Abraão em Canaã
- Gênesis 16-18
Gênesis 16
Ouça o áudio do capítulo:
1 Ora Sarai, mulher de Abrão, não lhe dava filhos, e ele tinha uma serva egípcia, cujo nome era Agar.
2 E disse Sarai a Abrão: Eis que o Senhor me tem impedido de dar à luz; toma, pois, a minha serva; porventura terei filhos dela. E ouviu Abrão a voz de Sarai.
3 Assim tomou Sarai, mulher de Abrão, a Agar egípcia, sua serva, e deu-a por mulher a Abrão seu marido, ao fim de dez anos que Abrão habitara na terra de Canaã.
4 E ele possuiu a Agar, e ela concebeu; e vendo ela que concebera, foi sua senhora desprezada aos seus olhos.
5 Então disse Sarai a Abrão: Meu agravo seja sobre ti; minha serva pus eu em teu regaço; vendo ela agora que concebeu, sou menosprezada aos seus olhos; o Senhor julgue entre mim e ti.
6 E disse Abrão a Sarai: Eis que tua serva está na tua mão; faze-lhe o que bom é aos teus olhos. E afligiu-a Sarai, e ela fugiu de sua face.
7 E o anjo do Senhor a achou junto a uma fonte de água no deserto, junto à fonte no caminho de Sur.
8 E disse: Agar, serva de Sarai, donde vens, e para onde vais? E ela disse: Venho fugida da face de Sarai minha senhora.
9 Então lhe disse o anjo do SENHOR: Torna-te para tua senhora, e humilha-te debaixo de suas mãos.
10 Disse-lhe mais o anjo do Senhor: Multiplicarei sobremaneira a tua descendência, que não será contada, por numerosa que será.
11 Disse-lhe também o anjo do Senhor: Eis que concebeste, e darás à luz um filho, e chamarás o seu nome Ismael; porquanto o Senhor ouviu a tua aflição.
12 E ele será homem feroz, e a sua mão será contra todos, e a mão de todos contra ele; e habitará diante da face de todos os seus irmãos.
13 E ela chamou o nome do Senhor, que com ela falava: Tu és Deus que me vê; porque disse: Não olhei eu também para aquele que me vê?
14 Por isso se chama aquele poço de Beer-Laai-Rói; eis que está entre Cades e Berede.
15 E Agar deu à luz um filho a Abrão; e Abrão chamou o nome do seu filho que Agar tivera, Ismael.
16 E era Abrão da idade de oitenta e seis anos, quando Agar deu à luz Ismael.
Gênesis 17
Ouça o áudio do capítulo:
1 Sendo, pois, Abrão da idade de noventa e nove anos, apareceu o SENHOR a Abrão, e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-Poderoso, anda em minha presença e sê perfeito.
2 E porei a minha aliança entre mim e ti, e te multiplicarei grandissimamente.
3 Então caiu Abrão sobre o seu rosto, e falou Deus com ele, dizendo:
4 Quanto a mim, eis a minha aliança contigo: serás o pai de muitas nações;
5 E não se chamará mais o teu nome Abrão, mas Abraão será o teu nome; porque por pai de muitas nações te tenho posto;
6 E te farei frutificar grandissimamente, e de ti farei nações, e reis sairão de ti;
7 E estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência depois de ti em suas gerações, por aliança perpétua, para te ser a ti por Deus, e à tua descendência depois de ti.
8 E te darei a ti e à tua descendência depois de ti, a terra de tuas peregrinações, toda a terra de Canaã em perpétua possessão e ser-lhes-ei o seu Deus.
9 Disse mais Deus a Abraão: Tu, porém, guardarás a minha aliança, tu, e a tua descendência depois de ti, nas suas gerações.
10 Esta é a minha aliança, que guardareis entre mim e vós, e a tua descendência depois de ti: Que todo o homem entre vós será circuncidado.
11 E circuncidareis a carne do vosso prepúcio; e isto será por sinal da aliança entre mim e vós.
12 O filho de oito dias, pois, será circuncidado, todo o homem nas vossas gerações; o nascido na casa, e o comprado por dinheiro a qualquer estrangeiro, que não for da tua descendência.
13 Com efeito será circuncidado o nascido em tua casa, e o comprado por teu dinheiro; e estará a minha aliança na vossa carne por aliança perpétua.
14 E o homem incircunciso, cuja carne do prepúcio não estiver circuncidada, aquela alma será extirpada do seu povo; quebrou a minha aliança.
15 Disse Deus mais a Abraão: A Sarai tua mulher não chamarás mais pelo nome de Sarai, mas Sara será o seu nome.
16 Porque eu a hei de abençoar, e te darei dela um filho; e a abençoarei, e será mãe das nações; reis de povos sairão dela.
17 Então caiu Abraão sobre o seu rosto, e riu-se, e disse no seu coração: A um homem de cem anos há de nascer um filho? E dará à luz Sara da idade de noventa anos?
18 E disse Abraão a Deus: Quem dera que viva Ismael diante de teu rosto!
19 E disse Deus: Na verdade, Sara, tua mulher, te dará um filho, e chamarás o seu nome Isaque, e com ele estabelecerei a minha aliança, por aliança perpétua para a sua descendência depois dele.
20 E quanto a Ismael, também te tenho ouvido; eis aqui o tenho abençoado, e fá-lo-ei frutificar, e fá-lo-ei multiplicar grandissimamente; doze príncipes gerará, e dele farei uma grande nação.
21 A minha aliança, porém, estabelecerei com Isaque, o qual Sara dará à luz neste tempo determinado, no ano seguinte.
22 Ao acabar de falar com Abraão, subiu Deus de diante dele.
23 Então tomou Abraão a seu filho Ismael, e a todos os nascidos na sua casa, e a todos os comprados por seu dinheiro, todo o homem entre os da casa de Abraão; e circuncidou a carne do seu prepúcio, naquele mesmo dia, como Deus falara com ele.
24 E era Abraão da idade de noventa e nove anos, quando lhe foi circuncidada a carne do seu prepúcio.
25 E Ismael, seu filho, era da idade de treze anos, quando lhe foi circuncidada a carne do seu prepúcio.
26 Naquele mesmo dia foram circuncidados Abraão e Ismael seu filho,
27 E todos os homens da sua casa, os nascidos em casa, e os comprados por dinheiro ao estrangeiro, foram circuncidados com ele.
Gênesis 18
Ouça o áudio do capítulo:
1 Depois apareceu-lhe o Senhor nos carvalhais de Manre, estando ele assentado à porta da tenda, no calor do dia
2 E levantou os seus olhos, e olhou, e eis três homens em pé junto a ele. E vendo-os, correu da porta da tenda ao seu encontro e inclinou-se à terra,
3 E disse: Meu Senhor, se agora tenho achado graça aos teus olhos, rogo-te que não passes de teu servo.
4 Que se traga já um pouco de água, e lavai os vossos pés, e recostai-vos debaixo desta árvore;
5 E trarei um bocado de pão, para que esforceis o vosso coração; depois passareis adiante, porquanto por isso chegastes até vosso servo. E disseram: Assim faze como disseste.
6 E Abraão apressou-se em ir ter com Sara à tenda, e disse-lhe: Amassa depressa três medidas de flor de farinha, e faze bolos.
7 E correu Abraão às vacas, e tomou uma vitela tenra e boa, e deu-a ao moço, que se apressou em prepará-la.
8 E tomou manteiga e leite, e a vitela que tinha preparado, e pôs tudo diante deles, e ele estava em pé junto a eles debaixo da árvore; e comeram.
9 E disseram-lhe: Onde está Sara, tua mulher? E ele disse: Ei-la aí na tenda.
10 E disse: Certamente tornarei a ti por este tempo da vida; e eis que Sara tua mulher terá um filho. E Sara escutava à porta da tenda, que estava atrás dele.
11 E eram Abraão e Sara já velhos, e adiantados em idade; já a Sara havia cessado o costume das mulheres.
12 Assim, pois, riu-se Sara consigo, dizendo: Terei ainda deleite depois de haver envelhecido, sendo também o meu senhor já velho?
13 E disse o Senhor a Abraão: Por que se riu Sara, dizendo: Na verdade darei eu à luz ainda, havendo já envelhecido?
14 Haveria coisa alguma difícil ao Senhor? Ao tempo determinado tornarei a ti por este tempo da vida, e Sara terá um filho.
