A Reabilitação do Homem


Dia 248 - Wednesday, 04 de September de 2024
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24 min

  • Salmos 42-44
  • Lucas 15:11-32

Salmos 42

Ouça o áudio do capítulo:

1 Assim como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus!

2 A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus?

3 As minhas lágrimas servem-me de mantimento de dia e de noite, enquanto me dizem constantemente: Onde está o teu Deus?

4 Quando me lembro disto, dentro de mim derramo a minha alma; pois eu havia ido com a multidão. Fui com eles à casa de Deus, com voz de alegria e louvor, com a multidão que festejava.

5 Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas em mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei pela salvação da sua face.

6 Ó meu Deus, dentro de mim a minha alma está abatida; por isso lembro-me de ti desde a terra do Jordão, e desde os hermonitas, desde o pequeno monte.

7 Um abismo chama outro abismo, ao ruído das tuas catadupas; todas as tuas ondas e as tuas vagas têm passado sobre mim.

8 Contudo o Senhor mandará a sua misericórdia de dia, e de noite a sua canção estará comigo, uma oração ao Deus da minha vida.

9 Direi a Deus, minha rocha: Por que te esqueceste de mim? Por que ando lamentando por causa da opressão do inimigo?

10 Com ferida mortal em meus ossos me afrontam os meus adversários, quando todo dia me dizem: Onde está o teu Deus?

11 Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, o qual é a salvação da minha face, e o meu Deus.

Salmos 43

Ouça o áudio do capítulo:

1 Faze-me justiça, ó Deus, e pleiteia a minha causa contra a nação ímpia. Livra-me do homem fraudulento e injusto.

2 Pois tu és o Deus da minha fortaleza; por que me rejeitas? Por que ando lamentando por causa da opressão do inimigo?

3 Envia a tua luz e a tua verdade, para que me guiem e me levem ao teu santo monte, e aos teus tabernáculos.

4 Então irei ao altar de Deus, a Deus, que é a minha grande alegria, e com harpa te louvarei, ó Deus, Deus meu.

5 Por que estás abatida, ó minha alma? E por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, o qual é a salvação da minha face e Deus meu.

Salmos 44

Ouça o áudio do capítulo:

1 Ó Deus, nós ouvimos com os nossos ouvidos, e nossos pais nos têm contado a obra que fizeste em seus dias, nos tempos da antiguidade.

2 Como expulsaste os gentios com a tua mão e os plantaste a eles; como afligiste os povos e os derrubaste.

3 Pois não conquistaram a terra pela sua espada, nem o seu braço os salvou, mas a tua destra e o teu braço, e a luz da tua face, porquanto te agradaste deles.

4 Tu és o meu Rei, ó Deus; ordena salvações para Jacó.

5 Por ti venceremos os nossos inimigos; pelo teu nome pisaremos os que se levantam contra nós.

6 Pois eu não confiarei no meu arco, nem a minha espada me salvará.

7 Mas tu nos salvaste dos nossos inimigos, e confundiste os que nos odiavam.

8 Em Deus nos gloriamos todo o dia, e louvamos o teu nome eternamente. (Selá.)

9 Mas agora tu nos rejeitaste e nos confundiste, e não sais com os nossos exércitos.

10 Tu nos fazes retirar do inimigo, e aqueles que nos odeiam nos saqueiam para si.

11 Tu nos entregaste como ovelhas para comer, e nos espalhaste entre os gentios.

12 Tu vendes por nada o teu povo, e não aumentas a tua riqueza com o seu preço.

13 Tu nos pões por opróbrio aos nossos vizinhos, por escárnio e zombaria daqueles que estão à roda de nós.

14 Tu nos pões por provérbio entre os gentios, por movimento de cabeça entre os povos.

15 A minha confusão está constantemente diante de mim, e a vergonha do meu rosto me cobre,

16 À voz daquele que afronta e blasfema, por causa do inimigo e do vingador.

