Os Invisíveis Defensores do Homem


Dia 352 - Tuesday, 17 de December de 2024
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1 Crônicas 21

Ouça o áudio do capítulo:

1 Então Satanás se levantou contra Israel, e incitou Davi a numerar a Israel.

2 E disse Davi a Joabe e aos maiorais do povo: Ide, numerai a Israel, desde Berseba até Dã; e trazei-me a conta para que saiba o número deles.

3 Então disse Joabe: O SENHOR acrescente ao seu povo cem vezes tanto como é; porventura, ó rei meu senhor, não são todos servos de meu senhor? Por que procura isto o meu senhor? Porque seria isto causa de delito para com Israel.

4 Porém a palavra do rei prevaleceu contra Joabe; por isso saiu Joabe, e passou por todo o Israel; então voltou para Jerusalém.

5 E Joabe deu a Davi a soma do número do povo; e era todo o Israel um milhão e cem mil homens, dos que arrancavam da espada; e de Judá quatrocentos e setenta mil homens, dos que arrancavam da espada.

6 Porém os de Levi e Benjamim não contou entre eles, porque a palavra do rei foi abominável a Joabe.

7 E este negócio também pareceu mau aos olhos de Deus; por isso feriu a Israel.

8 Então disse Davi a Deus: Gravemente pequei em fazer este negócio; porém agora sê servido tirar a iniqüidade de teu servo, porque procedi mui loucamente.

9 Falou, pois, o Senhor a Gade, o vidente de Davi, dizendo:

10 Vai, e fala a Davi, dizendo: Assim diz o Senhor: Três coisas te proponho; escolhe uma delas, para que eu ta faça.

11 E Gade veio a Davi, e lhe disse: Assim diz o Senhor: Escolhe para ti,

12 Ou três anos de fome, ou que três meses sejas consumido diante dos teus adversários, e a espada de teus inimigos te alcance, ou que três dias a espada do Senhor, isto é, a peste na terra, e o anjo do Senhor destrua todos os termos de Israel; vê, pois, agora, que resposta hei de levar a quem me enviou.

13 Então disse Davi a Gade: Estou em grande angústia; caia eu, pois, nas mãos do Senhor, porque são muitíssimas as suas misericórdias; mas que eu não caia nas mãos dos homens.

14 Mandou, pois, o Senhor a peste a Israel; e caíram de Israel setenta mil homens.

15 E Deus mandou um anjo a Jerusalém para a destruir; e, destruindo-a ele, o Senhor olhou, e se arrependeu daquele mal, e disse ao anjo destruidor: Basta, agora retira a tua mão. E o anjo do Senhor estava junto à eira de Ornã, o jebuseu.

16 E, levantando Davi os seus olhos, viu o anjo do Senhor, que estava entre a terra e o céu, com a sua espada desembainhada na sua mão estendida contra Jerusalém; então Davi e os anciãos, cobertos de sacos, se prostraram sobre os seus rostos.

17 E disse Davi a Deus: Não sou eu o que disse que se contasse o povo? E eu mesmo sou o que pequei, e fiz muito mal; mas estas ovelhas que fizeram? Ah! Senhor, meu Deus, seja a tua mão contra mim, e contra a casa de meu pai, e não para castigo de teu povo.

18 Então o anjo do Senhor ordenou a Gade que dissesse a Davi para subir e levantar um altar ao Senhor na eira de Ornã, o jebuseu.

19 Subiu, pois, Davi, conforme a palavra de Gade, que falara em nome do Senhor.

20 E, virando-se Ornã, viu o anjo, e esconderam-se seus quatro filhos que estavam com ele; e Ornã estava trilhando o trigo.

21 E Davi veio a Ornã; e olhou Ornã, e viu a Davi, e saiu da eira, e se prostrou perante Davi com o rosto em terra.

22 E disse Davi a Ornã: Dá-me este lugar da eira, para edificar nele um altar ao Senhor; dá-mo pelo seu valor, para que cesse este castigo sobre o povo.