15 E Sara negou, dizendo: Não me ri; porquanto temeu. E ele disse: Não digas isso, porque te riste.
16 E levantaram-se aqueles homens dali, e olharam para o lado de Sodoma; e Abraão ia com eles, acompanhando-os.
17 E disse o Senhor: Ocultarei eu a Abraão o que faço,
18 Visto que Abraão certamente virá a ser uma grande e poderosa nação, e nele serão benditas todas as nações da terra?
19 Porque eu o tenho conhecido, e sei que ele há de ordenar a seus filhos e à sua casa depois dele, para que guardem o caminho do Senhor, para agir com justiça e juízo; para que o Senhor faça vir sobre Abraão o que acerca dele tem falado.
20 Disse mais o Senhor: Porquanto o clamor de Sodoma e Gomorra se tem multiplicado, e porquanto o seu pecado se tem agravado muito,
21 Descerei agora, e verei se com efeito têm praticado segundo o seu clamor, que é vindo até mim; e se não, sabê-lo-ei.
22 Então viraram aqueles homens os rostos dali, e foram-se para Sodoma; mas Abraão ficou ainda em pé diante da face do Senhor.
23 E chegou-se Abraão, dizendo: Destruirás também o justo com o ímpio?
24 Se porventura houver cinqüenta justos na cidade, destruirás também, e não pouparás o lugar por causa dos cinqüenta justos que estão dentro dela?
25 Longe de ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; que o justo seja como o ímpio, longe de ti. Não faria justiça o Juiz de toda a terra?
26 Então disse o Senhor: Se eu em Sodoma achar cinqüenta justos dentro da cidade, pouparei a todo o lugar por amor deles.
27 E respondeu Abraão dizendo: Eis que agora me atrevi a falar ao Senhor, ainda que sou pó e cinza.
28 Se porventura de cinqüenta justos faltarem cinco, destruirás por aqueles cinco toda a cidade? E disse: Não a destruirei, se eu achar ali quarenta e cinco.
29 E continuou ainda a falar-lhe, e disse: Se porventura se acharem ali quarenta? E disse: Não o farei por amor dos quarenta.
30 Disse mais: Ora, não se ire o Senhor, se eu ainda falar: Se porventura se acharem ali trinta? E disse: Não o farei se achar ali trinta.
31 E disse: Eis que agora me atrevi a falar ao Senhor: Se porventura se acharem ali vinte? E disse: Não a destruirei por amor dos vinte.
32 Disse mais: Ora, não se ire o Senhor, que ainda só mais esta vez falo: Se porventura se acharem ali dez? E disse: Não a destruirei por amor dos dez.
33 E retirou-se o Senhor, quando acabou de falar a Abraão; e Abraão tornou-se ao seu lugar.
Patriarcas e Profetas
Abraão em Canaã
Ouça o áudio do capítulo:
Este capítulo é baseado em Gênesis 13-15; 17:1-16; 18.
Gênesis 13-15; 17:1-16; 18
1 Subiu, pois, Abrão do Egito para o lado do sul, ele e sua mulher, e tudo o que tinha, e com ele Ló.
2 E era Abrão muito rico em gado, em prata e em ouro.
3 E fez as suas jornadas do sul até Betel, até ao lugar onde a princípio estivera a sua tenda, entre Betel e Ai;
4 Até ao lugar do altar que outrora ali tinha feito; e Abrão invocou ali o nome do Senhor.
5 E também Ló, que ia com Abrão, tinha rebanhos, gado e tendas.
6 E não tinha capacidade a terra para poderem habitar juntos; porque os seus bens eram muitos; de maneira que não podiam habitar juntos.
7 E houve contenda entre os pastores do gado de Abrão e os pastores do gado de Ló; e os cananeus e os perizeus habitavam então na terra.
8 E disse Abrão a Ló: Ora, não haja contenda entre mim e ti, e entre os meus pastores e os teus pastores, porque somos irmãos.
9 Não está toda a terra diante de ti? Eia, pois, aparta-te de mim; e se escolheres a esquerda, irei para a direita; e se a direita escolheres, eu irei para a esquerda.
10 E levantou Ló os seus olhos, e viu toda a campina do Jordão, que era toda bem regada, antes do Senhor ter destruído Sodoma e Gomorra, e era como o jardim do Senhor, como a terra do Egito, quando se entra em Zoar.
11 Então Ló escolheu para si toda a campina do Jordão, e partiu Ló para o oriente, e apartaram-se um do outro.
12 Habitou Abrão na terra de Canaã e Ló habitou nas cidades da campina, e armou as suas tendas até Sodoma.
13 Ora, eram maus os homens de Sodoma, e grandes pecadores contra o Senhor.
14 E disse o Senhor a Abrão, depois que Ló se apartou dele: Levanta agora os teus olhos, e olha desde o lugar onde estás, para o lado do norte, e do sul, e do oriente, e do ocidente;
15 Porque toda esta terra que vês, te hei de dar a ti, e à tua descendência, para sempre.
16 E farei a tua descendência como o pó da terra; de maneira que se alguém puder contar o pó da terra, também a tua descendência será contada.
17 Levanta-te, percorre essa terra, no seu comprimento e na sua largura; porque a ti a darei.
18 E Abrão mudou as suas tendas, e foi, e habitou nos carvalhais de Manre, que estão junto a Hebrom; e edificou ali um altar ao Senhor.
1 E aconteceu nos dias de Anrafel, rei de Sinar, Arioque, rei de Elasar, Quedorlaomer, rei de Elão, e Tidal, rei de Goim,
2 Que estes fizeram guerra a Bera, rei de Sodoma, a Birsa, rei de Gomorra, a Sinabe, rei de Admá, e a Semeber, rei de Zeboim, e ao rei de Belá (esta é Zoar).
3 Todos estes se ajuntaram no vale de Sidim (que é o Mar Salgado).
4 Doze anos haviam servido a Quedorlaomer, mas ao décimo terceiro ano rebelaram-se.
5 E ao décimo quarto ano veio Quedorlaomer, e os reis que estavam com ele, e feriram aos refains em Asterote-Carnaim, e aos zuzins em Hã, e aos emins em Savé-Quiriataim,
6 E aos horeus no seu monte Seir, até El-Parã que está junto ao deserto.
7 Depois tornaram e vieram a En-Mispate (que é Cades), e feriram toda a terra dos amalequitas, e também aos amorreus, que habitavam em Hazazom-Tamar.
8 Então saiu o rei de Sodoma, e o rei de Gomorra, e o rei de Admá, e o rei de Zeboim, e o rei de Belá (esta é Zoar), e ordenaram batalha contra eles no vale de Sidim,
9 Contra Quedorlaomer, rei de Elão, e Tidal, rei de Goim, e Anrafel, rei de Sinar, e Arioque, rei de Elasar; quatro reis contra cinco.
10 E o vale de Sidim estava cheio de poços de betume; e fugiram os reis de Sodoma e de Gomorra, e caíram ali; e os restantes fugiram para um monte.
11 E tomaram todos os bens de Sodoma, e de Gomorra, e todo o seu mantimento e foram-se.
12 Também tomaram a Ló, que habitava em Sodoma, filho do irmão de Abrão, e os seus bens, e foram-se.
13 Então veio um, que escapara, e o contou a Abrão, o hebreu; ele habitava junto dos carvalhais de Manre, o amorreu, irmão de Escol, e irmão de Aner; eles eram confederados de Abrão.
14 Ouvindo, pois, Abrão que o seu irmão estava preso, armou os seus criados, nascidos em sua casa, trezentos e dezoito, e os perseguiu até Dã.
15 E dividiu-se contra eles de noite, ele e os seus criados, e os feriu, e os perseguiu até Hobá, que fica à esquerda de Damasco.
16 E tornou a trazer todos os seus bens, e tornou a trazer também a Ló, seu irmão, e os seus bens, e também as mulheres, e o povo.
17 E o rei de Sodoma saiu-lhe ao encontro (depois que voltou de ferir a Quedorlaomer e aos reis que estavam com ele) até ao Vale de Savé, que é o vale do rei.
18 E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era este sacerdote do Deus Altíssimo.
19 E abençoou-o, e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra;
20 E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo.
21 E o rei de Sodoma disse a Abrão: Dá-me a mim as pessoas, e os bens toma para ti.
22 Abrão, porém, disse ao rei de Sodoma: Levantei minha mão ao Senhor, o Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra,
23 Jurando que desde um fio até à correia de um sapato, não tomarei coisa alguma de tudo o que é teu; para que não digas: Eu enriqueci a Abrão;
24 Salvo tão-somente o que os jovens comeram, e a parte que toca aos homens que comigo foram, Aner, Escol e Manre; estes que tomem a sua parte.