17 Tudo isto nos sobreveio; contudo não nos esquecemos de ti, nem nos houvemos falsamente contra a tua aliança.

18 O nosso coração não voltou atrás, nem os nossos passos se desviaram das tuas veredas;

19 Ainda que nos quebrantaste num lugar de dragões, e nos cobriste com a sombra da morte.

20 Se nós esquecemos o nome do nosso Deus, e estendemos as nossas mãos para um deus estranho,

21 Porventura não esquadrinhará Deus isso? Pois ele sabe os segredos do coração.

22 Sim, por amor de ti, somos mortos todo o dia; somos reputados como ovelhas para o matadouro.

23 Desperta, por que dormes, Senhor? Acorda, não nos rejeites para sempre.

24 Por que escondes a tua face, e te esqueces da nossa miséria e da nossa opressão?

25 Pois a nossa alma está abatida até ao pó; o nosso ventre se apega à terra.

26 Levanta-te em nosso auxílio, e resgata-nos por amor das tuas misericórdias.

Lucas 15:11-32

Ouça o áudio do capítulo:

11 E disse: Um certo homem tinha dois filhos;

12 E o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me pertence. E ele repartiu por eles a fazenda.

13 E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente.

14 E, havendo ele gastado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a padecer necessidades.

15 E foi, e chegou-se a um dos cidadãos daquela terra, o qual o mandou para os seus campos, a apascentar porcos.

16 E desejava encher o seu estômago com as bolotas que os porcos comiam, e ninguém lhe dava nada.

17 E, tornando em si, disse: Quantos jornaleiros de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome!

18 Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti;

19 Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus jornaleiros.

20 E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou.

21 E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e perante ti, e já não sou digno de ser chamado teu filho.

22 Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa; e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão, e alparcas nos pés;

23 E trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos, e alegremo-nos;

24 Porque este meu filho estava morto, e reviveu, tinha-se perdido, e foi achado. E começaram a alegrar-se.

25 E o seu filho mais velho estava no campo; e quando veio, e chegou perto de casa, ouviu a música e as danças.

26 E, chamando um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo.

27 E ele lhe disse: Veio teu irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo.

28 Mas ele se indignou, e não queria entrar.

29 E saindo o pai, instava com ele. Mas, respondendo ele, disse ao pai: Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos;

30 Vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou os teus bens com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado.

31 E ele lhe disse: Filho, tu sempre estás comigo, e todas as minhas coisas são tuas;

32 Mas era justo alegrarmo-nos e folgarmos, porque este teu irmão estava morto, e reviveu; e tinha-se perdido, e achou-se.

Parábolas de Jesus

A Reabilitação do Homem

Ouça o áudio do capítulo:

Este capítulo é baseado em Lucas 15:11-32.

As parábolas da ovelha e da dracma perdidas, e do filho pródigo, apresentam em traços claros, o misericordioso amor de Deus para com os que dEle se desviam. Embora se tenham dEle apartado, Deus não os abandona na miséria. Está cheio de amor e terna compaixão para com todos os que estão expostos às tentações do astucioso inimigo. PJ 101.2

Na parábola do filho pródigo é-nos apresentado o procedimento do Senhor com aqueles que uma vez conheceram o amor paterno, mas consentiram ao tentador levá-los cativos a sua vontade. PJ 101.3

“Um certo homem tinha dois filhos. E o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte da fazenda que me pertence. E ele repartiu por eles a fazenda. E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua.” Lucas 15:11-13. PJ 101.4

O filho mais novo cansara-se das restrições da casa paterna. Pensou que sua liberdade era reprimida. O amor e cuidado do pai foram mal-interpretados, e determinou seguir os ditames de sua própria inclinação. O jovem não reconhece qualquer obrigação para com o pai, e não exprime gratidão, contudo reclama o privilégio de filho para participar dos bens de seu pai. Deseja receber logo a herança que lhe caberia pela morte do pai. Pensa só na alegria presente, e não se preocupa com o futuro. PJ 101.5

