Dias de Luta


Dia 154 - Sunday, 02 de June de 2024
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21 min

Isaías 34

Ouça o áudio do capítulo:

1 Chegai-vos, nações, para ouvir, e vós povos, escutai; ouça a terra, e a sua plenitude, o mundo, e tudo quanto produz.

2 Porque a indignação do Senhor está sobre todas as nações, e o seu furor sobre todo o exército delas; ele as destruiu totalmente, entregou-as à matança.

3 E os seus mortos serão arremessados e dos seus cadáveres subirá o seu mau cheiro; e os montes se derreterão com o seu sangue.

4 E todo o exército dos céus se dissolverá, e os céus se enrolarão como um livro; e todo o seu exército cairá, como cai a folha da vide e como cai o figo da figueira.

5 Porque a minha espada se embriagou nos céus; eis que sobre Edom descerá, e sobre o povo do meu anátema para exercer juízo.

6 A espada do Senhor está cheia de sangue, está engordurada da gordura do sangue de cordeiros e de bodes, da gordura dos rins de carneiros; porque o Senhor tem sacrifício em Bozra, e grande matança na terra de Edom.

7 E os bois selvagens cairão com eles, e os bezerros com os touros; e a sua terra embriagar-se-á de sangue até se fartar, e o seu pó se engrossará com a gordura.

8 Porque será o dia da vingança do Senhor, ano de retribuições pela contenda de Sião.

9 E os seus ribeiros se tornarão em pez, e o seu pó em enxofre, e a sua terra em pez ardente.

10 Nem de noite nem de dia se apagará; para sempre a sua fumaça subirá; de geração em geração será assolada; pelos séculos dos séculos ninguém passará por ela.

11 Mas o pelicano e a coruja a possuirão, e o bufo e o corvo habitarão nela; e ele estenderá sobre ela o cordel de confusão e nível de vaidade.

12 Eles chamarão ao reino os seus nobres, mas nenhum haverá; e todos os seus príncipes não serão coisa alguma.

13 E nos seus palácios crescerão espinhos, urtigas e cardos nas suas fortalezas; e será uma habitação de chacais, e sítio para avestruzes.

14 As feras do deserto se encontrarão com as feras da ilha, e o sátiro clamará ao seu companheiro; e os animais noturnos ali pousarão, e acharão lugar de repouso para si.

15 Ali se aninhará a coruja e porá os seus ovos, e tirará os seus filhotes, e os recolherá debaixo da sua sombra; também ali os abutres se ajuntarão uns com os outros.

16 Buscai no livro do Senhor, e lede; nenhuma destas coisas faltará, ninguém faltará com a sua companheira; porque a minha boca tem ordenado, e o seu espírito mesmo as tem ajuntado.

17 Porque ele mesmo lançou as sortes por elas, e sua mão lhas tens repartido com o cordel; para sempre a possuirão, de geração em geração habitarão nela.

Isaías 35

Ouça o áudio do capítulo:

1 O deserto e o lugar solitário se alegrarão disto; e o ermo exultará e florescerá como a rosa.

2 Abundantemente florescerá, e também jubilará de alegria e cantará; a glória do Líbano se lhe deu, a excelência do Carmelo e Sarom; eles verão a glória do Senhor, o esplendor do nosso Deus.

3 Fortalecei as mãos fracas, e firmai os joelhos trementes.

4 Dizei aos turbados de coração: Sede fortes, não temais; eis que o vosso Deus virá com vingança, com recompensa de Deus; ele virá, e vos salvará.

5 Então os olhos dos cegos serão abertos, e os ouvidos dos surdos se abrirão.

6 Então os coxos saltarão como cervos, e a língua dos mudos cantará; porque águas arrebentarão no deserto e ribeiros no ermo.

7 E a terra seca se tornará em lagos, e a terra sedenta em mananciais de águas; e nas habitações em que jaziam os chacais haverá erva com canas e juncos.

8 E ali haverá uma estrada, um caminho, que se chamará o caminho santo; o imundo não passará por ele, mas será para aqueles; os caminhantes, até mesmo os loucos, não errarão.

9 Ali não haverá leão, nem animal feroz subirá a ele, nem se achará nele; porém só os remidos andarão por ele.

10 E os resgatados do Senhor voltarão; e virão a Sião com júbilo, e alegria eterna haverá sobre as suas cabeças; gozo e alegria alcançarão, e deles fugirá a tristeza e o gemido.