1 Depois destas coisas veio a palavra do SENHOR a Abrão em visão, dizendo: Não temas, Abrão, eu sou o teu escudo, o teu grandíssimo galardão.
2 Então disse Abrão: Senhor DEUS, que me hás de dar, pois ando sem filhos, e o mordomo da minha casa é o damasceno Eliézer?
3 Disse mais Abrão: Eis que não me tens dado filhos, e eis que um nascido na minha casa será o meu herdeiro.
4 E eis que veio a palavra do Senhor a ele dizendo: Este não será o teu herdeiro; mas aquele que de tuas entranhas sair, este será o teu herdeiro.
5 Então o levou fora, e disse: Olha agora para os céus, e conta as estrelas, se as podes contar. E disse-lhe: Assim será a tua descendência.
6 E creu ele no Senhor, e imputou-lhe isto por justiça.
7 Disse-lhe mais: Eu sou o Senhor, que te tirei de Ur dos caldeus, para dar-te a ti esta terra, para herdá-la.
8 E disse ele: Senhor DEUS, como saberei que hei de herdá-la?
9 E disse-lhe: Toma-me uma bezerra de três anos, e uma cabra de três anos, e um carneiro de três anos, uma rola e um pombinho.
10 E trouxe-lhe todos estes, e partiu-os pelo meio, e pôs cada parte deles em frente da outra; mas as aves não partiu.
11 E as aves desciam sobre os cadáveres; Abrão, porém, as enxotava.
12 E pondo-se o sol, um profundo sono caiu sobre Abrão; e eis que grande espanto e grande escuridão caiu sobre ele.
13 Então disse a Abrão: Saibas, de certo, que peregrina será a tua descendência em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos,
14 Mas também eu julgarei a nação, à qual ela tem de servir, e depois sairá com grande riqueza.
15 E tu irás a teus pais em paz; em boa velhice serás sepultado.
16 E a quarta geração tornará para cá; porque a medida da injustiça dos amorreus não está ainda cheia.
17 E sucedeu que, posto o sol, houve escuridão, e eis um forno de fumaça, e uma tocha de fogo, que passou por aquelas metades.
18 Naquele mesmo dia fez o Senhor uma aliança com Abrão, dizendo: « tua descendência tenho dado esta terra, desde o rio do Egito até ao grande rio Eufrates;
19 E o queneu, e o quenezeu, e o cadmoneu,
20 E o heteu, e o perizeu, e os refains,
21 E o amorreu, e o cananeu, e o girgaseu, e o jebuseu.
1 Sendo, pois, Abrão da idade de noventa e nove anos, apareceu o SENHOR a Abrão, e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-Poderoso, anda em minha presença e sê perfeito.
2 E porei a minha aliança entre mim e ti, e te multiplicarei grandissimamente.
3 Então caiu Abrão sobre o seu rosto, e falou Deus com ele, dizendo:
4 Quanto a mim, eis a minha aliança contigo: serás o pai de muitas nações;
5 E não se chamará mais o teu nome Abrão, mas Abraão será o teu nome; porque por pai de muitas nações te tenho posto;
6 E te farei frutificar grandissimamente, e de ti farei nações, e reis sairão de ti;
7 E estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência depois de ti em suas gerações, por aliança perpétua, para te ser a ti por Deus, e à tua descendência depois de ti.
8 E te darei a ti e à tua descendência depois de ti, a terra de tuas peregrinações, toda a terra de Canaã em perpétua possessão e ser-lhes-ei o seu Deus.
9 Disse mais Deus a Abraão: Tu, porém, guardarás a minha aliança, tu, e a tua descendência depois de ti, nas suas gerações.
10 Esta é a minha aliança, que guardareis entre mim e vós, e a tua descendência depois de ti: Que todo o homem entre vós será circuncidado.
11 E circuncidareis a carne do vosso prepúcio; e isto será por sinal da aliança entre mim e vós.
12 O filho de oito dias, pois, será circuncidado, todo o homem nas vossas gerações; o nascido na casa, e o comprado por dinheiro a qualquer estrangeiro, que não for da tua descendência.
13 Com efeito será circuncidado o nascido em tua casa, e o comprado por teu dinheiro; e estará a minha aliança na vossa carne por aliança perpétua.
14 E o homem incircunciso, cuja carne do prepúcio não estiver circuncidada, aquela alma será extirpada do seu povo; quebrou a minha aliança.
15 Disse Deus mais a Abraão: A Sarai tua mulher não chamarás mais pelo nome de Sarai, mas Sara será o seu nome.
16 Porque eu a hei de abençoar, e te darei dela um filho; e a abençoarei, e será mãe das nações; reis de povos sairão dela.
18 E disse Abraão a Deus: Quem dera que viva Ismael diante de teu rosto!
Abraão voltou para Canaã “muito rico em gado, em prata, e em ouro”. Gênesis 13:1-9. Ló ainda estava com ele, e novamente vieram a Betel, e armaram suas tendas ao lado do altar que haviam construído anteriormente. Logo acharam que os bens acrescentados traziam maiores dificuldades. Em meio de dificuldades e provações tinham morado juntos, em harmonia, mas em sua prosperidade havia perigo de contenda entre eles. Os pastos não eram suficientes para os rebanhos e gado de ambos, e as freqüentes discussões entre os pastores eram trazidas para ajuste aos seus senhores. Era claro que deviam separar-se. Abraão era superior a Ló em idade, e em parentesco, riqueza e posição; no entanto foi o primeiro a propor planos para conservarem a paz. Se bem que a terra toda lhe houvesse sido dada pelo próprio Deus, cortesmente declinou de seu direito. PP 86.1
Gênesis 13:1-9
1 Subiu, pois, Abrão do Egito para o lado do sul, ele e sua mulher, e tudo o que tinha, e com ele Ló.
2 E era Abrão muito rico em gado, em prata e em ouro.
3 E fez as suas jornadas do sul até Betel, até ao lugar onde a princípio estivera a sua tenda, entre Betel e Ai;
4 Até ao lugar do altar que outrora ali tinha feito; e Abrão invocou ali o nome do Senhor.
5 E também Ló, que ia com Abrão, tinha rebanhos, gado e tendas.
6 E não tinha capacidade a terra para poderem habitar juntos; porque os seus bens eram muitos; de maneira que não podiam habitar juntos.
7 E houve contenda entre os pastores do gado de Abrão e os pastores do gado de Ló; e os cananeus e os perizeus habitavam então na terra.
8 E disse Abrão a Ló: Ora, não haja contenda entre mim e ti, e entre os meus pastores e os teus pastores, porque somos irmãos.
9 Não está toda a terra diante de ti? Eia, pois, aparta-te de mim; e se escolheres a esquerda, irei para a direita; e se a direita escolheres, eu irei para a esquerda.
“Ora não haja contenda”, disse ele, “entre mim e ti, e entre os meus pastores e os teus pastores, porque irmãos somos. Não está toda a terra diante de ti? Eia, pois, aparta-te de mim; se escolheres a esquerda, irei para a direita; e, se a direita escolheres, eu irei para a esquerda.” Aqui se ostentou o nobre e abnegado espírito de Abraão. Quantos, em circunstâncias idênticas, não se apegariam com todo o risco aos seus direitos e preferências individuais! Quantos lares não se têm desta maneira esfacelado. Quantas igrejas não se têm desagregado, tornando a causa da verdade objeto de zombaria e injúria entre os ímpios! “Não haja contenda entre mim e ti”, disse Abraão, “porque irmãos somos”, não somente pelo parentesco natural, mas como adoradores do verdadeiro Deus. Os filhos de Deus, pelo mundo inteiro, são uma família, e o mesmo espírito de amor e conciliação os deve governar. “Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros” (Romanos 12:10) — é o ensino de nosso Salvador. A cultura de uma cortesia uniforme, de uma disposição para fazer aos outros conforme desejaríamos que nos fizessem, extinguiria a metade dos males da vida. O espírito de engrandecimento próprio é o espírito de Satanás; mas o coração em que o amor de Cristo é acalentado, possuirá aquela caridade que não busca o seu próprio proveito. Tal coração dará atenção ao mandado divino: “Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros”. Filipenses 2:4. PP 86.2
Romanos 12:10
10 Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros.