Depois de receber seu patrimônio, sai da casa paterna para “uma terra longínqua”. Com dinheiro em profusão e podendo fazer o que bem entende, lisonjeia-se de ter alcançado o desejo de seu coração. Ninguém há, agora, que lhe diga: não faças isto porque há de prejudicar-te, ou: faze aquilo porque é bom. Maus companheiros ajudam-no a abismar-se mais e mais no pecado; e “desperdiçou a sua fazenda, vivendo dissolutamente”. PJ 102.1

A Bíblia fala de homens que “dizendo-se sábios, tornaram-se loucos”. Romanos 1:22. E esta é a história do jovem da parábola. A fazenda que de forma egoísta pedira de seu pai, dissipou com meretrizes. Os tesouros de sua varonilidade foram esbanjados. Os preciosos anos de vida, a força do intelecto, as brilhantes visões da juventude, as aspirações espirituais — tudo foi consumido no fogo do prazer. PJ 102.2

Houve uma grande fome na Terra; ele começou a padecer necessidade, e foi-se a um cidadão do país, que o mandou ao campo para apascentar porcos. Para um judeu esta ocupação era a mais vil e degradante. O jovem que se gloriava de sua liberdade, vê-se agora escravo. Está na pior das escravaturas — “com as cordas do seu pecado, será detido”. Provérbios 5:22. O brilho falso que o atraía desapareceu, e sente o peso dos seus grilhões. Naquela terra desolada e atingida pela fome, sentado no chão, sem outros companheiros senão os porcos, é constrangido a encher o estômago com as bolotas com que eram alimentados os animais. De todos os alegres companheiros que o rodeavam nos seus dias prósperos, e que comiam e bebiam a sua custa, nem um único ficou para animá-lo. A que se reduziu a sua orgíaca alegria? Sufocando a consciência e aturdindo os sentimentos, achava-se feliz; porém agora, sem dinheiro, com fome não saciada, com o orgulho humilhado, a natureza moral atrofiada, a vontade enfraquecida e indigna de confiança, seus sentimentos mais nobres aparentemente mortos, é o mais miserável dos mortais. PJ 102.3

Que quadro nos é apresentado da condição do pecador! Embora envolto pelas bênçãos do amor de Deus, nada há que o pecador, inclinado à satisfação própria e aos prazeres pecaminosos, mais deseje do que a separação de Deus. Como o filho ingrato, reclama as boas coisas de Deus, como suas por direito. Recebe-as como coisa muito natural, não agradece nem presta serviço algum de amor. Como Caim saiu da presença do Senhor para procurar morada; como o filho pródigo partiu “para uma terra longínqua” (Lucas 15:13), assim, no esquecimento de Deus, procuram os pecadores a felicidade. Romanos 1:28. PJ 102.4

Qualquer que seja a aparência, toda vida centralizada no eu, está arruinada. Todo aquele que procura viver separado de Deus, dissipa seus bens. Desperdiça os preciosos anos, esbanja as forças do intelecto, do coração e da alma, e trabalha para a sua eterna perdição. O homem que se aliena de Deus, para servir a si mesmo, é escravo de Mamom. A mente, que Deus criou para a companhia de anjos, degradou-se no serviço do que é terreno e animal. Este é o fim a que tende quem serve o próprio eu. PJ 102.5

Se você escolheu uma tal vida, sabe então que gasta dinheiro com o que não é pão, e trabalho com o que não satisfaz. Virão dias em que reconhecerá a sua degradação. Só, na longínqua terra, você sente a miséria, e brada em desespero: “Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” Romanos 7:24. As palavras do profeta contêm a afirmação de uma verdade universal: “Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor! Porque será como a tamargueira no deserto e não sentirá quando vem o bem; antes, morará nos lugares secos do deserto, na terra salgada e inabitável.” Jeremias 17:5, 6. Deus “faz que o Seu Sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos”. Mateus 5:45. O homem, porém, tem o poder de se retrair do Sol e da chuva. Semelhantemente, quando o Sol da Justiça brilha, e os chuveiros da graça caem indiscriminadamente sobre todos, podemos, separando-nos de Deus, ser “como a tamargueira no deserto”. PJ 103.1