Isaías 36

Ouça o áudio do capítulo:

1 E aconteceu no ano décimo quarto do rei Ezequias, que Senaqueribe, rei da Assíria, subiu contra todas as cidades fortificadas de Judá, e as tomou.

2 Então o rei da Assíria enviou a Rabsaqué, de Laquis a Jerusalém, ao rei Ezequias com um grande exército, e ele parou junto ao aqueduto do açude superior, junto ao caminho do campo do lavandeiro.

3 Então saíram a ter com ele Eliaquim, filho de Hilquias, o mordomo, e Sebna, o escrivão, e Joá, filho de Asafe, o cronista.

4 E Rabsaqué lhes disse: Ora dizei a Ezequias: Assim diz o grande rei, o rei da Assíria: Que confiança é esta, em que esperas?

5 Bem posso eu dizer: Teu conselho e poder para a guerra são apenas vãs palavras; em quem, pois, agora confias, que contra mim te rebelas?

6 Eis que confias no Egito, aquele bordão de cana quebrada, o qual, se alguém se apoiar nele lhe entrará pela mão, e a furará; assim é Faraó, rei do Egito, para com todos os que nele confiam.

7 Porém se me disseres: No Senhor, nosso Deus, confiamos; porventura não é este aquele cujos altos e altares Ezequias tirou, e disse a Judá e a Jerusalém: Perante este altar adorareis?

8 Ora, pois, empenha-te com meu senhor, o rei da Assíria, e dar-te-ei dois mil cavalos, se tu puderes dar cavaleiros para eles.

9 Como, pois, poderás repelir a um só capitão dos menores servos do meu senhor, quando confias no Egito, por causa dos carros e cavaleiros?

10 Agora, pois, subi eu sem o Senhor contra esta terra, para destruí-la? O Senhor mesmo me disse: Sobe contra esta terra, e destrói-a.

11 Então disseram Eliaquim, Sebna e Joá a Rabsaqué: Pedimos-te que fales aos teus servos em siríaco, porque bem o entendemos, e não nos fales em judaico, aos ouvidos do povo que está sobre o muro.

12 Rabsaqué, porém, disse: Porventura mandou-me o meu senhor ao teu senhor e a ti, para dizer estas palavras e não antes aos homens que estão assentados sobre o muro, para que comam convosco o seu esterco, e bebam a sua urina?

13 Rabsaqué, pois, se pôs em pé, e clamou em alta voz em judaico, e disse: Ouvi as palavras do grande rei, do rei da Assíria.

14 Assim diz o rei: Não vos engane Ezequias; porque não vos poderá livrar.

15 Nem tampouco Ezequias vos faça confiar no Senhor, dizendo: Infalivelmente nos livrará o Senhor, e esta cidade não será entregue nas mãos do rei da Assíria.

16 Não deis ouvidos a Ezequias; porque assim diz o rei da Assíria: Aliai-vos comigo, e saí a mim, e coma cada um da sua vide, e da sua figueira, e beba cada um da água da sua cisterna;

17 Até que eu venha, e vos leve para uma terra como a vossa; terra de trigo e de mosto, terra de pão e de vinhas.

18 Não vos engane Ezequias, dizendo: O Senhor nos livrará. Porventura os deuses das nações livraram cada um a sua terra das mãos do rei da Assíria?

19 Onde estão os deuses de Hamate e de Arpade? Onde estão os deuses de Sefarvaim? Porventura livraram a Samaria da minha mão?

20 Quais dentre todos os deuses destes países livraram a sua terra das minhas mãos, para que o Senhor livrasse a Jerusalém das minhas mãos?

21 Eles, porém, se calaram, e não lhe responderam palavra alguma; porque havia mandado do rei, dizendo: Não lhe respondereis.

22 Então Eliaquim, filho de Hilquias, o mordomo, e Sebna, o escrivão, e Joá, filho de Asafe, o cronista, vieram a Ezequias, com as vestes rasgadas, e lhe fizeram saber as palavras de Rabsaqué.

