Podes Tornar-me Limpo


Dia 172 - Thursday, 20 de June de 2024
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33 min

Jeremias 22

Ouça o áudio do capítulo:

1 Assim diz o SENHOR: Desce à casa do rei de Judá, e anuncia ali esta palavra,

2 E dize: Ouve a palavra do Senhor, ó rei de Judá, que te assentas no trono de Davi, tu, e os teus servos, o teu povo, que entrais por estas portas.

3 Assim diz o Senhor: Exercei o juízo e a justiça, e livrai o espoliado da mão do opressor; e não oprimais ao estrangeiro, nem ao órfão, nem à viúva; não façais violência, nem derrameis sangue inocente neste lugar.

4 Porque, se deveras cumprirdes esta palavra, entrarão pelas portas desta casa os reis que se assentarão em lugar de Davi sobre o seu trono, andando em carros e montados em cavalos, eles, e os seus servos, e o seu povo.

5 Mas, se não derdes ouvidos a estas palavras, por mim mesmo tenho jurado, diz o Senhor, que esta casa se tornará em assolação.

6 Porque assim diz o Senhor acerca da casa do rei de Judá: Tu és para mim Gileade, e a cabeça do Líbano; mas por certo que farei de ti um deserto e cidades desabitadas.

7 Porque preparei contra ti destruidores, cada um com as suas armas; e cortarão os teus cedros escolhidos, e lançá-los-ão no fogo.

8 E muitas nações passarão por esta cidade, e dirá cada um ao seu próximo: Por que procedeu o Senhor assim com esta grande cidade?

9 E dirão: Porque deixaram a aliança do Senhor seu Deus, e se inclinaram diante de outros deuses, e os serviram.

10 Não choreis o morto, nem o lastimeis; chorai abundantemente aquele que sai, porque nunca mais tornará nem verá a terra onde nasceu.

11 Porque assim diz o Senhor acerca de Salum, filho de Josias, rei de Judá, que reinou em lugar de Josias, seu pai, e que saiu deste lugar: Nunca mais ali tornará.

12 Mas no lugar para onde o levaram cativo ali morrerá, e nunca mais verá esta terra.

13 Ai daquele que edifica a sua casa com injustiça, e os seus aposentos sem direito, que se serve do serviço do seu próximo sem remunerá-lo, e não lhe dá o salário do seu trabalho.

14 Que diz: Edificarei para mim uma casa espaçosa, e aposentos largos; e que lhe abre janelas, forrando-a de cedro, e pintando-a de vermelhão.

15 Porventura reinarás tu, porque te encerras em cedro? Acaso teu pai não comeu e bebeu, e não praticou o juízo e a justiça? Por isso lhe sucedeu bem.

16 Julgou a causa do aflito e necessitado; então lhe sucedeu bem; porventura não é isto conhecer-me? diz o Senhor.

17 Mas os teus olhos e o teu coração não atentam senão para a tua avareza, e para derramar sangue inocente, e para praticar a opressão, e a violência.

18 Portanto assim diz o SENHOR acerca de Jeoiaquim, filho de Josias, rei de Judá: Não o lamentarão, dizendo: Ai, meu irmão, ou ai, minha irmã! Nem o lamentarão, dizendo: Ai, senhor, ou, ai, sua glória!

19 Em sepultura de jumento será sepultado, sendo arrastado e lançado para bem longe, fora das portas de Jerusalém.

20 Sobe ao Líbano, e clama, e levanta a tua voz em Basã, e clama desde Abarim; porque estão destruídos todos os teus namorados.

21 Falei contigo na tua prosperidade, mas tu disseste: Não ouvirei. Este tem sido o teu caminho, desde a tua mocidade, pois nunca deste ouvidos à minha voz.

22 O vento apascentará a todos os teus pastores, e os teus namorados irão para o cativeiro; certamente então te confundirás, e te envergonharás por causa de toda a tua maldade.

23 Ó tu, que habitas no Líbano e fazes o teu ninho nos cedros, quão lastimada serás quando te vierem as dores e os ais como da que está de parto.

24 Vivo eu, diz o Senhor, que ainda que Conias, filho de Jeoiaquim, rei de Judá, fosse o anel do selo na minha mão direita, contudo dali te arrancaria.

25 E entregar-te-ei na mão dos que buscam a tua vida, e na mão daqueles diante de quem tu temes, a saber, na mão de Nabucodonosor, rei de babilônia, e na mão dos caldeus.

26 E lançar-te-ei, a ti e à tua mãe que te deu à luz, para uma terra estranha, em que não nasceste, e ali morrereis.

27 Mas à terra, para a qual eles com toda a alma desejam voltar, para lá não voltarão.

28 É, pois, este homem Conias um ídolo desprezado e quebrado, ou um vaso de que ninguém se agrada? Por que razão foram arremessados fora, ele e a sua geração, e arrojados para uma terra que não conhecem?

29 Ó terra, terra, terra! Ouve a palavra do Senhor.

30 Assim diz o Senhor: Escrevei que este homem está privado de filhos, homem que não prosperará nos seus dias; porque nenhum da sua geração prosperará, para se assentar no trono de Davi, e reinar ainda em Judá.

