Esdras o Sacerdote e Escriba


Dia 134 - Monday, 13 de May de 2024
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Esdras 4

Ouça o áudio do capítulo:

1 Ouvindo, pois, os adversários de Judá e Benjamim que os que voltaram do cativeiro edificavam o templo ao SENHOR Deus de Israel,

2 Chegaram-se a Zorobabel e aos chefes dos pais, e disseram-lhes: Deixai-nos edificar convosco, porque, como vós, buscaremos a vosso Deus; como também já lhe sacrificamos desde os dias de Esar-Hadom, rei da Assíria, que nos fez subir aqui.

3 Porém Zorobabel, e Jesuá, e os outros chefes dos pais de Israel lhes disseram: Não convém que nós e vós edifiquemos casa a nosso Deus; mas nós sozinhos a edificaremos ao Senhor Deus de Israel, como nos ordenou o rei Ciro, rei da Pérsia.

4 Todavia o povo da terra debilitava as mãos do povo de Judá, e inquietava-os no edificar.

5 E alugaram contra eles conselheiros, para frustrarem o seu plano, todos os dias de Ciro, rei da Pérsia, até ao reinado de Dario, rei da Pérsia.

6 No reinado de Assuero, no princípio do seu reinado, escreveram uma acusação contra os habitantes de Judá e de Jerusalém.

7 E nos dias de Artaxerxes escreveram Bislão, Mitredate, Tabeel, e os outros seus companheiros, a Artaxerxes, rei da Pérsia; e a carta estava escrita em caracteres siríacos, e na língua siríaca.

8 Escreveram, pois, Reum, o chanceler, e Sinsai, o escrivão, uma carta contra Jerusalém, ao rei Artaxerxes, do teor seguinte:

9 Então escreveu Reum, o chanceler, e Sinsai, o escrivão, e os outros seus companheiros, os dinaítas, afarsaquitas, tarpelitas, afarsitas, arquevitas, babilônios, susanquitas, deavitas, elamitas,

10 E os outros povos, que o grande e afamado Asnapar transportou, e que fez habitar na cidade de Samaria, e nas demais províncias dalém do rio, em tal tempo.

11 Este, pois, é o teor da carta que mandaram ao rei Artaxerxes: Teus servos, os homens dalém do rio, em tal tempo.

12 Saiba o rei que os judeus, que subiram de ti, vieram a nós em Jerusalém, e reedificam aquela rebelde e malvada cidade, e vão restaurando os seus muros, e reparando os seus fundamentos.

13 Agora saiba o rei que, se aquela cidade se reedificar, e os muros se restaurarem, eles não pagarão os direitos, os tributos e os pedágios; e assim se danificará a fazenda dos reis.

14 Agora, pois, porquanto somos assalariados do palácio, e não nos convém ver a desonra do rei, por isso mandamos avisar ao rei,

15 Para que se busque no livro das crônicas de teus pais. E acharás no livro das crônicas, e saberás que aquela foi uma cidade rebelde, e danosa aos reis e províncias, e que nela houve rebelião em tempos antigos; por isso foi aquela cidade destruída.

16 Nós, pois, fazemos notório ao rei que, se aquela cidade se reedificar, e os seus muros se restaurarem, sucederá que não terás porção alguma deste lado do rio.

17 E o rei enviou esta resposta a Reum, o chanceler, e a Sinsai, o escrivão, e aos demais seus companheiros, que habitavam em Samaria; como também aos demais que estavam dalém do rio: Paz! em tal tempo.

18 A carta que nos enviastes foi explicitamente lida diante de mim.

19 E, ordenando-o eu, buscaram e acharam, que de tempos antigos aquela cidade se levantou contra os reis, e nela se têm feito rebelião e sedição.

20 Também houve reis poderosos sobre Jerusalém que dalém do rio dominaram em todo o lugar, e se lhes pagaram direitos, tributos e pedágios.

21 Agora, pois, dai ordem para impedirdes aqueles homens, a fim de que não se edifique aquela cidade, até que eu dê uma ordem.

22 E guardai-vos de serdes remissos nisto; por que cresceria o dano para prejuízo dos reis?

23 Então, depois que a cópia da carta do rei Artaxerxes foi lida perante Reum, e Sinsai, o escrivão, e seus companheiros, apressadamente foram eles a Jerusalém, aos judeus, e os impediram à força e com violência.