23 Então disse Ornã a Davi: Toma-o para ti, e faça o rei meu senhor dele o que parecer bem aos seus olhos; eis que dou os bois para holocaustos, e os trilhos para lenha, e o trigo para oferta de alimentos; tudo dou.

24 E disse o rei Davi a Ornã: Não, antes, pelo seu valor, a quero comprar; porque não tomarei o que é teu, para o Senhor, para que não ofereça holocausto sem custo.

25 E Davi deu a Ornã, por aquele lugar, o peso de seiscentos siclos de ouro.

26 Então Davi edificou ali um altar ao Senhor, e ofereceu nele holocaustos e sacrifícios pacíficos; e invocou o Senhor, o qual lhe respondeu com fogo do céu sobre o altar do holocausto.

27 E o Senhor deu ordem ao anjo, e ele tornou a sua espada à bainha.

28 Vendo Davi, no mesmo tempo, que o Senhor lhe respondera na eira de Ornã, o jebuseu, sacrificou ali.

29 Porque o tabernáculo do Senhor, que Moisés fizera no deserto, e o altar do holocausto, estavam naquele tempo no alto de Gibeom.

30 E não podia Davi ir perante ele consultar a Deus; porque estava aterrorizado por causa da espada do anjo do Senhor.

1 Crônicas 22

Ouça o áudio do capítulo:

1 E disse Davi: Esta será a casa do SENHOR Deus, e este será o altar do holocausto para Israel.

2 E deu ordem Davi que se ajuntassem os estrangeiros que estavam na terra de Israel; e ordenou cortadores de pedras, para que lavrassem pedras de cantaria, para edificar a casa de Deus.

3 E aparelhou Davi ferro em abundância, para os pregos das portas das entradas, e para as junturas; como também cobre em abundância, que não foi pesado;

4 E madeira de cedro sem conta; porque os sidônios e tírios traziam a Davi madeira de cedro em abundância.

5 Porque dizia Davi: Salomão, meu filho, ainda é moço e tenro, e a casa que se há de edificar para o Senhor deve ser magnífica em excelência, para nome e glória em todas as terras; eu, pois, agora lhe prepararei materiais. Assim preparou Davi materiais em abundância, antes da sua morte.

6 Então chamou a Salomão seu filho, e lhe ordenou que edificasse uma casa ao Senhor Deus de Israel.

7 E disse Davi a Salomão: Filho meu, quanto a mim, tive em meu coração o propósito de edificar uma casa ao nome do Senhor meu Deus.

8 Porém, veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Tu derramaste sangue em abundância, e fizeste grandes guerras; não edificarás casa ao meu nome; porquanto muito sangue tens derramado na terra, perante mim.

9 Eis que o filho que te nascer será homem de repouso; porque repouso lhe hei de dar de todos os seus inimigos ao redor; portanto, Salomão será o seu nome, e paz e descanso darei a Israel nos seus dias.

10 Ele edificará uma casa ao meu nome, e me será por filho, e eu lhe serei por pai, e confirmarei o trono de seu reino sobre Israel, para sempre.

11 Agora, pois, meu filho, o Senhor seja contigo; e prospera, e edifica a casa do Senhor teu Deus, como ele disse de ti.

12 O Senhor te dê tão-somente prudência e entendimento, e te instrua acerca de Israel; e isso para guardar a lei do Senhor teu Deus.

13 Então prosperarás, se tiveres cuidado de cumprir os estatutos e os juízos, que o Senhor mandou a Moisés acerca de Israel; esforça-te, e tem bom ânimo; não temas, nem tenhas pavor.

14 Eis que na minha aflição preparei para a casa do Senhor cem mil talentos de ouro, e um milhão de talentos de prata, e de cobre e de ferro que não se pesou, porque era em abundância; também madeira e pedras preparei, e tu suprirás o que faltar.