Jeremias 23

Ouça o áudio do capítulo:

1 Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto, diz o SENHOR.

2 Portanto assim diz o Senhor Deus de Israel, contra os pastores que apascentam o meu povo: Vós dispersastes as minhas ovelhas, e as afugentastes, e não as visitas-tes; eis que visitarei sobre vós a maldade das vossas ações, diz o Senhor.

3 E eu mesmo recolherei o restante das minhas ovelhas, de todas as terras para onde as tiver afugentado, e as farei voltar aos seus apriscos; e frutificarão, e se multiplicarão.

4 E levantarei sobre elas pastores que as apascentem, e nunca mais temerão, nem se assombrarão, e nem uma delas faltará, diz o Senhor.

5 Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, sendo rei, reinará e agirá sabiamente, e praticará o juízo e a justiça na terra.

6 Nos seus dias Judá será salvo, e Israel habitará seguro; e este será o seu nome, com o qual Deus o chamará: O SENHOR JUSTIÇA NOSSA.

7 Portanto, eis que vêm dias, diz o Senhor, em que nunca mais dirão: Vive o Senhor, que fez subir os filhos de Israel da terra do Egito;

8 Mas: Vive o Senhor, que fez subir, e que trouxe a geração da casa de Israel da terra do norte, e de todas as terras para onde os tinha arrojado; e habitarão na sua terra.

9 Quanto aos profetas, já o meu coração está quebrantado dentro de mim; todos os meus ossos estremecem; sou como um homem embriagado, e como um homem vencido de vinho, por causa do Senhor, e por causa das suas santas palavras.

10 Porque a terra está cheia de adúlteros, e a terra chora por causa da maldição; os pastos do deserto se secam; porque a sua carreira é má, e a sua força não é reta.

11 Porque tanto o profeta, como o sacerdote, estão contaminados; até na minha casa achei a sua maldade, diz o Senhor.

12 Portanto o seu caminho lhes será como lugares escorregadios na escuridão; serão empurrados, e cairão nele; porque trarei sobre eles mal, no ano da sua visitação, diz o Senhor.

13 Nos profetas de Samaria bem vi loucura; profetizavam da parte de Baal, e faziam errar o meu povo Israel.

14 Mas nos profetas de Jerusalém vejo uma coisa horrenda: cometem adultérios, e andam com falsidade, e fortalecem as mãos dos malfeitores, para que não se convertam da sua maldade; eles têm-se tornado para mim como Sodoma, e os seus moradores como Gomorra.

15 Portanto assim diz o Senhor dos Exércitos acerca dos profetas: Eis que lhes darei a comer losna, e lhes farei beber águas de fel; porque dos profetas de Jerusalém saiu a contaminação sobre toda a terra.

16 Assim diz o Senhor dos Exércitos: Não deis ouvidos às palavras dos profetas, que entre vós profetizam; fazem-vos desvanecer; falam da visão do seu coração, não da boca do Senhor.

17 Dizem continuamente aos que me desprezam: O Senhor disse: Paz tereis; e a qualquer que anda segundo a dureza do seu coração, dizem: Não virá mal sobre vós.

18 Porque, quem esteve no conselho do Senhor, e viu, e ouviu a sua palavra? Quem esteve atento à sua palavra, e ouviu?

19 Eis que saiu com indignação a tempestade do Senhor; e uma tempestade penosa cairá cruelmente sobre a cabeça dos ímpios.

20 Não se desviará a ira do Senhor, até que execute e cumpra os desígnios do seu coração; nos últimos dias entendereis isso claramente.

21 Não mandei esses profetas, contudo eles foram correndo; não lhes falei, contudo eles profetizaram.

22 Mas, se estivessem estado no meu conselho, então teriam feito o meu povo ouvir as minhas palavras, e o teriam feito voltar do seu mau caminho, e da maldade das suas ações.

23 Porventura sou eu Deus de perto, diz o Senhor, e não também Deus de longe?

24 Esconder-se-ia alguém em esconderijos, de modo que eu não o veja? diz o Senhor. Porventura não encho eu os céus e a terra? diz o Senhor.

25 Tenho ouvido o que dizem aqueles profetas, profetizando mentiras em meu nome, dizendo: Sonhei, sonhei.

26 Até quando sucederá isso no coração dos profetas que profetizam mentiras, e que só profetizam do engano do seu coração?

27 Os quais cuidam fazer com que o meu povo se esqueça do meu nome pelos seus sonhos que cada um conta ao seu próximo, assim como seus pais se esqueceram do meu nome por causa de Baal.

28 O profeta que tem um sonho conte o sonho; e aquele que tem a minha palavra, fale a minha palavra com verdade. Que tem a palha com o trigo? diz o Senhor.

29 Porventura a minha palavra não é como o fogo, diz o Senhor, e como um martelo que esmiúça a pedra?

30 Portanto, eis que eu sou contra os profetas, diz o Senhor, que furtam as minhas palavras, cada um ao seu próximo.

31 Eis que eu sou contra os profetas, diz o Senhor, que usam de sua própria linguagem, e dizem: Ele disse.

32 Eis que eu sou contra os que profetizam sonhos mentirosos, diz o Senhor, e os contam, e fazem errar o meu povo com as suas mentiras e com as suas leviandades; pois eu não os enviei, nem lhes dei ordem; e não trouxeram proveito algum a este povo, diz o Senhor.

