A Festa dos Tabernáculos


Dia 194 - Friday, 12 de July de 2024
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26 min

  • Ezequiel 15 e 16
  • João 7:1-15
  • João 7:37-39

Ezequiel 15

Ouça o áudio do capítulo:

1 E veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo:

2 Filho do homem, que mais é a árvore da videira do que qualquer outra árvore, ou do que o sarmento que está entre as árvores do bosque?

3 Toma-se dela madeira para fazer alguma obra? Ou toma-se dela alguma estaca, para que se lhe pendure um vaso?

4 Eis que é lançado no fogo, para ser consumido; ambas as suas extremidades consome o fogo, e o meio dela fica também queimado; serviria porventura para alguma obra?

5 Ora, se estando inteiro, não servia para obra alguma, quanto menos sendo consumido pelo fogo, e, sendo queimado, se faria ainda obra dele?

6 Portanto, assim diz o Senhor DEUS: Como a árvore da videira entre as árvores do bosque, que tenho entregue ao fogo para que seja consumido, assim entregarei os habitantes de Jerusalém.

7 E porei a minha face contra eles; do fogo sairão, mas o fogo os consumirá; e sabereis que eu sou o Senhor, quando tiver posto a minha face contra eles.

8 E tornarei a terra em desolação, porquanto grandemente transgrediram, diz o Senhor DEUS.

Ezequiel 16

Ouça o áudio do capítulo:

1 E veio a mim outra vez a palavra do SENHOR, dizendo:

2 Filho do homem, faze conhecer a Jerusalém as suas abominações.

3 E dize: Assim diz o Senhor DEUS a Jerusalém: A tua origem e o teu nascimento procedem da terra dos cananeus. Teu pai era amorreu, e tua mãe hetéia.

4 E, quanto ao teu nascimento, no dia em que nasceste não te foi cortado o umbigo, nem foste lavada com água para te limpar; nem tampouco foste esfregada com sal, nem envolta em faixas.

5 Não se apiedou de ti olho algum, para te fazer alguma coisa disto, compadecendo-se de ti; antes foste lançada em pleno campo, pelo nojo da tua pessoa, no dia em que nasceste.

6 E, passando eu junto de ti, vi-te a revolver-te no teu sangue, e disse-te: Ainda que estejas no teu sangue, vive; sim, disse-te: Ainda que estejas no teu sangue, vive.

7 Eu te fiz multiplicar como o renovo do campo, e cresceste, e te engrandeceste, e chegaste à grande formosura; avultaram os seios, e cresceu o teu cabelo; mas estavas nua e descoberta.

8 E, passando eu junto de ti, vi-te, e eis que o teu tempo era tempo de amores; e estendi sobre ti a aba do meu manto, e cobri a tua nudez; e dei-te juramento, e entrei em aliança contigo, diz o Senhor DEUS, e tu ficaste sendo minha.

9 Então te lavei com água, e te enxuguei do teu sangue, e te ungi com óleo.

10 E te vesti com roupas bordadas, e te calcei com pele de texugo, e te cingi com linho fino, e te cobri de seda.

11 E te enfeitei com adornos, e te pus braceletes nas mãos e um colar ao redor do teu pescoço.

12 E te pus um pendente na testa, e brincos nas orelhas, e uma coroa de glória na cabeça.

13 E assim foste ornada de ouro e prata, e o teu vestido foi de linho fino, e de seda e de bordados; nutriste-te de flor de farinha, e mel e azeite; e foste formosa em extremo, e foste próspera, até chegares a realeza.

14 E correu de ti a tua fama entre os gentios, por causa da tua formosura, pois era perfeita, por causa da minha glória que eu pusera em ti, diz o Senhor DEUS.

15 Mas confiaste na tua formosura, e te corrompeste por causa da tua fama, e prostituías-te a todo o que passava, para seres dele.

