviados dAquele que prevalecera em arrebatar ao sepulcro o morto? Puseram-se em circulação mentirosas versões, mas não se podia negar o milagre, e como lhe contrabalançar o efeito, não o sabiam eles. Até então, não haviam os saduceus animado o plano de condenar Cristo à morte. Mas depois da ressurreição de Lázaro assentaram que só por Sua morte poderiam deter Suas destemidas acusações contra eles. DTN 377.2
Os fariseus acreditavam na ressurreição, e não podiam deixar de ver que esse milagre era uma prova de que Se achava entre eles o Messias. Mas tinham-se sempre oposto à obra de Jesus. Desde o princípio O aborreceram por lhes expor as pretensões hipócritas. Removera a capa de rigorosos ritos sob que se ocultava sua deformidade moral. A religião pura, por Ele ensinada, condenara-lhes a vazia profissão de piedade. Tinham sede de se vingar dEle por Suas incisivas repreensões. Haviam tentado provocá-Lo a dizer ou fazer qualquer coisa que lhes proporcionasse ocasião de O condenar. Várias vezes quiseram apedrejá-Lo mas, Ele Se retirara calmamente, e haviam-nO perdido de vista. DTN 377.3
Os milagres por Ele operados no sábado, foram todos para alívio dos aflitos, mas os fariseus procuraram condená-Lo como transgressor do sábado. Buscaram incitar contra Ele os herodianos. Apresentavam Jesus como querendo estabelecer um reino rival, e consultavam com eles como O haviam de matar. Para incitar os romanos contra Jesus, faziam parecer que tentasse subverter-lhes a autoridade. Tentaram todos os pretextos para cercear-Lhe a influência sobre o povo. Mas até então suas tentativas haviam sido derrotadas. As multidões que testemunhavam Suas obras de misericórdia e Lhe ouviam os puros e santos ensinos, sabiam que estes não eram atos e palavras de um violador do sábado ou de um blasfemo. Os próprios oficiais enviados pelos fariseus foram tão influenciados por Suas palavras que não puderam deitar nEle as mãos. Em desespero, os judeus afinal decretaram que todo aquele que professasse fé em Jesus, fosse expulso da sinagoga. DTN 378.1
Assim, quando os sacerdotes, os príncipes e anciãos se reuniram em consulta, era seu deliberado propósito fazer silenciar Aquele que realizava obras tão maravilhosas que causavam a admiração de todos. Os fariseus e saduceus uniram-se mais que nunca. Separados até ali, unificaram-se em sua oposição a Cristo. Em concílios anteriores, Nicodemos e José impediram a condenação de Jesus, e por isso não foram então convidados. Achavam-se presentes nesse concílio outros homens influentes que criam em Jesus, mas sua influência não prevaleceu absolutamente contra os malignos fariseus. DTN 378.2
Todavia, os membros do conselho não estavam todos de acordo. O Sinédrio não era, por esse tempo, uma assembléia legal. Existia apenas por tolerância. Alguns dentre eles punham em dúvida a conveniência da condenação de Cristo à morte. Temiam que isso despertasse uma insurreição entre o povo, fazendo com que os romanos negassem posteriormente certos favores ao sacerdócio e lhes retirassem o poder que ainda mantinham. Os saduceus uniam-se no ódio contra Jesus; todavia, inclinavam-se à prudência nos passos a dar, temendo que os romanos os privassem de sua elevada posição. DTN 378.3