33 Quando, pois, te perguntar este povo, ou qualquer profeta, ou sacerdote, dizendo: Qual é o peso do Senhor? Então lhe dirás: Este é o peso: Que vos deixarei, diz o Senhor.

34 E, quanto ao profeta, e ao sacerdote, e ao povo, que disser: Peso do Senhor, eu castigarei o tal homem e a sua casa.

35 Assim direis, cada um ao seu próximo, e cada um ao seu irmão: Que respondeu o Senhor? e que falou o Senhor?

36 Mas nunca mais vos lembrareis do peso do Senhor; porque a cada um lhe servirá de peso a sua própria palavra; pois torceis as palavras do Deus vivo, do Senhor dos Exércitos, o nosso Deus.

37 Assim dirás ao profeta: Que te respondeu o Senhor, e que falou o Senhor?

38 Mas, porque dizeis: Peso do Senhor; assim o diz o Senhor: Porque dizeis esta palavra: Peso do Senhor, havendo-vos ordenado, dizendo: Não direis: Peso do Senhor;

39 Por isso, eis que também eu me esquecerei totalmente de vós, e tirarei da minha presença, a vós e a cidade que vos dei a vós e a vossos pais;

40 E porei sobre vós perpétuo opróbrio, e eterna vergonha, que não será esquecida.

Jeremias 24

Ouça o áudio do capítulo:

1 Fez-me o SENHOR ver, e eis dois cestos de figos, postos diante do templo do SENHOR, depois que Nabucodonosor, rei de babilônia, levou em cativeiro a Jeconias, filho de Jeoiaquim, rei de Judá, e os príncipes de Judá, e os carpinteiros, e os ferreiros de Jerusalém, e os trouxe a babilônia.

2 Um cesto tinha figos muito bons, como os figos temporãos; mas o outro cesto tinha figos muito ruins, que não se podiam comer, de ruins que eram.

3 E disse-me o Senhor: Que vês tu, Jeremias? E eu disse: Figos: os figos bons, muito bons e os ruins, muito ruins, que não se podem comer, de ruins que são.

4 Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

5 Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Como a estes bons figos, assim também conhecerei aos de Judá, levados em cativeiro; os quais enviei deste lugar para a terra dos caldeus, para o seu bem.

6 Porei os meus olhos sobre eles, para o seu bem, e os farei voltar a esta terra, e edificá-los-ei, e não os destruirei; e plantá-los-ei, e não os arrancarei.

7 E dar-lhes-ei coração para que me conheçam, porque eu sou o Senhor; e ser-me-ão por povo, e eu lhes serei por Deus; porque se converterão a mim de todo o seu coração.

8 E como os figos ruins, que se não podem comer, de ruins que são (porque assim diz o Senhor), assim entregarei Zedequias, rei de Judá, e os seus príncipes, e o restante de Jerusalém, que ficou nesta terra, e os que habitam na terra do Egito.

9 E entregá-los-ei para que sejam um prejuízo, uma ofensa para todos os reinos da terra, um opróbrio e um provérbio, e um escárnio, e uma maldição em todos os lugares para onde eu os arrojar.

10 E enviarei entre eles a espada, a fome, e a peste, até que se consumam de sobre a terra que lhes dei a eles e a seus pais.

Lucas 5:12-26

Ouça o áudio do capítulo:

12 E aconteceu que, quando estava numa daquelas cidades, eis que um homem cheio de lepra, vendo a Jesus, prostrou-se sobre o rosto, e rogou-lhe, dizendo: Senhor, se quiseres, bem podes limpar-me.

13 E ele, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: Quero, sê limpo. E logo a lepra desapareceu dele.

14 E ordenou-lhe que a ninguém o dissesse. Mas vai, disse, mostra-te ao sacerdote, e oferece pela tua purificação, o que Moisés determinou para que lhes sirva de testemunho.

15 A sua fama, porém, se propagava ainda mais, e ajuntava-se muita gente para o ouvir e para ser por ele curada das suas enfermidades.

16 Ele, porém, retirava-se para os desertos, e ali orava.

17 E aconteceu que, num daqueles dias, estava ensinando, e estavam ali assentados fariseus e doutores da lei, que tinham vindo de todas as aldeias da Galiléia, e da Judéia, e de Jerusalém. E a virtude do Senhor estava ali para os curar.

18 E eis que uns homens transportaram numa cama um homem que estava paralítico, e procuravam fazê-lo entrar e pô-lo diante dele.

19 E, não achando por onde o pudessem levar, por causa da multidão, subiram ao telhado, e por entre as telhas o baixaram com a cama, até ao meio, diante de Jesus.

20 E, vendo ele a fé deles, disse-lhe: Homem, os teus pecados te são perdoados.

21 E os escribas e os fariseus começaram a arrazoar, dizendo: Quem é este que diz blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão só Deus?