24 Então cessou a obra da casa de Deus, que estava em Jerusalém; e cessou até ao ano segundo do reinado de Dario, rei da Pérsia.

Esdras 5

Ouça o áudio do capítulo:

1 E os profetas Ageu e Zacarias, filho de Ido, profetizaram aos judeus que estavam em Judá, e em Jerusalém; em nome do Deus de Israel lhes profetizaram.

2 Então se levantaram Zorobabel, filho de Sealtiel, e Jesuá, filho de Jozadaque, e começaram a edificar a casa de Deus, que está em Jerusalém; e com eles os profetas de Deus, que os ajudavam.

3 Naquele tempo vieram a eles Tatenai, governador dalém do rio, e Setar-Bozenai, e os seus companheiros, e disseram-lhes assim: Quem vos deu ordem para reedificardes esta casa, e restaurardes este muro?

4 Disseram-lhes, mais: E quais são os nomes dos homens que construíram este edifício?

5 Porém os olhos de Deus estavam sobre os anciãos dos judeus, e não os impediram, até que o negócio chegasse a Dario, e viesse resposta por carta sobre isso.

6 Cópia da carta que Tatenai, o governador dalém do rio, com Setar-Bozenai e os seus companheiros, os afarsaquitas, que estavam dalém do rio, enviaram ao rei Dario.

7 Enviaram-lhe uma carta, na qual estava escrito: Toda a paz ao rei Dario.

8 Seja notório ao rei, que nós fomos à província de Judá, à casa do grande Deus, a qual se edifica com grandes pedras, e a madeira já está sendo posta nas paredes; e esta obra vai sendo feita com diligência, e se adianta em suas mãos.

9 Então perguntamos aos anciãos, e assim lhes dissemos: Quem vos deu ordem para reedificardes esta casa, e restaurardes este muro?

10 Além disso, lhes perguntamos também pelos seus nomes, para tos declararmos; para que te pudéssemos escrever os nomes dos homens que entre eles são os chefes.

11 E esta foi a resposta que nos deram: Nós somos servos do Deus dos céus e da terra, e reedificamos a casa que há muitos anos foi edificada; porque um grande rei de Israel a edificou e a terminou.

12 Mas depois que nossos pais provocaram à ira o Deus dos céus, ele os entregou nas mãos de Nabucodonosor, rei de babilônia, o caldeu, o qual destruiu esta casa, e transportou o povo para babilônia.

13 Porém, no primeiro ano de Ciro, rei de babilônia, o rei Ciro deu ordem para que esta casa de Deus se reedificasse.

14 E até os utensílios de ouro e prata, da casa de Deus, que Nabucodonosor tomou do templo que estava em Jerusalém e os levou para o templo de babilônia, o rei Ciro os tirou do templo de babilônia, e foram dados a um homem cujo nome era Sesbazar, a quem nomeou governador.

15 E disse-lhe: Toma estes utensílios, vai e leva-os ao templo que está em Jerusalém, e faze reedificar a casa de Deus, no seu lugar.

16 Então veio este Sesbazar, e pôs os fundamentos da casa de Deus, que está em Jerusalém, e desde então para cá se está reedificando, e ainda não está acabada.

17 Agora, pois, se parece bem ao rei, busque-se na casa dos tesouros do rei, que está em babilônia, se é verdade que se deu uma ordem pelo rei Ciro para reedificar esta casa de Deus em Jerusalém; e sobre isto nos faça saber a vontade do rei.

Esdras 6

Ouça o áudio do capítulo:

1 Então o rei Dario deu ordem, e buscaram nos arquivos, onde se guardavam os tesouros em babilônia.

2 E em Acmeta, no palácio, que está na província de Média, se achou um rolo, e nele estava escrito um memorial que dizia assim:

3 No primeiro ano do rei Ciro, este baixou o seguinte decreto: A casa de Deus, em Jerusalém, se reedificará para lugar em que se ofereçam sacrifícios, e seus fundamentos serão firmes; a sua altura de sessenta côvados, e a sua largura de sessenta côvados;

4 Com três carreiras de grandes pedras, e uma carreira de madeira nova; e a despesa se fará da casa do rei.

5 Além disso, os utensílios de ouro e de prata da casa de Deus, que Nabucodonosor transportou do templo que estava em Jerusalém, e levou para babilônia, serão restituídos, para que voltem ao seu lugar, ao templo que está em Jerusalém, e serão postos na casa de Deus.

