A Rebelião de Coré


Dia 39 - Thursday, 08 de February de 2024
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Números 14

Ouça o áudio do capítulo:

1 Então toda a congregação levantou a sua voz; e o povo chorou naquela noite.

2 E todos os filhos de Israel murmuraram contra Moisés e contra Arão; e toda a congregação lhes disse: Quem dera tivéssemos morrido na terra do Egito! ou, mesmo neste deserto!

3 E por que o Senhor nos traz a esta terra, para cairmos à espada, e para que nossas mulheres e nossas crianças sejam por presa? Não nos seria melhor voltarmos ao Egito?

4 E diziam uns aos outros: Constituamos um líder, e voltemos ao Egito.

5 Então Moisés e Arão caíram sobre os seus rostos perante toda a congregação dos filhos de Israel.

6 E Josué, filho de Num, e Calebe filho de Jefoné, dos que espiaram a terra, rasgaram as suas vestes.

7 E falaram a toda a congregação dos filhos de Israel, dizendo: A terra pela qual passamos a espiar é terra muito boa.

8 Se o Senhor se agradar de nós, então nos porá nesta terra, e no-la dará; terra que mana leite e mel.

9 Tão-somente não sejais rebeldes contra o Senhor, e não temais o povo dessa terra, porquanto são eles nosso pão; retirou-se deles o seu amparo, e o Senhor é conosco; não os temais.

10 Mas toda a congregação disse que os apedrejassem; porém a glória do Senhor apareceu na tenda da congregação a todos os filhos de Israel.

11 E disse o Senhor a Moisés: Até quando me provocará este povo? e até quando não crerá em mim, apesar de todos os sinais que fiz no meio dele?

12 Com pestilência o ferirei, e o rejeitarei; e te farei a ti povo maior e mais forte do que este.

13 E disse Moisés ao Senhor: Assim os egípcios o ouvirão; porquanto com a tua força fizeste subir este povo do meio deles.

14 E dirão aos moradores desta terra, os quais ouviram que tu, ó Senhor, estás no meio deste povo, que face a face, ó Senhor, lhes apareces, que tua nuvem está sobre ele e que vais adiante dele numa coluna de nuvem de dia, e numa coluna de fogo de noite.

15 E se matares este povo como a um só homem, então as nações, que antes ouviram a tua fama, falarão, dizendo:

16 Porquanto o Senhor não podia pôr este povo na terra que lhe tinha jurado; por isso os matou no deserto.

17 Agora, pois, rogo-te que a força do meu Senhor se engrandeça; como tens falado, dizendo:

18 O Senhor é longânimo, e grande em misericórdia, que perdoa a iniqüidade e a transgressão, que o culpado não tem por inocente, e visita a iniqüidade dos pais sobre os filhos até a terceira e quarta geração.

19 Perdoa, pois, a iniqüidade deste povo, segundo a grandeza da tua misericórdia; e como também perdoaste a este povo desde a terra do Egito até aqui.

20 E disse o Senhor: Conforme à tua palavra lhe perdoei.

21 Porém, tão certamente como eu vivo, e como a glória do Senhor encherá toda a terra,

22 E que todos os homens que viram a minha glória e os meus sinais, que fiz no Egito e no deserto, e me tentaram estas dez vezes, e não obedeceram à minha voz,

23 Não verão a terra de que a seus pais jurei, e nenhum daqueles que me provocaram a verá.

24 Porém o meu servo Calebe, porquanto nele houve outro espírito, e perseverou em seguir-me, eu o levarei à terra em que entrou, e a sua descendência a possuirá em herança.

25 Ora, os amalequitas e os cananeus habitam no vale; tornai-vos amanhã e caminhai para o deserto pelo caminho do Mar Vermelho.

26 Depois falou o Senhor a Moisés e a Arão dizendo:

27 Até quando sofrerei esta má congregação, que murmura contra mim? Tenho ouvido as murmurações dos filhos de Israel, com que murmuram contra mim.

28 Dize-lhes: Vivo eu, diz o Senhor, que, como falastes aos meus ouvidos, assim farei a vós outros.

29 Neste deserto cairão os vossos cadáveres, como também todos os que de vós foram contados segundo toda a vossa conta, de vinte anos para cima, os que dentre vós contra mim murmurastes;

30 Não entrareis na terra, pela qual levantei a minha mão que vos faria habitar nela, salvo Calebe, filho de Jefoné, e Josué, filho de Num.

31 Mas os vossos filhos, de que dizeis: Por presa serão, porei nela; e eles conhecerão a terra que vós desprezastes.

32 Porém, quanto a vós, os vossos cadáveres cairão neste deserto.

33 E vossos filhos pastorearão neste deserto quarenta anos, e levarão sobre si as vossas infidelidades, até que os vossos cadáveres se consumam neste deserto.

34 Segundo o número dos dias em que espiastes esta terra, quarenta dias, cada dia representando um ano, levareis sobre vós as vossas iniqüidades quarenta anos, e conhecereis o meu afastamento.

35 Eu, o Senhor, falei; assim farei a toda esta má congregação, que se levantou contra mim; neste deserto se consumirão, e aí falecerão.

36 E os homens que Moisés mandara a espiar a terra, e que, voltando, fizeram murmurar toda a congregação contra ele, infamando a terra,

37 Aqueles mesmos homens que infamaram a terra, morreram de praga perante o Senhor.

38 Mas Josué, filho de Num, e Calebe, filho de Jefoné, que eram dos homens que foram espiar a terra, ficaram com vida.

39 E falou Moisés estas palavras a todos os filhos de Israel; então o povo se contristou muito.

40 E levantaram-se pela manhã de madrugada, e subiram ao cume do monte, dizendo: Eis-nos aqui, e subiremos ao lugar que o Senhor tem falado; porquanto havemos pecado.

41 Mas Moisés disse: Por que transgredis o mandado do Senhor? Pois isso não prosperará.

42 Não subais, pois o Senhor não estará no meio de vós, para que não sejais feridos diante dos vossos inimigos.

43 Porque os amalequitas e os cananeus estão ali diante da vossa face, e caireis à espada; pois, porquanto vos desviastes do Senhor, o Senhor não estará convosco.