16 E tomaste dos teus vestidos, e fizeste lugares altos pintados de diversas cores, e te prostituíste sobre eles, como nunca sucedera, nem sucederá.

17 E tomaste as tuas jóias de enfeite, que eu te dei do meu ouro e da minha prata, e fizeste imagens de homens, e te prostituíste com elas.

18 E tomaste os teus vestidos bordados, e as cobriste; e o meu azeite e o meu perfume puseste diante delas.

19 E o meu pão que te dei, a flor de farinha, e o azeite e o mel com que eu te sustentava, também puseste diante delas em cheiro suave; e assim foi, diz o Senhor DEUS.

20 Além disto, tomaste a teus filhos e tuas filhas, que me tinhas gerado, e os sacrificaste a elas, para serem consumidos; acaso é pequena a tua prostituição?

21 E mataste a meus filhos, e os entregaste a elas para os fazerem passar pelo fogo.

22 E em todas as tuas abominações, e nas tuas prostituições, não te lembraste dos dias da tua mocidade, quando tu estavas nua e descoberta, e revolvida no teu sangue.

23 E sucedeu, depois de toda a tua maldade (ai, ai de ti! diz o Senhor DEUS),

24 Que edificaste uma abóbada, e fizeste lugares altos em cada rua.

25 A cada canto do caminho edificaste o teu lugar alto, e fizeste abominável a tua formosura, e alargaste os teus pés a todo o que passava, e multiplicaste as tuas prostituições.

26 Também te prostituíste com os filhos do Egito, teus vizinhos grandes de carne, e multiplicaste a tua prostituição para me provocares à ira.

27 Por isso estendi a minha mão sobre ti, e diminuí a tua porção; e te entreguei à vontade das que te odeiam, das filhas dos filisteus, as quais se envergonhavam do teu caminho depravado.

28 Também te prostituíste com os filhos da Assíria, porquanto eras insaciável; e prostituindo-te com eles, nem ainda assim ficaste farta.

29 Antes multiplicaste as tuas prostituições na terra de Canaã até Caldéia, e nem ainda com isso te fartaste.

30 Quão fraco é o teu coração, diz o Senhor DEUS, fazendo tu todas estas coisas, obras de uma meretriz imperiosa!

31 Edificando tu a tua abóbada ao canto de cada caminho, e fazendo o teu lugar alto em cada rua! Nem foste como a meretriz, pois desprezaste a paga;

32 Foste como a mulher adúltera que, em lugar de seu marido, recebe os estranhos.

33 A todas as meretrizes dão paga, mas tu dás os teus presentes a todos os teus amantes; e lhes dás presentes, para que venham a ti de todas as partes, pelas tuas prostituições.

34 Assim que contigo sucede o contrário das outras mulheres nas tuas prostituições, pois ninguém te procura para prostituição; porque, dando tu a paga, e a ti não sendo dada a paga, fazes o contrário.

35 Portanto, ó meretriz, ouve a palavra do Senhor.

36 Assim diz o Senhor DEUS: Porquanto se derramou o teu dinheiro, e se descobriu a tua nudez nas tuas prostituições com os teus amantes, como também com todos os ídolos das tuas abominações, e do sangue de teus filhos que lhes deste;

37 Portanto, eis que ajuntarei a todos os teus amantes, com os quais te deleitaste, como também a todos os que amaste, com todos os que odiaste, e ajuntá-los-ei contra ti em redor, e descobrirei a tua nudez diante deles, para que vejam toda a tua nudez.

38 E julgar-te-ei como são julgadas as adúlteras e as que derramam sangue; e entregar-te-ei ao sangue de furor e de ciúme.

39 E entregar-te-ei nas mãos deles; e eles derrubarão a tua abóbada, e transtornarão os teus altos lugares, e te despirão os teus vestidos, e tomarão as tuas jóias de enfeite, e te deixarão nua e descoberta.