6 Agora, pois, Tatenai, governador dalém do rio, Setar-Bozenai, e os seus companheiros, os afarsaquitas, que habitais dalém do rio, apartai-vos dali.

7 Deixai que se faça a obra desta casa de Deus; que o governador dos judeus e os seus anciãos reedifiquem esta casa de Deus no seu lugar.

8 Também por mim se decreta o que haveis de fazer com os anciãos dos judeus, para a reedificação desta casa de Deus, a saber: que da fazenda do rei, dos tributos dalém do rio se pague prontamente a despesa a estes homens, para que não interrompam a obra.

9 E o que for necessário, como bezerros, carneiros, e cordeiros, para holocaustos ao Deus dos céus, trigo, sal, vinho e azeite, segundo o rito dos sacerdotes que estão em Jerusalém, dê-se-lhes, de dia em dia, para que não haja falta.

10 Para que ofereçam sacrifícios de cheiro suave ao Deus dos céus, e orem pela vida do rei e de seus filhos.

11 Também por mim se decreta que todo o homem que mudar este decreto, se arrancará um madeiro da sua casa, e, levantado, o pendurarão nele, e da sua casa se fará por isso um monturo.

12 O Deus, pois, que fez habitar ali o seu nome derrube a todos os reis e povos que estenderem a sua mão para mudar o decreto e para destruir esta casa de Deus, que está em Jerusalém. Eu, Dario, baixei o decreto; com diligência se faça.

13 Então Tatenai, o governador dalém do rio, Setar-Bozenai e os seus companheiros, assim fizeram diligentemente, conforme ao que decretara o rei Dario.

14 E os anciãos dos judeus iam edificando e prosperando pela profecia do profeta Ageu, e de Zacarias, filho de Ido. E edificaram e terminaram a obra conforme ao mandado do Deus de Israel, e conforme ao decreto de Ciro e Dario, e de Artaxerxes, rei da Pérsia.

15 E acabou-se esta casa no terceiro dia do mês de Adar, no sexto ano do reinado do rei Dario.

16 E os filhos de Israel, os sacerdotes, os levitas, e o restante dos filhos do cativeiro, fizeram a dedicação desta casa de Deus com alegria.

17 E ofereceram para a dedicação desta casa de Deus cem novilhos, duzentos carneiros, quatrocentos cordeiros, e doze cabritos por expiação do pecado de todo o Israel; segundo o número das tribos de Israel.

18 E puseram os sacerdotes nas suas turmas e os levitas nas suas divisões, para o ministério de Deus, em Jerusalém, conforme ao que está escrito no livro de Moisés.

19 E os filhos do cativeiro celebraram a páscoa no dia catorze do primeiro mês.

20 Porque os sacerdotes e levitas se purificaram como se fossem um só homem, todos estavam limpos; e mataram o cordeiro da páscoa para todos os filhos do cativeiro, e para seus irmãos, os sacerdotes, e para si mesmos.

21 Assim comeram a páscoa os filhos de Israel que tinham voltado do cativeiro, com todos os que com eles se apartaram da imundícia dos gentios da terra, para buscarem o Senhor Deus de Israel;

22 E celebraram a festa dos pães ázimos por sete dias com alegria; porque o Senhor os tinha alegrado, e tinha mudado o coração do rei da Assíria a favor deles, para lhes fortalecer as mãos na obra da casa de Deus, o Deus de Israel.