44 Contudo, temerariamente, tentaram subir ao cume do monte; mas a arca da aliança do Senhor e Moisés não se apartaram do meio do arraial.

45 Então desceram os amalequitas e os cananeus, que habitavam na montanha, e os feriram, derrotando-os até Hormá.

Números 15

Ouça o áudio do capítulo:

1 Depois falou o SENHOR a Moisés, dizendo:

2 Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando entrardes na terra das vossas habitações, que eu vos hei de dar,

3 E ao Senhor fizerdes oferta queimada, holocausto, ou sacrifício, para cumprir um voto, ou em oferta voluntária, ou nas vossas solenidades, para fazerdes ao Senhor um cheiro suave de ovelhas ou gado,

4 Então aquele que apresentar a sua oferta ao Senhor, por oferta de alimentos trará uma décima de flor de farinha misturada com a quarta parte de um him de azeite.

5 E de vinho para libação prepararás a quarta parte de um him, para holocausto, ou para sacrifício para cada cordeiro;

6 E para cada carneiro prepararás uma oferta de alimentos de duas décimas de flor de farinha, misturada com a terça parte de um him de azeite.

7 E de vinho para a libação oferecerás a terça parte de um him ao Senhor, em cheiro suave.

8 E, quando preparares novilho para holocausto ou sacrifício, para cumprir um voto, ou um sacrifício pacífico ao Senhor,

9 Com o novilho apresentarás uma oferta de alimentos de três décimas de flor de farinha misturada com a metade de um him de azeite.

10 E de vinho para a libação oferecerás a metade de um him, oferta queimada em cheiro suave ao Senhor.

11 Assim se fará com cada boi, ou com cada carneiro, ou com cada um dos cordeiros ou cabritos.

12 Segundo o número que oferecerdes, assim o fareis com cada um, segundo o número deles.

13 Todo o natural assim fará estas coisas, oferecendo oferta queimada em cheiro suave ao Senhor.

14 Quando também peregrinar convosco algum estrangeiro, ou que estiver no meio de vós nas vossas gerações, e ele apresentar uma oferta queimada de cheiro suave ao Senhor, como vós fizerdes, assim fará ele.

15 Um mesmo estatuto haja para vós, ó congregação, e para o estrangeiro que entre vós peregrina, por estatuto perpétuo nas vossas gerações; como vós, assim será o peregrino perante o Senhor.

16 Uma mesma lei e um mesmo direito haverá para vós e para o estrangeiro que peregrina convosco.

17 Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo:

18 Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando entrardes na terra em que vos hei de introduzir,

19 Acontecerá que, quando comerdes do pão da terra, então oferecereis ao Senhor oferta alçada.

20 Das primícias da vossa massa oferecereis um bolo em oferta alçada; como a oferta da eira, assim o oferecereis.

21 Das primícias das vossas massas dareis ao Senhor oferta alçada nas vossas gerações.

22 E, quando vierdes a errar, e não cumprirdes todos estes mandamentos, que o Senhor falou a Moisés,

23 Tudo quanto o Senhor vos tem mandado por intermédio de Moisés, desde o dia que o Senhor ordenou, e dali em diante, nas vossas gerações,

24 Será que, quando se fizer alguma coisa por ignorância, e for encoberto aos olhos da congregação, toda a congregação oferecerá um novilho para holocausto em cheiro suave ao Senhor, com a sua oferta de alimentos e libação conforme ao estatuto, e um bode para expiação do pecado.

25 E o sacerdote fará expiação por toda a congregação dos filhos de Israel, e lhes será perdoado, porquanto foi por ignorância; e trouxeram a sua oferta, oferta queimada ao Senhor, e a sua expiação do pecado perante o Senhor, por causa da sua ignorância.

26 Será, pois, perdoado a toda a congregação dos filhos de Israel, e mais ao estrangeiro que peregrina no meio deles, porquanto por ignorância sobreveio a todo o povo.

27 E, se alguma alma pecar por ignorância, para expiação do pecado oferecerá uma cabra de um ano.

28 E o sacerdote fará expiação pela pessoa que pecou, quando pecar por ignorância, perante o Senhor, fazendo expiação por ela, e lhe será perdoado.

29 Para o natural dos filhos de Israel, e para o estrangeiro que no meio deles peregrina, uma mesma lei vos será, para aquele que pecar por ignorância.

30 Mas a pessoa que fizer alguma coisa temerariamente, quer seja dos naturais quer dos estrangeiros, injuria ao Senhor; tal pessoa será extirpada do meio do seu povo.

31 Pois desprezou a palavra do Senhor, e anulou o seu mandamento; totalmente será extirpada aquela pessoa, a sua iniqüidade será sobre ela.

32 Estando, pois, os filhos de Israel no deserto, acharam um homem apanhando lenha no dia de sábado.

33 E os que o acharam apanhando lenha o trouxeram a Moisés e a Arão, e a toda a congregação.

34 E o puseram em guarda; porquanto ainda não estava declarado o que se lhe devia fazer.

35 Disse, pois, o Senhor a Moisés: Certamente morrerá aquele homem; toda a congregação o apedrejará fora do arraial.

36 Então toda a congregação o tirou para fora do arraial, e o apedrejaram, e morreu, como o Senhor ordenara a Moisés.

37 E falou o Senhor a Moisés, dizendo:

38 Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Que nas bordas das suas vestes façam franjas pelas suas gerações; e nas franjas das bordas ponham um cordão de azul.

39 E as franjas vos serão para que, vendo-as, vos lembreis de todos os mandamentos do Senhor, e os cumprais; e não seguireis o vosso coração, nem após os vossos olhos, pelos quais andais vos prostituindo.

40 Para que vos lembreis de todos os meus mandamentos, e os cumprais, e santos sejais a vosso Deus.

41 Eu sou o Senhor vosso Deus, que vos tirei da terra do Egito, para ser vosso Deus. Eu sou o Senhor vosso Deus.

Números 16

Ouça o áudio do capítulo:

1 E Coré, filho de Izar, filho de Coate, filho de Levi, tomou consigo a Datã e a Abirão, filhos de Eliabe, e a Om, filho de Pelete, filhos de Rúben.

