Patmos


Dia 318 - Wednesday, 13 de November de 2024
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21 min

  • Salmos 131-136
  • Apocalipse 1

Salmos 131

Ouça o áudio do capítulo:

1 SENHOR, o meu coração não se elevou nem os meus olhos se levantaram; não me exercito em grandes matérias, nem em coisas muito elevadas para mim.

2 Certamente que me tenho portado e sossegado como uma criança desmamada de sua mãe; a minha alma está como uma criança desmamada.

3 Espere Israel no Senhor, desde agora e para sempre.

Salmos 132

Ouça o áudio do capítulo:

1 Lembra-te, SENHOR, de Davi, e de todas as suas aflições.

2 Como jurou ao Senhor, e fez votos ao poderoso Deus de Jacó, dizendo:

3 Certamente que não entrarei na tenda de minha casa, nem subirei à minha cama,

4 Não darei sono aos meus olhos, nem repouso às minhas pálpebras,

5 Enquanto não achar lugar para o Senhor, uma morada para o poderoso Deus de Jacó.

6 Eis que ouvimos falar dela em Efrata, e a achamos no campo do bosque.

7 Entraremos nos seus tabernáculos; prostrar-nos-emos ante o escabelo de seus pés.

8 Levanta-te, Senhor, ao teu repouso, tu e a arca da tua força.

9 Vistam-se os teus sacerdotes de justiça, e alegrem-se os teus santos.

10 Por amor de Davi, teu servo, não faças virar o rosto do teu ungido.

11 O Senhor jurou com verdade a Davi, e não se apartará dela: Do fruto do teu ventre porei sobre o teu trono.

12 Se os teus filhos guardarem a minha aliança, e os meus testemunhos, que eu lhes hei de ensinar, também os seus filhos se assentarão perpetuamente no teu trono.

13 Porque o Senhor escolheu a Sião; desejou-a para a sua habitação, dizendo:

14 Este é o meu repouso para sempre; aqui habitarei, pois o desejei.

15 Abençoarei abundantemente o seu mantimento; fartarei de pão os seus necessitados.

16 Também vestirei os seus sacerdotes de salvação, e os seus santos saltarão de prazer.

17 Ali farei brotar a força de Davi; preparei uma lâmpada para o meu ungido.

18 Vestirei os seus inimigos de vergonha; mas sobre ele florescerá a sua coroa.

Salmos 133

Ouça o áudio do capítulo:

1 Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união.

2 É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla das suas vestes.

3 Como o orvalho de Hermom, e como o que desce sobre os montes de Sião, porque ali o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre.

Salmos 134

Ouça o áudio do capítulo:

1 Eis aqui, bendizei ao SENHOR todos vós, servos do SENHOR, que assistis na casa do SENHOR todas as noites.

2 Levantai as vossas mãos no santuário, e bendizei ao Senhor.

3 O Senhor que fez o céu e a terra te abençoe desde Sião.

Salmos 135

Ouça o áudio do capítulo:

1 Louvai ao SENHOR. Louvai o nome do SENHOR; louvai-o, servos do SENHOR.

2 Vós que assistis na casa do Senhor, nos átrios da casa do nosso Deus.

3 Louvai ao Senhor, porque o Senhor é bom; cantai louvores ao seu nome, porque é agradável.

4 Porque o Senhor escolheu para si a Jacó, e a Israel para seu próprio tesouro.

5 Porque eu conheço que o Senhor é grande e que o nosso Senhor está acima de todos os deuses.

6 Tudo o que o Senhor quis, fez, nos céus e na terra, nos mares e em todos os abismos.

7 Faz subir os vapores das extremidades da terra; faz os relâmpagos para a chuva; tira os ventos dos seus tesouros.

8 O que feriu os primogênitos do Egito, desde os homens até os animais;

9 O que enviou sinais e prodígios no meio de ti, ó Egito, contra Faraó e contra os seus servos;

10 O que feriu muitas nações, e matou poderosos reis:

11 A Siom, rei dos amorreus, e a Ogue, rei de Basã, e a todos os reinos de Canaã;

12 E deu a sua terra em herança, em herança a Israel, seu povo.

13 O teu nome, ó Senhor, dura perpetuamente, e a tua memória, ó Senhor, de geração em geração.

14 Pois o Senhor julgará o seu povo, e se arrependerá com respeito aos seus servos.

15 Os ídolos dos gentios são prata e ouro, obra das mãos dos homens.

16 Têm boca, mas não falam; têm olhos, e não vêem,

17 Têm ouvidos, mas não ouvem, nem há respiro algum nas suas bocas.

18 Semelhantes a eles se tornem os que os fazem, e todos os que confiam neles.

19 Casa de Israel, bendizei ao Senhor; casa de Arão, bendizei ao Senhor;

20 Casa de Levi, bendizei ao Senhor; vós os que temeis ao Senhor, louvai ao Senhor.

21 Bendito seja o Senhor desde Sião, que habita em Jerusalém. Louvai ao Senhor.

Salmos 136

Ouça o áudio do capítulo:

1 Louvai ao SENHOR, porque ele é bom; porque a sua benignidade dura para sempre.

2 Louvai ao Deus dos deuses; porque a sua benignidade dura para sempre.

3 Louvai ao Senhor dos senhores; porque a sua benignidade dura para sempre.

4 Aquele que só faz maravilhas; porque a sua benignidade dura para sempre.

5 Aquele que por entendimento fez os céus; porque a sua benignidade dura para sempre.

6 Aquele que estendeu a terra sobre as águas; porque a sua benignidade dura para sempre.

7 Aquele que fez os grandes luminares; porque a sua benignidade dura para sempre;

8 O sol para governar de dia; porque a sua benignidade dura para sempre;

9 A lua e as estrelas para presidirem à noite; porque a sua benignidade dura para sempre;

10 O que feriu o Egito nos seus primogênitos; porque a sua benignidade dura para sempre;

11 E tirou a Israel do meio deles; porque a sua benignidade dura para sempre;

12 Com mão forte, e com braço estendido; porque a sua benignidade dura para sempre;

13 Aquele que dividiu o Mar Vermelho em duas partes; porque a sua benignidade dura para sempre;

14 E fez passar Israel pelo meio dele; porque a sua benignidade dura para sempre;

15 Mas derrubou a Faraó com o seu exército no Mar Vermelho; porque a sua benignidade dura para sempre.

16 Aquele que guiou o seu povo pelo deserto; porque a sua benignidade dura para sempre;

17 Aquele que feriu os grandes reis; porque a sua benignidade dura para sempre;

18 E matou reis famosos; porque a sua benignidade dura para sempre;

19 Siom, rei dos amorreus; porque a sua benignidade dura para sempre;

20 E Ogue, rei de Basã; porque a sua benignidade dura para sempre;

21 E deu a terra deles em herança; porque a sua benignidade dura para sempre;

22 E mesmo em herança a Israel, seu servo; porque a sua benignidade dura para sempre;

23 Que se lembrou da nossa baixeza; porque a sua benignidade dura para sempre;

24 E nos remiu dos nossos inimigos; porque a sua benignidade dura para sempre;

25 O que dá mantimento a toda a carne; porque a sua benignidade dura para sempre.

26 Louvai ao Deus dos céus; porque a sua benignidade dura para sempre.

Apocalipse 1

Ouça o áudio do capítulo:

1 Revelação de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu, para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer; e pelo seu anjo as enviou, e as notificou a João seu servo;

2 O qual testificou da palavra de Deus, e do testemunho de Jesus Cristo, e de tudo o que tem visto.

3 Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo.

4 João, às sete igrejas que estão na Ásia: Graça e paz seja convosco da parte daquele que é, e que era, e que há de vir, e da dos sete espíritos que estão diante do seu trono;

5 E da parte de Jesus Cristo, que é a fiel testemunha, o primogênito dentre os mortos e o príncipe dos reis da terra. Àquele que nos amou, e em seu sangue nos lavou dos nossos pecados,

6 E nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai; a ele glória e poder para todo o sempre. Amém.

7 Eis que vem com as nuvens, e todo o olho o verá, até os mesmos que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim. Amém.