O Desejado de Todas as Nações

Dias de Luta

Ouça o áudio do capítulo:

Desde os mais tenros anos, a criança judia era rodeada das exigências dos rabinos. Rígidas regras se prescreviam para cada ato até as mais pequeninas minúcias da vida. Sob a direção dos mestres das sinagogas, os jovens eram instruídos nos inúmeros regulamentos que, como israelitas ortodoxos, se esperava que observassem. Jesus, porém, não Se interessava nessas coisas. Desde a infância agia independentemente das leis dos rabinos. As Escrituras do Antigo Testamento eram Seu constante estudo, e as palavras “Assim diz o Senhor”, Lhe estavam sempre nos lábios. DTN 51.1

À medida que as condições do povo começaram a ser patentes ao Seu espírito, viu que as exigências da sociedade e as de Deus se achavam em constante conflito. Os homens se estavam afastando da Palavra de Deus, e exaltando teorias de sua própria invenção. Observavam ritos tradicionais que nenhuma virtude possuíam. Seu culto era simples rotina de cerimônias; as sagradas verdades que se destinavam a ensinar, achavam-se ocultas aos adoradores. Via Jesus que, em seus cultos destituídos de fé, não encontravam paz. Não conheciam a liberdade de espírito que lhes adviria de servir a Deus em verdade. Jesus viera para ensinar a significação do culto de Deus, e não podia sancionar a mistura de exigências humanas com os divinos preceitos. Não atacava os preceitos ou práticas dos doutos mestres; mas quando O reprovavam por Seus próprios hábitos simples, apresentava a Palavra de Deus em justificação de Sua conduta. DTN 51.2

Por todos os meios brandos e submissos, procurava Jesus agradar àqueles com quem estava em contato. Por ser tão amável, nunca estorvando a ninguém, os escribas e anciãos julgavam que seria facilmente influenciado por seus ensinos. Insistiam com Ele para que aceitasse as máximas e tradições que haviam sido transmitidas dos antigos rabis, mas Jesus pedia para as mesmas a autorização da Santa Escritura. Estava pronto a ouvir toda palavra que sai da boca de Deus; não podia, entretanto, obedecer às invenções dos homens. Parecia conhecer as Escrituras de princípio a fim, e apresentava-as em sua verdadeira significação. Os rabis envergonhavam-se de ser ensinados por uma criança. Pretendiam ser seu ofício explicar as Escrituras, e a Ele competia aceitar-lhes as interpretações. Indignavam-se de que Se pusesse em oposição à palavra deles. DTN 51.3

Sabiam os rabinos que nenhuma autoridade se podia encontrar nas Escrituras para suas tradições. Compreendiam que, em entendimento espiritual, Jesus Se achava muito além deles. Zangavam-se, no entanto, porque não lhes obedecia aos ditames. Não podendo convencê-Lo, buscaram José e Maria, expondo-lhes Sua atitude de insubmissão. Assim sofreu Ele repreensão e censura. DTN 51.4

Desde pequeno, começara Jesus a agir por Si na formação de Seu caráter, e nem mesmo o respeito e o amor aos pais O podiam desviar de obedecer à Palavra de Deus. “Está escrito”, era Sua razão para cada ato que destoasse dos costumes domésticos. A influência dos rabinos, porém, tornou-Lhe amarga a vida. Mesmo na mocidade teve que aprender a dura lição do silêncio e da paciência no sofrimento. DTN 52.1

Seus irmãos, como eram chamados os filhos de José, tomavam o lado dos rabinos. Insistiam em que a tradição deveria ser atendida, como se fossem ordens divinas. Consideravam até os preceitos dos homens como mais altos que a Palavra de Deus, e ficavam sobremaneira aborrecidos com a clara penetração de Jesus em distinguir entre o falso e o verdadeiro. Sua estrita obediência à lei de Deus, condenavam como obstinação. Ficavam surpreendidos do conhecimento e sabedoria que revelava em Suas respostas aos rabis. Sabiam que não recebera instruções dos sábios e, no entanto, não podiam deixar de ver que era para eles um instrutor. Reconheciam que Sua educação era de mais alta ordem que a deles próprios. Não discerniam, entretanto, que havia tido acesso à árvore da vida, fonte de saber para eles desconhecida. DTN 52.2

