A Transfiguração


Dia 191 - Tuesday, 09 de July de 2024
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19 min

Ezequiel 7

Ouça o áudio do capítulo:

1 Depois veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo:

2 E tu, ó filho do homem, assim diz o Senhor DEUS acerca da terra de Israel: Vem o fim, o fim vem sobre os quatro cantos da terra.

3 Agora vem o fim sobre ti, e enviarei sobre ti a minha ira, e te julgarei conforme os teus caminhos, e trarei sobre ti todas as tuas abominações.

4 E não te poupará o meu olho, nem terei piedade de ti, mas porei sobre ti os teus caminhos, e as tuas abominações estarão no meio de ti; e sabereis que eu sou o Senhor.

5 Assim diz o Senhor DEUS: Um mal, eis que um só mal vem.

6 Vem o fim, o fim vem, despertou-se contra ti; eis que vem.

7 A manhà vem para ti, ó habitante da terra. Vem o tempo; chegado é o dia da turbação, e não mais o sonido de alegria dos montes.

8 Agora depressa derramarei o meu furor sobre ti, e cumprirei a minha ira contra ti, e te julgarei conforme os teus caminhos, e porei sobre ti todas as tuas abominações.

9 E não te poupará o meu olho, nem terei piedade de ti; conforme os teus caminhos, assim te punirei, e as tuas abominações estarão no meio de ti; e sabereis que eu, o Senhor, é que firo.

10 Eis aqui o dia, eis que vem; veio a manhà, já floresceu a vara, já reverdeceu a soberba.

11 A violência se levantou em vara de impiedade; nada restará deles, nem da sua multidão, nem do seu rumor, nem haverá lamentação por eles.

12 Vem o tempo, é chegado o dia; o que compra não se alegre, e o que vende não se entristeça; porque a ira ardente está sobre toda a multidão deles.

13 Porque o que vende não tornará a possuir o que vendeu, ainda que esteja entre os viventes; porque a visão, sobre toda a sua multidão, não tornará para trás, nem ninguém fortalecerá a sua vida com a sua iniqüidade.

14 Já tocaram a trombeta, e tudo prepararam, mas não há quem vá à peleja, porque a minha ardente ira está sobre toda a sua multidão.

15 Fora está a espada, e dentro a peste e a fome; o que estiver no campo morrerá à espada, e o que estiver na cidade a fome e a peste o consumirão.

16 E escaparão os que fugirem deles, mas estarão pelos montes, como pombas dos vales, todos gemendo, cada um por causa da sua iniqüidade.

17 Todas as mãos se enfraquecerão, e todos os joelhos serão débeis como água.

18 E cingir-se-ão de sacos, e o terror os cobrirá; e sobre todos os rostos haverá vergonha, e sobre todas as suas cabeças, calva.

19 A sua prata lançarão pelas ruas, e o seu ouro será removido; nem a sua prata nem o seu ouro os poderá livrar no dia do furor do Senhor; eles não fartarão a sua alma, nem lhes encherão o estômago, porque isto foi o tropeço da sua iniqüidade.

20 E a glória do seu ornamento ele a pôs em magnificência, mas eles fizeram nela imagens das suas abominações e coisas detestáveis; por isso eu lha tenho feito coisa imunda.

21 E entregá-la-ei por presa, na mão dos estrangeiros, e aos ímpios da terra por despojo; e a profanarão.

22 E desviarei deles o meu rosto, e profanarão o meu lugar oculto; porque entrarão nele saqueadores, e o profanarão.

23 Faze uma cadeia, porque a terra está cheia de crimes de sangue, e a cidade está cheia de violência.

24 E farei vir os piores dentre os gentios e possuirão as suas casas; e farei cessar a arrogância dos fortes, e os seus lugares santos serão profanados.

25 Vem a destruição; eles buscarão a paz, mas não há nenhuma.

26 Miséria sobre miséria virá, e se levantará rumor sobre rumor; então buscarão do profeta uma visão, mas do sacerdote perecerá a lei e dos anciãos o conselho.

27 O rei lamentará, e o príncipe se vestirá de desolação, e as mãos do povo da terra se conturbarão; conforme o seu caminho lhes farei, e conforme os seus merecimentos os julgarei; e saberão que eu sou o Senhor.

Ezequiel 8

Ouça o áudio do capítulo:

1 Sucedeu, pois, no sexto ano, no sexto mês, no quinto dia do mês, estando eu assentado na minha casa, e os anciãos de Judá assentados diante de mim, que ali a mão do Senhor DEUS caiu sobre mim.