O amor de Deus anela sempre aquele que dEle se afastou, e põe em operação influências para fazê-lo tornar à casa paterna. O filho pródigo, em sua miséria, voltou a si. O poder ilusório que Satanás sobre ele exercia, foi quebrado. Viu que o sofrimento era conseqüência de sua própria loucura, e disse: “Quantos trabalhadores de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome! Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai.” Lucas 15:17, 18. Miserável como era, o pródigo achou esperança na convicção do amor do pai. Era aquele amor que o estava impelindo para o lar. Assim, a certeza do amor de Deus é que move o pecador a voltar para Ele. “A benignidade de Deus te leva ao arrependimento.” Romanos 2:4. Uma cadeia dourada, a graça e compaixão do amor divino, é atada ao redor de toda pessoa em perigo. O Senhor declara: “Com amor eterno te amei; também com amorável benignidade te atraí.” Jeremias 31:3. PJ 103.2

O filho resolve confessar sua culpa. Quer ir ter com o pai e dizer-lhe: “Pai, pequei contra o Céu e perante ti. Já não sou digno de ser chamado teu filho.” Mas, mostrando como é limitada a sua concepção do amor do pai, acrescenta: “Faze-me como um dos teus trabalhadores.” Lucas 15:18, 19. PJ 103.3

O jovem volta-se da manada de porcos e das bolotas, e dirige o olhar para casa. Tremente de fraqueza e abatido pela fome, põe-se a caminho com diligência. Não tem uma capa para ocultar suas vestes esfarrapadas; mas sua miséria venceu o orgulho e apressa-se a suplicar a posição de trabalhador, onde outrora estava como filho. PJ 103.4

O jovem, alegre e despreocupado, quando abandonou a mansão paterna, pouco imaginou a dor e saudade deixadas no coração do pai. Quando dançava e folgava com os companheiros devassos, pouco meditava na sombra que caíra sobre a casa paterna. E agora, enquanto percorre o caminho de volta, com cansados e doloridos passos, não sabe que alguém aguarda a sua volta. Mas “quando ainda estava longe” o pai distingue o vulto. O amor tem bons olhos. Nem o definhamento causado pelos anos de pecados pode ocultar o filho aos olhos do pai. “E se moveu de íntima compaixão, e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço” num abraço terno e amoroso. Lucas 15:20. PJ 104.1

O pai não permite que olhos desdenhosos vejam a miséria e as vestes esfarrapadas do filho. Toma de seus próprios ombros o manto amplo e valioso, e lança-o em volta do corpo combalido do filho, e o jovem soluça seu arrependimento, dizendo: “Pai, pequei contra o Céu e perante ti e já não sou digno de ser chamado teu filho.” Lucas 15:21. O pai toma-o consigo e leva-o para casa. Não lhe é dada a oportunidade de pedir a posição do trabalhador. É um filho que deve ser honrado com o melhor que a casa pode oferecer, e ser servido e respeitado pelos criados e criadas. PJ 104.2

O pai diz aos servos: “Trazei depressa a melhor roupa, e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão e sandálias nos pés, e trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos e alegremo-nos, porque este meu filho estava morto e reviveu; tinha-se perdido e foi achado. E começaram a alegrar-se.” Lucas 15:22-24. PJ 104.3

Em sua irrequieta juventude, o filho pródigo considerava o pai inflexível e austero. Que diferente é sua concepção dele agora! Assim também os engodados por Satanás consideram Deus áspero e severo. Vêem-nO esperando para os denunciar e condenar, como se não tivesse vontade de receber o pecador enquanto houver uma desculpa legítima para não o auxiliar. Consideram Sua lei uma restrição à felicidade humana, jugo opressor de que se alegram em escapar. Todavia o homem cujos olhos foram abertos por Cristo, reconhecerá a Deus como cheio de compaixão. Não lhe parece um tirano inexorável, mas um pai ansioso por abraçar o filho arrependido. O pecador, com o salmista, exclamará: “Como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor Se compadece daqueles que O temem.” Salmos 103:13. PJ 104.4