15 Também tens contigo obreiros em grande número, cortadores e artífices em obra de pedra e madeira; e toda a sorte de peritos em toda a espécie de obra.

16 Do ouro, da prata, e do cobre, e do ferro não há conta. Levanta-te, pois, e faze a obra, e o Senhor seja contigo.

17 E Davi deu ordem a todos os príncipes de Israel que ajudassem a Salomão, seu filho, dizendo:

18 Porventura não está convosco o Senhor vosso Deus, e não vos deu repouso ao redor? Porque entregou na minha mão os moradores da terra; e a terra foi sujeita perante o Senhor e perante o seu povo.

19 Disponde, pois, agora o vosso coração e a vossa alma para buscardes ao Senhor vosso Deus; e levantai-vos, e edificai o santuário do Senhor Deus, para que a arca da aliança do Senhor, e os vasos sagrados de Deus se tragam a esta casa, que se há de edificar ao nome do Senhor.

1 Crônicas 23

Ouça o áudio do capítulo:

1 Sendo, pois, Davi já velho, e cheio de dias, fez a Salomão, seu filho, rei sobre Israel.

2 E reuniu a todos os príncipes de Israel, como também aos sacerdotes e levitas.

3 E foram contados os levitas de trinta anos para cima; e foi o número deles, segundo as suas cabeças, trinta e oito mil homens.

4 Destes havia vinte e quatro mil, para promoverem a obra da casa do Senhor, e seis mil oficiais e juízes,

5 E quatro mil porteiros, e quatro mil para louvarem ao Senhor com os instrumentos, que eu fiz para o louvar, disse Davi.

6 E Davi os repartiu por turnos, segundo os filhos de Levi, Gérson, Coate e Merari.

7 Dos gersonitas: Ladã e Simei.

8 Os filhos de Ladã: Jeiel, o chefe, e Zetã, e Joel, três.

9 Os filhos de Simei: Selomite, Haziel, e Harã, três; estes foram os chefes dos pais de Ladã.

10 E os filhos de Simei: Jaate, Ziza, Jeús, e Berias; estes foram os filhos de Simei, quatro.

11 E Jaate era o chefe, e Ziza o segundo, mas Jeús e Berias não tiveram muitos filhos; por isso estes, sendo contados juntos se tornaram uma só família.

12 Os filhos de Coate: Anrão, Izar, Hebrom, e Uziel, quatro.

13 Os filhos de Anrão: Arão e Moisés; e Arão foi separado para santificar o santo dos santos, ele e seus filhos, eternamente; para incensar diante do Senhor, para o servirem, e para darem a bênção em seu nome eternamente.

14 E, quanto a Moisés, homem de Deus, seus filhos foram contados entre os da tribo de Levi.

15 Foram, pois, os filhos de Moisés, Gérson e Eliézer.

16 Dos filhos de Gérson foi Sebuel o chefe.

17 E, quanto aos filhos de Eliézer, foi Reabias o chefe; e Eliézer não teve outros filhos; porém os filhos de Reabias foram muitos.

18 Dos filhos de Izar foi Selomite o chefe.

19 Quanto aos filhos de Hebrom, foram Jerias o primeiro, Amarias o segundo, Jaaziel o terceiro, e Jecameão o quarto.

20 Quanto aos filhos de Uziel, Mica o chefe, e Issias o segundo.

21 Os filhos de Merari: Mali, e Musi; os filhos de Mali: Eleazar e Quis.

22 E morreu Eleazar, e não teve filhos, porém filhas; e os filhos de Quis, seus parentes, as tomaram por mulheres.

23 Os filhos de Musi: Mali, e Eder, e Jeremote, três.

24 Estes são os filhos de Levi, segundo a casa de seus pais, chefes dos pais, conforme foram contados pelos seus nomes, segundo as suas cabeças, que faziam a obra do ministério da casa do Senhor, desde a idade de vinte anos para cima.