Filipenses 2:4
4 Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros.
Embora Ló devesse a prosperidade à sua conexão com Abraão, não manifestou gratidão ao seu benfeitor. A cortesia determinava que ele cedesse à escolha de Abraão; mas, em lugar disso, esforçou-se egoistamente por tomar todas as vantagens. “E levantou Ló os seus olhos, e viu toda a campina do Jordão, que era toda bem regada, [...] e era como o jardim do Senhor, como a terra do Egito, quando se entra em Zoar”. Gênesis 13:10-13. A região mais fértil de toda a Palestina era o vale do Jordão, lembrando o Paraíso perdido aos que a viam, e igualando a beleza e produtividade das planícies enriquecidas pelo Nilo, que tão recentemente haviam deixado. Havia também cidades, ricas e belas, convidando ao comércio lucrativo em seus concorridos mercados. Deslumbrado pela visão de proveitos mundanos, Ló não tomou em consideração os males morais e espirituais, que ali se encontrariam. Os habitantes da planície eram “grandes pecadores contra o Senhor”; mas a respeito disto ele estava em ignorância, ou, se o sabia, não o ponderou muito. Ele “escolheu para si toda a campina do Jordão”, e “armou as suas tendas até Sodoma”. Quão pouco previu ele os terríveis resultados daquela escolha egoísta! PP 86.3
Gênesis 13:10-13
10 E levantou Ló os seus olhos, e viu toda a campina do Jordão, que era toda bem regada, antes do Senhor ter destruído Sodoma e Gomorra, e era como o jardim do Senhor, como a terra do Egito, quando se entra em Zoar.
11 Então Ló escolheu para si toda a campina do Jordão, e partiu Ló para o oriente, e apartaram-se um do outro.
12 Habitou Abrão na terra de Canaã e Ló habitou nas cidades da campina, e armou as suas tendas até Sodoma.
13 Ora, eram maus os homens de Sodoma, e grandes pecadores contra o Senhor.
Depois da separação de Ló, Abraão de novo recebeu do Senhor uma promessa de todo o país. Logo depois disto ele se mudou para Hebrom, construindo sua tenda sob os carvalhos de Manre, e erguendo ao lado um altar ao Senhor. Ao ar livre daqueles planaltos, com seus bosques de oliveiras e vinhedos, com seus campos de cereais a ondearem, e as vastas pastagens das colinas circunjacentes, morou ele muito contente, com sua vida simples e patriarcal, deixando a Ló o luxo perigoso do vale de Sodoma. PP 87.1
Abraão era honrado pelas nações circunvizinhas como um poderoso príncipe, e chefe sábio e capaz. Ele não excluía de seus vizinhos a sua influência. Sua vida, bem como caráter, em assinalado contraste com a dos adoradores de ídolos, exercia uma influência eloqüente em favor da verdadeira fé. Sua fidelidade para com Deus era inabalável, enquanto sua afabilidade e beneficência inspiravam confiança e amizade, e sua grandeza sem afetação impunha respeito e honra. PP 87.2
Não considerava sua religião como um tesouro precioso a ser guardado cuidadosamente, e unicamente desfrutado pelo seu possuidor. A verdadeira religião não pode assim ser tida; pois tal espírito é contrário aos princípios do evangelho. Enquanto Cristo habita no coração, é impossível esconder a luz de Sua presença, ou que aquela luz se enfraqueça. Ao contrário, tornar-se-á cada vez mais resplandecente, enquanto, dia após dia, os brilhantes raios do Sol da justiça dissipam as névoas do egoísmo e do pecado que envolvem a alma. PP 87.3
O povo de Deus são os Seus representantes na Terra, e é Seu desígnio que eles sejam luzes nas trevas morais deste mundo. Espalhados por todo o país, nas cidades, vilas e aldeias, são eles as testemunhas de Deus, os condutos pelos quais Ele comunicará a um mundo incrédulo o conhecimento de Sua vontade e as maravilhas de Sua graça. É Seu plano que todos os que são participantes da grande salvação, sejam para Ele missionários. A piedade dos cristãos constitui a norma pela qual os mundanos julgam o evangelho. Provações pacientemente suportadas, bênçãos recebidas com agradecimento, mansidão, bondade, misericórdia, e amor, manifestados habitualmente, são as luzes que resplandecem no caráter perante o mundo, revelando o contraste com as trevas que vêm do egoísmo do coração natural. PP 87.4
Rico na fé, nobre em generosidade, inabalável na obediência, e humilde na simplicidade de sua vida peregrina, Abraão era também sábio em diplomacia, e corajoso e hábil na guerra. Apesar de saber-se que ele era ensinador de uma nova religião, três régios irmãos, governadores das planícies dos amorreus, na qual ele habitava, manifestaram sua amizade, convidando-o a entrar em aliança com eles para maior segurança; pois o país estava cheio de violência e opressão. Uma ocasião logo se apresentou para ele aproveitar-se desta aliança. PP 88.1
Quedorlaomer, rei de Elão, tinha invadido Canaã catorze anos antes, e a tornara sua tributária. Vários dos príncipes revoltaram-se agora, e o rei elamita, com quatro aliados, de novo marchou contra o país para os reduzir à submissão. Cinco reis de Canaã uniram suas forças, e enfrentaram os invasores no vale de Sidim, mas tão-somente para serem completamente derrotados. Grande parte do exército foi trucidada; e os que escaparam fugiram para as montanhas em busca de segurança. Os vitoriosos saquearam as cidades da planície, e partiram com rico despojo e muitos cativos, entre os quais se encontrava Ló com sua família. PP 88.2
Abraão, habitando em paz nos carvalhais de Manre, soube por um dos fugitivos a história da batalha, e a calamidade que sobreviera ao sobrinho. Não alimentara qualquer lembrança desagradável da ingratidão de Ló. Despertou-se toda a sua afeição por ele, e decidiu que devia ser libertado. Procurando antes de tudo o conselho divino, Abraão preparou-se para a guerra. Do seu próprio acampamento convocou trezentos e dezoito servos adestrados, homens ensinados no temor de Deus, no serviço de seu senhor, e no uso das armas. Seus aliados, Manre, Escol e Aner, uniram-se a ele com os seus grupos, e juntos partiram em perseguição dos invasores. Os elamitas e seus aliados tinham-se acampado em Dã, na fronteira ao Norte de Canaã. Entusiasmados pela vitória, e não tendo receio de um assalto por parte de seus adversários vencidos, entregaram-se à orgia. O patriarca dividiu suas forças de modo a aproximar-se por diversas direções, e veio sobre o acampamento à noite. Seu ataque, tão vigoroso e inesperado, resultou em uma rápida vitória. O rei de Elão foi morto, e suas forças, tomadas de pânico foram postas em fuga. Ló e sua família, com todos os prisioneiros e seus bens, foram recuperados, e um rico despojo caiu nas mãos dos vitoriosos. A Abraão, abaixo de Deus, foi devido o triunfo. O adorador de Jeová não somente havia prestado um grande serviço ao país, mas mostrara-se ser um homem de valor. Viu-se que a justiça não é covardia, e que a religião de Abraão tornava-o corajoso ao manter o direito e defender os oprimidos. Seu heróico ato deu-lhe uma dilatada influência entre as tribos circunvizinhas. À sua volta, o rei de Sodoma saiu com seu séquito para honrar o vencedor. Rogou-lhe que tomasse os bens, pedindo tão-somente que os prisioneiros fossem restituídos. Pelos usos da guerra, o despojo pertencia aos vencedores; mas Abraão não empreendera esta expedição com o intuito de lucros, e recusou-se a tirar vantagem daquele que fora infeliz, estipulando apenas que seus aliados recebessem a parte a que tinham direito. PP 88.3
Poucos, sendo submetidos a tal prova, ter-se-iam mostrado tão nobres como Abraão. Poucos teriam resistido à tentação de adquirir um despojo tão rico. Seu exemplo é uma reprovação aos espíritos egoístas e mercenários. Abraão tomava em consideração os direitos da justiça e humanidade. Sua conduta ilustra a máxima inspirada: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Levítico 19:18. “Levantei minha mão ao Senhor”, disse ele, “o Deus altíssimo, o Possuidor dos Céus e da Terra, que desde um fio até à correia dum sapato, não tomarei coisa alguma de tudo o que é teu, para que não digas: Eu enriqueci a Abraão”. Gênesis 14:17-24. Ele não lhes daria ocasião para pensarem que se empenhara em guerra por amor ao ganho, ou para atribuírem sua prosperidade a dádivas ou favor deles. Deus prometera abençoar Abraão, e a Ele seria atribuída a glória. PP 89.1
Levítico 19:18
18 Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor.