Na parábola não é acusada nem censurada a má conduta do filho pródigo. O filho sente que o passado está perdoado, esquecido e apagado para sempre. E assim fala Deus ao pecador: “Desfaço as tuas transgressões como a névoa, e os teus pecados, como a nuvem.” Isaías 44:22. “Porque perdoarei a sua maldade e nunca mais Me lembrarei dos seus pecados.” Jeremias 31:34. “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno, os seus pensamentos e se converta ao Senhor, que Se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar.” Isaías 55:7. “Naqueles dias e naquele tempo, diz o Senhor, buscar-se-á a maldade de Israel e não será achada; e os pecados de Judá, mas não se acharão.” Jeremias 50:20. PJ 104.5

Que segurança da voluntariedade de Deus em receber o pecador arrependido! Escolheste, caro leitor, teu próprio caminho? Vagaste longe de Deus? Aspiraste desfrutar os frutos da transgressão, só para vê-los desfazerem-se em cinzas nos lábios? E agora que os teus bens estão dissipados, teus planos malogrados e mortas as tuas esperanças, estás solitário e desolado? Agora, aquela voz que te falou longamente ao coração, mas para a qual não atentaste, chega a ti clara e distinta: “Levantai-vos e andai, porque não será aqui o vosso descanso; por causa da corrupção que destrói, sim, que destrói grandemente.” Miquéias 2:10. Volta ao lar do Pai. Ele te convida, dizendo: “Torna-te para Mim, porque Eu te remi.” Isaías 44:22. PJ 105.1

Não dê ouvidos à sugestão do inimigo, de permanecer afastado de Cristo até que se faça melhor, até que você seja bastante bom para ir a Deus. Se esperar até lá, nunca você irá a Ele. Se Satanás te apontar as vestes imundas, repete a promessa de Jesus: “O que vem a Mim de maneira nenhuma o lançarei fora.” João 6:37. Dize ao inimigo que o sangue de Cristo purifica de todo o pecado. Faze tua a oração de Davi: “Purifica-me com hissopo, e ficarei puro; lava-me, e ficarei mais alvo do que a neve.” Salmos 51:7. PJ 105.2

Levante-se e vá ter com seu Pai. Ele irá ao seu encontro quando ainda estiver longe. Se aproximar-se um passo que seja, em arrependimento, Ele se apressará para cingi-lo com os braços de infinito amor. Seu ouvido está aberto ao clamor da alma contrita. O primeiro anseio do coração por Deus Lhe é conhecido. Jamais é proferida uma oração, por vacilante que seja, jamais uma lágrima vertida, por mais secreta, e jamais alimentado um sincero anelo de Deus, embora débil, que o Espírito de Deus não saia a satisfazê-lo. Antes mesmo de ser pronunciada a oração, ou expresso o desejo do coração, sai graça de Cristo para juntar-se à graça que opera na pessoa. PJ 105.3

Seu Pai celestial te tirará as vestes manchadas de pecados. Na bela profecia de Zacarias, o sumo sacerdote Josué, que estava em pé diante do anjo do Senhor, com vestimentas imundas, representa o pecador. E o Senhor disse: “Tirai-lhe estas vestes sujas. E a ele lhe disse: Eis que tenho feito com que passe de ti a tua iniqüidade e te vestirei de vestes novas. ... E puseram uma mitra limpa sobre sua cabeça e o vestiram de vestes.” Zacarias 3:4, 5. Assim Deus o vestirá de “vestes de salvação”, e o cobrirá com o “manto da justiça”. Isaías 61:10. “Ainda que vos deiteis entre redis, sereis como as asas de uma pomba, cobertas de prata, com as suas penas de ouro amarelo.” Salmos 68:13. PJ 106.1