25 Porque disse Davi: O Senhor Deus de Israel deu repouso ao seu povo, e habitará em Jerusalém para sempre.

26 E também, quanto aos levitas, que nunca mais levassem o tabernáculo, nem algum de seus aparelhos pertencentes ao seu ministério.

27 Porque, segundo as últimas palavras de Davi, foram contados os filhos de Levi da idade de vinte anos para cima:

28 Porque o seu cargo era assistir aos filhos de Arão no ministério da casa do Senhor, nos átrios, e nas câmaras, e na purificação de todas as coisas sagradas, e na obra do ministério da casa de Deus.

29 A saber: para os pães da proposição, e para a flor de farinha, para a oferta de alimentos, e para os coscorões ázimos, e para as sertãs, e para o tostado, e para todo o peso e medida;

30 E para estarem cada manhã em pé para louvarem e celebrarem ao Senhor; e semelhantemente à tarde;

31 E para oferecerem os holocaustos do Senhor, aos sábados, nas luas novas, e nas solenidades, segundo o seu número e costume, continuamente perante o Senhor;

32 E para que tivessem cuidado da guarda da tenda da congregação, e da guarda do santuário, e da guarda dos filhos de Arão, seus irmãos, no ministério da casa do Senhor.

O Grande Conflito

Os Invisíveis Defensores do Homem

Ouça o áudio do capítulo:

A relação do mundo visível com o invisível, o ministério dos anjos de Deus, a operação dos espíritos maus, acham-se claramente revelados nas Escrituras, e inseparavelmente entretecidos com a história humana. Há uma tendência crescente para a incredulidade na existência dos espíritos maus, enquanto os santos anjos que “ministram a favor daqueles que hão de herdar a salvação” (Hebreus 1:14), são por muitos considerados como espíritos dos mortos. As Escrituras, porém, não somente ensinam a existência dos anjos, tanto bons como maus, mas apresentam prova inquestionável de que não são os espíritos desencarnados dos homens falecidos. GC 511.1

Antes da criação do homem, existiam anjos; pois, quando os fundamentos da Terra foram lançados, “as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus rejubilavam.” Jó 38:7. Depois da queda do homem foram enviados anjos a guardar a árvore da vida, e isto antes que qualquer ser humano houvesse morrido. Os anjos são, em sua natureza, superiores aos homens, pois o salmista diz que o homem foi feito “pouco menor do que os anjos.” Salmos 8:5. GC 511.2

Estamos informados pelas Escrituras quanto ao número, poder e glória dos seres celestiais, sua relação com o governo de Deus e também com a obra da redenção. “O Senhor tem estabelecido o Seu trono nos Céus, e o Seu reino domina sobre tudo.” E diz o profeta: “Ouvi a voz de muitos anjos ao redor do trono.” No salão de recepção do Rei dos reis, assistem eles como “anjos Seus magníficos em poder”, “ministros Seus, que executam o Sua aprovação”, “obedecendo à voz da Sua palavra.” Salmos 103:19-21; Apocalipse 5:11. Milhares de milhares e milhões de milhões eram os mensageiros celestiais vistos pelo profeta Daniel. O apóstolo Paulo declarou serem “muitos milhares.” Daniel 7:10; Hebreus 12:22. Como mensageiros de Deus, saem “à semelhança de relâmpagos” (Ezequiel 1:14), tão deslumbrante é sua glória e tão rápido o seu vôo. O anjo que apareceu no túmulo do Salvador, e tinha o rosto “como um relâmpago, e o seu vestido branco como a neve”, fez com que os guardas por medo dele tremessem, e ficassem “como mortos.” Mateus 28:3, 4. Quando Senaqueribe, o altivo assírio, vituperou a Deus e dEle blasfemou, ameaçando Israel de destruição, “sucedeu pois que naquela mesma noite saiu o anjo do Senhor, e feriu no arraial dos assírios a cento e oitenta e cinco mil deles.” Ali foram destruídos “todos os varões valentes, e os príncipes, e os chefes”, no exército de Senaqueribe. “E este tornou com vergonha de rosto à sua terra.” 2 Reis 19:35; 2 Crônicas 32:21. GC 511.3