2 E olhei, e eis uma semelhança como o aspecto de fogo; desde o aspecto dos seus lombos, e daí para baixo, era fogo; e dos seus lombos e daí para cima como o aspecto de um resplendor como a cor de âmbar.

3 E estendeu a forma de uma mão, e tomou-me pelos cabelos da minha cabeça; e o Espírito me levantou entre a terra e o céu, e levou-me a Jerusalém em visões de Deus, até à entrada da porta do pátio de dentro, que olha para o norte, onde estava o assento da imagem do ciúmes, que provoca ciúmes.

4 E eis que a glória do Deus de Israel estava ali, conforme o aspecto que eu tinha visto no vale.

5 E disse-me: Filho do homem, levanta agora os teus olhos para o caminho do norte. E levantei os meus olhos para o caminho do norte, e eis que ao norte da porta do altar, estava esta imagem de ciúmes na entrada.

6 E disse-me: Filho do homem, vês tu o que eles estão fazendo? As grandes abominações que a casa de Israel faz aqui, para que me afaste do meu santuário? Mas ainda tornarás a ver maiores abominações.

7 E levou-me à porta do átrio; então olhei, e eis que havia um buraco na parede.

8 E disse-me: Filho do homem, cava agora naquela parede. E cavei na parede, e eis que havia uma porta.

9 Então me disse: Entra, e vê as malignas abominações que eles fazem aqui.

10 E entrei, e olhei, e eis que toda a forma de répteis, e animais abomináveis, e de todos os ídolos da casa de Israel, estavam pintados na parede em todo o redor.

11 E estavam em pé diante deles setenta homens dos anciãos da casa de Israel, e Jaazanias, filho de Safã, em pé, no meio deles, e cada um tinha na mão o seu incensário; e subia uma espessa nuvem de incenso.

12 Então me disse: Viste, filho do homem, o que os anciãos da casa de Israel fazem nas trevas, cada um nas suas câmaras pintadas de imagens? Pois dizem: O Senhor não nos vê; o Senhor abandonou a terra.

13 E disse-me: Ainda tornarás a ver maiores abominações, que estes fazem.

14 E levou-me à entrada da porta da casa do Senhor, que está do lado norte, e eis que estavam ali mulheres assentadas chorando a Tamuz.

15 E disse-me: Vês isto, filho do homem? Ainda tornarás a ver abominações maiores do que estas.

16 E levou-me para o átrio interior da casa do Senhor, e eis que estavam à entrada do templo do Senhor, entre o pórtico e o altar, cerca de vinte e cinco homens, de costas para o templo do Senhor, e com os rostos para o oriente; e eles, virados para o oriente adoravam o sol.

17 Então me disse: Vês isto, filho do homem? Há porventura coisa mais leviana para a casa de Judá, do que tais abominações, que fazem aqui? Havendo enchido a terra de violência, tornam a irritar-me; e ei-los a chegar o ramo ao seu nariz.

18 Por isso também eu os tratarei com furor; o meu olho não poupará, nem terei piedade; ainda que me gritem aos ouvidos com grande voz, contudo não os ouvirei.

Ezequiel 9

Ouça o áudio do capítulo:

1 Então me gritou aos ouvidos com grande voz, dizendo: Fazei chegar os intendentes da cidade, cada um com as suas armas destruidoras na mão.

2 E eis que vinham seis homens a caminho da porta superior, que olha para o norte, e cada um com a sua arma destruidora na mão, e entre eles um homem vestido de linho, com um tinteiro de escrivão à sua cintura; e entraram, e se puseram junto ao altar de bronze.

3 E a glória do Deus de Israel se levantou de sobre o querubim, sobre o qual estava, indo até a entrada da casa; e clamou ao homem vestido de linho, que tinha o tinteiro de escrivão à sua cintura.

4 E disse-lhe o Senhor: Passa pelo meio da cidade, pelo meio de Jerusalém, e marca com um sinal as testas dos homens que suspiram e que gemem por causa de todas as abominações que se cometem no meio dela.

5 E aos outros disse ele, ouvindo eu: Passai pela cidade após ele, e feri; não poupe o vosso olho, nem vos compadeçais.

6 Matai velhos, jovens, virgens, meninos e mulheres, até exterminá-los; mas a todo o homem que tiver o sinal não vos chegueis; e começai pelo meu santuário. E começaram pelos homens mais velhos que estavam diante da casa.