22 Jesus, porém, conhecendo os seus pensamentos, respondeu, e disse-lhes: Que arrazoais em vossos corações?

23 Qual é mais fácil? dizer: Os teus pecados te são perdoados; ou dizer: Levanta-te, e anda?

24 Ora, para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra poder de perdoar pecados (disse ao paralítico), a ti te digo: Levanta-te, toma a tua cama, e vai para tua casa.

25 E, levantando-se logo diante deles, e tomando a cama em que estava deitado, foi para sua casa, glorificando a Deus.

26 E todos ficaram maravilhados, e glorificaram a Deus; e ficaram cheios de temor, dizendo: Hoje vimos prodígios.

O Desejado de Todas as Nações

Podes Tornar-me Limpo

Ouça o áudio do capítulo:

Este capítulo é baseado em Mateus 8:2-4; 9:1-8, 32-34; Marcos 1:40-45; 2:1-12; Lucas 5:12-28.

De todas as doenças conhecidas no Oriente, era a lepra a mais temida. Seu caráter incurável e contagioso, o terrível efeito sobre as vítimas, enchiam de temor os mais valorosos. Entre os judeus, era considerada um juízo sobre o pecado, sendo por isso chamada: “o açoite”, “o dedo de Deus”. Profundamente arraigada, mortal, era tida como símbolo do pecado. A lei ritual declarava imundo o leproso. Como pessoa já morta, era excluído das habitações dos homens. Tudo que tocava ficava imundo. O ar era poluído por seu hálito. Uma pessoa suspeita dessa moléstia, devia-se apresentar aos sacerdotes, que tinham de examinar e decidir o caso. Sendo declarado leproso, era separado da família, isolado da congregação de Israel, e condenado a conviver unicamente com os aflitos de idêntico mal. A lei era inflexível em suas exigências. Os próprios reis e principais não estavam isentos. Um rei atacado dessa terrível moléstia, tinha de renunciar ao cetro e fugir da sociedade. DTN 177.1

Separado de amigos e parentes, devia o leproso sofrer a maldição de sua enfermidade. Era obrigado a publicar a própria desgraça, a rasgar os vestidos, a fazer soar o alarme, advertindo todos para fugirem de sua contaminadora presença. O grito “impuro! impuro!” soltado em lamentosos tons pelo pobre exilado, era um sinal ouvido com temor e aversão. DTN 177.2

Na região do ministério de Cristo, havia muitos desses sofredores, e as novas de Sua obra chegaram até eles, suscitando um lampejo de esperança. Mas desde os dias do profeta Eliseu, nunca se ouvira falar de coisa tal como a cura de uma pessoa atacada dessa moléstia. Não ousavam esperar que Jesus fizesse em seu benefício aquilo que nunca realizara por homem algum. Houve, entretanto, alguém em cujo coração a fé começou a brotar. Mas não sabia como se aproximar de Jesus. Excluído como estava do contato dos semelhantes, como se haveria de apresentar ao Médico? E cogitou se Cristo o curaria a ele. Deter-Se-ia para atender a uma pessoa que se julgava estar sofrendo sob o juízo de Deus? Não haveria de, à semelhança dos fariseus, e mesmo dos médicos, proferir sobre ele uma maldição, advertindo-o a que fugisse da morada dos homens? Pensava em tudo quanto lhe fora dito de Jesus. Nenhum dos que Lhe buscavam o auxílio fora repelido. O infeliz decidiu procurar o Salvador. Embora excluído das cidades, podia ser que acontecesse atravessar-Lhe o caminho em algum atalho das montanhas, ou encontrá-Lo enquanto ensinava fora das cidades. Grandes eram as dificuldades, mas constituía essa sua única esperança. DTN 177.3

O leproso é guiado ao Salvador. Jesus está ensinando à margem do lago, e o povo reunido ao Seu redor. Ficando a distância, apanha algumas palavras dos lábios de Jesus. Observa-O a colocar as mãos sobre os enfermos. Vê o coxo, o cego, o paralítico e os que estavam a perecer de várias moléstias, erguerem-se com saúde, louvando a Deus por seu livramento. A fé se lhe fortalece no coração. Aproxima-se mais e mais ainda da multidão reunida. As restrições que lhe são impostas, a segurança do povo e o temor com que todos o olhavam, tudo foi esquecido. Pensa tão-somente na bendita esperança da cura. DTN 178.1

Esse doente oferece um repugnante espetáculo. A moléstia fizera terríveis incursões, e é horrível ver-se-lhe o corpo em decomposição. Ao avistá-lo, o povo recua apavorado. Comprimem-se uns contra os outros, a fim de escapar-lhe ao contato. Alguns tentam impedi-lo de se aproximar de Jesus, mas em vão. Ele não os vê nem os ouve. Suas expressões de repugnância não o atingem. Vê unicamente o Filho de Deus. Não escuta senão a voz que comunica vida ao moribundo. Avançando para Jesus, atira-se-Lhe aos pés com o grito: “Senhor, se quiseres, podes tornar-me limpo.” DTN 178.2