40 Então farão subir contra ti uma multidão, e te apedrejarão, e te traspassarão com as suas espadas.

41 E queimarão as tuas casas a fogo, e executarão juízos contra ti aos olhos de muitas mulheres; e te farei cessar de ser meretriz, e paga não darás mais.

42 Assim satisfarei em ti o meu furor, e os meus ciúmes se desviarão de ti, e me aquietarei, e nunca mais me indignarei.

43 Porquanto não te lembraste dos dias da tua mocidade, e me provocaste à ira com tudo isto, eis que também eu farei recair o teu caminho sobre a tua cabeça, diz o Senhor DEUS, e não mais farás tal perversidade sobre todas as tuas abominações.

44 Eis que todo o que usa de provérbios usará contra ti este provérbio, dizendo: Tal mãe, tal filha.

45 Tu és filha de tua mãe, que tinha nojo de seu marido e de seus filhos; e tu és irmã de tuas irmãs, que tinham nojo de seus maridos e de seus filhos; vossa mãe foi hetéia, e vosso pai amorreu.

46 E tua irmã, a maior, é Samaria, ela e suas filhas, a qual habita à tua esquerda; e a tua irmã menor, que habita à tua mão direita, é Sodoma e suas filhas.

47 Todavia não andaste nos seus caminhos, nem fizeste conforme as suas abominações; mas como se isto fora mui pouco, ainda te corrompeste mais do que elas, em todos os teus caminhos.

48 Vivo eu, diz o Senhor DEUS, que não fez Sodoma, tua irmã, nem ela, nem suas filhas, como fizeste tu e tuas filhas.

49 Eis que esta foi a iniqüidade de Sodoma, tua irmã: Soberba, fartura de pão, e abundância de ociosidade teve ela e suas filhas; mas nunca fortaleceu a mão do pobre e do necessitado.

50 E se ensoberbeceram, e fizeram abominações diante de mim; portanto, vendo eu isto as tirei dali.

51 Também Samaria não cometeu a metade de teus pecados; e multiplicaste as tuas abominações mais do que elas, e justificaste a tuas irmãs, com todas as tuas abominações que fizeste.

52 Tu, também, que julgaste a tuas irmãs, leva a tua vergonha pelos pecados, que cometeste, mais abomináveis do que elas; mais justas são do que tu; envergonha-te logo também, e leva a tua vergonha, pois justificaste a tuas irmãs.

53 Eu, pois, farei voltar os cativos delas; os cativos de Sodoma e suas filhas, e os cativos de Samaria e suas filhas, e os cativos do teu cativeiro dentre elas;

54 Para que leves a tua vergonha, e sejas envergonhada por tudo o que fizeste, dando-lhes tu consolação.

55 Quando tuas irmãs, Sodoma e suas filhas, tornarem ao seu primeiro estado, e também Samaria e suas filhas tornarem ao seu primeiro estado, também tu e tuas filhas tornareis ao vosso primeiro estado.

56 Nem mesmo Sodoma, tua irmã, foi mencionada pela tua boca, no dia da tua soberba,

57 Antes que se descobrisse a tua maldade, como no tempo do desprezo das filhas da Síria, e de todos os que estavam ao redor dela, as filhas dos filisteus, que te desprezavam em redor.

58 A tua perversidade e as tuas abominações tu levarás, diz o Senhor.

59 Porque assim diz o Senhor DEUS: Eu te farei como fizeste, que desprezaste o juramento, quebrando a aliança.

60 Contudo eu me lembrarei da minha aliança, que fiz contigo nos dias da tua mocidade; e estabelecerei contigo uma aliança eterna.

61 Então te lembrarás dos teus caminhos, e te confundirás, quando receberes tuas irmãs maiores do que tu, com as menores do que tu, porque tas darei por filhas, mas não pela tua aliança.

62 Porque eu estabelecerei a minha aliança contigo, e saberás que eu sou o Senhor;

63 Para que te lembres disso, e te envergonhes, e nunca mais abras a tua boca, por causa da tua vergonha, quando eu te expiar de tudo quanto fizeste, diz o Senhor DEUS.