Levá-lo-á à sala do banquete, e o Seu estandarte sobre você será o amor. Cantares 2:4. “Se andares nos Meus caminhos”, declara, “te darei lugar entre os que estão aqui”, mesmo entre os santos anjos que circundam Seu trono. Zacarias 3:7. PJ 106.2

“E, como o noivo se alegra com a noiva, assim Se alegrará contigo o teu Deus.” Isaías 62:5. “Ele Se deleitará em ti com alegria; calar-Se-á por Seu amor, regozijar-Se-á em ti com júbilo.” Sofonias 3:17. E o Céu e a Terra unir-se-ão ao Pai em cânticos de alegria: “Porque este meu filho estava morto e reviveu; tinha-se perdido e foi achado.” Lucas 15:24. PJ 106.3

Até aqui, na parábola do Salvador, não há nota discordante para destoar a harmonia da cena de júbilo; agora, porém, Cristo introduz novo elemento. Ao voltar o filho pródigo, o primogênito estava “no campo”; e chegando-se à casa ouviu a música e a dança. Lucas 15:25. Chamou um dos criados e perguntou-lhe que significavam essas coisas. Retrucou-lhe este: “Veio teu irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo. Mas ele se indignou e não queria entrar.” Lucas 15:27, 28. Este irmão mais velho não participara da ansiedade e expectativa do pai por aquele que se perdera. Não partilha por isso da alegria paterna pela volta do errante. Os cânticos de alegria não lhe inflamam contentamento ao coração. Pergunta a um servo pelo motivo da festa, e a resposta aviva-lhe o ciúme. Não quer entrar para dar as boas-vindas ao irmão perdido. O favor mostrado ao pródigo, considera-o um insulto a si próprio. PJ 106.4

Quando o pai sai para argumentar com ele, o orgulho e maldade de sua natureza são revelados. Expõe sua vida na casa paterna como um ciclo de serviço não reconhecido, e então contrasta de modo ingrato o favor mostrado ao filho que acabava de voltar. Demonstra que seu serviço era antes o de servo e não de filho. Ao passo que devia ter constante alegria na presença do pai, seus pensamentos estavam dirigidos aos lucros a serem acumulados por sua vida circunspecta. Suas palavras mostram que por essa razão se privou dos prazeres do pecado. Agora esse irmão deve partilhar das dádivas do pai, o filho mais velho julga que lhe fazem injustiça. Inveja a boa acolhida proporcionada ao irmão. Mostra claramente que se estivesse na posição do pai não receberia o pródigo. Nem mesmo o reconhece como irmão, porém dele fala friamente como “teu filho”. Lucas 15:30. PJ 106.5

Contudo, o pai tratou-o com brandura. “Filho”, diz ele “tu sempre estás comigo, e todas as minhas coisas são tuas.” Lucas 15:31. Durante todos esses anos da vida dissoluta de teu irmão, não tiveste o privilégio de minha companhia? PJ 107.1

Tudo que podia favorecer a felicidade de seus filhos, estava-lhes à disposição. O filho não precisa esperar uma recompensa ou dádiva. “Todas as minhas coisas são tuas.” Só deves confiar em meu amor, e tomar o dom que é oferecido gratuitamente. PJ 107.2

Um filho rompera algum tempo com a família por não discernir o amor do pai. Mas agora voltara, e a onda de alegria varre todo pensamento perturbante. “Este teu irmão estava morto e reviveu; tinha-se perdido e foi achado.” Lucas 15:32. PJ 107.3

Foi levado o irmão mais velho a ver seu espírito mesquinho e ingrato? Chegou a reconhecer, que embora o irmão tivesse agido impiamente, era, ainda e sempre, seu irmão? Arrependeu-se o irmão mais velho de seu amor-próprio e dureza de coração? Com referência a isso, Jesus guardou silêncio. A parábola ainda não terminara, e restava que os ouvintes determinassem qual seria o epílogo. PJ 107.4