Profetas e Reis

Esdras o Sacerdote e Escriba

Ouça o áudio do capítulo:

Cerca de setenta anos após o retorno do primeiro grupo de exilados sob a liderança de Zorobabel e Josué, Artaxerxes Longímano subiu ao trono da Medo-Pérsia. O nome deste rei está em relação com a História Sagrada por uma série de importantes providências. Foi durante o seu reinado que Esdras e Neemias viveram e trabalharam. Ele foi quem em 457 a.C. baixou o terceiro e final decreto para a restauração de Jerusalém. Seu reinado viu o retorno de um grupo de judeus sob Esdras, a conclusão dos muros de Jerusalém por Neemias e seus companheiros, a reorganização das cerimônias do templo e as grandes reformas religiosas instituídas por Esdras e Neemias. Durante seu longo reinado ele não raro mostrou favor ao povo de Deus; e em seus estimados amigos judeus merecedores de sua confiança, Esdras e Neemias, ele reconhecia homens indicados por Deus, despertados para uma obra especial. PR 310.1

A experiência de Esdras enquanto vivia entre os judeus que permaneceram em Babilônia, foi tão excepcional que atraiu a favorável atenção do rei Artaxerxes, com quem ele falou livremente com respeito ao poder do Deus do Céu, e o propósito divino de fazer voltar os judeus para Jerusalém. PR 310.2

Descendente dos filhos de Arão, Esdras havia recebido a educação sacerdotal; e em acréscimo a isto adquiriu familiaridade com os escritos dos magos, astrólogos e sábios do reino medo-persa. Mas não se sentiu satisfeito com sua condição espiritual. Suspirava por estar em plena harmonia com Deus; ansiava sabedoria para fazer a vontade divina. E assim preparou “o seu coração para buscar a lei do Senhor e para a cumprir”. Esdras 7:10. Isso o levou a aplicar-se diligentemente ao estudo da história do povo de Deus, como se encontra relatado nos escritos dos profetas e reis. Ele estudou os livros históricos e poéticos da Bíblia, a fim de compreender por que tinha o Senhor permitido que Jerusalém fosse destruída e seu povo levado cativo a terras pagãs. PR 310.3

Esdras deu especial atenção às experiências de Israel desde o tempo em que a promessa foi feita a Abraão. Ele estudou a instrução dada no Monte Sinai, e através do longo período da peregrinação no deserto. Ao aprender mais e mais sobre o trato de Deus com Seus filhos, e compreender a santidade da lei dada no Sinai, o coração de Esdras foi tocado. Ele experimentou uma nova e completa conversão, e se determinou dominar os registros da História Sagrada, para que pudesse usar esse conhecimento de molde a levar bênção e luz ao seu povo. PR 310.4

Esdras procurou alcançar preparo de coração para a obra que cria ter diante de si. Ele procurou a Deus ferventemente, para que pudesse ser sábio mestre em Israel. À medida que aprendia a render a mente e a vontade ao divino controle, eram levados ao início de sua vida os princípios da verdadeira santificação que, nos últimos anos, tiveram modeladora influência, não somente sobre os jovens que buscavam sua instrução, mas sobre todos os que se associavam com ele. PR 311.1

Deus escolheu Esdras para ser um instrumento do bem para Israel, a fim de que pudesse levar honra ao sacerdócio, cuja glória tinha sido grandemente eclipsada durante o cativeiro. Esdras se desenvolveu num homem de extraordinária erudição, e tornou-se “escriba hábil na lei de Moisés”. Esdras 7:6. Essas qualificações tornaram-no um homem eminente no reino da Medo-Pérsia. PR 311.2

Esdras tornou-se um porta-voz de Deus, educando nos princípios do governo do Céu aqueles que lhe estavam ao redor. Durante os anos restantes de sua vida, estivesse próximo à corte do rei da Medo-Pérsia ou em Jerusalém, sua principal tarefa era a de professor. Enquanto comunicava a outros a verdade que aprendia, sua capacidade para o trabalho aumentava. Ele se tornou um homem de piedade e zelo. Foi testemunha do Senhor ao mundo quanto ao poder da verdade para enobrecer a vida diária. PR 311.3

Os esforços de Esdras para reavivar o interesse no estudo das Escrituras receberam forma permanente, graças ao seu laborioso e constante esforço no sentido de preservar e multiplicar os Sagrados Escritos. Ele reuniu todos os exemplares da lei que pôde encontrar, mandando-os transcrever e distribuir. A Palavra pura, assim multiplicada e posta nas mãos de muitos, proveu o conhecimento que era de inestimável valor. PR 311.4