Os anjos são enviados em missões de misericórdia aos filhos de Deus. A Abraão, com promessas de bênçãos; às portas de Sodoma, para livrar o justo Ló da condenação do fogo; a Elias, quando se achava a ponto de perecer de cansaço e fome no deserto; a Eliseu, com carros e cavalos de fogo, cercando a pequena cidade em que estava encerrado por seus adversários; a Daniel, enquanto buscava sabedoria divina na corte de um rei pagão, ou abandonado para se tornar presa dos leões; a Pedro, condenado à morte no calabouço de Herodes; aos prisioneiros em Filipos; a Paulo e seus companheiros na noite da tempestade no mar; a abrir a mente de Cornélio para receber o evangelho; a enviar Pedro com a mensagem da salvação ao desconhecido gentio — assim, em todos os tempos, têm os santos anjos ministrado ao povo de Deus. GC 512.1

Um anjo da guarda é designado a todo seguidor de Cristo. Estes vigias celestiais protegem aos justos do poder maligno. GC 512.2

Isto, o próprio Satanás reconheceu, quando disse: “Porventura teme Jó a Deus em vão? Porventura não circunvalaste Tu a ele, e a sua casa, e a tudo quanto tem?” Jó 1:9, 10. O agente pelo qual Deus protege a Seu povo é apresentado nas palavras do salmista: “O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que O temem, e os livra.” Salmos 34:7. Disse o Salvador, falando daqueles que nEle crêem: “Vede, não desprezeis algum destes pequeninos, porque Eu vos digo que os seus anjos nos Céus sempre vêem a face de Meu Pai.” Mateus 18:10. Os anjos designados para ministrarem aos filhos de Deus têm em todo tempo acesso à Sua presença. GC 513.1

Assim, ao povo de Deus, exposto ao poder enganador e vigilante malignidade do príncipe das trevas, e em conflito com todas as forças do mal, é assegurada a incessante guarda dos seres celestiais. Tampouco é tal segurança dada sem necessidade. Se Deus concedeu a Seus filhos promessas de graça e proteção, é porque há poderosas instrumentalidades do mal a serem enfrentadas — agentes numerosos, decididos e incansáveis, de cuja malignidade e poder ninguém pode sem perigo achar-se em ignorância ou inadvertência. GC 513.2

Os espíritos maus, criados a princípio sem pecado, eram iguais, em sua natureza, poder e glória, aos seres santos que ora são os mensageiros de Deus. Mas, caídos pelo pecado, acham-se coligados para a desonra de Deus e destruição dos homens. Unidos com Satanás em sua rebelião, e com ele expulsos do Céu, têm, através de todas as eras que se sucederam, cooperado com ele em sua luta contra a autoridade divina. Somos informados, nas Escrituras, acerca de sua união e governo, suas várias ordens, inteligência e astúcia, e de seus maus intuitos contra a paz e felicidade dos homens. GC 513.3

A história do Antigo Testamento apresenta referências ocasionais à sua existência e operação; foi, porém, durante o tempo em que Cristo esteve sobre a Terra, que da mais notável maneira os espíritos maus manifestaram seu poder. Cristo viera para executar o plano ideado para a redenção do homem, e Satanás decidiu-se a fazer valer o seu direito de governar o mundo. Fora bem-sucedido ao estabelecer a idolatria em toda parte do globo, exceto na terra da Palestina. À única terra que não havia cedido completamente ao domínio do tentador, viera Cristo para derramar sobre o povo a luz do Céu. Ali, dois poderes rivais pretendiam a supremacia. Jesus estendia Seus braços de amor, em convite a todos os que quisessem nEle encontrar perdão e paz. As hostes das trevas viram que não possuíam domínio ilimitado, e compreenderam que, se a missão de Cristo fosse bem-sucedida, seu governo estaria prestes a terminar. Satanás enfurecia-se como um leão acorrentado e, em desafio, exibia seu poder tanto sobre o corpo como sobre a alma dos homens. GC 513.4