Jesus replicou: “Quero: sê limpo”. Mateus 8:2, 3. E pôs-lhe a mão em cima. Operou-se imediatamente uma transformação no leproso. Sua carne tornou-se sã, os nervos sensíveis, firmes os músculos. A aspereza e escamosidade peculiares à lepra, desapareceram, sendo substituídas por suave colorido, como o da pele de uma saudável criança. DTN 178.3

Jesus recomendou ao homem que não divulgasse a obra que realizara, mas fosse imediatamente apresentar-se com uma oferta no templo. Essa oferta não podia ser aceita enquanto os sacerdotes não examinassem o homem, declarando-o inteiramente livre da moléstia. Embora de má vontade para realizar esse serviço, não se podiam eximir ao exame e decisão do caso. DTN 178.4

As palavras da Escritura mostram com que força Cristo advertiu o homem quanto à necessidade de silêncio e ação pronta. “E advertindo-o severamente, logo o despediu. E disse-lhe: Olha, não digas nada a ninguém; porém vai, mostra-te ao sacerdote, e oferece pela tua purificação o que Moisés determinou, para lhes servir de testemunho”. Marcos 1:43, 44. Houvessem os sacerdotes sabido os fatos concernentes à cura do leproso, e seu ódio para com Cristo os teria levado a dar sentença desonesta. Jesus queria que o homem se apresentasse no templo antes que qualquer rumor acerca do milagre chegasse aos ouvidos deles. Assim se poderia obter uma decisão imparcial, sendo ao leproso purificado permitido mais uma vez unir-se com a família e os amigos. DTN 178.5

Tinha Cristo ainda outros intuitos ao recomendar silêncio ao homem. O Salvador sabia que Seus inimigos estavam sempre buscando limitar-Lhe a obra, e desviar dEle o povo. Sabia que, se a cura do leproso fosse propalada, outras vítimas dessa terrível doença haviam de aglomerar-se em volta dEle, e então ergueriam o brado de que o povo se contaminaria pelo contato com elas. Muitos dos leprosos não empregariam o dom da saúde de modo a torná-la uma bênção para si mesmos e para outros. E, atraindo a Si os leprosos, acusá-Lo-iam de estar violando as restrições da lei ritual. E assim seria prejudicada Sua obra quanto à pregação do evangelho. DTN 178.6

O acontecimento justificava a advertência de Cristo. Uma multidão de gente presenciara a cura do leproso, e estavam ansiosos de ouvir a decisão dos sacerdotes. Quando o homem voltou para os amigos, grande foi o despertamento. Não obstante a precaução de Jesus, o homem não fez esforço nenhum para ocultar a cura. Na verdade, impossível teria sido escondê-la, mas o leproso divulgou-a. Imaginando que era somente a modéstia de Jesus que ditara essa restrição, saiu proclamando o poder desse grande Restaurador. Não compreendia que toda manifestação dessa espécie tornava os sacerdotes e anciãos mais decididos a eliminar a Jesus. O homem restaurado sentia ser deveras preciosa a graça da saúde. Regozijou-se no vigor da varonilidade, e no ser restituído à família e à sociedade, e julgava ser impossível abster-se de dar glória ao Médico que o curara. Esse seu ato, porém, de divulgar o caso, deu em resultado prejuízo para a obra do Salvador. Fez com que o povo se aglomerasse em torno dEle em tal multidão, que foi forçado a interromper por algum tempo Suas atividades. DTN 179.1

Todo ato do ministério de Cristo era de vasto alcance em seus desígnios. Envolvia mais do que o ato em si mesmo parecia encerrar. Foi o que se deu no caso do leproso. Ao passo que Jesus ministrava a todos quantos iam ter com Ele, anelava beneficiar os que não iam. Ao mesmo tempo que atraía os gentios e os samaritanos, almejava chegar aos sacerdotes e aos mestres excluídos pelos preconceitos e tradições. Não deixou de tentar meio algum pelo qual pudessem ser alcançados. Ao enviar o leproso aos sacerdotes, proporcionou-lhes o testemunho calculado a desarmar-lhes os preconceitos. DTN 179.2

Haviam os fariseus declarado que os ensinos de Cristo eram contrários à lei dada por Deus mediante Moisés; mas Suas instruções ao leproso purificado, de apresentar uma oferta segundo a lei, refutavam essa acusação. Era suficiente testemunho para todos quantos estivessem dispostos a convencer-se. DTN 179.3

Os dirigentes, em Jerusalém, tinham enviado espias a fim de procurar qualquer pretexto para matar a Cristo. Ele respondeu apresentando-lhes uma prova de Seu amor pela humanidade, Seu respeito pela lei, e o poder que tinha de libertar do pecado e da morte. Assim lhes deu testemunho: “Deram-Me mal pelo bem, e ódio pelo Meu amor”. Salmos 109:5. Aquele que deu no monte o preceito: “Amai os vossos inimigos” (Mateus 5:44), exemplificou Ele próprio o princípio, não tornando “mal por mal, ou injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo”. 1 Pedro 3:9. DTN 179.4