A fé que Esdras possuía de que Deus haveria de fazer uma poderosa obra por Seu povo, levou-o a falar a Artaxerxes do seu desejo de retornar a Jerusalém, a fim de reavivar o interesse no estudo da Palavra de Deus, e assistir seus irmãos na restauração da cidade santa. Como Esdras declarasse sua perfeita confiança no Deus de Israel como abundantemente capaz de proteger e cuidar de Seu povo, o rei ficou profundamente impressionado. Ele bem compreendeu que os israelitas estavam retornando a Jerusalém para que pudessem servir a Jeová; contudo, era tão grande a confiança do rei na integridade de Esdras, que lhe mostrou marcado favor, aceitando o seu pedido, e outorgando-lhe ricos dons para o serviço do templo. Ele o tornou um especial representante do reino medo-persa, e conferiu-lhe extensivos poderes para que pusesse em prática os propósitos que tinha em seu coração. PR 311.5

O decreto de Artaxerxes Longímano para a restauração e reedificação de Jerusalém, o terceiro desde a terminação dos setenta anos do cativeiro, é notável por suas expressões referentes ao Deus do Céu, por seu reconhecimento das realizações de Esdras e a liberalidade das concessões feitas ao remanescente povo de Deus. Artaxerxes se refere a Esdras como “o sacerdote Esdras, o escriba das palavras dos mandamentos do Senhor, e dos Seus estatutos sobre Israel”; “escriba da lei do Deus dos Céus”. O rei uniu-se com seus conselheiros em oferecer livremente “ao Deus de Israel, cuja habitação está em Jerusalém”; e em acréscimo, tomou providência no sentido de se enfrentar as muitas despesas pesadas ordenando que fossem pagas “da casa dos tesouros do rei”. Esdras 7:11, 12, 15, 20. PR 312.1

“Da parte do rei e dos seus sete conselheiros és mandado”, declarou Artaxerxes a Esdras, “para fazeres inquirição em Judá e em Jerusalém, conforme a lei do teu Deus, que está na tua mão.” E mais tarde decretou: “Tudo quanto se ordenar, segundo o mandado do Deus do Céu, prontamente se faça para a casa do Deus do Céu; porque, para que haveria grande ira sobre o reino do rei e de seus filhos?” Esdras 7:14, 23. PR 312.2

Ao dar permissão para os israelitas voltarem, Artaxerxes providenciou a restauração dos membros do sacerdócio a seus antigos ritos e privilégios. “Também vos fazemos saber acerca de todos os sacerdotes e levitas, cantores, porteiros, netinins, e ministros desta casa de Deus”, ele declarou, “que se lhes não possa impor, nem direito, nem antigo tributo, nem renda.” E tomou providências também para que fossem indicados funcionários civis para governar o povo legitimamente, de acordo com o código judaico de leis. “Tu, Esdras, conforme a sabedoria do teu Deus, que está na tua mão”, ele ordenou, “põe regedores e juízes, que julguem a todo o povo que está dalém do rio, a todos os que sabem as leis do teu Deus, e ao que as não sabe as fareis saber. E todo aquele que não observar a lei do teu Deus e a lei do rei, logo se faça justiça dele: quer seja morte, quer degredo, quer multa sobre os seus bens, quer prisão”. Esdras 7:24-26. PR 312.3

Assim, “segundo a boa mão do seu Deus sobre ele”, Esdras persuadiu o rei a fazer abundante provisão para o retorno de todo o povo de Israel, e dos sacerdotes e levitas, no domínio medo-persa que, espontaneamente “quiser ir contigo a Jerusalém, vá”. Esdras 7:9, 13. Assim outra vez foi dada oportunidade aos filhos da dispersão para voltarem à terra cuja posse estava vinculada às promessas à casa de Israel. Este decreto levou grande alegria aos que estiveram unidos com Esdras no estudo dos propósitos de Deus concernentes a Seu povo. “Bendito seja o Senhor Deus de nossos pais”, Esdras exclamou, “que tal inspirou ao coração do rei, para ornarmos a casa do Senhor, que está em Jerusalém; e que estendeu para mim a Sua beneficência perante o rei e os seus conselheiros e todos os príncipes poderosos do rei”. Esdras 7:27, 28. PR 312.4