Que os homens tenham sido possuídos de demônios está claramente referido no Novo Testamento. As pessoas desta maneira afligidas não sofriam meramente de moléstias provenientes de causas naturais. Cristo tinha perfeito conhecimento daquilo com que estava a tratar, e reconheceu a presença direta e a operação dos espíritos maus. GC 514.1

Notável exemplo do número deles, de seu poder e malignidade, e também do poder e misericórdia de Cristo, é dado no relato bíblico da cura dos endemoninhados de Gadara. Aqueles infelizes lunáticos, zombando de toda restrição, agitando-se, espumando, encolerizando-se, estavam a encher os ares de seus gritos, fazendo violência a si próprios, e pondo em perigo todos os que deles se aproximassem. Seu desfigurado corpo a sangrar, a mente transtornada, apresentavam um espetáculo que comprazia ao príncipe das trevas. Um dos demônios, que dirigia os padecentes, declarou: “Legião é o meu nome, porque somos muitos.” Marcos 5:9. No exército romano, a legião compunha-se de três a cinco mil homens. As hostes de Satanás são também arregimentadas em companhias, e a simples companhia a que pertenciam esses demônios contava não menos que uma legião. GC 514.2

Ao mando de Jesus os anjos maus afastaram-se de suas vítimas, deixando-as calmamente sentadas aos pés do Salvador, submissas, inteligentes e dóceis. Mas aos demônios foi permitido varrer para o mar um rebanho de porcos; e para os habitantes de Gadara a perda disto sobrepujou as bênçãos que Cristo conferira, e pediram eles ao Médico divino que Se retirasse. Este o resultado que Satanás intentava obter. Lançando sobre Jesus a culpa de seu prejuízo, suscitou os temores egoístas do povo, impedindo-o de escutar Suas palavras. Satanás acusa constantemente os cristãos como causa de prejuízo, desgraça e sofrimento, em vez de consentir que a censura recaia onde compete: sobre si mesmo e seus anjos. GC 514.3

Os propósitos de Cristo não foram, porém, subvertidos. Permitiu que os espíritos maus destruíssem a manada de porcos, como reprovação àqueles judeus que, por amor do ganho, estavam a criar tais animais imundos. Não houvesse Cristo restringido os demônios, e teriam arrastado para o mar não somente os porcos, mas também seus guardadores e possuidores. A preservação dos que os guardavam bem como dos seus donos, foi unicamente devida a Seu poder, misericordiosamente exercido para o livramento deles. Demais, foi permitido que esse acontecimento ocorresse a fim de que os discípulos pudessem testemunhar o poder cruel de Satanás, tanto sobre o homem como sobre os animais. O Salvador desejava que Seus seguidores conhecessem o adversário que tinham de enfrentar, para que não fossem enganados e vencidos por seus ardis. Era também Sua vontade que o povo daquela região contemplasse Seu poder de quebrar o cativeiro de Satanás e libertar seus cativos. E, ainda que o próprio Jesus Se retirasse, os homens tão maravilhosamente libertos ficaram para declarar a misericórdia de seu Benfeitor. GC 515.1