Cristo não tinha espírito de exclusivismo, e escandalizara especialmente os fariseus por Se afastar a esse respeito de seus rígidos regulamentos. Encontrara os domínios da religião cercados de alta muralha de exclusivismo, como assunto demasiado santo para a vida diária. Esses muros de divisão, Ele os derribou. Em Seu trato com os homens, não indagava: Qual é seu credo? a que igreja pertence? Exercia Seu poder de beneficiar em favor de todos os que necessitassem de auxílio. Em lugar de fechar-Se numa cela de eremita a fim de mostrar Seu caráter celestial, trabalhava fervorosamente pela humanidade. Incutia o princípio de não consistir a religião bíblica em mortificações corporais. Ensinava que a religião pura e incontaminada não se deve manifestar apenas em determinados tempos e ocasiões especiais. Em todos os tempos e lugares demonstrava amorável interesse pelos homens, irradiando em torno a luz de uma animosa piedade. Tudo isso era uma censura aos fariseus. Mostrava que a religião não consiste em egoísmo, e que sua mórbida dedicação ao interesse pessoal estava longe de ser verdadeira piedade. Isso despertara a inimizade deles para com Jesus, de modo a buscarem forçá-Lo a conformar-Se com seus regulamentos. DTN 52.3

Jesus trabalhava para aliviar todo caso de sofrimento que via. Pouco dinheiro tinha para dar, mas privava-Se muitas vezes de alimento, a fim de diminuir a necessidade dos que pareciam mais carecidos que Ele. Seus irmãos sentiam que Sua influência ia longe em anular a deles. Era dotado de tato que nenhum deles possuía, nem desejava obter. Quando falavam asperamente aos pobres e degradados, Jesus procurava exatamente aqueles seres, dirigindo-lhes palavras de animação. Aos que estavam em necessidade, oferecia um copo de água fria e punha-lhes no regaço Sua própria refeição. Aliviando-lhes os sofrimentos, as verdades que ensinava eram associadas a esses atos de misericórdia, sendo assim fixadas na memória. DTN 52.4

Tudo isso desgostava os irmãos. Sendo mais velhos que Jesus, achavam que Ele devia estar sob sua direção. Acusavam-nO de Se julgar superior a eles, e O reprovavam por Se colocar acima dos mestres, e dos sacerdotes e príncipes do povo. Muitas vezes O ameaçavam e procuravam intimidá-Lo; mas Ele seguia avante, tomando por guia as Escrituras. DTN 53.1

Jesus amava Seus irmãos e os tratava com incansável bondade, mas eles tinham-Lhe ciúmes, manifestando a mais decidida incredulidade e desdém. Não Lhe podiam entender o procedimento. Grandes eram as contradições que se manifestavam em Jesus. Filho de Deus, era no entanto impotente criança. Criador dos mundos, a Terra era possessão Sua, e todavia cada passo de Sua existência foi assinalado pela pobreza. Possuía dignidade e individualidade inteiramente isentas de orgulho terreno ou presunção; não lutava por grandeza mundana e achava-se contente até na mais humilde posição. Isso irritava os irmãos. Não podiam explicar Sua constante serenidade sob provação e privações. Não sabiam que, por amor de nós, Se tornara pobre, para que “pela Sua pobreza enriquecêssemos”. 2 Coríntios 8:9. Não compreendiam melhor o mistério de Sua missão, do que os amigos de Jó entendiam sua humilhação e sofrimentos. DTN 53.2

Jesus era mal compreendido dos irmãos, em virtude de não Se assemelhar a eles. Sua norma não era a deles. Olhando aos homens via-os afastados de Deus, sem o poder divino em sua vida. As formas de religião que observavam, não lhes podiam transformar o caráter. Dizimavam a “hortelã, o endro e o cominho”, mas omitiam “o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé”. Mateus 23:23. O exemplo de Jesus era-lhes contínua irritação. Não aborrecia Ele senão uma coisa no mundo, e isso era o pecado. Não podia testemunhar uma ação injusta, sem uma dor que Lhe não era possível disfarçar. Entre os formalistas, cuja aparência de santidade ocultava o amor do pecado, e um caráter em que o zelo da glória de Deus constituía a suprema preocupação, era flagrante o contraste. Como a vida de Jesus condenasse o mal, encontrava Ele oposição, tanto em casa como fora. Sua abnegação e integridade eram comentadas zombeteiramente. Sua paciência e bondade, classificavam-nas como covardia. DTN 53.3

Da amargura que cabe em sorte à humanidade, não houve quinhão que Jesus não provasse. Não faltou quem procurasse lançar sobre Ele desprezo por causa de Seu nascimento, e mesmo na infância teve de enfrentar olhares desdenhosos e ruins murmurações. Houvesse respondido com uma palavra ou olhar impaciente, houvesse cedido aos irmãos em um único ato errado que fosse, e teria fracassado em ser exemplo perfeito. Tivesse admitido haver uma desculpa para o pecado, e Satanás triunfaria, ficando o mundo perdido. Foi por isso que o tentador trabalhou para tornar-Lhe a vida o mais probante possível, a fim de que fosse levado a pecar. DTN 53.4