8 Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor, que é, e que era, e que há de vir, o Todo-Poderoso.

9 Eu, João, que também sou vosso irmão, e companheiro na aflição, e no reino, e paciência de Jesus Cristo, estava na ilha chamada Patmos, por causa da palavra de Deus, e pelo testemunho de Jesus Cristo.

10 Eu fui arrebatado no Espírito no dia do Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta,

11 Que dizia: Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o derradeiro; e o que vês, escreve-o num livro, e envia-o às sete igrejas que estão na Ásia: a Éfeso, e a Esmirna, e a Pérgamo, e a Tiatira, e a Sardes, e a Filadélfia, e a Laodicéia.

12 E virei-me para ver quem falava comigo. E, virando-me, vi sete castiçais de ouro;

13 E no meio dos sete castiçais um semelhante ao Filho do homem, vestido até aos pés de uma roupa comprida, e cingido pelos peitos com um cinto de ouro.

14 E a sua cabeça e cabelos eram brancos como lã branca, como a neve, e os seus olhos como chama de fogo;

15 E os seus pés, semelhantes a latão reluzente, como se tivessem sido refinados numa fornalha, e a sua voz como a voz de muitas águas.

16 E ele tinha na sua destra sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda espada de dois fios; e o seu rosto era como o sol, quando na sua força resplandece.

17 E eu, quando o vi, caí a seus pés como morto; e ele pôs sobre mim a sua destra, dizendo-me: Não temas; Eu sou o primeiro e o último;

18 E o que vivo e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém. E tenho as chaves da morte e do inferno.

19 Escreve as coisas que tens visto, e as que são, e as que depois destas hão de acontecer;

20 O mistério das sete estrelas, que viste na minha destra, e dos sete castiçais de ouro. As sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete castiçais, que viste, são as sete igrejas.

Atos dos Apóstolos

Patmos

Ouça o áudio do capítulo:

Mais de meio século havia passado, desde a organização da igreja cristã. Durante esse tempo, a mensagem do evangelho tinha sofrido constante oposição. Seus inimigos jamais afrouxaram os esforços e, afinal, alcançaram êxito em arregimentar o poder do imperador romano contra os cristãos. AA 318.1

Na terrível perseguição que se seguiu, o apóstolo João muito fez para confirmar e fortalecer a fé dos crentes. Ele deu um testemunho que seus adversários não puderam controverter, e que ajudou seus irmãos a enfrentar com lealdade e coragem as provas que lhes sobrevieram. Quando a fé dos cristãos lhes parecia vacilar sob a feroz oposição que eram forçados a enfrentar, o velho e provado servo de Jesus lhes repetia com poder e eloqüência a história do Salvador crucificado e ressurgido. Mantinha firmemente a fé, e de seus lábios brotava sempre a mesma alegre mensagem: “O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida... o que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos”. 1 João 1:1-3. AA 318.2

João alcançou avançada idade. Testemunhou a destruição de Jerusalém e a ruína do majestoso templo. Último sobrevivente dos discípulos que haviam privado intimamente com o Salvador, sua mensagem teve grande influência em estabelecer o fato de que Jesus é o Messias, o Redentor do mundo. Ninguém poderia duvidar de sua sinceridade, e através de seus ensinos muitos foram levados a deixar a incredulidade. AA 318.3

Os príncipes dos judeus encheram-se de ódio atroz contra João por sua inamovível fidelidade à causa de Cristo. Declararam que de nada valeriam seus esforços contra os cristãos enquanto o testemunho de João soasse aos ouvidos do povo. Para que os milagres e ensinos de Cristo fossem esquecidos, a voz da ousada testemunha teria de ser silenciada. AA 318.4

João foi, por conseguinte, convocado a Roma para ser julgado por sua fé. Ali perante as autoridades, as doutrinas do apóstolo foram deturpadas. Falsas testemunhas acusaram-no de ensinar sediciosas heresias. Por essas acusações esperavam seus inimigos levar em breve o discípulo à morte. AA 318.5