Gênesis 14:17-24
17 E o rei de Sodoma saiu-lhe ao encontro (depois que voltou de ferir a Quedorlaomer e aos reis que estavam com ele) até ao Vale de Savé, que é o vale do rei.
18 E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era este sacerdote do Deus Altíssimo.
19 E abençoou-o, e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra;
20 E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo.
21 E o rei de Sodoma disse a Abrão: Dá-me a mim as pessoas, e os bens toma para ti.
22 Abrão, porém, disse ao rei de Sodoma: Levantei minha mão ao Senhor, o Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra,
23 Jurando que desde um fio até à correia de um sapato, não tomarei coisa alguma de tudo o que é teu; para que não digas: Eu enriqueci a Abrão;
24 Salvo tão-somente o que os jovens comeram, e a parte que toca aos homens que comigo foram, Aner, Escol e Manre; estes que tomem a sua parte.
Outro que viera para dar as boas-vindas ao patriarca vitorioso, foi Melquisedeque, rei de Salém, que trouxe pão e vinho para alimento de seu exército. Como “sacerdote do Deus altíssimo, pronunciou uma bênção sobre Abraão, e deu graças ao Senhor que operara um tão grande livramento por meio de Seu servo. E Abraão “deu-lhe o dízimo de tudo”. PP 89.2
Abraão voltou com alegria para as suas tendas e rebanhos; mas seu espírito estava perturbado por pensamentos que o incomodavam. Tinha sido um homem de paz, excluindo tanto quanto possível a inimizade e a contenda; e com horror lembrava-se das cenas de carnificina que testemunhara. Mas as nações cujas forças ele havia derrotado, sem dúvida renovariam a invasão de Canaã, e dele fariam o objeto especial de sua vingança. Envolvendo-se desta maneira em questões nacionais, quebrar-se-ia a calma pacífica de sua vida. Demais, ele não havia entrado na posse de Canaã, tampouco poderia ter então esperança de um herdeiro, a quem pudesse cumprir-se a promessa. PP 89.3
Em uma visão da noite ouviu de novo a voz divina. “Não temas, Abraão”, foram as palavras do Príncipe dos príncipes; “Eu sou o teu escudo, o teu grandíssimo galardão”. Gênesis 15:1-5. Mas sua mente estava tão oprimida com sinais que ele não pôde então apreender a promessa com implícita confiança, como antes fazia. Orou pedindo alguma prova palpável de que ela se cumpriria. E como deveria cumprir-se a promessa do concerto, enquanto o dom de um filho lhe era recusado? “Que me hás de dar”, disse ele, “pois ando sem filhos?” Gênesis 15:2. “E eis que um nascido na minha casa será o meu herdeiro”. Gênesis 15:3. Propôs fazer de seu fiel servo Eliézer seu filho adotivo, e herdeiro de suas posses. Mas foi-lhe assegurado que um filho dele mesmo seria o seu herdeiro. Levado para fora de sua tenda, foi-lhe dito que olhasse para as incontáveis estrelas a resplandecer nos céus; e, fazendo ele isto, foram proferidas estas palavras: “Assim será a tua semente”. Gênesis 15:5. “Creu Abraão a Deus, e isso lhe foi imputado como justiça”. Romanos 4:3. PP 89.4
Gênesis 15:1-5
1 Depois destas coisas veio a palavra do SENHOR a Abrão em visão, dizendo: Não temas, Abrão, eu sou o teu escudo, o teu grandíssimo galardão.
2 Então disse Abrão: Senhor DEUS, que me hás de dar, pois ando sem filhos, e o mordomo da minha casa é o damasceno Eliézer?
3 Disse mais Abrão: Eis que não me tens dado filhos, e eis que um nascido na minha casa será o meu herdeiro.
4 E eis que veio a palavra do Senhor a ele dizendo: Este não será o teu herdeiro; mas aquele que de tuas entranhas sair, este será o teu herdeiro.
5 Então o levou fora, e disse: Olha agora para os céus, e conta as estrelas, se as podes contar. E disse-lhe: Assim será a tua descendência.
Gênesis 15:2
2 Então disse Abrão: Senhor DEUS, que me hás de dar, pois ando sem filhos, e o mordomo da minha casa é o damasceno Eliézer?
Gênesis 15:3
3 Disse mais Abrão: Eis que não me tens dado filhos, e eis que um nascido na minha casa será o meu herdeiro.
Gênesis 15:5
5 Então o levou fora, e disse: Olha agora para os céus, e conta as estrelas, se as podes contar. E disse-lhe: Assim será a tua descendência.
Romanos 4:3
3 Pois, que diz a Escritura? Creu Abraão a Deus, e isso lhe foi imputado como justiça.
O patriarca pediu ainda algum sinal visível em confirmação de sua fé, e como prova para as gerações posteriores de que os propósitos de Deus, cheios de graça, para com elas, seriam cumpridos. O Senhor condescendeu em fazer um concerto com Seu servo, empregando as mesmas formas que eram usuais entre os homens para a ratificação de um contrato solene. Por determinação divina, Abraão sacrificou uma bezerra, uma cabra e um carneiro, cada um de três anos, dividindo os corpos, e pondo os pedaços a pequena distância entre si. A estes acrescentou ele uma rola e um pombinho, que, entretanto, não foram divididos. Isto feito, reverentemente passou entre as partes do sacrifício, fazendo a Deus um voto solene de perpétua obediência. Atento e perseverante permaneceu ao lado dos corpos mortos, até baixar-se o Sol, a fim de os guardar de serem contaminados ou comidos pelas aves de rapina. Aproximadamente ao pôr-do-sol, caiu em um profundo sono; “e eis que grande espanto e grande escuridão caiu sobre ele”. Gênesis 15:7-18. Ouvida a voz de Deus, ordenando-lhe que não esperasse a posse imediata da terra prometida, e indicando no futuro os sofrimentos de sua posteridade antes de seu estabelecimento em Canaã. O plano da redenção foi-lhe desvendado, tanto em relação à morte de Cristo, o grande sacrifício, como à Sua vinda em glória. Abraão viu também a Terra restabelecida à sua beleza edênica, para lhe ser dada em possessão eterna, como o cumprimento final e completo da promessa. PP 90.1
Gênesis 15:7-18
7 Disse-lhe mais: Eu sou o Senhor, que te tirei de Ur dos caldeus, para dar-te a ti esta terra, para herdá-la.
8 E disse ele: Senhor DEUS, como saberei que hei de herdá-la?
9 E disse-lhe: Toma-me uma bezerra de três anos, e uma cabra de três anos, e um carneiro de três anos, uma rola e um pombinho.
10 E trouxe-lhe todos estes, e partiu-os pelo meio, e pôs cada parte deles em frente da outra; mas as aves não partiu.
11 E as aves desciam sobre os cadáveres; Abrão, porém, as enxotava.
12 E pondo-se o sol, um profundo sono caiu sobre Abrão; e eis que grande espanto e grande escuridão caiu sobre ele.
13 Então disse a Abrão: Saibas, de certo, que peregrina será a tua descendência em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos,
14 Mas também eu julgarei a nação, à qual ela tem de servir, e depois sairá com grande riqueza.
15 E tu irás a teus pais em paz; em boa velhice serás sepultado.
16 E a quarta geração tornará para cá; porque a medida da injustiça dos amorreus não está ainda cheia.
17 E sucedeu que, posto o sol, houve escuridão, e eis um forno de fumaça, e uma tocha de fogo, que passou por aquelas metades.