Nesse conselho, reunido para planejar a morte de Cristo, achava-Se presente a Testemunha que ouvira as jactanciosas palavras de Nabucodonosor, que testemunhara o idólatra festim de Belsazar, que presenciara, em Nazaré, a declaração de Cristo, de ser o Ungido. Essa Testemunha impressionava então os príncipes quanto à obra que estavam realizando. Acontecimentos da vida de Cristo ergueram-se diante deles com uma nitidez que os alarmou. Lembraram-se da cena do templo, quando Jesus, então criança de doze anos, Se achava perante os instruídos doutores da lei, fazendo-lhes perguntas à vista das quais ficavam admirados. O milagre ora realizado dava testemunho de que Jesus, não era senão o Filho de Deus. Qual relâmpago, surgiram-lhes no espírito, em seu verdadeiro significado, as Escrituras do Antigo Testamento com relação a Cristo. Perplexos e turbados, indagaram os príncipes: “Que faremos?” Houve divisão no concílio. Sob a impressão do Espírito Santo, os sacerdotes e príncipes não puderam banir a convicção de estar combatendo contra Deus. DTN 378.4
Ao achar-se o concílio no auge da perplexidade, ergueu-se Caifás, o sumo sacerdote. Caifás era homem orgulhoso e cruel, dominador e intolerante. Havia entre suas ligações de famílias, saduceus orgulhosos, ousados, resolutos, cheios de ambição e crueldade, o que ocultavam sob o manto de pretendida justiça. Caifás estudara as profecias, e conquanto ignorante de sua real significação, declarou com grande segurança e autoridade: “Vós nada sabeis, nem considerais que nos convém que um homem morra pelo povo, e que não pereça toda a nação”. João 11:49, 50. Ainda que Jesus fosse inocente, insistia o sumo sacerdote, devia ser afastado do caminho. Ele era perturbador, arrastando o povo após Si e diminuindo a autoridade dos principais. Era apenas um; melhor seria morrer Ele que enfraquecer-se a autoridade dos príncipes. Se o povo perdesse a confiança em seus chefes, estaria destruído o poder nacional. Caifás argumentava que, depois desse milagre, os seguidores de Cristo seriam capazes de revoltar-se. Virão então os romanos, disse ele, e fecharão nosso templo e abolirão nossas leis, destruindo-nos como nação. Que vale a vida desse galileu, quando comparada com a do povo? Se Ele é um obstáculo ao bem-estar de Israel, não é prestar a Deus um serviço, removê-Lo daí? É melhor que um homem pereça, do que ser destruída toda a nação. DTN 379.1
João 11:49, 50
49 E Caifás, um deles que era sumo sacerdote naquele ano, lhes disse: Vós nada sabeis,
50 Nem considerais que nos convém que um homem morra pelo povo, e que não pereça toda a nação.
Declarando que um homem devia morrer pelo povo, mostrava Caifás certo conhecimento das profecias, se bem que muito limitado. João, porém, ao narrar esta cena, toma a profecia, apresentando seu vasto e profundo significado. Diz: “E não somente pela nação, mas também para reunir em um corpo os filhos de Deus, que andavam dispersos”. João 11:52. Quão cegamente reconhecia o soberbo Caifás a missão do Salvador! DTN 379.2