João respondeu por si de maneira clara e convincente, e com tal simplicidade e candura que suas palavras tiveram efeito poderoso. Seus ouvintes ficaram atônitos com sua sabedoria e eloqüência. Porém, quanto mais convincente era seu testemunho, mais profundo o ódio de seus opositores. O imperador Domiciano estava cheio de ira. Não podia contrafazer as razões do fiel advogado de Cristo, nem disputar o poder que lhe acompanhava a exposição da verdade; determinou, contudo, fazer silenciar sua voz. AA 318.6

João foi lançado dentro de um caldeirão de óleo fervente; mas o Senhor preservou a vida de Seu fiel servo, da mesma maneira como preservara a dos três hebreus na fornalha ardente. Ao serem pronunciadas as palavras: Assim pereçam todos os que crêem nesse enganador, Jesus Cristo de Nazaré, João declarou: “Meu Mestre Se submeteu pacientemente a tudo quanto Satanás e seus anjos puderam inventar para humilhá-Lo e torturá-Lo. Ele deu a vida para salvar o mundo. Considero uma honra o ser-me permitido sofrer por Seu amor. Sou um homem pecador e fraco. Cristo era santo, inocente, incontaminado. Não pecou nem se achou engano em Sua boca.” AA 319.1

Essas palavras exerceram sua influência, e João foi retirado do caldeirão pelos mesmos homens que ali o haviam lançado. AA 319.2

De novo, a mão da perseguição caiu pesadamente sobre o apóstolo. Por decreto do imperador foi João banido para a ilha de Patmos, condenado “por causa da Palavra de Deus, e pelo testemunho de Jesus Cristo”. Apocalipse 1:9. Ali, pensavam seus inimigos, sua influência não mais seria sentida, e ele morreria, afinal, pelas privações e sofrimentos. AA 319.3

Patmos, uma ilha árida e rochosa no mar Egeu, havia sido escolhida pelo governo romano para banimento de criminosos; mas para o servo de Deus sua solitária habitação tornou-se a porta do Céu. Ali, afastado das cansativas cenas da vida, e dos ativos labores dos primeiros anos, ele teve a companhia de Deus, de Cristo, dos anjos celestiais, e deles recebeu instrução para a igreja no futuro. Os eventos que deveriam ocorrer nas cenas finais da história deste mundo foram esboçados perante ele; e ali escreveu as visões recebidas de Deus. Quando sua voz não mais podia testificar dAquele a quem amara e servira, as mensagens que foram dadas nessa costa desolada deviam avançar como uma lâmpada que arde, declarando o seguro propósito do Senhor concernente a cada nação da Terra. AA 319.4

Entre as rochas e recifes de Patmos, João manteve comunhão com seu Criador. Recapitulou sua vida passada e, ao pensamento das bênçãos que havia recebido, a paz encheu-lhe o coração. Ele vivera a vida de um cristão, e pudera dizer com fé: “Sabemos que passamos da morte para a vida”. 1 João 3:14. Não assim o imperador que o banira. Este olharia para trás e encontraria apenas campos de batalha e carnificina, lares desolados, lágrimas de órfãos e viúvas, o fruto de seu ambicioso desejo de proeminência. AA 319.5

Em seu isolado lar, João estava habilitado a estudar mais profundamente do que nunca as manifestações do poder divino como reveladas no livro da natureza e nas páginas da Inspiração. Era para ele um deleite meditar sobre a obra da criação, e adorar o divino Arquiteto. Em anos anteriores, seus olhos tinham-se deleitado na contemplação dos morros cobertos de florestas, dos verdes vales e frutíferas planícies; e nas belezas da natureza sempre se deleitara em considerar a sabedoria e habilidade do Criador. Agora, estava circundado por cenas que poderiam parecer melancólicas e desinteressantes a muitos; mas para João representavam outra coisa. Embora o cenário que o rodeava fosse desolado e árido, o céu azul que o cobria era tão luminoso e belo como o céu de sua amada Jerusalém. Nas rochas rudes e ermos, nos mistérios dos abismos, nas glórias do firmamento lia ele importantes lições. Tudo trazia mensagem do poder e glória de Deus. AA 319.6