Pelo irmão mais velho foram representados os impenitentes judeus contemporâneos de Cristo, como também os fariseus de todas as épocas, que olhavam com desprezo àqueles que consideravam publicanos e pecadores. Porque eles mesmos não caíram no mais degradante vício, enchiam-se de justiça própria. Jesus enfrentou essa gente ardilosa em seu próprio terreno. Como o filho mais velho da parábola, desfrutavam de especiais privilégios de Deus. Diziam-se filhos na casa de Deus, mas tinham o espírito de mercenários. Não trabalhavam movidos por amor, mas pela esperança de recompensa. A seus olhos, Deus era um feitor severo. Viam como Cristo convidava os publicanos e pecadores para receber livremente as dádivas de Sua graça — dádivas que os rabinos pensavam assegurar-se somente por trabalho e penitência — e ofenderam-se. A volta do filho pródigo, que encheu o coração paterno de alegria, provocava-lhes o ciúme. PJ 107.5

Na parábola, a intercessão do pai junto do primogênito era o terno apelo do Céu aos fariseus. “Todas as Minhas coisas são tuas” — não como salário mas como dádiva. Como o pródigo, somente podeis recebê-las como concessões imerecidas do amor paterno. PJ 107.6

A justiça própria conduz os homens não somente a representar a Deus falsamente, como os torna impiedosos e críticos para com seus irmãos. O filho mais velho, em seu egoísmo e inveja, estava pronto a observar o irmão, criticar todas as suas ações, e culpá-lo da menor falta. Acusaria todo engano e exageraria quanto possível todo ato errado. Desse modo pretendia justificar seu espírito irreconciliável. Muitos fazem hoje o mesmo. Enquanto a pessoa enfrenta a primeira luta contra um turbilhão de tentações, estão ao lado de zombeteiros, obstinados, reclamando e acusando. Podem professar ser filhos de Deus, mas manifestam o espírito de Satanás. Por seu procedimento para com os irmãos, estes acusadores se colocam onde Deus não pode fazer brilhar a luz de Seu semblante. PJ 108.1

Quantos não perguntam constantemente: “Com que me apresentarei ao Senhor e me inclinarei ante o Deus altíssimo? Virei perante Ele com holocaustos, com bezerros de um ano? Agradar-Se-á o Senhor de milhares de carneiros? De dez mil ribeiros de azeite?” Miquéias 6:6, 7. Mas “Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a beneficência, e andes humildemente com o teu Deus?” Miquéias 6:8. PJ 108.2

Esse é o culto que o Senhor escolheu: “Que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo, e que deixes livres os quebrantados, e que despedaces todo o jugo... e não te escondas daquele que é da tua carne.” Isaías 58:6, 7. Quando vos considerardes pecadores salvos unicamente pelo amor do Pai celestial, então tereis amor e compaixão por outros que sofrem no pecado. Então não mais defrontareis a miséria e o arrependimento com ciúme e censura. Quando o gelo do amor-próprio se derreter de vosso coração, estareis em simpatia com Deus, e partilhareis de Sua alegria na salvação do perdido. PJ 108.3

Verdade é que professas ser filho de Deus; porém, se esta declaração for verdade, é “teu irmão”, que estava “morto e reviveu; tinha-se perdido e foi achado”. Lucas 15:32. Ele se acha ligado a ti pelos vínculos mais íntimos; porque Deus o reconhece como filho. Nega teu parentesco com ele, e mostrarás que és apenas mais um empregado na casa paterna, não um filho da família de Deus. PJ 108.4

Embora não te associes à recepção ao pródigo, a alegria prosseguirá, o restaurado tomará seu lugar ao lado do Pai e em Sua obra. Aquele a quem muito se perdoou, ama também muito. Tu, porém, estarás fora, nas trevas; pois “aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor”. 1 João 4:8. PJ 108.5

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