João 7:1-15

Ouça o áudio do capítulo:

1 E depois disto Jesus andava pela Galiléia, e já não queria andar pela Judéia, pois os judeus procuravam matá-lo.

2 E estava próxima a festa dos judeus, a dos tabernáculos.

3 Disseram-lhe, pois, seus irmãos: Sai daqui, e vai para a Judéia, para que também os teus discípulos vejam as obras que fazes.

4 Porque não há ninguém que procure ser conhecido que faça coisa alguma em oculto. Se fazes estas coisas, manifesta-te ao mundo.

5 Porque nem mesmo seus irmãos criam nele.

6 Disse-lhes, pois, Jesus: Ainda não é chegado o meu tempo, mas o vosso tempo sempre está pronto.

7 O mundo não vos pode odiar, mas ele me odeia a mim, porquanto dele testifico que as suas obras são más.

8 Subi vós a esta festa; eu não subo ainda a esta festa, porque ainda o meu tempo não está cumprido.

9 E, havendo-lhes dito isto, ficou na Galiléia.

10 Mas, quando seus irmãos já tinham subido à festa, então subiu ele também, não manifestamente, mas como em oculto.

11 Ora, os judeus procuravam-no na festa, e diziam: Onde está ele?

12 E havia grande murmuração entre a multidão a respeito dele. Diziam alguns: Ele é bom. E outros diziam: Não, antes engana o povo.

13 Todavia ninguém falava dele abertamente, por medo dos judeus.

14 Mas, no meio da festa subiu Jesus ao templo, e ensinava.

15 E os judeus maravilhavam-se, dizendo: Como sabe este letras, não as tendo aprendido?

João 7:37-39

Ouça o áudio do capítulo:

37 E no último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé, e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim, e beba.

38 Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre.

39 E isto disse ele do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado.

O Desejado de Todas as Nações

A Festa dos Tabernáculos

Ouça o áudio do capítulo:

Este capítulo é baseado em João 7:1-15; 37-39.

Três vezes por ano era exigido dos judeus reunirem-se em Jerusalém para fins religiosos. Envolto na coluna de nuvem, o invisível Guia de Israel dera instruções quanto a esses cultos. Durante o cativeiro dos judeus, eles não puderam ser observados; mas ao ser o povo restabelecido em seu próprio país, recomeçara a observância dessas comemorações. Era o desígnio de Deus que esses aniversários O trouxessem à mente do povo. Com poucas exceções, porém, os sacerdotes e guias da nação haviam perdido de vista esse objetivo. Aquele que ordenara essas assembléias nacionais e lhes compreendia o significado, testemunhava a deturpação das mesmas. DTN 313.1

A festa dos tabernáculos era a reunião final do ano. Era desígnio de Deus que, por essa ocasião, o povo refletisse em Sua bondade e misericórdia. Toda a Terra estivera sob Sua direção, recebendo Suas bênçãos. Dia e noite permanecera sobre ela o Seu cuidado. O Sol e a chuva tinham feito com que o solo produzisse frutos. Dos vales e planícies da Palestina, tinha sido recolhido o cereal. Apanhadas as azeitonas, armazenara-se o precioso azeite. A palmeira tinha oferecido sua contribuição. Os viçosos cachos da videira haviam sido comprimidos no lagar. DTN 313.2

A festa continuava por sete dias, e para celebração da mesma, os habitantes da Palestina, bem como muitos de outras terras, deixavam sua casa e iam ter a Jerusalém. Iam de toda parte, levando consigo um testemunho do regozijo que os animava. Velhos e moços, ricos e pobres, todos levavam alguma dádiva como tributo de gratidão Àquele que lhes coroara o ano com Sua bondade, e lhes dera a abundância. Tudo quanto podia alegrar a vista e dar expressão ao contentamento geral, era levado das matas; a cidade apresentava o aspecto de uma linda floresta. DTN 313.3