Os mesmos sacerdotes que haviam condenado o leproso ao banimento, atestaram-lhe a cura. Essa sentença, proferida e registrada publicamente, constituía firme testemunho em favor de Cristo. E ao ser o homem reintegrado, sadio, na congregação de Israel, sob a afirmação dos próprios sacerdotes de que não havia nele vestígio da moléstia, tornou-se vivo testemunho de seu Benfeitor. Apresentou alegremente a oferta, e engrandeceu o nome de Jesus. Os sacerdotes estavam convencidos do divino poder do Salvador. Foi-lhes dada a oportunidade de conhecer a verdade e serem beneficiados pela luz. Rejeitada, ela passaria, para nunca mais voltar. Muitos rejeitaram a luz; ela não foi, todavia, dada em vão. Foram tocados muitos corações que, por algum tempo, não deram disso sinal. Durante a vida do Salvador, Sua missão parecia despertar pouca correspondência de amor da parte dos sacerdotes e mestres; depois de Sua ascensão, porém, “grande parte dos sacerdotes obedecia à fé”. Atos 6:7. DTN 180.1

A obra de Cristo em purificar o leproso de sua terrível doença, é uma ilustração de Sua obra em libertar a pessoa do pecado. O homem que foi ter com Jesus estava cheio de lepra. O mortal veneno da moléstia penetrara-lhe todo o corpo. Os discípulos procuraram impedir o Mestre de o tocar; pois aquele que tocava num leproso, tornava-se por sua vez imundo. Pondo a mão sobre o doente, porém, Jesus não sofreu nenhuma contaminação. Seu contato comunicou poder vitalizante. Foi purificada a lepra. O mesmo se dá quanto à lepra do pecado — profundamente arraigada, mortal e impossível de ser purificada por poder humano. “Toda a cabeça está enferma e todo o coração fraco. Desde a planta do pé até a cabeça não há nele coisa sã, senão feridas, e inchaços, e chagas podres”. Isaías 1:5, 6. Mas Jesus, vindo habitar na humanidade, não recebe nenhuma contaminação. Sua presença tem virtude que cura o pecador. Quem quer que Lhe caia de joelhos aos pés, dizendo com fé: “Senhor, se quiseres, podes tornar-me limpo”, ouvirá a resposta: “Quero: sê limpo”. Mateus 8:2, 3. DTN 180.2

Em alguns casos de cura, Jesus não concedeu imediatamente a bênção buscada. No caso da lepra, todavia, tão depressa foi feito o apelo, seguiu-se a promessa. Quando pedimos bênçãos terrestres, a resposta a nossa oração talvez seja retardada, ou Deus nos dê outra coisa que não aquilo que pedimos; não assim, porém, quando pedimos livramento do pecado. É Sua vontade limpar-nos dele, tornar-nos Seus filhos, e habilitar-nos a viver uma vida santa. Cristo “Se deu a Si mesmo por nossos pecados, para nos livrar do presente século mau, segundo a vontade de Deus nosso Pai”. Gálatas 1:4. E “esta é a confiança que temos nEle, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a Sua vontade, Ele nos ouve. E, se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as petições que Lhe fizemos”. 1 João 5:14, 15. “Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo, para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça”. 1 João 1:9. DTN 180.3

Na cura do paralítico de Cafarnaum, Cristo tornou a ensinar a mesma verdade. Foi para manifestar Seu poder de perdoar pecados, que o milagre se realizou. E a cura do paralítico também ilustra outras preciosas verdades. É plena de esperança e animação, e do ponto de vista de sua relação para com os astutos fariseus, encerra igualmente uma advertência. DTN 181.1

Como o leproso, esse paralítico perdera toda a esperança de restabelecimento. Sua doença era resultado de uma vida pecaminosa, e seus sofrimentos amargurados pelo remorso. Por muito tempo apelara para os fariseus e os doutores, esperando alívio do sofrimento mental e físico. Mas eles friamente o declaravam incurável, abandonando-o à ira de Deus. Os fariseus consideravam a doença como testemunho do desagrado divino, e mantinham-se a distância do enfermo e do necessitado. Todavia, muitas vezes esses próprios que se exaltavam como santos, eram mais culpados que as vítimas que condenavam. DTN 181.2

O paralítico achava-se de todo impotente e, não vendo nenhuma perspectiva de auxílio de qualquer lado, caíra no desespero. Ouvira então falar das maravilhosas obras de Jesus. Foi-lhe dito que outros, tão pecadores e desamparados como ele, haviam sido curados; até mesmo leprosos tinham sido purificados. E os amigos que relatavam essas coisas animavam-no a crer que também ele poderia ser curado, caso fosse conduzido a Jesus. Desfaleceu-se-lhe, no entanto, a esperança ao lembrar-se da maneira por que lhe sobreviera a enfermidade. Temeu que o imaculado médico não o tolerasse em Sua presença. DTN 181.3