Na promulgação deste decreto por Artaxerxes, foi manifestas a providência de Deus. Alguns discerniram isto, e alegremente tiraram vantagem do privilégio de voltar sob circunstâncias tão favoráveis. Foi designado um lugar geral para reunião; e no tempo apontado, os que estavam desejosos de ir à Jerusalém se reuniram para a longa viagem. “E ajuntei-os perto do rio que vai a Aava”, diz Esdras, “e ficamos ali acampados três dias”. Esdras 8:15. PR 313.1

Esdras havia esperado que um grande número retornasse a Jerusalém, mas o número dos que responderam ao chamado era desapontadoramente pequeno. Muitos que haviam adquirido casas e terras não tinham desejo de sacrificar essas posses. Eles amavam a tranqüilidade e o conforto, e sentiam-se satisfeitos por permanecer. Seu exemplo provou-se um embaraço a outros que de outra forma teriam escolhido lançar a sorte com os que estavam avançando pela fé. PR 313.2

Esdras, ao olhar o grupo reunido, ficou surpreso por não ver entre eles nenhum dos filhos de Levi. Onde estavam os membros da tribo que tinha sido posta de lado para o sagrado serviço do templo? Ao chamado: Quem está do lado do Senhor, os levitas deviam ter sido os primeiros a responder. Durante o cativeiro, como também depois, tinham-se-lhes concedido muitos privilégios. Eles haviam desfrutado a mais plena liberdade para ministrar às necessidades espirituais de seus irmãos no exílio. Sinagogas tinham sido construídas, nas quais os sacerdotes dirigiam o culto de Deus, e instruíam o povo. A observância do sábado, e a prática dos sagrados ritos peculiares à fé judaica, tinham sido permitidos livremente. PR 313.3

Mas com o passar dos anos depois do cativeiro, as condições mudaram, e muitas responsabilidades novas repousaram sobre os líderes de Israel. O templo de Jerusalém tinha sido reconstruído e dedicado, e mais sacerdotes eram necessários para a realização de suas cerimônias. Havia urgente necessidade de homens de Deus para atuar como ensinadores do povo. Demais disto, os judeus que permanecessem em Babilônia corriam o perigo de ter restringida sua liberdade religiosa. Por intermédio do profeta Zacarias, bem como pela recente experiência nos momentosos dias de Ester e Mardoqueu, os judeus na Medo-Pérsia tinham sido claramente advertidos a voltar para a sua própria terra. Chegara o tempo em que seria perigoso para eles a permanência por mais tempo no meio de influências pagãs. Em vista dessas condições modificadas, os sacerdotes em Babilônia deviam ter sido ligeiros em discernir na promulgação do decreto um chamado especial a eles para que retornassem para Jerusalém. PR 313.4

O rei e os príncipes tinham feito mais que sua parte em abrir o caminho para o retorno. Tinham provido abundantes meios; mas onde estavam os homens? Os filhos de Levi falharam no momento em que a influência de uma decisão de acompanhar seus irmãos teria levado outros a seguir-lhes o exemplo. Sua estranha indiferença é uma triste revelação da atitude dos israelitas em Babilônia em relação aos propósitos de Deus por Seu povo. PR 313.5

Uma vez mais Esdras apelou aos levitas, enviando-lhes um urgente convite para se unirem com o seu grupo. Para dar ênfase à importância de rápida ação, ele enviou com o seu apelo escrito vários dos seus “chefes” (Esdras 7:28) e “sábios”. Esdras 8:16. PR 314.1

Enquanto os viajantes ficaram com Esdras, esses acreditados mensageiros retornaram depressa com o apelo para que “trouxessem ministros para a casa de Deus”. Esdras 8:17. O apelo foi ouvido; alguns que estavam vacilantes, fizeram afinal a decisão de retornar. Ao todo, cerca de quarenta sacerdotes e duzentos e vinte netinins — homens em quem Esdras podia confiar como sábios ministros e bons mestres e ajudadores — foram levados ao acampamento. PR 314.2