Essa festa não era somente a ação de graças pela colheita, mas uma celebração do protetor cuidado de Deus sobre Israel no deserto. Para comemorar sua vida em tendas, os israelitas durante a festa habitavam em cabanas ou tabernáculos de ramos verdes. Essas cabanas eram erguidas nas ruas, nos pátios do templo, ou nos telhados das casas. As colinas e vales em torno de Jerusalém achavam-se também bordados com essas habitações de folhas, e repletas de gente. DTN 313.4

Com hinos sagrados e ações de graças, celebravam os adoradores essa ocasião. Pouco antes da festa vinha o dia da expiação; quando, depois de confessados os pecados, se declarava o povo em paz com o Céu. Assim se preparava o caminho para o regozijo da festa. “Louvai ao Senhor, porque Ele é bom, porque a Sua benignidade é para sempre” (Salmos 106:1), eram as palavras que se erguiam triunfalmente, ao passo que toda espécie de música, de mistura com aclamações de hosanas, acompanhavam o unido canto. O templo era o centro da alegria geral. Ali se achava a pompa das cerimônias sacrificais. Ali, enfileirados de ambos os lados da escada de branco mármore do sagrado edifício, dirigia o coro dos levitas o serviço de cântico. A multidão dos adoradores, agitando ramos de palma e murta, unia sua voz aos acordes e repetia o coro; e, novamente, a melodia era cantada por vozes próximas e distantes, até que as circundantes colinas ressoavam todas o louvor. DTN 313.5

À noite, o templo e o pátio brilhavam pelas luzes artificiais. A música, o agitar dos ramos de palmeira, os alegres hosanas, o grande ajuntamento de povo sobre o qual se espargia a luz irradiada das lanternas suspensas, os paramentos dos sacerdotes e a majestade das cerimônias, combinavam-se para tornar a cena profundamente impressiva aos espectadores. No entanto, a mais impressionante cerimônia da festa, que mais júbilo produzia, era a que comemorava o acontecimento da peregrinação no deserto. DTN 314.1

Aos primeiros raios da aurora, os sacerdotes faziam soar longa e penetrantemente as trombetas de prata, e as trombetas em resposta e as alegres aclamações do povo de suas cabanas, ecoando por montes e vales, saudavam o dia da festa. Então o sacerdote tirava das correntes do Cedrom um vaso de água e, erguendo-o, enquanto as trombetas soavam, subia ao compasso da música, os amplos degraus do templo, com andar lento e cadenciado, cantando entretanto: “Os nossos pés estão dentro das tuas portas, ó Jerusalém”. Salmos 122:2. DTN 314.2

Levava o cântaro ao altar, que ocupava posição central no pátio dos sacerdotes. Ali se achavam duas bacias de prata, tendo um sacerdote junto de cada uma. A ânfora de água era despejada numa, e uma de vinho, noutra; e o conteúdo de ambas corria por um tubo que ia dar no Cedrom e ter ao Mar Morto. Essa apresentação de água consagrada representava a fonte que, ao mando de Deus, brotara da rocha para saciar a sede dos filhos de Israel. Então, irrompiam os jubilosos acentos: “Eis que o Senhor Jeová é a minha força e o meu cântico”; “com alegria tirareis águas das fontes da salvação”. Isaías 12:2, 3. DTN 314.3