2 E levantaram-se perante Moisés com duzentos e cinqüenta homens dos filhos de Israel, príncipes da congregação, chamados à assembléia, homens de posição,

3 E se congregaram contra Moisés e contra Arão, e lhes disseram: Basta-vos, pois que toda a congregação é santa, todos são santos, e o Senhor está no meio deles; por que, pois, vos elevais sobre a congregação do Senhor?

4 Quando Moisés ouviu isso, caiu sobre o seu rosto.

5 E falou a Coré e a toda a sua congregação, dizendo: Amanhã pela manhã o Senhor fará saber quem é seu, e quem é o santo que ele fará chegar a si; e aquele a quem escolher fará chegar a si.

6 Fazei isto: Tomai vós incensários, Coré e todo seu grupo;

7 E, pondo fogo neles amanhã, sobre eles deitai incenso perante o Senhor; e será que o homem a quem o Senhor escolher, este será o santo; basta-vos, filhos de Levi.

8 Disse mais Moisés a Coré: Ouvi agora, filhos de Levi:

9 Porventura pouco para vós é que o Deus de Israel vos tenha separado da congregação de Israel, para vos fazer chegar a si, e administrar o ministério do tabernáculo do Senhor e estar perante a congregação para ministrar-lhe;

10 E te fez chegar, e todos os teus irmãos, os filhos de Levi, contigo? ainda também procurais o sacerdócio?

11 Assim tu e todo o teu grupo estais contra o Senhor; e Arão, quem é ele, que murmureis contra ele?

12 E Moisés mandou chamar a Datã e a Abirão, filhos de Eliabe; porém eles disseram: Não subiremos;

13 Porventura pouco é que nos fizeste subir de uma terra que mana leite e mel, para nos matares neste deserto, senão que também queres fazer-te príncipe sobre nós?

14 Nem tampouco nos trouxeste a uma terra que mana leite e mel, nem nos deste campo e vinhas em herança; porventura arrancarás os olhos a estes homens? Não subiremos.

15 Então Moisés irou-se muito, e disse ao Senhor: Não atentes para a sua oferta; nem um só jumento tomei deles, nem a nenhum deles fiz mal.

16 Disse mais Moisés a Coré: Tu e todo o teu grupo ponde-vos perante o Senhor, tu e eles, e Arão, amanhã.

17 E tomai cada um o seu incensário, e neles ponde incenso; e trazei cada um o seu incensário perante o Senhor, duzentos e cinqüenta incensários; também tu e Arão, cada um o seu incensário.

18 Tomaram, pois, cada um o seu incensário, e neles puseram fogo, e neles deitaram incenso, e se puseram perante a porta da tenda da congregação com Moisés e Arão.

19 E Coré fez ajuntar contra eles todo o povo à porta da tenda da congregação; então a glória do Senhor apareceu a toda a congregação.

20 E falou o Senhor a Moisés e a Arão, dizendo:

21 Apartai-vos do meio desta congregação, e os consumirei num momento.

22 Mas eles se prostraram sobre os seus rostos, e disseram: Ó Deus, Deus dos espíritos de toda a carne, pecará um só homem, e indignar-te-ás tu contra toda esta congregação?

23 E falou o Senhor a Moisés, dizendo:

24 Fala a toda esta congregação, dizendo: Subi do derredor da habitação de Coré, Datã e Abirão.

25 Então Moisés levantou-se, e foi a Datã e a Abirão; e após ele seguiram os anciãos de Israel.

26 E falou à congregação, dizendo: Desviai-vos, peço-vos, das tendas destes homens ímpios, e não toqueis nada do que é seu para que porventura não pereçais em todos os seus pecados.

27 Subiram, pois, do derredor da habitação de Coré, Datã e Abirão. E Datã e Abirão saíram, e se puseram à porta das suas tendas, juntamente com as suas mulheres, e seus filhos, e suas crianças.

28 Então disse Moisés: Nisto conhecereis que o Senhor me enviou a fazer todos estes feitos, que de meu coração não procedem.

29 Se estes morrerem como morrem todos os homens, e se forem visitados como são visitados todos os homens, então o Senhor não me enviou.

30 Mas, se o Senhor criar alguma coisa nova, e a terra abrir a sua boca e os tragar com tudo o que é seu, e vivos descerem ao abismo, então conhecereis que estes homens irritaram ao Senhor.

31 E aconteceu que, acabando ele de falar todas estas palavras, a terra que estava debaixo deles se fendeu.

32 E a terra abriu a sua boca, e os tragou com as suas casas, como também a todos os homens que pertenciam a Coré, e a todos os seus bens.

33 E eles e tudo o que era seu desceram vivos ao abismo, e a terra os cobriu, e pereceram do meio da congregação.

34 E todo o Israel, que estava ao redor deles, fugiu ao clamor deles; porque diziam: Para que não nos trague a terra também a nós.

35 Então saiu fogo do Senhor, e consumiu os duzentos e cinqüenta homens que ofereciam o incenso.

36 E falou o Senhor a Moisés, dizendo:

37 Dize a Eleazar, filho de Arão, o sacerdote, que tome os incensários do meio do incêndio, e espalhe o fogo longe, porque santos são;

38 Quanto aos incensários daqueles que pecaram contra as suas almas, deles se façam folhas estendidas para cobertura do altar; porquanto os trouxeram perante o Senhor; pelo que santos são; e serão por sinal aos filhos de Israel.

39 E Eleazar, o sacerdote, tomou os incensários de metal, que trouxeram aqueles que foram queimados, e os estenderam em folhas para cobertura do altar,

40 Por memorial para os filhos de Israel, que nenhum estranho, que não for da descendência de Arão, se chegue para acender incenso perante o Senhor; para que não seja como Coré e a sua congregação, como o Senhor lhe tinha dito por intermédio de Moisés,

41 Mas no dia seguinte toda a congregação dos filhos de Israel murmurou contra Moisés e contra Arão, dizendo: Vós matastes o povo do Senhor.