7 E disse-lhes: Contaminai a casa e enchei os átrios de mortos; saí. E saíram, e feriram na cidade.

8 Sucedeu, pois, que, havendo-os ferido, e ficando eu sozinho, caí sobre a minha face, e clamei, e disse: Ah! Senhor DEUS! dar-se-á caso que destruas todo o restante de Israel, derramando a tua indignação sobre Jerusalém?

9 Então me disse: A maldade da casa de Israel e de Judá é grandíssima, e a terra se encheu de sangue e a cidade se encheu de perversidade; porque dizem: O Senhor abandonou a terra, e o Senhor não vê.

10 Pois, também, quanto a mim, não poupará o meu olho, nem me compadecerei; sobre a cabeça deles farei recair o seu caminho.

11 Eis que o homem que estava vestido de linho, a cuja cintura estava o tinteiro, tornou com a resposta, dizendo: Fiz como me mandaste.

Lucas 9:28-36

Ouça o áudio do capítulo:

28 E aconteceu que, quase oito dias depois destas palavras, tomou consigo a Pedro, a João e a Tiago, e subiu ao monte a orar.

29 E, estando ele orando, transfigurou-se a aparência do seu rosto, e a sua roupa ficou branca e mui resplandecente.

30 E eis que estavam falando com ele dois homens, que eram Moisés e Elias,

31 Os quais apareceram com glória, e falavam da sua morte, a qual havia de cumprir-se em Jerusalém.

32 E Pedro e os que estavam com ele estavam carregados de sono; e, quando despertaram, viram a sua glória e aqueles dois homens que estavam com ele.

33 E aconteceu que, quando aqueles se apartaram dele, disse Pedro a Jesus: Mestre, bom é que nós estejamos aqui, e façamos três tendas: uma para ti, uma para Moisés, e uma para Elias, não sabendo o que dizia.

34 E, dizendo ele isto, veio uma nuvem que os cobriu com a sua sombra; e, entrando eles na nuvem, temeram.

35 E saiu da nuvem uma voz que dizia: Este é o meu amado Filho; a ele ouvi.

36 E, tendo soado aquela voz, Jesus foi achado só; e eles calaram-se, e por aqueles dias não contaram a ninguém nada do que tinham visto.

O Desejado de Todas as Nações

A Transfiguração

Ouça o áudio do capítulo:

Este capítulo é baseado em Mateus 17:1-8; Marcos 9:2-8; Lucas 9:28-36.

Vai baixando a noite, quando Jesus chama para junto de Si três de Seus discípulos — Pedro, Tiago e João — e os conduz através dos campos e, por acidentada vereda, a uma deserta encosta de montanha. O Salvador e os discípulos tinham passado o dia viajando e ensinando, e a subida da encosta lhes acrescenta a fadiga. Cristo aliviara o fardo do espírito e do corpo de muitos sofredores; fizera-lhes passar no enfraquecido organismo a corrente da vida; Ele próprio, no entanto, também Se acha sujeito às contingências humanas, e, como os discípulos, cansa-Se com a ascensão. DTN 296.1

A luz do Sol poente paira ainda no cimo da montanha, dourando com sua esmaecente glória o trilho que percorrem. Mas em breve se dissipa a claridade nos montes e nos vales, o Sol oculta-se por trás do horizonte ocidental, e os solitários viajantes se acham envoltos nas trevas da noite. As sombras que os rodeiam condizem com a tristeza de Sua alma, em torno da qual se aglomeram e condensam as nuvens. DTN 296.2

Os discípulos não ousam perguntar a Cristo aonde vai, nem para que fim. Ele tem muitas vezes passado noites inteiras nas montanhas, em oração. Aquele cujas mãos formaram montes e vales, Se encontra em meio da natureza e goza-lhe a tranqüilidade. Os discípulos O seguem; cogitam, todavia, por que motivo os conduziria o Mestre por essa afadigante subida quando estavam cansados e Ele próprio Se achava necessitado de repouso. DTN 296.3

Afinal, Cristo lhes diz que não precisam ir mais adiante. Afastando-Se um pouco deles, o Homem de dores derrama Suas súplicas com grande clamor e lágrimas. Roga força para resistir à prova em favor da humanidade. Precisa, Ele próprio, de apoiar-Se com renovado vigor à Onipotência, pois só assim pode contemplar o futuro. E desafoga os anseios de Seu coração quanto aos discípulos, para que, na hora do poder das trevas, sua fé não desfaleça. Cai espesso o orvalho sobre o curvado corpo, mas Ele o não sente. Adensam-se as sombras da noite ao Seu redor, mas não lhes atende ao negror. Assim se passam vagarosamente as horas. A princípio, os discípulos unem as próprias preces às Suas, com sincera devoção; algum tempo depois, porém, são vencidos de cansaço, e mesmo esforçando-se por conservar o interesse, ei-los adormecidos. Jesus lhes falara de Seus sofrimentos; levara-os consigo para que se Lhe unissem em oração; está mesmo então a interceder por eles. DTN 296.4