18 Naquele mesmo dia fez o Senhor uma aliança com Abrão, dizendo: « tua descendência tenho dado esta terra, desde o rio do Egito até ao grande rio Eufrates;
Como garantia deste concerto de Deus com os homens, um forno de fumo e uma tocha de fogo, símbolos da presença divina, passaram por entre as vítimas repartidas, consumindo-as totalmente. E de novo foi ouvida por Abraão uma voz, confirmando a dádiva da terra de Canaã a seus descendentes, “desde o rio Egito até o grande rio Eufrates”. PP 90.2
Quando Abraão tinha estado quase vinte e cinco anos em Canaã, o Senhor lhe apareceu e disse-lhe: “Eu sou o Deus todo-poderoso, anda em Minha presença e sê perfeito”. Gênesis 17:1-16. Com temor reverente, o patriarca prostrou-se, rosto em terra, e a mensagem continuou: “Eis o Meu concerto contigo é, e serás o pai de uma multidão de nações”. Gênesis 17:4. Em sinal do cumprimento deste concerto, seu nome, que até ali era Abrão, foi mudado para Abraão, que significa: “pai de uma multidão”. Gênesis 17:5. O nome de Sarai tornou-se Sara — “princesa”, “porque”, disse a voz divina, “será mãe das nações; reis de povos sairão dela”. Gênesis 17:16. PP 90.3
Gênesis 17:1-16
1 Sendo, pois, Abrão da idade de noventa e nove anos, apareceu o SENHOR a Abrão, e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-Poderoso, anda em minha presença e sê perfeito.
2 E porei a minha aliança entre mim e ti, e te multiplicarei grandissimamente.
3 Então caiu Abrão sobre o seu rosto, e falou Deus com ele, dizendo:
4 Quanto a mim, eis a minha aliança contigo: serás o pai de muitas nações;
5 E não se chamará mais o teu nome Abrão, mas Abraão será o teu nome; porque por pai de muitas nações te tenho posto;
6 E te farei frutificar grandissimamente, e de ti farei nações, e reis sairão de ti;
7 E estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência depois de ti em suas gerações, por aliança perpétua, para te ser a ti por Deus, e à tua descendência depois de ti.
8 E te darei a ti e à tua descendência depois de ti, a terra de tuas peregrinações, toda a terra de Canaã em perpétua possessão e ser-lhes-ei o seu Deus.
9 Disse mais Deus a Abraão: Tu, porém, guardarás a minha aliança, tu, e a tua descendência depois de ti, nas suas gerações.
10 Esta é a minha aliança, que guardareis entre mim e vós, e a tua descendência depois de ti: Que todo o homem entre vós será circuncidado.
11 E circuncidareis a carne do vosso prepúcio; e isto será por sinal da aliança entre mim e vós.
12 O filho de oito dias, pois, será circuncidado, todo o homem nas vossas gerações; o nascido na casa, e o comprado por dinheiro a qualquer estrangeiro, que não for da tua descendência.
13 Com efeito será circuncidado o nascido em tua casa, e o comprado por teu dinheiro; e estará a minha aliança na vossa carne por aliança perpétua.
14 E o homem incircunciso, cuja carne do prepúcio não estiver circuncidada, aquela alma será extirpada do seu povo; quebrou a minha aliança.
15 Disse Deus mais a Abraão: A Sarai tua mulher não chamarás mais pelo nome de Sarai, mas Sara será o seu nome.
16 Porque eu a hei de abençoar, e te darei dela um filho; e a abençoarei, e será mãe das nações; reis de povos sairão dela.
Gênesis 17:4
4 Quanto a mim, eis a minha aliança contigo: serás o pai de muitas nações;
Gênesis 17:5
5 E não se chamará mais o teu nome Abrão, mas Abraão será o teu nome; porque por pai de muitas nações te tenho posto;
Gênesis 17:16
16 Porque eu a hei de abençoar, e te darei dela um filho; e a abençoarei, e será mãe das nações; reis de povos sairão dela.
Nesta ocasião o rito da circuncisão foi dado a Abraão como “selo da justiça da fé quando estava na incircuncisão”. Romanos 4:11. Deveria ser observado pelo patriarca e seus descendentes como sinal de que eram dedicados ao serviço de Deus e assim separados dos idólatras, e de que Deus os aceitava como Seu tesouro peculiar. Por meio deste rito comprometiam-se a satisfazer, por sua parte, as condições do concerto feito com Abraão. Não deveriam contrair matrimônio com os gentios; pois, assim fazendo, perderiam sua reverência para com Deus e Sua santa lei; seriam tentados a entregar-se às práticas pecaminosas de outras nações, e seduzidos à idolatria. PP 90.4
Romanos 4:11
11 E recebeu o sinal da circuncisão, selo da justiça da fé quando estava na incircuncisão, para que fosse pai de todos os que crêem, estando eles também na incircuncisão; a fim de que também a justiça lhes seja imputada;
Deus conferiu grande honra a Abraão. Anjos do Céu andavam e falavam com ele como faz um amigo a outro. Quando juízos estavam para cair sobre Sodoma, este fato não lhe foi oculto e ele se tornou intercessor junto a Deus pelos pecadores. Sua entrevista com os anjos apresenta também um belo exemplo de hospitalidade. PP 91.1
Na hora de maior calor de um dia de verão, o patriarca estava assentado à porta de sua tenda, olhando para a silenciosa paisagem, quando viu a distância três viajantes aproximando-se. Antes que chegassem à sua tenda, os estranhos pararam, como que consultando a respeito de seu caminho. Sem esperar que pedissem qualquer favor, Abraão levantou-se rápido e, quando aparentemente estavam a tomar outra direção, foi apressado após eles, e com a maior cortesia insistiu que o honrassem, detendo-se um pouco para uma merenda. Com as próprias mãos trouxe água para que lavassem de seus pés o pó da viagem. Ele mesmo escolheu o alimento, e, enquanto estavam a descansar à fresca sombra, preparou-se a refeição, e respeitosamente permaneceu-lhes ao lado enquanto participavam de sua hospitalidade. Este ato de cortesia Deus considerou de importância suficiente para registrar-se em Sua Palavra; e, séculos mais tarde, foi-lhe feita referência por um apóstolo inspirado: “Não vos esqueçais da hospitalidade, porque por ela alguns, não o sabendo, hospedaram anjos”. Hebreus 13:2. PP 91.2
Hebreus 13:2
2 Não vos esqueçais da hospitalidade, porque por ela alguns, não o sabendo, hospedaram anjos.
Abraão vira em seus hóspedes apenas três viajantes cansados, mal supondo que entre eles estava Um, a quem poderia adorar sem pecado. Mas o verdadeiro caráter dos mensageiros celestiais foi agora revelado. Se bem que estivessem a caminho como ministros da ira, contudo a Abraão, o homem da fé, falaram a princípio de bênçãos. Posto que Deus seja estrito em notar a iniqüidade, e em punir a transgressão, não tem prazer na vingança. A obra de destruição é uma “estranha obra” (Isaías 28:21) para Aquele que é infinito no amor. PP 91.3
Isaías 28:21
21 Porque o Senhor se levantará como no monte Perazim, e se irará, como no vale de Gibeão, para fazer a sua obra, a sua estranha obra, e para executar o seu ato, o seu estranho ato.
“O segredo do Senhor é para os que O temem”. Salmos 25:14. Abraão tinha honrado a Deus, e o Senhor o honrou, dando-lhe parte em Seus conselhos e revelando-lhe Seus propósitos. “Ocultarei Eu a Abraão o que faço?” disse o Senhor. “O clamor de Sodoma e Gomorra se tem multiplicado, e porquanto o seu pecado se tem agravado muito, descerei agora, e verei se com efeito tem praticado segundo este clamor, que é vindo até Mim; e, se não, sabê-lo-ei”. Gênesis 18:17-33. O Senhor bem sabia a medida do delito de Sodoma; exprimiu-Se, porém, segundo a maneira dos homens, para que a justiça de Seu trato pudesse ser compreendida. Antes de trazer o juízo sobre os transgressores, Ele próprio iria proceder a um exame de sua conduta; se não houvessem passado os limites da misericórdia divina, conceder-lhes-ia tempo para se arrependerem. PP 91.4
Salmos 25:14
14 O segredo do Senhor é com aqueles que o temem; e ele lhes mostrará a sua aliança.
Gênesis 18:17-33
17 E disse o Senhor: Ocultarei eu a Abraão o que faço,
18 Visto que Abraão certamente virá a ser uma grande e poderosa nação, e nele serão benditas todas as nações da terra?
19 Porque eu o tenho conhecido, e sei que ele há de ordenar a seus filhos e à sua casa depois dele, para que guardem o caminho do Senhor, para agir com justiça e juízo; para que o Senhor faça vir sobre Abraão o que acerca dele tem falado.
20 Disse mais o Senhor: Porquanto o clamor de Sodoma e Gomorra se tem multiplicado, e porquanto o seu pecado se tem agravado muito,
21 Descerei agora, e verei se com efeito têm praticado segundo o seu clamor, que é vindo até mim; e se não, sabê-lo-ei.
22 Então viraram aqueles homens os rostos dali, e foram-se para Sodoma; mas Abraão ficou ainda em pé diante da face do Senhor.