Outros exemplos de natureza semelhante se acham registrados nas Escrituras. A filha da mulher siro-fenícia era atrozmente atormentada por um demônio, ao qual Jesus expulsou por Sua palavra. Marcos 7:26-30. Um “endemoninhado cego e mudo” (Mateus 12:22); um moço que tinha um espírito mudo que muitas vezes o lançava “no fogo, e na água, para o destruir” (Marcos 9:17-27); o lunático que, atormentado pelo “espírito de um demônio imundo” (Lucas 4:33-36), perturbava a calma do sábado na sinagoga de Cafarnaum todos estes foram curados pelo compassivo Salvador. Em quase todos os casos Cristo Se dirigiu ao demônio como a uma entidade inteligente, ordenando-lhe sair de sua vítima e não mais atormentá-la. Contemplando os adoradores em Cafarnaum o Seu grande poder, “veio espanto sobre todos, e falavam entre si uns e outros, dizendo: Que palavra é esta, que até aos espíritos imundos manda com autoridade e poder, e eles saem?” Lucas 4:36. GC 515.2

Aqueles possessos são em geral representados como estando em condição de grande sofrimento; contudo, havia exceções a esta regra. Para o fim de obter poder sobrenatural, alguns recebiam alegremente a influência satânica. Estes, é claro, não tinham conflito algum com os demônios. Desta classe eram os que possuíam o espírito de adivinhação — Simão o Mago, o feiticeiro Elimas, e a donzela que acompanhou a Paulo e Silas em Filipos. GC 516.1

Ninguém se acha em maior perigo da influência dos espíritos maus do que aqueles que, apesar dos testemunhos diretos e amplos das Escrituras, negam a existência e operação do diabo e seus anjos. Enquanto estivermos em ignorância no que respeita a seus ardis, têm eles vantagem quase inconcebível; muitos dão atenção às suas sugestões, supondo, entretanto, estar seguindo os ditames de sua própria sabedoria. É por isto que, aproximando-nos do final do tempo, quando Satanás deverá trabalhar com o máximo poder para enganar e destruir, espalha ele por toda parte a crença de que não existe. É sua política ocultar-se a si mesmo e agir às escondidas. GC 516.2

Nada há que o grande enganador mais receie que o familiarizarmo-nos com seus ardis. Para melhor encobrir seu caráter e propósitos reais, faz-se representar de tal maneira a não excitar maior emoção do que ridículo e desdém. Ele se compraz muito em ser descrito como um objeto burlesco, repugnante, agoureiro, meio animal e meio homem. Agrada-se de ouvir seu nome empregado na brincadeira e na zombaria pelos que se julgam inteligentes e instruídos. GC 516.3

É porque se mascarou com consumada habilidade, que tão amplamente se faz a pergunta: “Existe realmente tal ser?” Evidencia-se o seu êxito na geral aceitação que obtêm no mundo religioso teorias que negam os testemunhos mais positivos das Escrituras. E é porque Satanás pode muito facilmente dirigir o espírito dos que se acham inconscientes de sua influência, que a Palavra de Deus nos dá tantos exemplos de sua obra maligna, descobrindo aos nossos olhos suas forças secretas, e desta maneira pondo-nos de sobreaviso contra seus assaltos. GC 517.1

O poder e malignidade de Satanás e sua hoste deveriam com razão alarmar-nos, não fosse o caso de podermos encontrar refúgio e livramento no superior poder de nosso Redentor. Pomos cuidadosamente em segurança as nossas casas por meio de ferrolhos e fechaduras, a fim de proteger contra homens maus nossa propriedade e vida; mas raras vezes pensamos nos anjos maus, que constantemente estão a procurar acesso a nós, e contra cujos ataques não temos em nossa própria força método algum de defesa. Se lhes permitirmos, podem transformar-nos o entendimento, perturbar e atormentar-nos o corpo, destruir nossas propriedades e vida. Seu único deleite está na miséria e ruína. Terrível é a condição dos que resistem às reivindicações divinas, cedendo às tentações de Satanás, até que Deus os abandone ao governo dos espíritos maus. Mas os que seguem a Cristo estão sempre seguros sob Sua proteção. Anjos magníficos em poder, são enviados do Céu para protegê-los. O maligno não pode romper a guarda que Deus pôs em redor de Seu povo. GC 517.2

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