42 E aconteceu que, ajuntando-se a congregação contra Moisés e Arão, e virando-se para a tenda da congregação, eis que a nuvem a cobriu, e a glória do Senhor apareceu.

43 Vieram, pois, Moisés e Arão perante a tenda da congregação.

44 Então falou o Senhor a Moisés, dizendo:

45 Levantai-vos do meio desta congregação, e a consumirei num momento; então se prostraram sobre os seus rostos,

46 E disse Moisés a Arão: Toma o teu incensário, e põe nele fogo do altar, e deita incenso sobre ele, e vai depressa à congregação, e faze expiação por eles; porque grande indignação saiu de diante do Senhor; já começou a praga.

47 E tomou-o Arão, como Moisés tinha falado, e correu ao meio da congregação; e eis que já a praga havia começado entre o povo; e deitou incenso nele, e fez expiação pelo povo.

48 E estava em pé entre os mortos e os vivos; e cessou a praga.

49 E os que morreram daquela praga foram catorze mil e setecentos, fora os que morreram pela causa de Coré.

50 E voltou Arão a Moisés à porta da tenda da congregação; e cessou a praga.

Números 17

Ouça o áudio do capítulo:

1 Então falou o SENHOR a Moisés, dizendo:

2 Fala aos filhos de Israel, e toma deles uma vara para cada casa paterna de todos os seus príncipes, segundo as casas de seus pais, doze varas; e escreverás o nome de cada um sobre a sua vara.

3 Porém o nome de Arão escreverás sobre a vara de Levi; porque cada cabeça da casa de seus pais terá uma vara.

4 E as porás na tenda da congregação, perante o testemunho, onde eu virei a vós.

5 E será que a vara do homem que eu tiver escolhido florescerá; assim farei cessar as murmurações dos filhos de Israel contra mim, com que murmuram contra vós.

6 Falou, pois, Moisés aos filhos de Israel; e todos os seus príncipes deram-lhe cada um uma vara, para cada príncipe uma vara, segundo as casas de seus pais, doze varas; e a vara de Arão estava entre as deles.

7 E Moisés pôs estas varas perante o Senhor na tenda do testemunho.

8 Sucedeu, pois, que no dia seguinte Moisés entrou na tenda do testemunho, e eis que a vara de Arão, pela casa de Levi, florescia; porque produzira flores e brotara renovos e dera amêndoas.

9 Então Moisés tirou todas as varas de diante do Senhor a todos os filhos de Israel; e eles o viram, e tomaram cada um a sua vara.

10 Então o Senhor disse a Moisés: Torna a pôr a vara de Arão perante o testemunho, para que se guarde por sinal para os filhos rebeldes; assim farás acabar as suas murmurações contra mim, e não morrerão.

11 E Moisés fez assim; como lhe ordenara o Senhor, assim fez.

12 Então falaram os filhos de Israel a Moisés, dizendo: Eis aqui, nós expiramos, perecemos, nós todos perecemos.

13 Todo aquele que se aproximar do tabernáculo do Senhor, morrerá; seremos pois todos consumidos?

Patriarcas e Profetas

A Rebelião de Coré

Ouça o áudio do capítulo:

Este capítulo é baseado em Números 16-17.

Os juízos com que foram atingidos os israelitas serviram durante algum tempo para restringir-lhes a murmuração e indisciplina, mas o espírito rebelde ainda estava no coração, e finalmente produziu os mais amargos frutos. As rebeliões anteriores tinham sido meros tumultos populares, surgindo dos impulsos momentâneos da multidão exaltada; agora, porém, formou-se uma conspiração muito bem fundamentada, como resultado de um propósito decidido de subverter a autoridade dos líderes designados pelo próprio Deus. PP 286.1

Coré, o espírito dirigente deste movimento, era levita, da família de Coate, e primo de Moisés; era homem de habilidade e influência. Embora designado para o serviço do tabernáculo, descontentara-se com sua posição, e aspirara à dignidade do sacerdócio. A concessão a Arão e sua casa do ofício sacerdotal, que anteriormente tocava ao filho primogênito de cada família, dera origem a inveja e dissabor, e por algum tempo Coré estivera secretamente a opor-se à autoridade de Moisés e Arão, se bem que não se arriscasse a um ato manifesto de rebelião. Finalmente concebeu o ousado plano de subverter tanto a autoridade civil como a religiosa. Não deixou de achar quem o apoiasse. Junto às tendas de Coré e dos coatitas, do lado sul do tabernáculo, achava-se o acampamento da tribo de Rúben, estando as tendas de Datã e Abirã, dois príncipes desta tribo, próximas da de Coré. Estes príncipes prontamente aderiram aos planos ambiciosos daquele. Sendo descendentes do filho mais velho de Jacó, pretendiam que a autoridade civil lhes pertencesse, e decidiram-se a dividir com Coré as honras do sacerdócio. PP 286.2

O estado dos sentimentos entre o povo favorecia os desígnios de Coré. Na amargura de seu desapontamento, voltaram-lhes as dúvidas, inveja e ódio anteriores, e de novo dirigiram queixas contra o paciente líder. Os israelitas estavam continuamente a perder de vista que se encontravam sob guia divina. Esqueciam-se de que o Anjo do concerto era seu diretor invisível, e que, velada pela coluna de nuvem, a presença de Cristo ia adiante deles, e dEle Moisés recebia todas as instruções. PP 286.3

Estavam indispostos a sujeitar-se à terrível sentença pela qual todos deviam morrer no deserto, e daí o acharem-se prontos a apanhar qualquer pretexto para crer que não era Deus mas Moisés que os estava guiando, e pronunciara a sua condenação. Os maiores esforços do homem mais manso da Terra não puderam abafar a insubordinação daquele povo; e, embora os sinais do desprazer de Deus por ocasião de sua perversidade anterior ainda estivessem diante deles, incompletos em suas fileiras, não levavam a sério a lição. Novamente foram vencidos pela tentação. PP 286.4