Em tudo ao seu redor via o apóstolo testemunhas do dilúvio que inundara a Terra porque seus habitantes se aventuraram a transgredir a lei de Deus. As rochas que foram lançadas da Terra e do grande abismo pelo irromper das águas, traziam-lhe vividamente ao espírito os terrores daquele terrível derramamento da ira de Deus. Na voz de muitas águas — abismo chamando abismo — o profeta ouvia a voz do Criador. O mar, açoitado pela fúria de impiedosos ventos, representava para ele a ira de um Deus ofendido. As poderosas ondas, em sua terrível comoção, mantidas em seus limites por mão invisível, falavam do controle de um poder infinito. E em contraste, considerava a fraqueza e futilidade dos mortais que, embora vermes do pó, gloriam-se em sua suposta sabedoria e força e colocam o coração contra o Governador do Universo, como se Deus fosse igual a eles. As rochas lhe lembravam Cristo, a Rocha de sua fortaleza, em cujo abrigo podia ele refugiar-se sem temor. Do exilado apóstolo sobre o rochedo de Patmos subiam para Deus os mais ardentes anseios do coração, as mais fervorosas orações. AA 320.1

A história de João fornece uma vívida ilustração de como Deus pode usar obreiros idosos. Quando João foi exilado para a ilha de Patmos, havia muitos que o consideravam como tendo passado do tempo de serviço, um caniço velho e quebrado, pronto para cair a qualquer momento. Mas o Senhor achou próprio usá-lo ainda. Embora banido das cenas de seus primeiros trabalhos, ele não cessou de dar testemunho da verdade. Até em Patmos fez amigos e conversos. Sua mensagem era de alegria, proclamava um Salvador ressurreto que, no Céu intercede por Seu povo até que possa retornar e tomá-lo para Si mesmo. E foi depois de haver João encanecido na obra de seu Senhor que ele recebeu do Céu mais comunicações que durante todos os anos anteriores de sua vida. AA 320.2

A mais terna consideração deve ser dispensada a todos aqueles cujos interesses da vida estiveram ligados com a obra de Deus. Esses obreiros idosos têm permanecido fiéis em meio a tempestades e provas. Podem ter enfermidades, mas possuem ainda talentos que os qualificam para permanecer em seu lugar na causa de Deus. Embora gastos, incapazes de levar os encargos mais pesados que os mais jovens podem e devem levar, seus conselhos são do mais alto valor. AA 320.3

Podem ter cometido erros, mas de suas falhas aprenderam a evitar enganos e perigos; e não são ainda assim competentes para dar sábios conselhos? Suportaram provas e aflições, e embora tenham perdido parte de seu vigor, o Senhor não os põe de lado. Ele lhes dá especial graça e sabedoria. AA 321.1

Os que serviram seu Mestre quando a obra era difícil, que suportaram a pobreza e permaneceram fiéis quando poucos havia ao lado da verdade, devem ser honrados e respeitados. O Senhor deseja que os obreiros mais jovens ganhem sabedoria, fortaleza e maturidade pela associação com esses homens fiéis. Que os homens mais jovens sintam que ter entre eles tais obreiros lhes representa um alto favor. Dêem-lhes um lugar de honra em seus concílios. AA 321.2

Quando os que gastaram a vida no serviço de Cristo se aproximam do fim de seu ministério terrestre, são impressionados pelo Espírito Santo a contar as experiências que tiveram em relação com a obra de Deus. O relato de Seu maravilhoso trato com Seu povo, de Sua grande bondade em livrá-los das provas, deveria ser repetido aos recém-vindos à fé. Deus deseja que os velhos e provados obreiros permaneçam em seus lugares, fazendo sua parte para livrar homens e mulheres de serem varridos pela poderosa corrente do mal, e deseja que conservem a armadura até que lhes ordene depô-la. AA 321.3