Quando os filhos de José faziam seus preparativos para assistir à festa dos tabernáculos, viram que Cristo não dava nenhum passo que Lhe indicasse a intenção de a ela assistir. Observavam-nO com ansiedade. Desde a cura de Betesda, Ele não concorrera mais às reuniões nacionais. Para evitar inúteis conflitos com os chefes em Jerusalém, restringira Seus labores à Galiléia. Seu aparente desprezo das grandes assembléias religiosas e a inimizade para com Ele manifestada pelos sacerdotes e rabis, eram causa de perplexidade para os que O rodeavam, mesmo os próprios discípulos e parentes. Acentuara em Seus ensinos as bênçãos da obediência à lei de Deus e, não obstante, parecia Ele próprio ser indiferente ao serviço divinamente estabelecido. O misturar-Se com publicanos e outros de má reputação, Seu menosprezo pelas observâncias dos rabis e a liberdade com que punha de lado as exigências tradicionais quanto ao sábado, tudo parecendo colocá-Lo em antagonismo com as autoridades religiosas, despertava muita indagação. Seus irmãos pensavam ser um erro de Sua parte alienar de Si os grandes e doutos da nação. Achavam que esses homens deviam ter razão, e que era erro de Jesus colocar-Se em oposição aos mesmos. Tinham, porém, testemunhado Sua vida irrepreensível e, conquanto não se classificassem entre Seus discípulos, haviam sido profundamente impressionados por Suas obras. A popularidade dEle na Galiléia aprazia-lhes às ambições; ainda esperavam que desse um testemunho de poder que levasse os fariseus a ver que era o que pretendia ser. Que seria se Ele fosse o Messias, o Príncipe de Israel! Nutriam esse pensamento com grande satisfação. DTN 314.4

Tão ansiosos estavam a esse respeito, que insistiram com Cristo em que fosse a Jerusalém. “Sai daqui”, disseram, “e vai para a Judéia, para que também os Teus discípulos vejam as obras que fazes. Porque não há ninguém que procure ser conhecido que faça alguma coisa em oculto. Se fazes estas coisas, manifesta-Te ao mundo”. João 7:3, 4. O “se” manifestava dúvida e incredulidade. Atribuíam a Cristo fraqueza e covardia. Se Ele sabia ser o Messias, por que essa estranha reserva e inação? Se possuía na verdade esse poder, por que não ir ousadamente a Jerusalém e afirmar Seus direitos? Por que não realizar em Jerusalém as maravilhosas obras que dEle se contavam na Galiléia? Não Te ocultes em retiradas províncias, diziam, fazendo Tuas poderosas obras em benefício de ignorantes camponeses e pescadores. Apresenta-Te na capital, conquista o apoio dos sacerdotes e principais, e une a nação no estabelecimento do novo reino. DTN 315.1

Os irmãos de Jesus raciocinavam, partindo do motivo egoísta tantas vezes encontrado no coração dos ambiciosos de ostentação. Este espírito era que predominava no mundo. Escandalizavam-se porque, em vez de buscar um trono temporal, Cristo declarava ser o pão da vida. Ficaram decepcionados quando tantos de Seus discípulos O abandonaram. Eles próprios desviaram-se dEle para escapar à cruz de terem de reconhecer o que Suas obras revelam — que era o Enviado de Deus. DTN 315.2

“Disse-lhes, pois, Jesus: Ainda não é chegado o Meu tempo, mas o vosso tempo sempre está pronto. O mundo não vos pode aborrecer, mas ele Me aborrece a Mim, porquanto dele testifico que as suas obras são más. Subi vós a esta festa; porque ainda o Meu tempo não está cumprido. E, havendo-lhes dito isto, ficou na Galiléia”. João 7:6-9. Seus irmãos Lhe haviam falado em tom de autoridade, ditando o caminho que devia seguir. Ele lhes devolveu a censura, classificando-os, não com Seus abnegados discípulos, mas com o mundo. “O mundo não vos pode aborrecer”, disse Ele, “mas ele Me aborrece a Mim, porquanto dele testifico que as suas obras são más”. João 7:7. O mundo não aborrece os que se lhe assemelham no espírito; louva-os como seus. DTN 315.3