A vida humilde de Moisés, como pastor, fora muito mais pacífica e feliz do que sua posição atual como dirigente daquela vasta assembléia de espíritos turbulentos. Contudo Moisés não ousava fazer sua escolha. Em lugar do cajado de pastor fora-lhe dada uma vara de poder, a qual ele não poderia depor antes que Deus o desobrigasse. PP 287.1

Aquele que lê os segredos de todos os corações, notara os propósitos de Coré e seus companheiros, e dera a Seu povo aviso e instrução suficientes para os habilitarem a livrar-se do engano daqueles homens mal-intencionados. Tinham visto os juízos de Deus recaírem em Miriã por causa de sua inveja e queixas contra Moisés. O Senhor declarara que Moisés era maior do que profeta. “Boca a boca falo com ele.” “Por que, pois”, acrescentou Ele, “não tivestes temor de falar contra o Meu servo, contra Moisés?” Números 12:8. Estas instruções não se destinavam a Arão e Miriã somente, mas a todo o Israel. PP 287.2

Coré e seus companheiros de conspiração eram homens que haviam sido favorecidos com manifestações especiais do poder e grandeza de Deus. Faziam parte do número dos que subiram com Moisés ao monte, e viram a glória divina. Mas desde aquele tempo operara-se uma mudança. Uma tentação, leve a princípio, fora abrigada, e fortalecera-se ao ser alimentada, até que a mente foi dirigida por Satanás, e aventuraram-se a entrar em sua obra de desafeto. Dizendo ter grande interesse na prosperidade do povo, falaram a princípio, uns com outros, ocultamente, a respeito de seu descontentamento, e a seguir falaram aos homens dirigentes de Israel. Suas insinuações foram tão prontamente recebidas que se arriscaram ainda mais, e afinal acreditaram realmente estarem agindo pelo zelo de Deus. PP 287.3

Foram bem-sucedidos em aliciar duzentos e cinqüenta príncipes, homens de renome na congregação. Com este forte e influente apoio, sentiram-se confiantes em que fariam uma mudança radical no governo, e melhorariam grandemente a administração de Moisés e Arão. PP 287.4

O ciúme dera origem à inveja e a inveja à rebelião. Haviam discutido a questão do direito de Moisés a sua tão grande autoridade e honra, até que vieram a considerá-lo ocupante de uma posição muito invejável, que qualquer deles poderia deter tão bem quanto ele. E enganaram-se a si mesmos e uns aos outros, pensando que Moisés e Arão tinham por si mesmos assumido as posições que ocupavam. Os descontentes disseram que esses chefes se haviam exaltado sobre a congregação do Senhor, tomando para si o sacerdócio e o governo; mas sua casa não tinha direito à distinção de superioridade às outras de Israel; não eram mais santos do que o povo, e ser-lhes-ia bastante estar no mesmo nível de seus irmãos, que eram igualmente favorecidos com a presença e proteção especial de Deus. PP 287.5

A obra imediata dos conspiradores foi com o povo. Àqueles que estão no erro, e merecem reprovação, nada há mais agradável do que receber simpatia e louvor. E, assim, Coré e seus companheiros obtiveram a atenção e conseguiram o apoio do povo. A notícia de que as murmurações do povo acarretaram sobre eles a ira de Deus, declarou-se ser um engano. Disseram que a congregação não estava em falta, visto que não desejavam nada mais que seus direitos; mas que Moisés era um governador déspota; que ele reprovara o povo como pecadores, sendo eles um povo santo, e estando o Senhor entre eles. PP 288.1

Coré passou em revista a história de suas viagens através do deserto, onde haviam sido levados a situações angustiosas, e muitos pereceram por causa de sua murmuração e desobediência. Seus ouvintes julgaram ver claramente que suas dificuldades poderiam ter sido evitadas se Moisés tivesse adotado procedimento diverso. Concluíram que todos os seus fracassos eram atribuíveis a ele, e sua exclusão de Canaã fora em conseqüência da má administração de Moisés e Arão; que, se Coré fosse o seu dirigente, e os animasse ocupando-se com suas boas ações em vez de lhes reprovar os pecados, teriam uma jornada muito pacífica e próspera; em vez de vaguearem de um lado para outro no deserto, seguiriam diretamente para a Terra Prometida. PP 288.2

Nesta obra inspiradora de desafeição, houve maior união e harmonia entre os elementos discordantes da congregação do que já existira antes. O êxito de Coré junto ao povo aumentou-lhe a confiança, e confirmou-o em sua crença de que a usurpação da autoridade por Moisés, a não ser reprimida, seria fatal à liberdade de Israel; pretendia também que Deus lhe patenteara a questão, e o autorizara a fazer uma mudança no governo antes que fosse demasiado tarde. Muitos, porém, não estavam prontos a aceitar as acusações de Coré contra Moisés. A lembrança de seus pacientes e abnegados labores surgia diante deles, e a consciência se lhes perturbava. Era portanto necessário indicar algum motivo egoísta pelo seu profundo interesse para com Israel; e reiterou-se a antiga acusação de que ele os tirara a fim de perecerem no deserto, para que pudesse apoderar-se de seus bens. PP 288.3

Durante algum tempo esta obra foi promovida em segredo. Entretanto, logo que o movimento ganhou força suficiente para garantir uma explosão franca, Coré apareceu à frente do partido, e acusou publicamente a Moisés e Arão de usurparem a autoridade de que ele, Coré, e seus companheiros tinham igualmente direito de participar. Houve além disso a acusação de que o povo fora despojado de sua liberdade e independência. “Demais é já”, disseram os conspiradores, “pois que toda a congregação é santa, todos eles são santos, e o Senhor está no meio deles; por que, pois, vos elevais sobre a congregação do Senhor?” PP 288.4