Na experiência do apóstolo João sob a perseguição, há para o cristão uma lição de maravilhosa fortaleza e conforto. Deus não impede a trama dos ímpios, mas faz que suas armadilhas contribuam para o bem daqueles que, em prova e conflito, mantêm sua fé e lealdade. Não raro, o obreiro do evangelho efetua sua obra em meio a tempestades de perseguições, oposição atroz e acusações injustas. Em tais ocasiões, lembre-se ele de que a experiência da fornalha da prova e da aflição paga todos os pesares de seu preço. Assim traz Deus Seus filhos para perto de Si, para que lhes possa mostrar Sua força e a fraqueza deles. Ele os ensina a se apoiarem nEle. Dessa forma prepara-os para enfrentar as emergências, ocupar posições de responsabilidade e realizar o grande propósito para o que lhes foram dadas as faculdades. AA 321.4

Em todas as épocas, as testemunhas designadas por Deus se têm exposto às perseguições e ao desprezo por amor à verdade. José foi caluniado e perseguido por haver preservado sua virtude e integridade. Davi, o mensageiro escolhido de Deus, foi caçado como um animal feroz por seus inimigos. Daniel foi lançado na cova dos leões por ser leal ao seu concerto com o Céu. Jó foi destituído de suas posses terrestres e ferido no corpo de tal maneira que o desprezaram os próprios parentes e amigos; contudo manteve sua integridade. Jeremias não pôde ser impedido de falar as palavras que Deus lhe ordenara; e seu testemunho de tal maneira enfureceu o rei e os príncipes que o atiraram num poço asqueroso. Estêvão foi apedrejado por haver pregado a Cristo, e Este crucificado. Paulo foi encarcerado, açoitado, apedrejado e finalmente entregue à morte por ter sido fiel mensageiro de Deus aos gentios. E João foi banido para a ilha de Patmos “por causa da Palavra de Deus, e pelo testemunho de Jesus Cristo”. Apocalipse 1:9. AA 321.5

Esses exemplos de humana firmeza dão testemunho da fidelidade das promessas de Deus — de Sua permanente presença e mantenedora graça. Testificam do poder da fé para enfrentar os poderes do mundo. É obra de fé repousar em Deus na hora mais escura, sentir, embora dolorosamente provado e sacudido pela tempestade, que nosso Pai está ao leme. Somente os olhos da fé podem ver para além das coisas temporais e apreciar com acerto o valor das riquezas eternas. AA 322.1

Jesus não oferece a Seus seguidores a esperança de alcançar glórias e riquezas terrestres, de viver uma vida livre de provações. Ao contrário, chama-os para segui-Lo no caminho da abnegação e ignomínia. Aquele que veio para redimir o mundo sofreu a oposição das arregimentadas forças do mal. Numa impiedosa confederação, homens e anjos maus se aliaram contra o Príncipe da paz. Cada um de Seus atos e palavras revelava divina compaixão, e Sua desconformidade com o mundo provocou a mais dura hostilidade. AA 322.2

Assim será com todos os que se dispuserem a viver piamente em Cristo Jesus. A perseguição e o descrédito esperam todos os que estiverem cheios do Espírito de Cristo. O tipo de perseguição muda com o tempo, mas o princípio — o espírito que a anima — é o mesmo que tem dado a morte aos escolhidos do Senhor desde os dias de Abel. AA 322.3

Em todas as épocas, Satanás tem perseguido o povo de Deus. Tem-no torturado e lhe dado a morte, porém tornaram-se eles conquistadores ao morrer. Deram testemunho do poder de Alguém que é mais forte que Satanás. Podem os ímpios torturar e matar o corpo, mas não podem tocar na vida que está escondida com Cristo em Deus. Podem encerrar homens e mulheres nas prisões, mas não lhes podem encerrar o espírito. AA 322.4

Mediante provas e perseguições, a glória — o caráter — de Deus se revela em Seus escolhidos. Os crentes em Cristo, odiados e perseguidos pelo mundo, são educados e disciplinados na escola de Cristo. Na Terra, andam em caminhos estreitos; são purificados na fornalha da aflição. Isaías 48:10. Seguem a Cristo através de penosos conflitos; suportam a abnegação e passam por amargos desapontamentos; mas deste modo aprendem o que significam a culpa e os ais do pecado, e olham para ele com repulsa. Tendo sido participantes das aflições de Cristo, podem contemplar a glória além da obscuridade, dizendo: “Tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada”. Romanos 8:18. AA 322.5

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