Não era, entretanto, o restabelecimento físico, que desejava tanto, mas o alívio ao fardo do pecado. Se pudesse ver a Jesus, e receber a certeza do perdão e a paz com o Céu, estaria contente de viver ou morrer, segundo a vontade de Deus. O grito do moribundo, era: Oh! se eu pudesse chegar à Sua presença! Não havia tempo a perder; já sua consumida carne começava a mostrar indícios de decomposição. Rogou aos amigos que o conduzissem em seu leito a Jesus, o que empreenderam de boa vontade. Tão compacta, porém, era a multidão que se apinhara dentro e nos arredores da casa em que Se achava o Salvador, que impossível foi ao doente e aos amigos ir até Ele, ou mesmo chegar-Lhe ao alcance da voz. DTN 181.4

Jesus estava ensinando na casa de Pedro. Segundo seu costume, os discípulos sentaram-se-Lhe bem próximo, em torno, e “estavam ali assentados fariseus e doutores da lei, que tinham vindo de todas as aldeias da Galiléia e da Judéia, e de Jerusalém”. Estes tinham ido como espias, buscando motivo de acusação contra Jesus. Além desses oficiais, apinhava-se a multidão mista — os sinceros, os reverentes, os curiosos e os incrédulos. Nacionalidades diversas, e todos os graus sociais se achavam representados. “E a virtude do Senhor estava com Ele para curar.” O Espírito de vida pairava por sobre a assembléia, mas fariseus e doutores não Lhe discerniam a presença. Não experimentavam nenhum sentimento de necessidade, e a cura não era para eles. “Encheu de bens os famintos, e despediu vazios os ricos”. Lucas 1:53. DTN 181.5

Repetidamente procuraram os condutores do paralítico abrir caminho por entre a multidão, mas em vão. O enfermo olhava em derredor de si com indizível angústia. Quando o tão ansiado socorro tão perto estava, como poderia renunciar à esperança? Por sugestão sua, os amigos o levaram ao telhado e, abrindo um buraco no teto, baixaram-no aos pés de Jesus. O discurso foi interrompido. O Salvador contemplou o doloroso semblante, e viu os suplicantes olhos fixos nEle. Compreendeu; tinha atraído a Si aquele perplexo e duvidoso espírito. Enquanto o paralítico ainda se achava em casa, o Salvador infundira-lhe convicção na consciência. Quando se arrependera de seus pecados, e crera no poder de Jesus para o curar, as vitalizantes misericórdias do Salvador haviam começado a beneficiar-lhe o anelante coração. Jesus observara o primeiro lampejo de fé transformar-se em crença de que Ele era o único auxílio do pecador, e vira-o tornar-se mais e mais forte a cada novo esforço para chegar a Sua presença. DTN 182.1

Agora, em palavras que soaram qual música aos ouvidos do enfermo, o Salvador disse: “Filho, tem bom ânimo; perdoados te são os teus pecados”. Mateus 9:2. DTN 182.2

O fardo de desespero cai da mente do doente; repousa-lhe no espírito a paz do perdão, brilhando-lhe no semblante. O sofrimento físico desaparece, e todo o seu ser é transformado. O impotente paralítico estava curados perdoado o culpado pecador! DTN 182.3

Em fé singela aceitou as palavras de Jesus como o favor de uma nova vida. Não insiste em nenhum outro pedido, mas permanece em jubiloso silêncio, demasiado feliz para se exprimir em palavras. A luz do Céu irradiava-lhe da fisionomia, e o povo contemplava a cena com assombro. DTN 182.4

Os rabis haviam esperado ansiosamente a ver que faria Jesus com esse caso. Lembravam-se de como o homem apelara para eles, em busca de auxílio, e lhe tinham recusado esperança ou simpatia. Não satisfeitos com isso, haviam declarado que estava sofrendo a maldição de Deus por causa de seus pecados. Tudo isso lhes acudiu novamente à lembrança ao verem o enfermo diante de si. Observaram o interesse com que todos contemplavam a cena, e experimentaram terrível temor de perder a influência sobre o povo. DTN 182.5

Esses dignitários não trocaram palavras, mas olhando-se leram no rosto uns dos outros o mesmo pensamento de que alguma coisa se devia fazer para deter a onda dos sentimentos. Jesus declarara que os pecados do paralítico estavam perdoados. Os fariseus tomaram essas palavras como blasfêmia, e conceberam a idéia de apresentá-las como pecado digno de morte. Disseram em seu coração: “Ele blasfema; quem pode perdoar pecados senão só Deus?” Mateus 9:3. DTN 182.6

Fixando sobre eles o olhar, sob o qual se acovardaram e recuaram, disse Jesus: “Por que pensais mal em vossos corações? Pois qual é mais fácil dizer: Perdoados te são os pecados; ou dizer: Levanta-te e anda? Ora, para que saibais que o Filho do homem tem na Terra autoridade para perdoar pecados”, disse então ao paralítico: “Levanta-te, toma a tua cama, e vai para tua casa”. Mateus 9:4-6. DTN 183.1

Então aquele que fora levado a Cristo num leito, pôs-se de pé num salto, com a elasticidade e o vigor da juventude. A vitalizante seiva agita-se-lhe nas veias. Cada órgão de seu corpo rompe em súbita atividade. As cores da saúde sucedem à palidez da morte próxima. “E levantou-se, e, tomando logo o leito, saiu em presença de todos, de sorte que todos se admiraram e glorificaram a Deus, dizendo: Nunca tal vimos”. Marcos 2:12. DTN 183.2