Moisés não suspeitara desta trama tão cuidadosamente urdida, e, quando sua terrível significação lhe ocorreu, caiu sobre seu rosto em um apelo silencioso a Deus. Levantou-se triste, em verdade, mas calmo e forte. Fora-lhe concedida direção divina. “Amanhã pela manhã”, disse ele, “o Senhor fará saber quem é Seu, e quem o santo que Ele fará chegar a Si; e aquele a quem escolher fará chegar a Si.” A prova deveria ser transferida até o dia seguinte, a fim de que todos pudessem ter tempo para refletir. Então aqueles que aspiravam ao sacerdócio deveriam vir cada um com o incensário, e oferecer incenso no tabernáculo, na presença da congregação. A lei era muito explícita de que unicamente os que haviam sido ordenados para o ofício sagrado deviam ministrar no santuário. E mesmo os sacerdotes Nadabe e Abiú tinham sido destruídos por se arriscarem a oferecer “fogo estranho”, em desrespeito ao mandado divino. Todavia Moisés desafiou os seus acusadores a levar a questão perante Deus, caso ousassem recorrer a tão perigoso apelo. PP 288.5

Separando a Coré, e aos levitas seus companheiros, disse Moisés: “Porventura pouco para vós é que o Deus de Israel vos separou da congregação de Israel, para vos fazer chegar a Si, a administrar o ministério do tabernáculo do Senhor e estar perante a congregação para ministrar-lhe; e te fez chegar, e todos os teus irmãos, os filhos de Levi, contigo; ainda também procurais o sacerdócio? Pelo que tu e toda a tua congregação congregados estais contra o Senhor; e Arão, que é ele, que murmurais contra ele?” PP 289.1

Datã e Abirã não haviam assumido atitude tão ousada como Coré; e Moisés, esperando que eles pudessem ter sido arrastados para a conspiração sem se haverem completamente corrompido, chamou-os para que comparecessem perante ele, a fim de poder ouvir suas acusações contra ele. Mas não quiseram ir, e insolentemente se recusaram a reconhecer a sua autoridade. Sua resposta, proferida aos ouvidos da congregação, foi: “Porventura pouco é que nos fizeste subir de uma terra que mana leite e mel, para nos matares neste deserto, senão que também totalmente te assenhoreias de nós? Nem tampouco nos trouxeste a uma terra que mana leite e mel, nem nos deste campos e vinhas em herança; porventura arrancarás os olhos a estes homens? Não subiremos”. Números 16:5-14. PP 289.2

Assim eles aplicaram ao cenário de seu cativeiro a mesma expressão com que o Senhor descrevera a herança prometida. Acusaram Moisés de pretender agir sob guia divina, como meio para estabelecer sua autoridade; e declararam que não mais se sujeitariam a ser levados como homens cegos, ora para Canaã, e ora para o deserto, conforme melhor conviesse a seus ambiciosos intuitos. Assim, aquele que fora como um terno pai, um pastor paciente, foi representado no mais negro caráter de um tirano e usurpador. A exclusão de Canaã, como castigo aos seus próprios pecados, foi a ele atribuída. PP 289.3

Era evidente que as simpatias do povo estavam com o partido desafeto; mas Moisés não fez esforços para a reivindicação própria. Apelou solenemente a Deus, na presença da congregação, como testemunha da pureza de seus intuitos e correção de sua conduta, e implorou-Lhe que fosse seu Juiz. PP 289.4

No dia seguinte, os duzentos e cinqüenta príncipes, com Coré à sua frente, apresentaram-se com seus incensários. Foram levados ao pátio do tabernáculo, enquanto o povo se reuniu fora, para esperar o resultado. Não foi Moisés que reuniu a congregação para ver a derrota de Coré e seu grupo, mas sim os rebeldes, em sua cega presunção, congregaram-nos para testemunharem sua vitória. Grande parte da congregação tomou francamente o lado de Coré, cujas esperanças de provar suas acusações contra Arão eram grandes. PP 290.1

Enquanto estavam assim congregados diante de Deus, “a glória do Senhor apareceu a toda a congregação”. Foi comunicada a Moisés e Arão a advertência divina: “Apartai-vos do meio desta congregação, e os consumirei como num momento.” Mas eles caíram sobre o seu rosto, com esta oração: “Ó Deus, Deus dos espíritos de toda a carne, pecará um só homem, e indignar-Te-ás Tu tanto contra toda esta congregação?” PP 290.2

Coré retirara-se da assembléia a fim de reunir-se com Datã e Abirã, quando Moisés, acompanhado dos setenta anciãos, desceu com um último aviso aos homens que se haviam recusado a ir a ele. As multidões seguiram e, antes de comunicar sua mensagem, Moisés, por direção divina, ordenou ao povo: “Desviai-vos, peço-vos, das tendas destes ímpios homens, e não toqueis nada do que é seu, para que porventura não pereçais em todos os seus pecados”. Números 16:19-26. O aviso foi atendido, pois uma apreensão de juízo iminente repousava sobre todos. Os chefes dos rebeldes viram-se abandonados por aqueles a quem haviam enganado, mas sua dureza ficou inabalável. Permaneceram com suas famílias às portas de suas tendas, como que em desafio à advertência divina. PP 290.3

Em nome do Deus de Israel, Moisés declarou agora aos ouvidos da congregação: “Nisto conhecereis que o Senhor me enviou a fazer todos estes feitos, que de meu coração não procedem. Se estes morrerem como morrem todos os homens, e se forem visitados como se visitam todos os homens, então o Senhor me não enviou. Mas, se o Senhor criar alguma coisa nova, e a terra abrir a sua boca e os tragar com tudo que é seu, e vivos descerem ao sepulcro, então conhecereis que estes homens irritaram ao Senhor”. Números 16:28-30. PP 290.4

Os olhares de todo o Israel estavam fixos em Moisés, enquanto se achavam aterrorizados e expectantes, aguardando os acontecimentos. Cessando ele de falar, a terra sólida partiu-se, e os rebeldes desceram vivos para o abismo, com tudo que lhes pertencia, e “pereceram no meio da congregação”. Números 16:33. O povo fugiu, condenando-se a si próprio, como participantes do pecado. PP 290.5

Mas os juízos não haviam terminado. Fogo que flamejou da nuvem consumiu os duzentos e cinqüenta príncipes que tinham oferecido incenso. Estes homens, não sendo os primeiros na rebelião, não foram destruídos com os principais conspiradores. Foi-lhes permitido ver o fim daqueles, e ter oportunidade para o arrependimento; mas suas simpatias estavam com os rebeldes, e partilharam de sua condenação. PP 290.6