O Salvador notara a tristeza dos discípulos, e desejara amenizar-lhes a mágoa, com a certeza de que sua fé não fora vã. Nem todos, mesmo dentre os doze, podem receber a revelação que lhes deseja fazer. Unicamente os três que Lhe hão de testemunhar a angústia no Getsêmani foram escolhidos para estar com Ele no monte. Agora, a nota predominante de Sua prece é que lhes seja dada uma manifestação da glória que Ele tinha com o Pai antes que o mundo existisse, que Seu reino seja revelado a olhos humanos e que os discípulos sejam fortalecidos pela contemplação do mesmo. Roga que testemunhem uma manifestação de Sua divindade que, na hora de Sua suprema agonia, os conforte com o conhecimento de que Ele é com certeza o Filho de Deus, e que Sua ignominiosa morte é uma parte do plano da redenção. DTN 297.1

Sua oração é ouvida. Ao achar-Se curvado em humildade sobre o pedregoso solo, o céu repentinamente se abre, descerram-se de par em par as portas de ouro da cidade de Deus, e uma santa irradiação baixa sobre o monte, envolvendo a figura do Salvador. A divindade interior irrompe através da humanidade, encontrando-Se com a glória vinda de cima. Erguendo-Se da prostrada posição em que Se achava, Cristo apresenta-Se em divina majestade. Desaparecera a agonia da alma. Seu semblante resplandece agora “como o Sol”, e Seus vestidos são “brancos como a luz”. DTN 297.2

Os discípulos, despertando, contemplam a inundação de glória que ilumina o monte. Com temor e espanto, fitam a radiosa figura do Mestre. Ao poderem resistir à assombrosa luz, vêem que Cristo não Se encontra só. Ao Seu lado acham-se dois seres celestiais, entretidos em íntima conversa com Ele. São Moisés, que falara com Deus sobre o Sinai; e Elias, a quem foi concedido o alto privilégio — outorgado unicamente a mais outro dos filhos de Adão — de não passar sob o poder da morte. DTN 297.3

Sobre o Pisga, quinze séculos atrás, estivera Moisés em contemplação da terra da promessa. Mas, por causa de seu pecado em Meribá, não lhe fora dado ali entrar. Não devia ter a alegria de introduzir as hostes de Israel na herança de seus pais. Foi-lhe recusada sua angustiosa súplica: “Rogo-Te que me deixes passar, para que veja esta boa terra que está dalém do Jordão; esta boa montanha e o Líbano!” Deuteronômio 3:25. Deve-lhe ser negada a esperança que por quarenta anos aclarara as sombras das vagueações do deserto. Uma sepultura nesse deserto, eis o objetivo daqueles anos de labuta e opressivo cuidado. Mas Aquele “que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos” (Efésios 3:20), assim atendera à súplica de Seu servo. Moisés passou sob o domínio da morte, mas não devia permanecer na sepultura. O próprio Cristo o chamou à vida. Satanás, o tentador, reclamara o corpo de Moisés por causa de seu pecado; mas Cristo, o Salvador o tirara da tumba. Judas 9. DTN 297.4

Moisés, sobre o monte da transfiguração, era um testemunho da vitória de Cristo sobre o pecado e a morte. Representava os que sairão do sepulcro na ressurreição dos justos. Elias, que fora trasladado ao Céu sem ver a morte, representava os que se hão de achar vivos na Terra por ocasião da segunda vinda de Cristo, e que serão “transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta”; quando “isto que é mortal se revestir da imortalidade” e “isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade”. 1 Coríntios 15:51-53. Jesus estava revestido da luz do Céu, como há de aparecer quando vier a “segunda vez, sem pecado [...] para salvação”. Hebreus 9:28. Pois virá “na glória de Seu Pai, com os santos anjos”. Marcos 8:38. Cumpriu-se então a promessa do Salvador aos discípulos. Sobre o monte, foi representado em miniatura o futuro reino da glória — Cristo, o Rei, Moisés como representante dos santos ressuscitados, e Elias dos trasladados. DTN 297.5