O mundo, para Cristo, não era um lugar de comodidade nem engrandecimento do próprio eu. Ele não estava à espreita da oportunidade de tomar seu poder e glória. O mundo não Lhe oferecia esse prêmio. Era simplesmente o lugar a que Seu Pai O enviara. Ele fora dado pela vida do mundo, para executar o grande plano da redenção. Estava realizando Sua obra em favor da raça caída. Mas não devia ser presunçoso, nem Se precipitar no perigo, nem apressar a crise. Cada acontecimento em Sua obra tinha sua hora determinada. Cumpria-Lhe esperar pacientemente. Sabia que havia de ser objeto do ódio do mundo; sabia que Sua obra Lhe traria em resultado a morte; mas expor-Se antecipadamente não seria a vontade de Seu Pai. DTN 316.1

De Jerusalém, espalhara-se a notícia dos milagres de Cristo por onde quer que os judeus se tivessem dispersado; e se bem que, por muitos meses, houvesse estado ausente das festas, não diminuíra o interesse nEle. De todas as partes do mundo, tinham ido à festa dos tabernáculos na esperança de O ver. No começo da festa, fizeram-se muitas indagações a respeito dEle. Os fariseus e principais esperavam que Ele fosse, na esperança de um ensejo para O condenar. E investigavam, ansiosos: “Onde está Ele?” (João 7:11) mas ninguém o sabia. Era Ele o pensamento predominante em todas as mentes. Por temor dos sacerdotes e principais, ninguém ousava reconhecê-Lo como Messias; no entanto, havia por toda parte, em torno dEle, pacíficas mas fervorosas discussões. Muitos O defendiam como um Enviado de Deus, ao passo que outros O acusavam como enganador do povo. DTN 316.2

Entretanto, Jesus chegara tranqüilamente a Jerusalém. Escolhera para viajar um caminho não freqüentado, a fim de evitar os viajantes que de todas as partes se dirigiam à cidade. Houvesse Ele Se reunido a qualquer das caravanas que iam à festa, e teria atraído sobre Si a atenção ao entrar na cidade, e uma demonstração popular em Seu favor teria levantado contra Ele as autoridades. Foi por isso que preferiu fazer sozinho a viagem. DTN 316.3

No meio da festa, quando chegara ao auge o interesse a Seu respeito, penetrou no templo em presença da multidão. Devido a Sua ausência na solenidade insistira-se em que Ele não ousava colocar-Se em poder dos sacerdotes e principais. À Sua presença, todos se surpreenderam. Houve um silêncio geral. Todos se admiravam da dignidade e coragem de Sua atitude, em meio de poderosos inimigos sedentos de Sua vida. DTN 316.4

Tornando assim o centro de atração daquela vasta assembléia, Jesus Se lhes dirigiu como nenhum homem o fizera jamais. Suas palavras revelavam um conhecimento das leis e instituições de Israel, do serviço sacrifical e dos ensinos dos profetas, incomparavelmente superior ao dos sacerdotes e rabis. Abriu passagem através das barreiras do formalismo e das tradições. As cenas da vida futura pareciam desenroladas diante dEle. Como alguém que contemplava o invisível, falou, com positiva autoridade, acerca do terreno e do celestial, do humano e do divino. Suas palavras eram claríssimas e convincentes; e outra vez como em Cafarnaum, o povo ficou atônito de Sua doutrina; “porque a Sua palavra era com autoridade”. Lucas 4:32. Sob uma série de parábolas, advertiu Seus ouvintes da calamidade que seguiria a todo aquele que rejeitasse as bênçãos que viera trazer-lhes. Havia-lhes dado todas as provas possíveis de que viera de Deus, e fizera todos os esforços possíveis para os levar ao arrependimento. Não queria ser rejeitado e assassinado por Sua própria nação, caso a pudesse salvar da culpa de tal ato. DTN 316.5

Todos se maravilhavam de Seu conhecimento da lei e das profecias; e transmitia-se de uns para os outros a pergunta: “Como sabe Este letras, não as tendo aprendido?” João 7:15. Ninguém era considerado apto para ser mestre religioso, a menos que houvesse estudado nas escolas dos rabinos, e tanto Jesus como João Batista foram representados como ignorantes, porque não receberam esse preparo. Os que os ouviam se espantavam do conhecimento que tinham das Escrituras, “não as tendo aprendido”. Dos homens, é verdade que não o tinham; mas o Deus do Céu era seu mestre, e dEle receberam a mais elevada espécie de sabedoria. DTN 317.1