João 11:52
52 E não somente pela nação, mas também para reunir em um corpo os filhos de Deus que andavam dispersos.
Nos lábios de Caifás, tornava-se mentira essa preciosíssima verdade. A política por ele defendida baseava-se num princípio tomado emprestado ao paganismo. Entre os gentios, a vaga consciência de que alguém devia morrer pela humanidade, levara à oferta de sacrifícios humanos. Assim propunha Caifás, pelo sacrifício de Cristo, salvar o povo culpado, não da transgressão, mas na transgressão, a fim de que pudessem continuar em pecado. E por seu raciocínio pensava reduzir ao silêncio os que ousavam dizer que até então coisa alguma digna de morte se achara em Jesus. DTN 379.3
Nesse conselho experimentaram os inimigos de Cristo profunda convicção. O Espírito Santo lhes impressionara a mente. Mas Satanás esforçou-se por conquistar o domínio sobre ela. Insistiu em lhes pôr diante as ofensas que haviam sofrido por causa de Cristo. Quão pouco honrara Ele sua justiça! Apresentava uma justiça incomparavelmente superior, a qual deviam possuir todos quantos quisessem ser filhos de Deus. Sem dar nenhuma atenção a suas formalidades e cerimônias, animara o pecador a dirigir-se diretamente a Deus como a um misericordioso Pai, e a falar-Lhe de suas necessidades. Assim, na opinião deles, Jesus pusera à margem o sacerdócio. Recusara-Se a reconhecer a teologia das escolas dos rabis. Expusera as más práticas dos sacerdotes, e danificara de maneira irreparável sua influência. Prejudicara o efeito de suas máximas e tradições, declarando que, a despeito de tornarem estritamente obrigatória a lei ritual, faziam vã a lei divina. Tudo isso Satanás lhes apresentou então ao espírito. DTN 380.1
O diabo disse-lhes que, a fim de manterem sua autoridade, precisavam matar a Jesus. Seguiram esse conselho. O fato de que pudessem perder então o poder que exerciam era, julgavam, motivo suficiente para chegar a uma decisão. Com exceção de alguns que não ousaram manifestar suas idéias, o Sinédrio recebeu as palavras de Caifás como palavras de Deus. O concílio sentiu-se aliviado; cessou a contenda. Resolveram condenar Cristo à morte na primeira oportunidade favorável. Rejeitando a prova da divindade de Jesus, encerraram-se esses sacerdotes e príncipes em trevas impenetráveis. Ficaram inteiramente sob o domínio de Satanás, para ser por ele precipitados no abismo da eterna ruína. Todavia, tal era o engano deles, que se sentiam bem satisfeitos consigo mesmos. Consideravam-se patriotas em busca da salvação nacional. DTN 380.2
Não obstante, temia o Sinédrio tomar medidas enérgicas contra Jesus, não se exaltasse o povo, e a violência contra Ele premeditada viesse a cair sobre eles próprios. Por isso retardou o conselho a execução da sentença que proferira. O Salvador compreendeu a trama dos sacerdotes. Sabia que ansiavam removê-Lo e em breve se realizaria seu propósito. Não Lhe competia, no entanto, precipitar a crise, e retirou-Se daquela região, levando consigo os discípulos. Assim, por Seu próprio exemplo reforçava Jesus as instruções que a eles dera: “Quando pois vos perseguirem nesta cidade, fugi para outra”. Mateus 10:23. Havia um vasto campo em que trabalhar pela salvação de almas, e, a menos que o exigisse a lealdade para com Ele, não deveriam os servos do Senhor arriscar a vida. DTN 380.3
Mateus 10:23
23 Quando pois vos perseguirem nesta cidade, fugi para outra; porque em verdade vos digo que não acabareis de percorrer as cidades de Israel sem que venha o Filho do homem.
Jesus dera então ao mundo três anos de público labor. Achava-se diante deles Seu exemplo de abnegação e desinteressada beneficência. Era de todos conhecido Sua vida de pureza, sofrimento e devoção. Todavia, esse breve período de três anos era o máximo que o mundo podia suportar a presença do Redentor. DTN 380.4
Sua vida fora de perseguição e insulto. Expulso de Belém por um rei invejoso, rejeitado por Seu próprio povo em Nazaré, condenado sem causa à morte em Jerusalém, Jesus, com Seus poucos seguidores fiéis, encontrou temporário asilo numa cidade estranha. Aquele que sempre era tocado pela miséria humana, que curava os enfermos, restituía a vista aos cegos, o ouvido aos surdos e a fala aos mudos; que alimentava os famintos e confortava os contristados, foi expulso dentre o povo por cuja salvação trabalhara. Aquele que caminhara sobre ondas revoltas, e com uma palavra impusera silêncio ao seu furioso bramido, que expulsara demônios que, ao saírem, O reconheciam como o Filho de Deus; que interrompera o sono dos mortos, que prendia milhares por Suas palavras de sabedoria, não pôde alcançar o coração dos que estavam cegos pelos preconceitos e o ódio e obstinadamente rejeitavam a luz. DTN 381.1