Quando Moisés estava rogando a Israel para que fugisse da destruição vindoura, poder-se-ia mesmo ter detido então o juízo divino, se Coré e seu grupo se arrependessem e buscassem perdão. Sua obstinada persistência, porém, selou-lhes a condenação. A congregação inteira foi participante de seu crime, pois que todos, em maior ou menor grau, haviam contemporizado com eles. Deus, todavia, em Sua grande misericórdia, fizera distinção entre os chefes da rebelião e aqueles a quem haviam conduzido. Ao povo que se deixara enganar concedeu-se ainda tempo para o arrependimento. Dera-se prova esmagadora de que estavam em erro, e de que Moisés estava com a razão. A notável manifestação do poder de Deus removera toda a incerteza. PP 291.1

Jesus, o Anjo que ia adiante dos hebreus, procurou salvá-los da destruição. O perdão continuava ainda ao seu alcance. Os juízos de Deus tinham vindo muito perto, incitando-os a que se arrependessem. Uma especial, irresistível intervenção do Céu, fizera deter sua rebelião. Agora, se correspondessem à interferência da providência de Deus, poderiam salvar-se. Mas, conquanto fugissem dos juízos pelo temor da destruição, sua rebelião não estava curada. Voltaram às suas tendas naquela noite, aterrorizados, mas não arrependidos. PP 291.2

Tinham sido lisonjeados por Coré e seu grupo a ponto de chegarem a crer que eram realmente um povo muito bom, e que haviam sido lesados e maltratados por Moisés. Caso admitissem que Coré e seu grupo estavam em erro, e Moisés com a razão, seriam então compelidos a reconhecer como palavra de Deus a sentença de que deveriam morrer no deserto. Não estavam dispostos a sujeitar-se a isto, e procuraram crer que Moisés os enganara. Tinham alimentado carinhosamente a esperança de que uma nova ordem de coisas estivesse prestes a estabelecer-se, na qual a reprovação seria substituída pelo louvor, e a ansiedade e conflito, pela comodidade. Os homens que pereceram haviam proferido palavras lisonjeiras, e dito possuir grande interesse e amor por eles; e o povo concluiu que Coré e seus companheiros deviam ter sido bons homens, e que Moisés por algum meio fora a causa de sua destruição. PP 291.3

Dificilmente poderão os homens cometer maior insulto a Deus do que desprezar e rejeitar os instrumentos que deseja usar para a salvação deles. Os israelitas não somente fizeram isto, mas propuseram-se a matar Moisés e Arão. Não compreendiam, entretanto, a necessidade de buscar o perdão de Deus, pelo seu enorme pecado. Aquela noite de prova não foi passada em arrependimento e confissões, mas à procura de algum meio para resistir às evidências que lhes mostravam serem os maiores pecadores. Alimentavam ódio contra os homens que haviam sido por Deus designados, e uniram-se a fim de resistirem à autoridade dos mesmos. Satanás estava a postos para perverter-lhes o discernimento e levá-los de olhos vendados à destruição. PP 291.4

Todo Israel fugira alarmado ao grito dos pecadores condenados que desceram ao abismo, pois disseram: “Para que porventura também nos não trague a terra a nós.” “Mas no dia seguinte toda a congregação dos filhos de Israel murmurou contra Moisés e contra Arão, dizendo: Vós matastes o povo do Senhor.” E estavam a ponto de fazer violência aos fiéis e abnegados chefes. PP 292.1

Viu-se na nuvem por cima do tabernáculo uma manifestação da glória divina, e uma voz da nuvem falou a Moisés e Arão: “Levantai-vos do meio desta congregação, e a consumirei como num momento”. Números 16:34, 41, 45. PP 292.2

A culpa do pecado não recaía sobre Moisés, e portanto ele não receou, e não se apressou em retirar-se e deixar a congregação para que perecesse. Moisés demorou-se, manifestando neste terrível momento crítico o interesse do verdadeiro pastor pelo rebanho ao seu cuidado. Advogou para que a ira de Deus não destruísse inteiramente o povo de Sua escolha. Pela sua intercessão deteve o braço da vingança, para que o rebelde e desobediente Israel não tivesse um fim total. PP 292.3

Mas o ministrador da ira saíra; a praga estava a fazer a sua obra de morte. Por determinação de seu irmão, Arão tomou um incensário, e foi apressadamente ao meio da congregação para fazer “expiação por eles”. “E estava em pé entre os mortos e os vivos”. Números 16:48. Enquanto subia o fumo do incenso, as orações de Moisés no tabernáculo ascendiam a Deus; e a praga deteve-se, mas não antes que catorze mil de Israel jazessem mortos, como prova do crime de murmuração e rebelião. PP 292.4

Deu-se, entretanto, mais prova de que o sacerdócio fora estabelecido na família de Arão. Por determinação divina cada tribo preparou uma vara, e escreveu nela o nome da tribo. O nome de Arão estava na de Levi. As varas foram postas “perante o Senhor na tenda do testemunho”. A florescência de qualquer vara deveria ser sinal de que o Senhor escolhera aquela tribo para o sacerdócio. Na manhã seguinte, “eis que a vara de Arão, pela casa de Levi, florescia; porque produzira flores, e brotara renovos e dera amêndoas”. Foi mostrada ao povo, e depois posta no tabernáculo como testemunho às gerações subseqüentes. Este prodígio decidiu finalmente a questão do sacerdócio. PP 292.5

Ficou agora plenamente estabelecido que Moisés e Arão tinham falado por autoridade divina; e o povo foi constrangido a crer na desagradável verdade de que morreriam no deserto. PP 292.6

“Eis aqui, nós expiramos”, exclamaram; “perecemos, nós perecemos todos”. Números 17:7, 8, 12. Confessaram haver pecado, rebelando-se contra seus dirigentes, e ter Coré e seu grupo sofrido o justo juízo de Deus. PP 292.7