Os discípulos ainda não compreendem a cena; mas regozijam-se de que o paciente Mestre, o Manso e Humilde, que tem vagueado para cá e para lá como desamparado peregrino, seja honrado pelos favorecidos do Céu. Crêem que Elias veio para anunciar o reino do Messias, e que o domínio de Cristo está prestes a se estabelecer na Terra. A lembrança de seu temor e decepção, querem eles banir para sempre. Ali, onde se revela a glória de Deus, desejam demorar-se. Pedro exclama: “Mestre, bom é que nós estejamos aqui, e façamos três cabanas, uma para Ti, outra para Moisés, e outra para Elias.” Os discípulos estão confiantes que Moisés e Elias foram enviados para proteger seu Mestre, e estabelecer-Lhe a autoridade de rei. DTN 298.1

Antes da coroa, no entanto, é preciso que venha a cruz. Não a consagração de Cristo como rei, mas a morte a verificar-se em Jerusalém, é objeto da conferência deles com Jesus. Levando a fraqueza da humanidade e oprimido com a dor e o pecado da mesma, andava Jesus, sozinho, por entre os homens. À medida que sobre Ele se adensavam as trevas da vindoura provação, Seu espírito se sentia isolado, num mundo que O não conhecia. Mesmo os Seus amados discípulos, absorvidos com sua própria dúvida, pesares e ambiciosas esperanças, não tinham compreendido o mistério de Sua missão. Ele vivera na comunhão e no amor do Céu; no mundo que Ele próprio criara, no entanto, encontrava-Se solitário. Então enviara o Céu seus mensageiros a Jesus; não anjos, mas homens que suportaram sofrimentos e tristezas, e estavam aptos a sentir com o Salvador na prova de Sua existência terrestre. Moisés e Elias foram colaboradores de Cristo. Partilharam de Seus anseios em torno da salvação dos homens. Moisés intercedera por Israel: “Agora pois perdoa o seu pecado, se não risca-me, peço-Te do Teu Livro, que tens escrito”. Êxodo 32:32. Elias conhecera a solidão de espírito quando, por três anos e meio de fome, suportara o peso do ódio e da miséria da nação. Sozinho, mantivera-se na defesa de Deus sobre o monte Carmelo. Sozinho fugira para o deserto em angústia e desespero. Esses homens, escolhidos de preferência a todos os anjos que rodeiam o trono, tinham vindo a conversar com Jesus acerca das cenas de Seu sofrimento, e confortá-Lo com a certeza da simpatia do Céu. A esperança do mundo, a salvação de toda criatura humana, eis o assunto de sua entrevista. DTN 298.2

Por haverem sido vencidos pelo sono, os discípulos pouco ouviram do que se passara entre Cristo e os mensageiros celestiais. Deixando de vigiar e orar, não receberam o que Deus lhes desejava dar — o conhecimento dos sofrimentos de Jesus e da glória que se havia de seguir. Perderam a bênção que lhes teria cabido, houvessem eles participado de Seu sacrifício. Tardios de coração eram esses discípulos, tão pouco sabendo apreciar o tesouro com que o Céu os buscava enriquecer! DTN 299.1

Receberam, contudo, grande luz. Foi-lhes assegurado que todo o Céu sabia do pecado da nação judaica em rejeitar a Cristo. Foi-lhes proporcionado mais claro conhecimento da obra do Redentor. Viram com os próprios olhos e com os próprios ouvidos ouviram coisas que estavam além da compreensão do homem. Eram “testemunhas oculares da Sua majestade” (2 Pedro 1:16) e reconheciam que Jesus era de fato o Messias, de quem haviam testificado patriarcas e profetas, e que como tal O aceitava o Universo celeste. DTN 299.2

Estando ainda a contemplar a cena sobre o monte, “eis que uma nuvem luminosa os cobriu. E da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o Meu amado Filho, em quem Me comprazo; escutai-O”. Mateus 17:5. Ao contemplarem a nuvem gloriosa, mais resplandecente do que aquela que ia adiante das tribos de Israel no deserto; ao ouvirem a voz de Deus falando em terrível majestade, fazendo tremer a montanha, os discípulos caíram por terra. Ali permaneceram prostrados, o rosto oculto, até que Jesus Se aproximou e os tocou, dissipando os temores com Sua conhecida voz: “Levantai-vos, e não tenhais medo”. Mateus 17:7. Aventurando-se a erguer os olhos, viram que a glória celestial se dissipara, e as figuras de Moisés e Elias haviam desaparecido. Estavam no monte, a sós com Jesus. DTN 299.3

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