Todos estavam agora prontos para partir. Diante deles estava uma jornada que levaria vários meses. Os homens tinham consigo suas esposas, filhos e posses, além de grande tesouro para o templo e seus serviços. Esdras fora advertido de que inimigos estavam de espreita pelo caminho, prontos para pilhar e destruir a ele e seu grupo; contudo não pedira ao rei nenhuma força armada para proteção. “Porque me envergonhei”, ele explicou, “de pedir ao rei exército e cavaleiros para nos defender do inimigo no caminho, porquanto tínhamos falado ao rei, dizendo: A mão de nosso Deus é sobre todos os que O buscam para o bem, mas a Sua força e a Sua ira sobre todos os que O deixam”. Esdras 8:22. PR 314.3

Nisso Esdras e seus companheiros viram uma oportunidade de magnificar o nome de Deus entre os pagãos. A fé no poder do Deus vivo seria fortalecida se os próprios israelitas revelassem agora implícita confiança no seu divino Guia. Determinaram-se, pois, depositar sua segurança inteiramente nEle. Não pediram nenhuma guarda de soldados. Não dariam aos pagãos qualquer ocasião de atribuir ao poder do homem a glória que somente a Deus pertence. Não permitiriam que surgisse na mente dos seus amigos pagãos qualquer dúvida quanto à sinceridade de sua dependência de Deus como Seu povo. A força seria obtida, não através de riquezas ou do poder e influência de idólatras, mas mediante o favor de Deus. Eles seriam protegidos exclusivamente pelo conservar diante de si a lei do Senhor, esforçando-se por obedecê-la. PR 314.4

Este conhecimento das condições sob as quais eles poderiam continuar contando com a propícia mão de Deus, infundiu uma solenidade mais que comum ao culto de consagração dirigido por Esdras e seu fiel grupo pouco antes da partida. “Apregoei ali um jejum junto ao rio Aava”, Esdras declara desta experiência, “para nos humilharmos diante da face do nosso Deus, para Lhe pedirmos caminho direito para nós, e para nossos filhos, e para toda a nossa fazenda.” “Nós, pois, jejuamos, e pedimos isto ao nosso Deus, e moveu-Se pelas nossas orações”. Esdras 8:21, 23. PR 314.5

A bênção de Deus, entretanto, não tornava medidas de prudência e precaução desnecessárias. Como providência especial para salvaguardar o tesouro, Esdras separou “doze dos maiorais dos sacerdotes” — homens cuja fidelidade e lealdade tinham sido provadas — e pesou-lhes “a prata, e o ouro, e os vasos, que era a oferta para a casa do nosso Deus, a qual ofereceram o rei e os seus conselheiros, e os seus príncipes”. Esses homens receberam o solene encargo de agir como vigilantes mordomos do tesouro confiado aos seus cuidados. “Consagrados sois do Senhor”, Esdras declarou, “e sagrados são estes vasos, como também esta prata e este ouro, oferta voluntária, oferecida ao Senhor Deus de vossos pais. Vigiai, pois, e guardai-os, até que os peseis na presença dos maiorais dos sacerdotes e dos levitas, e dos príncipes dos pais de Israel, em Jerusalém, nas câmaras da casa de Deus”. Esdras 8:24, 25, 28, 29. PR 315.1

O cuidado exercido por Esdras nas providências para o transporte e segurança do tesouro do Senhor, ensina uma lição digna de meditado estudo. Unicamente aqueles cuja lealdade tinha sido provada, foram escolhidos; e foram claramente instruídos com respeito à responsabilidade que sobre eles repousava. Na indicação de fiéis oficiais para funcionar como tesoureiros dos bens do Senhor, Esdras reconheceu a necessidade e o valor de ordem e organização em relação com a obra de Deus. PR 315.2

Durante os poucos dias que os israelitas se detiveram junto ao rio, completou-se toda a provisão para a longa jornada. “E partimos do rio de Aava”, diz Esdras, “no dia doze do primeiro mês, para irmos para Jerusalém; e a mão do nosso Deus estava sobre nós, e livrou-nos da mão dos inimigos, e dos que nos armavam ciladas no caminho”. Esdras 8:31. Cerca de quatro meses foram gastos na viagem, dado que a multidão que acompanhava Esdras, vários milhares ao todo, incluindo-se mulheres e crianças, precisava andar devagar. Mas tudo foi preservado com segurança. Seus inimigos foram impedidos de fazer-lhes mal. Foi próspera a sua viagem; e no primeiro dia do quinto mês, no sétimo ano de Artaxerxes, alcançaram Jerusalém. PR 315.3

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