Na rebelião de Coré, vêem-se, em um cenário menor, os resultados do mesmo espírito que determinou a rebelião de Satanás no Céu. Foi o orgulho e a ambição que moveram Lúcifer a queixar-se do governo de Deus, e procurar subverter a ordem que fora estabelecida no Céu. Desde sua queda tem sido o seu objetivo infundir nas mentes humanas o mesmo espírito de inveja e descontentamento, a mesma ambição de posições e honras. Assim agiu ele na mente de Coré, Datã e Abirã, para suscitar o desejo de exaltação própria, e provocar inveja, falta de confiança e rebelião. Satanás, fazendo-os rejeitar os homens que Deus designara, fê-los rejeitar a Deus como seu líder. Contudo, ao mesmo tempo em que com sua murmuração contra Moisés e Arão blasfemavam de Deus, estavam tão iludidos que se julgavam justos, e consideravam como tendo sido dirigidos por Satanás aqueles que fielmente haviam reprovado seus pecados. PP 292.8

Não existem ainda os mesmos males que jazem no fundamento da ruína de Coré? O orgulho e a ambição estão espalhados; e, quando são acalentados, abrem a porta à inveja, e a uma luta pela supremacia; a alma é alienada de Deus, e inconscientemente arrastada às fileiras de Satanás. Semelhantes a Coré e seus companheiros, muitos, mesmo dos professos seguidores de Cristo, estão a pensar, projetar e agir com tanta avidez pela exaltação própria que, para o fim de alcançar a simpatia e o apoio do povo, estão prontos a perverter a verdade, atraiçoando e caluniando os servos do Senhor, e mesmo acusando-os dos motivos vis e egoístas que lhes inspira o próprio coração. Reiterando persistentemente a falsidade, e isso contra toda a evidência, chegam finalmente a crer ser ela verdade. Ao mesmo tempo em que se esforçam por destruir a confiança do povo nos homens que por Deus foram designados, acreditam realmente que se acham empenhados em uma boa obra, fazendo em verdade serviço para Deus. PP 293.1

Os hebreus não estavam dispostos a sujeitar-se às determinações e restrições do Senhor. Inquietavam-se com sofrerem restrições, e não se dispunham a ser reprovados. Tal era o segredo de sua murmuração contra Moisés. Ficassem livres para fazerem conforme lhes aprouvesse, e teria havido menos queixas contra seu chefe. Durante toda a história da igreja, os servos de Deus têm tido o mesmo espírito a defrontar. PP 293.2

Por uma condescendência pecaminosa é que os homens dão a Satanás acesso à sua mente, e vão de um grau de impiedade a outro. A rejeição da luz lhes entenebrece a mente e endurece o coração, de modo que lhes é mais fácil dar o passo imediato no pecado, e rejeitar luz ainda mais clara, até que afinal seus hábitos de fazerem mal se tornam fixos. O pecado deixa de lhes parecer pecaminoso. Aquele que com fidelidade prega a Palavra de Deus, condenando deste modo seus pecados, mui freqüentemente incorre no seu ódio. Indispostos a suportar a dor e o sacrifício necessários à sua correção, voltam-se contra o servo do Senhor e denunciam-lhe as reprovações como inoportunas e severas. Semelhantes a Coré, declaram que o povo não está em falta; é aquele que reprova que ocasiona toda a dificuldade. E, acalmando a consciência com esta falácia, os ciosos e desafetos combinam semear discórdia na igreja, e enfraquecer as mãos daqueles que a querem edificar. PP 293.3

Todo o progresso feito por aqueles a quem Deus chamou para tomar parte na direção de Sua obra, tem provocado suspeita; cada um de seus atos tem sido desvirtuado pelos que são invejosos e críticos. Assim foi no tempo de Lutero, dos Wesleys e de outros reformadores. Assim é hoje. PP 294.1

Coré não teria seguido o caminho por onde foi, se tivesse sabido que todas as instruções e reprovações comunicadas a Israel eram de Deus. Ele podia, entretanto, ter sabido isto. Deus dera prova esmagadora de que estava guiando Israel. Mas Coré e seus companheiros rejeitaram a luz até se tornarem tão cegos que mesmo as mais notáveis manifestações de Seu poder não bastavam para os convencer; atribuíam-nas todas a operações humanas ou satânicas. A mesma coisa fora feita pelo povo que, no dia seguinte ao da destruição de Coré e seu grupo, veio a Moisés e Arão, dizendo: “Vós matastes o povo do Senhor”. Números 16:41. Apesar de terem tido a prova mais convincente do desagrado de Deus pela sua conduta, na destruição dos homens que os haviam enganado, ousaram atribuir Seus juízos a Satanás, declarando que, pelo poder do maligno, Moisés e Arão tinham ocasionado a morte de homens bons e santos. Foi este ato que selou a condenação deles. Haviam cometido o pecado contra o Espírito Santo, pecado este em virtude do qual o coração do homem eficazmente se endurece contra a influência da graça divina. “Se qualquer disser uma palavra contra o Filho do homem”, disse Cristo, “ser-lhe-á perdoado; mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado”. Mateus 12:32. Estas palavras foram proferidas por nosso Salvador quando as obras cheias de graça que realizara pelo poder de Deus, foram atribuídas pelos judeus a Belzebu. É mediante a operação do Espírito Santo que Deus Se comunica com o homem; e aqueles que deliberadamente rejeitam esta operação como satânica, interceptaram o conduto que estabelece comunicação entre a pessoa e o Céu. PP 294.2

Deus opera pela manifestação de Seu Espírito para reprovar e convencer o pecador; e, se a obra do Espírito é finalmente rejeitada, nada mais há que Deus possa fazer pela alma. O último recurso da misericórdia divina foi empregado. O transgressor desligou-se de Deus; e o pecado não tem remédio para curar a si mesmo. Não há uma reserva de poder pela qual Deus possa operar para convencer e converter o pecador. “Deixa-o” (Oséias 4:17), é a ordem divina. Então, “já não resta mais sacrifício pelos pecados, mas uma certa expectação horrível de juízo, e ardor de fogo, que há de devorar os adversários”. Hebreus 10:26, 27. PP 294.3

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