23 E chegou-se Abraão, dizendo: Destruirás também o justo com o ímpio?
24 Se porventura houver cinqüenta justos na cidade, destruirás também, e não pouparás o lugar por causa dos cinqüenta justos que estão dentro dela?
25 Longe de ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; que o justo seja como o ímpio, longe de ti. Não faria justiça o Juiz de toda a terra?
26 Então disse o Senhor: Se eu em Sodoma achar cinqüenta justos dentro da cidade, pouparei a todo o lugar por amor deles.
27 E respondeu Abraão dizendo: Eis que agora me atrevi a falar ao Senhor, ainda que sou pó e cinza.
28 Se porventura de cinqüenta justos faltarem cinco, destruirás por aqueles cinco toda a cidade? E disse: Não a destruirei, se eu achar ali quarenta e cinco.
29 E continuou ainda a falar-lhe, e disse: Se porventura se acharem ali quarenta? E disse: Não o farei por amor dos quarenta.
30 Disse mais: Ora, não se ire o Senhor, se eu ainda falar: Se porventura se acharem ali trinta? E disse: Não o farei se achar ali trinta.
31 E disse: Eis que agora me atrevi a falar ao Senhor: Se porventura se acharem ali vinte? E disse: Não a destruirei por amor dos vinte.
32 Disse mais: Ora, não se ire o Senhor, que ainda só mais esta vez falo: Se porventura se acharem ali dez? E disse: Não a destruirei por amor dos dez.
33 E retirou-se o Senhor, quando acabou de falar a Abraão; e Abraão tornou-se ao seu lugar.
Dois dos mensageiros celestes partiram, deixando Abraão só com Aquele que agora soube ser o Filho de Deus. E o homem de fé pleiteou pelos habitantes de Sodoma. Uma vez ele os salvara com a espada; agora se esforçava por salvá-los pela oração. Ló e sua casa ainda eram moradores ali; e o abnegado amor que prontificara Abraão para os livrar dos elamitas, procurava agora salvá-los da calamidade dos juízos divinos, se tal fosse a vontade de Deus. PP 92.1
Com profunda reverência e humildade insistiu em seu rogo: “Eis que agora me atrevi a falar ao Senhor, ainda que sou pó e cinza”. Gênesis 18:27. Não havia qualquer confiança em si próprio, nem jactância pela sua justiça. Não pretendia graça pelo motivo de sua obediência, ou dos sacrifícios que fizera ao cumprir a vontade de Deus. Sendo ele próprio pecador, rogava em prol do pecador. Tal espírito devem possuir todos os que se aproximam de Deus. Abraão manifestava contudo a confiança de uma criança a rogar a seu amado pai. Achegou-se ao mensageiro celeste, e instou fervorosamente com a sua petição. Conquanto Ló se tornasse morador em Sodoma, não participava da iniqüidade de seus habitantes. Abraão julgava que naquela populosa cidade deveria haver outros adoradores do verdadeiro Deus. E em vista disto rogou ele: “Longe de Ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; [...] longe de Ti seja. Não faria justiça o Juiz de toda a Terra?” Gênesis 18:25. Abraão não pediu simplesmente uma vez, mas muitas vezes. Tornando-se mais ousado, ao serem satisfeitos os seus pedidos, continuou até obter certeza de que, se mesmo dez pessoas justas pudessem achar-se nela, a cidade seria poupada. PP 92.2
Gênesis 18:27
27 E respondeu Abraão dizendo: Eis que agora me atrevi a falar ao Senhor, ainda que sou pó e cinza.
Gênesis 18:25
25 Longe de ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; que o justo seja como o ímpio, longe de ti. Não faria justiça o Juiz de toda a terra?
O amor pelas almas que pereciam, inspirava a oração de Abraão. Ao mesmo tempo em que lhe repugnavam os pecados daquela cidade corrupta, desejava que os pecadores pudessem salvar-se. Seu profundo interesse por Sodoma mostra a ansiedade que devemos experimentar pelos impenitentes. Devemos alimentar ódio ao pecado, mas piedade e amor para com o pecador. Em redor de nós existem almas que descem à ruína, tão irremediável, tão terrível, como aquela que recaiu sobre Sodoma. Cada dia o tempo de graça de alguém se encerra. Cada hora alguns passam para além do alcance da misericórdia. E onde estão as vozes de aviso e rogo, mandando o pecador fugir desta condenação terrível? Onde estão as mãos estendidas para o fazer retroceder do caminho da morte? Onde estão os que com humildade e fé perseverante intercedem junto a Deus por ele? PP 92.3
O espírito de Abraão era o espírito de Cristo. O Filho de Deus é o grande intercessor em favor do pecador. Aquele que pagou o preço pela redenção da alma humana, sabe o valor de uma alma. Com tal antagonismo ao mal, que unicamente pode existir em uma natureza imaculadamente pura, Cristo manifestou para com o pecador um amor que apenas a infinita bondade poderia conceder. Nas agonias da crucifixão, Ele próprio sobrecarregado com o peso medonho dos pecados do mundo inteiro, orou por aqueles que O aviltavam e assassinavam: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. Lucas 23:34. PP 92.4
Lucas 23:34
34 E dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. E, repartindo as suas vestes, lançaram sortes.
De Abraão está escrito que “foi chamado o amigo de Deus” (Tiago 2:23), “pai de todos os que crêem”. Romanos 4:11. O testemunho de Deus com relação a este fiel patriarca, é: “Abraão obedeceu à Minha voz, e guardou o Meu mandado, os Meus preceitos, os Meus estatutos, e as Minhas leis”. Gênesis 26:5. E outra vez: “Eu o tenho conhecido, que ele há de ordenar a seus filhos e a sua casa depois dele, para que guardem o caminho do Senhor, para obrarem com justiça e juízo; para que o Senhor faça vir sobre Abraão o que acerca dele tem falado”. Gênesis 18:19. Alta honra aquela a que Abraão foi chamado, para ser o pai do povo que durante séculos foram os guardas e preservadores da verdade de Deus para o mundo, sim, daquele povo por meio do qual todas as nações da Terra seriam benditas no advento do Messias prometido. Mas Aquele que chamou o patriarca julgou-o digno. É Deus quem fala. Aquele que de longe compreende os pensamentos, e dos homens faz justa apreciação, diz: “Eu o tenho conhecido”. Não haveria por parte de Abraão qualquer traição à verdade por intuitos egoístas. Ele guardaria a lei, e procederia justa e retamente. E não somente temeria ele próprio o Senhor, mas cultivaria em seu lar a religião. Instruiria a família na justiça. A lei de Deus seria a regra em sua casa. PP 93.1
Tiago 2:23
23 E cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu Abraão em Deus, e foi-lhe isso imputado como justiça, e foi chamado o amigo de Deus.
Romanos 4:11
11 E recebeu o sinal da circuncisão, selo da justiça da fé quando estava na incircuncisão, para que fosse pai de todos os que crêem, estando eles também na incircuncisão; a fim de que também a justiça lhes seja imputada;
Gênesis 26:5
5 Porquanto Abraão obedeceu à minha voz, e guardou o meu mandado, os meus preceitos, os meus estatutos, e as minhas leis.
Gênesis 18:19
19 Porque eu o tenho conhecido, e sei que ele há de ordenar a seus filhos e à sua casa depois dele, para que guardem o caminho do Senhor, para agir com justiça e juízo; para que o Senhor faça vir sobre Abraão o que acerca dele tem falado.