Para cada tentação, porém, tinha uma única resposta: “Está escrito”. Raramente censurava qualquer mau procedimento dos irmãos, mas tinha uma palavra de Deus para lhes dirigir. Era freqüentemente acusado de covardia por negar-Se a unir-se-lhes em algum ato proibido; Sua resposta, no entanto, era: Está escrito: “O temor do Senhor é a sabedoria, e o apartar-se do mal é a inteligência”. Jó 28:28. DTN 54.1

Alguns havia que O buscavam, sentindo-se em paz em Sua presença; muitos, no entanto, O evitavam, pois se sentiam reprovados por Sua vida imaculada. Os jovens companheiros insistiam em que fizesse como eles. Jesus era inteligente e animoso; gostavam de Sua companhia, e aceitavam-Lhe as prontas sugestões; mas impacientavam-se com Seus escrúpulos, e declaravam-nO estrito e rígido. Jesus respondia: Está escrito: “Como purificará o mancebo o seu caminho? observando-o conforme a Tua palavra”. “Escondi a Tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra Ti”. Salmos 119:9, 11. DTN 54.2

Perguntavam-Lhe muitas vezes: Por que Te aplicas a ser tão singular, tão diferente de todos nós? Está escrito, dizia Ele: “Bem-aventurados os que trilham caminhos retos, e andam na lei do Senhor. Bem-aventurados os que guardam os Seus testemunhos, e O buscam de todo o coração. E não praticam iniqüidade, mas andam em Seus caminhos”. Salmos 119:1-3. DTN 54.3

Quando interrogado acerca do motivo por que não tomava parte no frívolos passatempos dos jovens de Nazaré, dizia: Está escrito: “Folgo mais com o caminho dos Teus testemunhos, do que com todas as riquezas. Em Teus preceitos meditarei, e olharei para os Teus caminhos. Recrear-me-ei nos Teus estatutos: não me esquecerei da Tua palavra”. Salmos 119:14-16. DTN 54.4

Jesus não contendia por Seus direitos. Muitas vezes, por ser voluntário e não Se queixar, Seu trabalho era tornado desnecessariamente penoso. No entanto, não fracassava nem ficava desanimado. Vivia acima dessas dificuldades, como à luz da face de Deus. Não Se vingava, quando rudemente tratado, mas sofria com paciência o insulto. DTN 54.5

Repetidamente Lhe era perguntado: Por que Te submetes a tão maligno tratamento, até de Teus irmãos? Está escrito, dizia: “Filho Meu, não te esqueças da Minha lei e o teu coração guarde os Meus mandamentos. Porque eles aumentarão os teus dias, e te acrescentarão anos de vida e paz. Não te desamparem a benignidade e a fidelidade: ata-as ao teu pescoço; escreve-as na tábua do teu coração. E acharás graça e bom entendimento aos olhos de Deus e dos homens”. Provérbios 3:1-4. DTN 54.6

Desde a ocasião em que os pais de Jesus O acharam no templo, Seu modo de agir foi para eles mistério. Ele não entrava em discussão, todavia o exemplo que dava era uma lição constante. Parecia como pessoa separada. Sua felicidade encontrava-se nas horas em que estava a sós com Deus e a natureza. Sempre que Lhe era concedido esse privilégio, afastava-Se do cenário de Seus labores, e ia para o campo, a meditar nos verdes vales, a entreter comunhão com Deus na encosta da montanha ou entre as árvores da floresta. O alvorecer freqüentemente O encontrava em qualquer lugar retirado, meditando, examinando as Escrituras, ou em oração. Dessas horas quietas voltava para casa, a fim de retomar Seus deveres e dar exemplos de paciente labor. DTN 55.1

A vida de Cristo foi assinalada pelo respeito e o amor à Sua mãe. Maria acreditava em seu coração que a santa Criança dela nascida, era o tão longamente prometido Messias; não ousava, entretanto, exprimir essa fé. Foi, através de sua existência terrestre, uma partilhadora dos sofrimentos do Filho. Com dor testemunhava as provações que Lhe sobrevinham na infância e juventude. Por justificar o que sabia ser direito em Seu procedimento, via-se ela própria em situações difíceis. Considerava as relações domésticas, e a terna solicitude da mãe em torno dos filhos, de vital importância na formação do caráter. Os filhos e filhas de José sabiam isto e, prevalecendo-se de sua ansiedade, procuravam corrigir as atitudes de Jesus segundo norma deles. DTN 55.2