Quando Jesus falava no pátio do templo, o povo achava-se como fascinado. Os próprios que mais violentos eram contra Ele, sentiram-se impotentes para Lhe fazer qualquer mal. No momento, todos os outros interesses eram esquecidos. DTN 317.2

Dia após dia ensinou Ele ao povo, até o último, “o grande dia da festa”. A manhã desse dia encontrou a multidão fatigada do longo período de festividades. De repente, Jesus ergueu a voz, em acentos que retumbaram através dos pátios do templo: “Se alguém tem sede, venha a Mim, e beba. Quem crê em Mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão de seu ventre”. João 7:37. O estado do povo tornou esse apelo deveras eficaz. Estiveram eles empenhados em contínua cena de pompa e festividade, os olhos ofuscados com luzes e cores, e os ouvidos deleitados com a mais preciosa música; nada, porém, houvera em toda essa série de cerimônias para satisfazer as necessidades do espírito, nada para saciar a sede da alma por aquilo que é imperecível. Jesus os convidava a ir beber da nascente da vida, daquela que se tornaria neles uma fonte que salta para a vida eterna. DTN 317.3

O sacerdote havia, naquela manhã, realizado a cerimônia que comemorava o ferir da rocha no deserto. Essa rocha era um símbolo dAquele que, por Sua morte, havia de fazer com que brotassem vivas correntes de salvação para todos os sedentos. As palavras de Cristo eram a água da vida. Ali, em presença da reunida multidão, Ele Se pôs à tarde para ser ferido, a fim de que água da vida pudesse brotar para o mundo. Ferindo a Cristo, Satanás pensava destruir o Príncipe da vida; mas da ferida rocha correu água viva. Ao falar Jesus assim ao povo, o coração deste pulsou com estranho respeito, e muitos estavam dispostos a exclamar, como a mulher de Samaria: “Dá-me dessa água, para que não mais tenha sede.” DTN 317.4

Jesus conhecia as necessidades da alma. Pompas, riquezas e honras não podem satisfazer o coração. “Se alguém tem sede, venha a Mim”. João 7:37. O rico, o pobre, o elevado, o humilde, são igualmente bem-vindos. Ele promete aliviar os espíritos preocupados, confortar os tristes e dar esperança aos acabrunhados. Muitos dos que ouviram a Jesus estavam a prantear desvanecidas esperanças, muitos nutriam algum desgosto oculto, muitos ainda procuravam satisfazer seus inquietos anseios com as coisas do mundo e o louvor dos homens; mas, obtido tudo, verificavam haver labutado para alcançar nada mais que uma cisterna rota, na qual se não podiam saciar. Por entre o brilho das festivas cenas, estavam descontentes e tristes. Aquele súbito brado: “Se alguém tem sede”, despertou-os de sua dolorosa meditação, e ao escutarem as palavras que se seguiram, seu espírito reviveu com nova esperança. O Espírito Santo apresentou-lhes o símbolo até que viram nele o oferecimento do inapreciável dom da salvação. DTN 318.1

O brado de Cristo à alma sedenta ecoa ainda, e apela para nós com poder ainda maior do que aos que o ouviram no templo, naquele último dia da festa. A fonte está aberta para todos. Aos cansados e exaustos, oferecem-se os refrigerantes goles da vida eterna. Jesus clama ainda: “Se alguém tem sede, venha a Mim, e beba.” “Quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida”. Apocalipse 22:17. “Aquele que beber da água que Eu lhe der, nunca terá sede, porque a água que Eu lhe der se fará nele uma fonte d’água que salte para a vida eterna”. João 4:14. DTN 318.2

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