Oh! maravilhoso amor de Cristo, inclinando-se para curar o culpado e o aflito! A Divindade compadecendo-Se dos males da sofredora humanidade, e suavizando-os! Oh! maravilhoso poder assim manifestado aos olhos dos filhos dos homens! Quem pode duvidar da mensagem de salvação? Quem pode menosprezar as misericórdias de tão compassivo Redentor? DTN 183.3

Nada menos que poder criador era necessário para restituir a saúde àquele decadente corpo. A mesma voz que comunicou vida ao homem criado do pó da terra, transmitiu-a ao moribundo paralítico. E o mesmo poder que dera vida ao corpo, renovara-lhe o coração. Aquele que, na criação, “falou, e tudo se fez”, “mandou, e logo tudo apareceu” (Salmos 33:9) comunicara vida à pessoa morta em ofensas e pecados. A cura do corpo era um testemunho do poder que renovara o coração. Cristo pediu ao paralítico que se erguesse e andasse, “para que saibais”, disse Ele, “que o Filho do homem tem na Terra poder para perdoar pecados”. Marcos 2:10. DTN 183.4

O paralítico encontrou em Cristo cura tanto para o corpo como para o espírito. A cura espiritual foi seguida da restauração física. Essa lição não devia ser desatendida. Existem hoje milhares de vítimas de sofrimentos físicos, os quais, como o paralítico, estão anelando a mensagem: “Perdoados estão os teus pecados.” O fardo do pecado, com seu desassossego e insatisfeitos desejos, é o fundamento de suas doenças. Não podem encontrar alívio, enquanto não forem ter com o grande Médico. A paz que unicamente Ele pode dar, comunicar vigor à mente e saúde ao corpo. DTN 183.5

Jesus veio para “desfazer as obras do diabo”. 1 João 3:8. “NEle estava a vida” (João 1:4) e Ele diz: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância”. João 10:10. Jesus é “espírito vivificante”. 1 Coríntios 15:45. E possui ainda o mesmo poder vitalizante que tinha quando na Terra curava o doente, e assegurava o perdão ao pecador. “Perdoa todas as tuas iniqüidades”, “sara todas as tuas enfermidades”. Salmos 103:3. DTN 183.6

O efeito produzido sobre o povo pela cura do paralítico, foi como se o Céu se houvesse aberto, revelando as glórias do mundo melhor. Ao passar o homem curado por entre a multidão, bendizendo a Deus a cada passo, e levando sua carga como se fosse uma pena, o povo recuava para lhe dar passagem e presa de assombro fitavam-no, falando entre si brandamente em segredo: “Hoje vimos prodígios.” DTN 184.1

Os fariseus estavam mudos de espanto, e esmagados pela derrota. Viram que não havia aí lugar para seu ciúme despertar a multidão. A maravilhosa obra vista no homem que fora entregue à ira de Deus impressionara por tal forma o povo que naquele momento os rabis foram esquecidos. Viram que Cristo possuía um poder que tinham atribuído unicamente a Deus; todavia, a suave dignidade de Sua atitude apresentava assinalado contraste com o porte altivo deles. Ficaram desconcertados e confundidos, reconhecendo, mas não confessando, a presença de um Ser superior. Quanto mais forte era a evidência de que Jesus tinha poder na Terra para perdoar pecados, tanto mais firmemente se entrincheiravam na incredulidade. Da casa de Pedro, onde tinham assistido ao restabelecimento do paralítico por Sua palavra, saíram para formular novos planos, a fim de reduzir ao silêncio o Filho de Deus. DTN 184.2

A enfermidade física, se bem que maligna e fundamente arraigada, foi afastada pelo poder de Cristo; a enfermidade espiritual, porém, firmou o império sobre os que fecharam os olhos à luz. A lepra e a paralisia não eram tão terríveis quanto a hipocrisia e a incredulidade. DTN 184.3

Na casa do paralítico restaurado foi grande o regozijo quando ele voltou para a família, conduzindo com facilidade o leito em que, pouco antes, fora vagarosamente levado de perto deles. Reuniram-se-lhe em torno com lágrimas de alegria, mal ousando crer no que seus olhos viam. Ali estava ele em sua presença, no pleno vigor da varonilidade. Os braços que tinham visto sem vida, estavam prontos a obedecer imediatamente a sua vontade. A carne, contraída e arroxeada, achava-se agora rosada e fresca. Caminhava com passo firme e desembaraçado. A alegria e a esperança achavam-se-lhe impressas em cada linha do rosto; e uma expressão de pureza e paz havia substituído os vestígios do pecado e do sofrimento. Daquele lar ascenderam jubilosas ações de graças, e Deus foi glorificado por meio do Filho, que restituíra a esperança ao abatido e força ao aflito. Esse homem e sua família estavam dispostos a dar a vida por Jesus. Nenhuma dúvida lhes enfraquecia a fé, nenhuma incredulidade lhes maculava a lealdade para com Aquele que lhes levara luz ao ensombrado lar. DTN 184.4

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