A casa de Abraão compreendia mais de mil pessoas. Aqueles que eram levados pelos seus ensinos a adorar o único Deus, encontravam um lar em seu acampamento; e ali, como em uma escola, recebiam a instrução que os habilitaria a serem representantes da verdadeira fé. Assim, grande responsabilidade repousava sobre ele. Estava a educar chefes de famílias, e seus métodos de governo seriam levados para as casas a que eles presidiriam. PP 93.2
Nos tempos primitivos o pai era o governador e sacerdote de sua família, e exercia autoridade sobre os filhos, mesmo depois que estes tinham suas próprias famílias. Os descendentes eram ensinados a considerá-lo como seu chefe, tanto em assuntos religiosos como seculares. Este sistema de governo patriarcal Abraão esforçou-se por perpetuar, sendo que o mesmo favorecia a conservar o conhecimento de Deus. Era necessário ligar os membros da casa conjuntamente, para edificar-se uma barreira contra a idolatria, que se havia tornado tão espalhada e profundamente estabelecida. Abraão procurou por todos os meios ao seu alcance guardar os domésticos de seu acampamento de se misturarem com os gentios e de testemunharem suas práticas idólatras; pois sabia que a familiaridade com os maus corromperia insensivelmente os princípios. O máximo cuidado foi exercido para excluir toda a forma de religião falsa, e impressionar o espírito com a majestade e glória do Deus vivo como o verdadeiro objeto de culto. PP 93.3
Foi uma sábia disposição, que o próprio Deus tomara, a de separar Seu povo, tanto quanto possível, da ligação com os gentios, fazendo do mesmo um povo que habitasse só, e que não fosse contado entre as nações. Ele havia separado Abraão de sua parentela idólatra, para que o patriarca pudesse ensinar e educar a família, afastados das influências sedutoras que os cercariam na Mesopotâmia, e para que a verdadeira fé pudesse ser preservada em sua pureza pelos descendentes, de geração em geração. PP 94.1
A afeição de Abraão para com seus filhos e sua casa, levou-o a guardar a fé religiosa dos mesmos, a comunicar-lhes o conhecimento dos estatutos divinos, como o legado mais precioso que ele lhes poderia transmitir, e por meio deles ao mundo. A todos se ensinava que estavam sob o governo do Deus do Céu. Não deveria haver opressão por parte dos pais, nem desobediência por parte dos filhos. A lei de Deus havia indicado a cada um os seus deveres, e apenas na obediência a ela poderia alguém conseguir felicidade e prosperidade. PP 94.2
Seu próprio exemplo, a influência silenciosa de sua vida diária, eram uma lição constante. A persistente integridade, a beneficência e cortesia abnegada, que haviam conquistado a admiração dos reis, eram ostentadas em seu lar. Havia uma fragrância em torno de sua vida, uma nobreza e formosura de caráter, que revelavam a todos que ele estava em ligação com o Céu. Ele não negligenciava a alma do mais humilde servo. Em sua casa não havia uma lei para o senhor e outra para o servo; um régio caminho para o rico, e outro para o pobre. Todos eram tratados com justiça e compaixão, como herdeiros com ele da graça da vida. PP 94.3
Ele “há de ordenar a sua casa”. Gênesis 26:5. Não haveria uma negligência pecaminosa em restringir as más propensões de seus filhos, tampouco qualquer favoritismo fraco, imprudente, condescendente; nem renúncia à sua convicção do dever ante as exigências de uma afeição mal-entendida. Abraão não somente dava a instrução exata, mas mantinha a autoridade de leis justas e retas. PP 94.4
Gênesis 26:5
5 Porquanto Abraão obedeceu à minha voz, e guardou o meu mandado, os meus preceitos, os meus estatutos, e as minhas leis.
Quão poucos há em nossos dias que seguem este exemplo! Por parte de muitos pais há um sentimentalismo cego e egoísta, impropriamente chamado amor, que se manifesta deixando-se as crianças, com o juízo ainda por formar-se e as paixões indisciplinadas, à direção de sua própria vontade. Isto é a máxima crueldade para com a juventude, e grande mal ao mundo. A condescendência por parte dos pais ocasiona desordem nas famílias e na sociedade. Confirma no jovem o desejo de seguir a inclinação, em vez de se submeter aos mandamentos divinos. Assim crescem com um coração adverso a fazer a vontade de Deus, e transmitem o espírito irreligioso e insubordinado a seus filhos, e filhos de seus filhos. Como Abraão, devem os pais ordenar as suas casas depois deles. Que a obediência à autoridade paterna seja ensinada e imposta como o primeiro passo na obediência à autoridade de Deus. PP 94.5
A pouca estima em que a lei de Deus é tida, mesmo pelos dirigentes religiosos, tem sido causa de grandes males. O ensino que se tornou tão espalhado, de que os estatutos divinos não mais vigoram para os homens, é o mesmo que a idolatria em seu efeito sobre a moral do povo. Aqueles que procuram diminuir as reivindicações da santa lei de Deus, estão ferindo diretamente o fundamento do governo das famílias e nações. Pais religiosos, que deixam de andar em Seus estatutos, não ordenam sua casa de modo a observarem o caminho do Senhor. Não se faz da lei de Deus a regra da vida. Os filhos, ao constituírem lar, não se sentem na obrigação de ensinar a seus filhos aquilo em que eles mesmos nunca foram ensinados. E esta é a razão por que há tantas famílias sem Deus; é a razão por que a depravação é tão profunda e espalhada. PP 95.1
Antes que os próprios pais andem na lei do Senhor com coração perfeito, não estarão preparados para ordenar a seus filhos depois deles. Necessita-se de uma reforma neste sentido, reforma que seja profunda e extensa. Os pais necessitam de reformar-se; pastores o necessitam; necessitam de Deus em suas casas. Se desejam ver um estado de coisas diverso, devem proporcionar a Palavra de Deus a suas famílias, e dela fazer seu conselheiro. Devem ensinar aos filhos que ela é a voz de Deus a eles dirigida e que lhe devem obedecer implicitamente. Devem pacientemente instruir seus filhos, amável e incansavelmente ensinar-lhes como viver de modo a agradar a Deus. Os filhos de tal casa estão preparados para enfrentar os sofismas da incredulidade. Aceitaram a Bíblia como a base de sua fé, e têm um fundamento que não pode ser varrido pela maré invasora do ceticismo. PP 95.2
Em muitos lares a oração é negligenciada. Os pais entendem que não possuem tempo para o culto da manhã e da noite. Não podem economizar alguns momentos para serem dispendidos em ações de graças a Deus pelas Suas abundantes misericórdias — pela bendita luz do Sol e pela chuva, as quais fazem com que a vegetação floresça, e pela guarda dos santos anjos. Não têm tempo para fazerem oração pedindo auxílio e guia divinos, e rogando a contínua presença de Jesus na casa. Saem para o trabalho como o boi ou o cavalo, sem um pensamento de Deus ou do Céu. Têm almas tão preciosas que, em vez de consentir o Filho do homem ficassem elas perdidas, deu Ele a vida para resgatá-las; eles, porém, têm pouco mais apreciação de Sua grande bondade do que a têm os animais que perecem. PP 95.3
Semelhantes aos patriarcas da antiguidade, os que professam amar a Deus devem construir um altar ao Senhor onde quer que armem sua tenda. Se houve um tempo em que cada casa deve ser uma casa de oração, é hoje. Pais e mães devem muitas vezes erguer o coração a Deus em humilde súplica por si e por seus filhos. Que o pai, como o sacerdote da casa, deponha sobre o altar de Deus o sacrifício da manhã e da tarde, enquanto a esposa e filhos se unem em oração e louvor. Em uma casa tal, Jesus gostará de demorar-Se. PP 95.4
De todo lar cristão deve resplandecer uma santa luz. O amor deve revelar-se nas ações. Deve promanar de toda a relação doméstica, mostrando-se em uma bondade meditada, em uma cortesia gentil, abnegada. Há lares em que esse princípio é praticado, lares em que Deus é adorado, e em que reina o mais verdadeiro amor. Destes lares as orações matutinas e vespertinas sobem a Deus como incenso suave, e Suas misericórdias e bênçãos descem sobre os suplicantes como o orvalho da manhã. PP 96.1
Uma casa cristã bem ordenada é um poderoso argumento em favor da realidade da religião cristã, argumento que o incrédulo não pode contradizer. Todos podem ver que há na família uma influência em atividade, a qual afeta os filhos, e que o Deus de Abraão está com eles. Se os lares dos professos cristãos tivessem um molde religioso correto, exerceriam uma poderosa influência para o bem. Seriam na verdade “a luz do mundo”. Mateus 5:14. O Deus do Céu fala a todo o pai fiel, nas palavras dirigidas a Abraão: “Eu o tenho conhecido, que ele há de ordenar a seus filhos e a sua casa depois dele, para que guardem o caminho do Senhor, para obrarem com justiça e juízo; para que o Senhor faça vir sobre Abraão o que acerca dele tem falado”. Gênesis 18:19. PP 96.2
Mateus 5:14
14 Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;
Gênesis 18:19
19 Porque eu o tenho conhecido, e sei que ele há de ordenar a seus filhos e à sua casa depois dele, para que guardem o caminho do Senhor, para agir com justiça e juízo; para que o Senhor faça vir sobre Abraão o que acerca dele tem falado.