Maria argumentava muitas vezes com Jesus, e insistia em que se conformasse com os usos dos rabis. Ele, porém, não podia ser persuadido a mudar Seus hábitos de contemplar as obras de Deus e buscar aliviar os sofrimentos dos homens ou mesmo dos mudos animais. Quando os sacerdotes e mestres solicitavam o auxílio de Maria em dirigir Jesus, ficava grandemente perturbada; o coração tranqüilizava-se-lhe, porém, quando Ele lhe apresentava as declarações das Escrituras em apoio de Seu proceder. DTN 55.3

Por vezes ela vacilava entre Jesus e Seus irmãos, que não criam ser Ele o Enviado de Deus; no entanto, abundantes eram as provas de ser divino o Seu caráter. Ela O via sacrificar-Se pelo bem dos outros. Sua presença criava em casa uma atmosfera mais pura, e Sua vida era como um fermento operando entre os elementos da sociedade. Puro e incontaminado, andava entre os excluídos, os rudes, os descorteses; entre injustos publicanos, ímpios samaritanos, soldados pagãos, rústicos camponeses e a multidão mista. Dirigia aqui e ali uma palavra de simpatia, ao ver criaturas fatigadas, vergadas ao peso de duras cargas. Partilhava de seus fardos, e revelava-lhes as lições que aprendera da natureza acerca do amor, da benevolência e bondade de Deus. DTN 55.4

Ensinava todos a se considerarem dotados de preciosos talentos, os quais, se devidamente empregados, lhes adquiririam riquezas eternas. Extirpava da vida toda vaidade, ensinando também, pelo próprio exemplo, que cada momento de tempo se acha carregado de resultados eternos; que deve ser apreciado como um tesouro, e empregado para fins santos. Não considerava ninguém indigno, mas buscava aplicar a todos o remédio salvador. Em qualquer companhia que Se encontrasse, apresentava uma lição adequada ao tempo e às circunstâncias. Buscava inspirar a esperança nos mais ásperos e menos prometedores, dando-lhes a certeza de que se poderiam tornar irrepreensíveis e inocentes, adquirindo caráter que demonstraria serem eles filhos de Deus. Encontrava freqüentemente pessoas que viviam sob o poder de Satanás, e não possuíam forças para romper-lhe as malhas. A essas pessoas desanimadas, enfermas, tentadas e caídas, Jesus costumava dirigir palavras da mais terna compaixão, palavras cuja necessidade era sentida, e que podiam ser apreciadas. Outros deparava Ele que se achavam empenhados em renhida luta contra o adversário. A esses animava a perseverar, assegurando-lhes que haviam de vencer; pois tinham a seu lado anjos de Deus, que lhes dariam a vitória. Aqueles a quem assim ajudava convenciam-se de que havia Alguém em quem podiam confiar plenamente. Ele não trairia os segredos que Lhe desafogassem nos compassivos ouvidos. DTN 55.5

Jesus era o médico do corpo, da mesma maneira que o era do espírito. Interessava-Se em todos os aspectos de sofrimento que se Lhe apresentavam, e proporcionava alívio a todos, havendo em Suas palavras o efeito de um bálsamo suavizador. Ninguém podia dizer que houvesse operado um milagre; mas virtude — o poder curativo do amor — dEle saía para os enfermos e aflitos. Assim, de maneira discreta, trabalhava pelo povo já desde a infância. E foi por isso que, ao começar Seu ministério público, tantos havia que O escutavam alegremente. DTN 56.1

Apesar disso, Jesus atravessou sozinho a infância, a adolescência e juventude. Em Sua pureza e fidelidade, pisou sozinho o lagar, e do povo ninguém havia com Ele. Carregou o tremendo peso da responsabilidade pela salvação dos homens. Sabia que, a menos que houvesse decidida mudança nos princípios e desígnios da raça humana, todos estariam perdidos. Isso era o peso de Seu coração, e ninguém podia avaliar a carga que sobre Ele repousava. Cheio de ardente propósito, realizou o objetivo de Sua vida, a fim de servir de luz aos homens. DTN 56.2

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